A Lua no Rio
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Sobre este e-book
Seis histórias de homens e mulheres que, inesperadamente, encontram-se envolvidos nas peculiaridades da vida. Os eventos que os veem protagonistas têm o poder de mudar as suas vidas porque, na verdade, mudam os seus modos de perceber a existência. Cada conto começa com o nome do personagem principal para comunicar um fato muito simples, mas essencial: os protagonistas somos nós, cada um de nós. Estas histórias falam de pessoas que pararam, talvez sem querer. Pararam, sentaram-se em silêncio ao longo dos seus rios e, de repente, viram a lua. Viram o seu reflexo, sentiram-no dentro de si. Em um instante compreenderam a natureza daquela luz refletida e a sua origem e aquele conhecimento tornou-se uma parte deles. E quando enfim levantaram-se e continuaram o caminho, a lua permaneceu no rio e a sua luz os acompanhou.
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A Lua no Rio - Marzia Bosoni
Para Sara, que foi meu primeiro amanhecer
Para Simone, que é a lua
Para David, que é o sol
Para Francesco, que é a minha estrela da noite
Para Ale, que é o meu mar
E para Alex, que está sempre comigo.
INTRODUÇÃO
O olho a vê
Mas nenhuma mão pode agarrá-la
A lua no rio
Este é o segredo da minha escola
(Mestre de Shinkage-Ryu)
O que é a lua no rio?
A lua no rio não é nada além de um reflexo de um reflexo. A lua reflete a luz solar e depois espelha-se nas águas do rio. Pode também ser chamada sombra da sombra de Deus
. Luz e sombra, quase um oxímoro para indicar, na realidade, a mesma origem, a idêntica essência.
Mas, ainda que amando a nossa Mãe Lua, gostaria de refletir antes sobre o rio. Para que a lua se espelhe, o rio deve estar calmo e harmonioso, não deve haver rochas que violem a sua superfície e mudem o curso da água, nem redemoinhos que possam distorcer a imagem. Contudo, o rio deve continuar fluindo: se se estagnasse, a sua superfície seria rapidamente invadida pela vegetação e nada mais poderia se refletir ali. Logo, o rio deve continuar a mover-se, a fluir sem parar e ainda estar sempre harmoniosamente uniforme e assim a lua poderá refletir a sua luz todas as noites.
E se nós conseguíssemos ser como o rio? Se conseguíssemos viver e mudar sem abandonar a paz e a harmonia, que luz poderíamos refletir?
Que luz, na verdade, brilha sobre as nossas vidas sem nunca conseguir se espelhar por culpa das águas agitadas, das rochas ou da água estagnada e morta das nossas almas?
E chegamos então a essa lua que se espelha silenciosa nas águas do rio. Sobre a simbologia lunar, pessoas muito mais cultas e sensíveis do que eu, já escreveram páginas incontáveis e não tenho intenção de me demorar sobre o assunto; no fundo, para cada um de nós, a lua tem um significado especial próprio. Mas e o seu reflexo? Este seu reflexo que atravessa sem ferir a água do rio? Que mergulha nele sem lhe pertencer?
Por mais esforços que possamos fazer, não conseguiremos nunca capturar aquele reflexo, qualquer interferência nossa entre a água do rio e a lua faria desaparecer o reflexo, agitaria as águas alterando o delicado equilíbrio.
O único modo para possuir
aquele mágico reflexo é renunciar a ele.
O único modo é sentar-se tranquilamente à margem.
O único modo é tornar-se lentamente o rio e permitir que nossos olhos, como águas plácidas, acolham, por um instante, o reflexo de um reflexo...
Mas já que eu gostaria de ser sábia
, seguirei o conselho de Gibran e não procurarei mais explicar o que é a lua no rio, mas, através desses breves contos, tentarei acompanhá-los até o limiar da casa da sabedoria de vocês.
CAPÍTULO I
Quantas pessoas encontramos todos os dias.
Na escola, no trabalho, no supermercado, pela rua... uma multidão de rostos passa por nós sem deixar uma marca no nosso caminho. E nós também fazemos parte dessa multidão, daquela massa anônima que às vezes se choca, na pressa, mas que, mais constantemente, evita até mesmo olhar-se nos olhos.
Alguns rostos, pouco menos que desconhecidos, esboçam um rápido sorriso que talvez nós retribuamos, mas o olhar já se desviou quase fosse constrangido por um tal gesto de intimidade.
A regra não dita, mas observada por todos, é que o olhar deslize sem nunca se deter, sem hesitar demais, quase como se quisesse ultrapassar a máscara de indiferença usada tão elegantemente.
Por que, na verdade, no meio daquela multidão de pessoas, nós não vemos ninguém e não somos vistos por ninguém.
E é exatamente isso que queremos: a ilusão de viver no meio dos outros, permanecendo sozinhos.
No fundo são estranhos, então por que deveríamos mostrar a eles as nossas emoções, presenteá-los com sorrisos guardados com tanta fadiga?
E, sobretudo, por que deveríamos ser os primeiros? Todos usam a máscara, todos aceitam quietos a regra do olhe sem ver
. Melhor não sermos os primeiros a transgredi-la.
Um dia, porém, no meio da multidão heterogênea e sempre igual, acontece de encontrar alguém: às vezes é um inválido, às vezes é um louco, mais raramente, um simples rebelde.
Este não abaixa o olhar, não o desvia rapidamente como quer a regra, mas mantém seus olhos indagadores fixos sobre nós, a cabeça levemente inclinada, como se estivesse nos analisando. E é isso mesmo que está fazendo: nos estuda, nos avalia, nos observa. Às vezes chega até a sorrir, a nos dirigir a