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Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares
Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares
Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares
E-book240 páginas3 horas

Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares

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Sobre este e-book

Depois de um tempo, os pingos incessantes pareciam mais alto em sua imaginação, até que ela não aguentou mais. Saltando da cama, correu para a janela o mais rápido que suas pernas de quinze anos podiam e abrindo caminho pelas cortinas esvoaçantes, conseguiu fechar a janela.

Soltando um suspiro de alívio, voltou ao calor familiar da cama, fazendo o possível para voltar a dormir. Mas, enquanto cochilava, sua mente ainda estava cheia do estresse de eventos recentes. Os rostos das pessoas envolvidas passaram por ela como um carrossel de parque.

Primeiro, mamãe e papai estavam varrendo lá fora, tomavam sorvete, rindo e acenando para ela enquanto passavam. Na próxima cena mamãe estava triste, sozinha e desamparada, vestida de preto, com seu irmão Peter, segurando o seu boneco Snuffy, uma mania, embora agora fosse apenas um pedaço de pano desgastado.

Então a música parou e a memória da morte de seu pai tomou conta dela mais uma vez.

Ela apertou o rosto desesperadamente nas profundezas do travesseiro para calar a memória. Ao fazer isso, não percebeu passos correndo pelo chão do quarto.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de jan. de 2021
ISBN9781071585559
Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares

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    Vovô Balanço E O Vôo Para Sete Mares - Michael N. Wilton

    Capítulo Um

    Algo para te contar

    Ping, ping, poc...

    Sally mexeu-se inquieta na cama e tentou parar de ouvir o barulho da chuva na janela, enterrando a cabeça debaixo do travesseiro. O outono dera lugar ao inverno. O vento com chuva fazia a janela entreaberta estremecer.

    Depois de um tempo, os pingos incessantes pareciam mais alto em sua imaginação, até que ela não aguentou mais. Saltando da cama, correu para a janela o mais rápido que suas pernas de quinze anos podiam e abrindo caminho pelas cortinas esvoaçantes, conseguiu fechar a janela.

    Soltando um suspiro de alívio, voltou ao calor familiar da cama, fazendo o possível para voltar a dormir. Mas, enquanto cochilava, sua mente ainda estava cheia do estresse de eventos recentes. Os rostos das pessoas envolvidas passaram por ela como um carrossel de parque.

    Primeiro, mamãe e papai estavam varrendo lá fora, tomavam sorvete, rindo e acenando para ela enquanto passavam. Na próxima cena mamãe estava triste, sozinha e desamparada, vestida de preto, com seu irmão Peter, segurando o seu boneco Snuffy, uma mania, embora agora fosse apenas um pedaço de pano desgastado.

    Então a música parou e a memória da morte de seu pai tomou conta dela mais uma vez.

    Ela apertou o rosto desesperadamente nas profundezas do travesseiro para calar a memória. Ao fazer isso, não percebeu passos correndo pelo chão do quarto. Algo puxou suas roupas de cama e no momento seguinte Peter estava na cama aconchegando– se, apertando o Snuffy com força.

    – Sou eu, Pe– Peter. – Ele anunciou, cheirando novamente seu Snuffy para se acalmar. –

    Sally suspirou resignada.

    – Eu nunca teria imaginado. Você não consegue dormir?

    – Não. – Ele deu a desculpa alegremente. Depois de um tempo, fez a pergunta que ela temia. – Foi hoje ...?

    – Sim, – ela disse, tentando manter a voz firme – há um ano.

    Peter pensou por um tempo, depois expressou o pensamento que o preocupava.

    – Ele sabia?

    Sally soltou um suspiro e o abraçou mais apertado.

    – Não, – disse ela com firmeza. – Aconteceu rápido demais, juro. – Era uma coisa que ela tinha certeza. Ela ainda se lembrava do médico mexendo na mamãe.

    – O mais extraordinário, – ela ouviu durante a cirurgia. – Aquele motorista saiu para o lado girando tão rápido que seu marido não teve como saber – se isso vai servir de conforto, Mary.

    Ela sentiu Peter ficar tenso.

    – Por que teve que ser assim?

    – Gostaria de saber – disse Sally, ouvindo tristemente o gaguejar, que era apenas mais um lembrete do trauma que o acidente havia deixado como rastro. – Pelo menos ainda temos um ao outro. – Ela acrescentou, tentando encontrar uma migalha de conforto. – Vamos ter de lembrar todos os bons momentos que tivemos juntos.

    Peter olhou para ela.

    – Sim, imagino que sim. Você sabe, às vezes você se parece com papai. Sinto falta dele. – A sua voz tremia.

    – Eu sei, todos nós sentimos. – Disse Sally rapidamente. Ele estava sempre lá para brincar e cuidar da gente. Acrescentou gentilmente: – Acho que esses dias acabaram, papai minando todos nós. Ele acreditava que dinheiro era para desfrutar,  nunca pensou que poderíamos ficar sem um dia.

    Peter suspirou.

    – Vou ter que falar com a mamãe, acho que meus sapatos não vão durar muito mais. Usei toda a fita adesiva para colar.

    – Não incomode mamãe, – disse rapidamente, – ela já tem o suficiente para se preocupar. Vou conversar com o vovô. – Não quis dizer que suas próprias roupas estavam praticamente caindo aos pedaços.

    A menção de seu avô fez seu rosto brilhar.

    – Vvo– vô é legal. Ele me deixa mexer na cadeira-balanço dele.

    Divertida, Sally perguntou:

    – É por isso que você o chama de vovô Balanço?

    – Sim, ele não se importa. Não conte à mamãe, mas ele está me ensinando a subir pelas cordas de um navio.

    Sally estava intrigada.

    – Como ele está fazendo isso?

    Peter parecia misterioso.

    – Ele está construindo um tipo de balanço em seu quarto. – Ele olhou em volta cautelosamente. Vovô diz que se eu aprender sobre cordas, poderei me juntar à Marinha Mercante quando crescer. Vou ser um Ca-capitão como o vovô, daí não precisaremos mais nos preocupar com dinheiro.

    Sally parecia pensativa.

    – Não sei se podemos esperar tanto tempo.

    – Ma- mas o vovô diz que não precisamos nos preocupar, ele vai cuidar de nós. Ele me disse tanto isso.

    – A questão é se mamãe vai deixar o vovô nos ajudar. – Ela é muito independente.

    Peter pulou da cama.

    – Mas o que mais ela pode fazer? Eu não quero deixar o Vvo– vô. Estamos felizes do jeito que estamos.

    Mas se a mãe deles pensava nisso, estava guardando para si mesma. Quando Peter teve coragem de perguntar enquanto ela os levava para a escola, mamãe apenas sorriu e balançou a cabeça, dizendo:

    – Teremos que esperar para ver.

    Já no dia seguinte, Mary exibia um sorriso de feliz antecipação. Só depois que ela os pegou no fim da aula para voltar para casa que deixou escapar um comentário casual que mudaria suas vidas para sempre.

    – Agora, meus queridos, – quando desceram, ­– quero que vocês sejam muito bons esta tarde. Tenho que deixar vocês aqui por um tempo e fazer algumas compras – ela hesitou – e uma ou duas outras coisas. Mas não preocupem, – vendo o olhar ansioso em seus rostos, – não demorarei. Seu chá está pronto, e o vovô sabe tudo, então ele estará lá para cuidar de vocês. Vocês já sabem – acrescentou ela misteriosamente enquanto soltava a embreagem – talvez eu tenha algumas notícias especiais extras para contar quando voltar, que podem ser a resposta para todas as nossas orações. –

    E tiveram que se contentar com isso, mal sabendo o que os esperava. Descobriram naquela tarde, quando ela voltou carregada de compras e os apresentou a um homem de aparência estranha e uma jovem de rosto severo.

    – Filhos, tenho notícias emocionantes para contar. Quero que conheça meu novo amigo especial que está vindo para ficar aqui conosco. Este é o Sr. Black e sua filha, Mona. Mas podem chama-lo de Ned.

    Ned deu um sorriso forçado estendendo a mão, mas os olhos das crianças estavam fixos na mãe em silêncio, chocados.

    Sua mãe quebrou a pausa desconfortável.

    – O Gato comeu a língua?

    – Como vai? – Sally perguntou educadamente.

    – Peter?

    O menino engoliu em seco e saiu correndo da sala.

    Depois de um tempo, Ned retirou a mão timidamente e lançou um olhar furtivo ao redor, observando tudo cuidadosamente.

    – Por favor, perdoe-o. Peter era muito apegado ao pai. – Mary pediu desculpas. – Agora, Sally, quero que você seja particularmente gentil com Mona. A irmã de Mona sofreu um acidente desagradável recentemente, então tenho certeza de que você a fará se sentir em casa.

    Fazendo uma pausa embaraçosa, Mary continuou:

    – Agora, vá para a cama e vista seu pijama, querida, enquanto mostro a Ned e Mona a casa. Já subo para vê-los.

    Quando chegou ao quarto, Sally encontrou Peter esparramado em sua cama, miseravelmente infeliz. Ela deu uns tapinhas na sua cabeça com simpatia.

    – Co- como ela trouxe alguém assim? – Reclamou Peter amargamente. – Eu que- quero meu pai.

    – Receio que ele não volte mais. – Disse com tristeza e acrescentou: – Também não gosto da aparência dessa Mona.

    Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta se abriu e a mãe estava no quarto, pegando Peter nos braços.

    – Sei que foi um choque, queridos, mas Ned e Mona queriam ver a casa imediatamente, não pude negar.

    – Por que você foi encontrar alguém como ele? – lamentou Peter. – Eu o odeio!

    – Pensei que você estivesse feliz como estávamos. – Reclamou Sally, perplexa.

    Sua mãe estendeu a mão e colocou um braço em volta dos dois.

    – Vocês não entendem, não é? – Ela os abraçou com compaixão. – Amei muito seu pai, mas as coisas não podem continuar como estão. Vocês não têm ideia de como as despesas acabaram com nossas economias e isso não é justo com o vovô. Não ousei dizer a ele o quanto nós estamos devendo. – Então se animou. – Mas a boa notícia é que meu novo amigo é muito bem de vida, então não precisaremos mais nos preocupar com dinheiro.

    – Bem, quero que você seja muito feliz. – Falou Sally não convencida, tentando se adaptar à novidade. – Ele não parece muito bem de vida para mim. – Acrescentou, lembrando-se do encontro, lembrando os sapatos gastos e as roupas remendadas de Ned.

    – Você não deve julgar pelas aparências, sua velhinha descrente. – Brincou a mãe dela. Ela analisou o perfil de Sally. – Você é muito parecida com o seu querido pai. Ele sempre desejou que você fosse um menino. Você é tão moleca às vezes! – Suspirou. – Você está crescendo tão rápido que acredito que logo, logo, estará mandando em todos nós.

    Ela captou o olhar obstinado no rosto de Sally.

    – Vou te dizer só para te provar, vou falar com Ned amanhã e veremos se conseguimos uma faxineira, tudo bem?

    Sally assentiu com relutância e sua mãe se levantou, satisfeita.

    – Então, para cama, vocês dois. Você verá que tudo vai dar certo. Esperem e vejam.

    * * *

    Mas não foi melhor na manhã seguinte. Quando Sally foi até o Peter para ajudá-lo a se vestir, ela viu o irmão de mau humor, pegando suas roupas e largando-as, enquanto agarrava seu Snuffy por mania. Sally suspirou e as pegou atrás dele.

    – Você não está brincando ainda com essa coisa velha na sua idade, está?

    – Tudo bem para você – disse ele, melancolicamente – você sairá da escola em breve. Vou ter que aguentar toda a confusão quando os outros souberem, você não tem ideia. – Incapaz de suportar o pensamento, ele explodiu: – Onde ela o encontrou?

    Sally suspirou, tentando pensar em algo para anima– lo.

    – Eu sei, vamos ver o vovô e saber o que ele pensa.

    Peter assentiu muito triste.

    Quando se aproximaram do quarto do avô, ele acelerou e correu pela porta gritando:

    – Ba-Balanço!  Temos algo para contar!

    Mas pela expressão no rosto do vovô, ele já sabia. Seu rosto alegre e habitual estava nublado e preocupado, como se estivesse se debatendo para receber a notícia.

    – Como ela pode, vovô? – Chorou Peter, se jogando no seu amado avô.

    – Você sabia disso, vovô? – Perguntou Sally.

    Vovô assentiu brevemente.

    – Sua mãe acabou de sair. Ela percebeu que deveria ter contado para vocês antes, para que vocês pudessem se acostumar com a ideia. – Levantou uma mão. – Eu sei, nem me diga. Mary sempre foi um pouco impetuosa. Tem que resolver as coisas à sua maneira. Não podemos apressá-la. – Parecia ansioso. – Alguma coisa está preocupando seus pensamentos – eu gostaria que ela me dissesse.

    Sally teve coragem, esperando que não fosse muito desleal com a mãe.

    – Ela disse que não queria ser um fardo para você, – então, antes que ela pudesse se conter, – mamãe diz que devemos muito dinheiro, – acrescentando apressadamente, – mas ela disse que Ned está muito bem e nós não precisaremos mais nos preocupar.

    – Ela sabe que não precisa se preocupar com dinheiro! – O vovô trovejou horrorizado. – Por que ela não me contou? O que a fez pensar em fazer uma coisa dessas?

    Peter deu sua opinião com muita certeza.

    – Ele pa-parece um va- vagabundo velho para mim, vovô!

    O vovô consultou o relógio e disse de má vontade:

    – Ela disse que ia ter uma conversa com o amigo Ned sobre tarefas domésticas, eu vou pagar uma faxineira para ela. Provavelmente está discutindo com ele agora.

    Eles foram interrompidos pelo som de vozes levantadas em baixo. O avô levou um dedo aos lábios e foi até a porta a uma velocidade incomum para um homem da idade dele.

    – Mas Ned, você sabe que gastei todo o meu dinheiro nesse feriado. Não tenho mais dinheiro. – A voz de Mary flutuou angustiada. – Você me prometeu que pagaria alguém para fazer as tarefas domésticas agora que vai ficar conosco.

    – Fiz isso, fiz, Mary, meu amor. – Veio a resposta calorosa. – Só me dê mais alguns dias para arrumar as coisas, então tudo será um mar de rosas o tempo todo, prometo.

    – Quero apenas algum dinheiro para o dia-a-dia até você pagar o aluguel no final do mês, apenas o suficiente para pagar algumas contas e jantar.

    – Aqui está você, leve minha carteira com toda a minha riqueza mundana. – Veio sua resposta hesitante. – Todos os trinta e poucos, com certeza. E você pode comprar uma roupa, se isso for de alguma ajuda para você.

    Houve uma pausa, então:

    – Mas... Ned... Não há nada aqui. Está vazia!

    – O que? Quem foi o ladrão que faria isso comigo, quero saber! – Ned ficou ultrajado, falando mais alto para que todos pudessem ouvir.

    – Seu mentiroso inútil! – Murmurou vovô. – Eu falei que ele não era bom.

    – Shhh. – Pediu Sally. – Mona está dizendo alguma coisa.

    – Acho que você deveria pedir a alguém de casa para te responder. – Ouviram a filha de Ned insinuar com astúcia. – Vi o jovem Peter descendo as escadas dos fundos ontem à noite! Ele também está com pouco dinheiro?

    Sally virou-se para o irmão, mas o olhar espantado em seu rosto disse tudo o que queria saber.

    Houve um ruído de passos nas escadas e no minuto seguinte a mãe deles entrou no quarto.

    – Você pegou dinheiro da carteira de Ned, Peter?

    Pálido, Peter começou a gaguejar, tentando falar.

    Sally ficou em seu caminho, furiosa com a acusação.

    – Mamãe, você não acredita seriamente nessa mulher, não é?

    Mary se recompôs com um esforço.

    – Não, é claro que não, mas quero ouvir de Peter. Isso é verdade?

    – Nã- ão fui eu, juro! – Peter finalmente saiu, abrigando-se atrás do avô.

    Mary começou a chorar de repente e se jogou nos braços de seu pai.

    Ele deu um tapinha nas costas dela com resignação.

    – Em quem você prefere acreditar: seu próprio filho ou nessa mulher, a Mona? – Ele falou o nome com ar um pouco irônico.

    Erguendo o rosto com vergonha, Mary enxugou os olhos.

    – Não sei mais em que acreditar. Eu pensei que estava fazendo o melhor. O que devo fazer? Só preciso ver se consigo recuperar meu antigo emprego.

    – Olhe. – O avô tirou uma nota do bolso às pressas. – Vá e compre o que precisar. Falaremos sobre isso mais tarde. – Acrescentou, acenando para as crianças.

    * * *

    Mas a situação não melhorou depois disso. Ned saiu pelos arredores da casa levemente embriagado, evitando ver Mary. Mona passou por Sally e Peter com ar de desaprovação. Os meninos foram procurando cada vez mais refúgio no quarto de seu avô, enquanto Mary parecia estar desanimando pelo jeito como as coisas estavam indo. Com o passar dos dias, Mary ficou apática e tão pálida que Sally ficou muito preocupada.

    Chegou ao ponto de, no final da semana, quando ela geralmente se sentava para ter uma conversa aconchegante com as crianças antes de lhes desejar boa noite, Mary cambaleou um pouco e teve que segurar na cabeceira da cama mais próxima antes de voltar a si.

    – Mamãe, você está bem? – Perguntou Sally preocupada, pulando da cama.

    – Estou bem. – Sua mãe tentou sorrir. – Acho que

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