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A vida social do pet: etnografando subjetividades através da prática de consumo para animais de companhia em Natal/RN
A vida social do pet: etnografando subjetividades através da prática de consumo para animais de companhia em Natal/RN
A vida social do pet: etnografando subjetividades através da prática de consumo para animais de companhia em Natal/RN
E-book290 páginas3 horas

A vida social do pet: etnografando subjetividades através da prática de consumo para animais de companhia em Natal/RN

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Sobre este e-book

A convivência com os animais de companhia em nossas casas, em nossas famílias, entre nossos amigos, em lugares públicos, em eventos privados, no universo da cibercultura - online/offline -, pode estar se moldando e sendo moldada pelas interações e rituais convencionais dos humanos. Além da preocupação com o bem-estar do animal, condenando a "desumanidade" em relação aos maus-tratos, a relação de afeto, de empatia, torna possível a alegoria do animal como ator movimentar-se em sociedade, ou possuir "agência animal", como sugere Osório (2016). Na medida em que se torna um ator social e passa a ter possibilidade de acesso a direitos sociais ou, pelo menos, possibilidade de acesso online, tornando-se um sujeito de consumo para o mercado pet, produz redes complexas de relacionamentos e estratégias de construção de subjetividades entre humanos e não humanos. Quando um pet passa a ser um ator social em sua própria malha de interações, como é definida a sua construção de valor social? E como é negociado suas relações de consumo? Esse livro é uma imersão na vida urbana de alguns cachorros de companhia e suas famílias, em suas jornadas integradas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jul. de 2021
ISBN9786558777595
A vida social do pet: etnografando subjetividades através da prática de consumo para animais de companhia em Natal/RN

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    Pré-visualização do livro

    A vida social do pet - Dominique S. Tiago

    1. DEMANDAS E DILEMAS NA REDE PET EM NATAL/RN

    Com base na etnografia realizada com algumas famílias multiespécies²⁶, contatos feitos através de profissionais da área, do aplicativo digital de compartilhamento de fotos – Instagram –, em eventos, palestras e através de convites, foi possível traçar o caminho para essa pesquisa que, primordialmente, questiona a construção de subjetividades na relação entre tutores e pets.

    Primeiro, por ter percebido, ainda na monografia, que as pessoas atribuem ao animal de companhia uma leitura sobre seus comportamentos, preferências, gostos, necessidades, tomando o animal em uma espécie de entidade previsível, capaz de ser atribuído uma infinidade de serviços, produtos, profissões e discursos que tende ou não a impingir no animal a qualidade antropomorfizada de ator social. E que, através do viés da pesquisa, foi contemplado, em sua universalidade, a tendência em tornar o animal ator social em relações de consumo para pets entre as famílias observadas e em outras situações cotidianas, pois o potencial social que o faz movimentar-se entre redes de relações humanas e não humanas, online e offline, tecidas por seus tutores humanos, manifestam o animal como sujeito de consumo.

    1.1 DESVENDANDO A REDE PET NA CIDADE

    O Mapa Euromonior²⁷, encomendado pelo Washington Post para uma matéria sobre a preferência entre cães e gatos nos EUA e em todo o mundo, em 2014, produziu uma pesquisa que revelou algumas indicações sobre o Brasil. País em que, na pesquisa, a preferência tendeu em relação aos cães, configurou-se como vice-líder na proporção de cães de pequeno porte per capita na América Latina, em relação aos animais de até 9 quilos, constatou-se que há 105 animais para cada 1000 habitante no país. O México lidera o ranking com 137 cães por 1000 habitantes²⁸.

    Em outra pesquisa, feita no ano anterior, no Brasil, pelo IBGE, indicou que em 44,3% dos lares brasileiros há cães. A populações de cães como animais de companhia, de 52,2 milhões, já superou a quantidade de crianças de até 14 anos de idade, com 44,4 milhões, revelou a pesquisa.

    Em mais pesquisa, dessa vez, inédita, realizada pelo IBOPE inteligência²⁹, abordou de perto a relação entre brasileiros e pets, em parceria com o Instituto WALTHAM, autoridade científica em nutrição e bem-estar para pets, e um professor de veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo. A pesquisa incluiu duas cidades do Nordeste; na primeira fase, feita com treze grupos de discussão em 3 cidades – São Paulo, Porto Alegre –, sendo a primeira representante Recife; e, na segunda etapa, com outras 6 cidades – São Paulo, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Distrito Federal –, Salvador como segundo representante. O objetivo foi construir o perfil para os tutores e não tutores, ou de quem deseja ter animais.

    O resultado da pesquisa mostrou que a maioria dos brasileiros tutores de cães são homens, casados (51%), mora com mais de uma pessoa (93%), de classes AB (82%, sendo 24% classe A), moram em casas (59%), adotaram seus cães (24%), sendo a maioria SRD, sem raça definida (59%) (2017; 15).

    A pesquisa ainda traça o perfil do tutor brasileiro em três tipos: pragmáticos (aqueles que possuem uma relação racional com seus pets), envolvidos (os cães podem frequentar apenas áreas sociais da casa), e apaixonados (possuem alto nível de envolvimento, apego e dedicação aos seus pets).

    Predomina no Brasil os envolvidos e apaixonados, bem como em minha pesquisa foi possível identificar alto nível de envolvimento, apego e dedicação aos pets, o que apoia, em certa em medida, os resultados sobre o perfil dos tutores no país.

    Sobre a cidade de Natal/RN ainda não há dados consistentes. Ao procurar por notícias em jornais locais que fizessem referência aos animais de companhia e/ou aos tutores, encontrei notícias variadas, desde projeto de Terapia Assistida por Animais em hospitais da cidade³⁰, sobre o sedentarismo e o índice de obesidade que pode estar aumentando entre cães e gatos³¹, sobre o primeiro crematório para animais do Rio Grande do Norte³², sobre a temática pet apresentada em um programa de televisão de alcance nacional³³, sobre o projeto que proíbe a circulação de carroças³⁴ na cidade³⁵, sobre a aprovação da lei complementar municipal 149/2015 que permite a entrada de animais de estimação em ônibus na cidade³⁶, a reivindicação dos tutores locais em relação a falta de espaços públicos para passear com seus

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