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Novelas Adultas: Antologia
Novelas Adultas: Antologia
Novelas Adultas: Antologia
E-book982 páginas14 horas

Novelas Adultas: Antologia

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Sobre este e-book

O amor e a paixão são ingredientes indispensáveis para uma vida plena. Suas implicações, no entanto, criam empecilhos que tornam um romance em um tormento. Superar as adversidades é a prova maior para aqueles que buscam a felicidade a dois. As Novelas Românticas de O Mago das Letras retratam esse universo onde conflitos surgem e precisam ser superados para, enfim, se chegar a um final feliz... Ou não. O erotismo explícito faz do sexo o personagem principal em todas estas novelas.A DEUSA DO PANTANALA VÊNUS NEGRAFÊMEAS DE LUXOMÉDICO ERÓTICOMEMÓRIAS ERÓTICAS DE UMA GAROTA SEM PUDORNO SILÊNCIO DAS PAIXÕESO VAMPIRO DO SEXO
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526053251
Novelas Adultas: Antologia

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    Novelas Adultas - L P Baçan

    A DEUSA DO PANTANAL

    CAPÍTULO 1

    A metrópole nunca dorme. Suas ruas são artérias, bombeando continuamente o oxigênio que mantém a vida e o movimento. À noite, uma paz artificial paira em meio à poluição, mas o movimento e a vida se mantêm em ritmo alucinante, ocultos entre as paredes ou expostos abertamente, evidenciando contrastes. Riqueza e miséria convivem diariamente. Alegrias e tristezas se alternam em uma falsa harmonia. Os dramas humanos se repetem e ninguém se detém para olhar. Todos estão preocupados com seus próprios problemas. Todos estão estressados e poucos sabem como lidar com isso.

    Aos domingos, no entanto, o dia tornava-se silencioso, principalmente naquele elegante condomínio de classe média alta, numa das áreas mais valorizadas de Londrina. A tarde chegava ao fim preguiçosamente. Em seu quarto, Guilherme Magalhães delicadamente afastou o braço que repousava sobre seu próprio corpo e levantou-se. Pela janela, um resto ainda de claridade, filtrada através das cortinas, iluminava vagamente um corpo de mulher em sua cama: o corpo de Susana.

    Ele ficou em pé, ali, ao lado, indagando-se: quem era Susana? Não fazia diferença. Todas eram iguais, deliciosamente iguais. Mudavam os nomes, mas no fundo todas eram iguais e isso era terrivelmente monótono. Aquele corpo nu estendido preguiçosamente em sua cama era igual a todos os outros em suas curvas e reações.

    Essas observações nada tinham de irônico ou depressivo. Do mesmo modo, nada de anormal se passava com ele, a não ser o fato de que tudo era fácil demais. Já não sentia as coisas como no princípio, quando conseguira sua independência financeira e se atirara sofregamente em busca de um tempo perdido.

    Dedicara toda sua juventude aos estudos. Mal podia se lembrar de uma ou outra garota durante esse período. Lembrava-se apenas dos livros e daquela febre em vencer, ser sempre o primeiro, fazer nome, firmar sua carreira. Tudo isso havia chegado finalmente. O sucesso e o dinheiro proporcionaram aventuras que nunca sonhara. Era incrível como era amado e desejado pelas mulheres. Um fascínio indiscutível parecia emanar de seu corpo, sempre seguro e confiante, e contagiar as mulheres por onde passava.

    Sabia que sua fama e sua fortuna tinham muito a ver com tudo isso, mas a facilidade com que obtinha suas conquistas estava se tornando monótona. Guilherme, no fundo, deseja essas conquistas, mas sentia crescer dentro de si a necessidade de renovar, fazer as coisas de uma forma diferente. Ele se sentia assim, caminhando pelo apartamento, naquele seu dia de folga no hospital. Susana era uma das enfermeiras e nunca escondera sua admiração por ele.

    Na cozinha, enquanto derrubava duas pedras de gelo no copo de uísque, Guilherme olhou o calendário na parede. Pensou em sua formatura e pensou em seu trabalho no hospital.

    Havia quase dois anos estava lá, ganhando fama como um dos maiores cirurgiões do país. Suas mãos eram elogiadas pela classe médica e pela totalidade das mulheres que tiveram o privilégio de senti-las em seus corpos.

    Olhando o calendário, Guilherme se lembrou de que em algum lugar do país se iniciava a temporada de pesca. Essa fora sua distração preferida enquanto ainda frequentava a Universidade. Tanto podia ser num pesque-pague quanto numa viagem rápida ao Pantanal. A pesca tinha o dom especial de acalmá-lo, permitindo que pusesse em ordem seus pensamentos. Reciclava-se.

    Pensou na última vez em que saíra de férias, mas não conseguiu se lembrar. A palavra férias, porém, soou deliciosa aos seus ouvidos. A ideia lhe pareceu tentadora. Seria um modo de se achar novamente e de pôr os pensamentos em ordem para poder entender aquele estranho paradoxo que, agora, forçava-o na direção do quarto onde sabia que encontraria Susana, nua e deliciosa, pronta a recomeçar tudo.

    Era um hábito, talvez um vício sem sentido aparente e sem um fim determinado, mas algo que punha fogo em suas veias e fazia seu coração pulsar depressa. A companhia de uma mulher, fosse ela quem fosse, sempre o punha confuso. Quando satisfeito em seus desejos, pensava como minutos atrás. À medida que o desejo se reacendia, Guilherme apenas as via como a coisa mais importante de sua vida.

    Entrou no quarto. Susana estava sentada na cama, esfregando languidamente os olhos. Sorriu ao vê-lo. Jogou os cabelos para trás e se levantou. Seus seios vibravam a cada passo. Suas coxas tinham a elasticidade de um felino, relaxando-se soltas e contraindo-se em seguida firmes e elegantes. Ela juntou os braços diante do corpo, apoiando-os no peito de Guilherme, enquanto erguia a cabeça e buscava os lábios dele.

    Guilherme a enlaçou, apertando-a com força e sustentando-a no ar.

    — O que está tomando? — indagou ela, quando ele a soltou.

    — Uísque, quer um pouco?

    — Não, prefiro um pouco daquele vinho. Há alguma pizza no forno ainda?

    — Penso que sim.

    — Estou com fome — disse ela, deixando-o.

    Guilherme voltou o corpo para observar aquela cintura delgada que se alargava para os contornos arredondados de seus quadris. Suas nádegas eram roliças e firmes, despertando apetites incontroláveis dentro dele. Guilherme sorriu e a seguiu até a cozinha.

    Susana terminava de amarrar um avental, minúsculo o bastante para nada esconder, diante do corpo. Ela ligou o forno e aguardou, bebericando um resto de vinho.

    — Você quer um pedaço? — perguntou ela.

    — Não, almocei muito bem, coisa que raramente faço.

    — O que vamos fazer à noite?

    — Ainda não pensei nisso. Tem alguma ideia?

    — Por que não ficamos aqui mesmo? — sugeriu ela, sorrindo com malícia e provocação.

    Guilherme se aproximou dela, enlaçando-a por trás. Suas mãos dominaram os seios da garota, massageando-os delicadamente. Susana movimentou seus quadris de um lado para outro. Suas nádegas despertaram a virilidade de Guilherme. A garota soltou um gritinho, fingindo escândalo, e tentou fugir dos braços dele.

    — Guilherme, a pizza vai queimar — protestou ela, sem muita veemência, enquanto ele a levantava no ar e a punha sobre o tampo de mármore da pia.

    — Guilherme, está frio aqui! Vai gelar minha bunda! — protestou ela.

    — Vamos tratar de aquecer isso então, Susana — sugeriu ele, sugando-lhe os seios com volúpia.

    — Guilherme, a pizza... — lembrou ela, sem muito interesse, beijando-o nos cabelos e acariciando-lhe as costas.

    — Assaremos outra — propôs ele.

    Seus lábios foram descendo pelo ventre de Susana e fazendo-a apertá-lo com mais força contra o corpo.

    — Adoro você! — disse ela, massageando com as pontas dos pés, desordenadamente, a parte mais rija e sensível do rapaz.

    — Você me deixa louco — murmurou ele, apanhando o copo de vinho ao lado deles.

    Bebeu um gole, depois olhou-a nos olhos. Enlaçou-a com força e colou seus lábios ao dela, deixando que ela sugasse o vinho em sua boca. Ela retribui o abraço e o beijou com sua maneira felina e arrebatadora. Seus corpos mergulharam, então, num estado febril de paixão. O gostoso alheamento do amor envolveu-os e apenas a vontade de manifestarem livremente o desejo permaneceu.

    Guilherme sentia seu corpo abalar-se, preso de indescritível frenesi. Seus lábios espalharam beijos pelo rosto de Susana, depois pelo seu corpo  com febre crescente. Ela suspirava e roçava-se nele, retribuindo beijos e carícias, vibrando intensamente aquela caminhada executada pelos lábios dele sobre seu corpo. Ele a beijou nos ombros, no pescoço, depois deslizou seus lábios sobre a pele sedosa e macia até o vale perfumado dos seios. A jovem suspirou mais alto. As mão dele escorregaram pelas coxas dela até as nádegas roliças e firmes. Seus lábios cobriram um dos seios, beijando-o.

    Estremecimentos tomaram conta do corpo dela. As mãos dele circularam os quadris da garota, estenderam-se pelas coxas sedutoras e retornaram, buscando maior intimidade. Seus lábios deixaram os seios dela e escorregaram pelo ventre macio e achatado. Beijos rápidos e hábeis provocaram convulsões no corpo dela. A respiração apressada do rapaz avançou pelo triângulo sedoso. Suspiros, gemidos, palavras entrecortadas e murmúrios escaparam dos lábios dela.

    Por instantes ele levantou a cabeça para fitá-la, vencida pela paixão, uma expressão felina no rosto crispado pelo desejo, um fascínio maior nas formas perfeitas do corpo em estremecimento. Susana pendeu a cabeça para trás, enquanto ele a brindava com sensações intensas e estonteantes, com carícias que cobriam o corpo dela de arrepios.

    Ele coordenou então, seus lábios e mãos, esmerando-se em carícias apaixonadas que a fizeram se contorcer e arquear o corpo, tentando abraçá-lo, arranhá-lo e mordê-lo. Sensações delirantes devassavam seu corpo. Guilherme não lhe deu tréguas. Seus lábios incendiavam-na com beijos hábeis. A loucura e o delírio se estamparam, então, nas faces em fogo da garota. Ele a acariciou até o delírio. Era uma espécie de embriaguez aquele desejo violento de sentir a garota vibrar e suspirar com o corpo abalado por espasmos de prazer.

    Ela suplicou por ele, agarrando-o pelos cabelos e puxando-o para que se erguesse. Os lábios de Guilherme eram incansáveis. Sua língua nada deixava a desejar em matéria de habilidade às mãos famosas de cirurgião. Era maldoso e delirante seu método de acariciar, deixando Susana sem forças e sem fôlego. Sensações incendiárias dominavam seu ventre e seu corpo. A excitação total para Guilherme estava no delírio da companheira. Talvez isso justificasse sua fama entre as garotas e os comentários que se espalhavam pelo hospital a cada fim de semana.

    — Guilherme, venha! — suplicou Susana com a voz entrecortada por suspiros de êxtase.

    Guilherme, finalmente, endireitou o corpo e a penetrou. Susana estendeu as coxas para frente, depois enlaçou-o pela cintura. Guilherme a beijava e acariciava com loucura, enquanto repetia em ritmo frenético seus movimentos de quadril. Susana provou novamente o delírio e o êxtase em um clímax seguido e intenso. O frenesi de Guilherme, repentinamente, cessou. Ele apertou o corpo de Susana contra o seu e se sentiu esvair na deliciosa e estonteante chegada ao fim da daquela viagem alucinante de prazer. A pizza estava irremediavelmente queimada e perdida.

    * * *

    Guilherme relaxava o corpo apoiado à mesa. Susana reclinara o corpo para trás, apoiando as costas contra a parede.

    — Olhe o que você fez — disse ela sem se importar realmente.

    — Isso é uma reclamação? — retrucou ele, sentando-se.

    Susana desceu preguiçosamente de seu pedestal. Quando abriu o forno, uma nuvem nada agradável a fez tossir e se afastar. Ela desligou o botão do gás e deixou a porta aberta até poder retirar a assadeira. Olhou Guilherme com desalento nos olhos. Ele começou a rir. Susana o imitou, atirando a assadeira sobre a pia.

    — Veja na geladeira. Há massa pronta. A cobertura você pode fazer como quiser, sabe onde estão os ingredientes.

    Ela sorriu e caminhou até ele, abraçando-o.

    — É um privilégio estar aqui, não? — comentou ela.

    — Não entendi — disse ele, beijando-a nos ombros.

    — É o desejo secreto de todas as enfermeiras livres e, posso garantir, da maioria das outras também.

    — Apanhe um cigarro para mim — pediu ele, lisonjeado.

    — Como não, doutor — brincou ela, indo até o quarto, de onde retornou com dois cigarros acesos.

    Passou um para a mão estendida de Guilherme e foi para a geladeira. Guilherme ficou pensando no que ela dissera. Apesar de já saber daquilo, era agradável mesmo sendo monótono. As enfermeiras haviam até criado uma espécie de código de honra entre elas, estabelecendo uma escala. Guilherme poderia ter uma enfermeira-assistente fixa, se o desejasse. Acontece que elas haviam criado um sistema de rodízio entre elas. A cada semana uma delas o auxiliava. Isso era excitante no início, mas monótono no final.

    As segundas-feiras sempre traziam alguma surpresa e expectativa para ele. Imaginar qual delas seria a sua companheira da semana havia sido, no início, uma brincadeira divertida. Agora, no entanto, havia algo de vulgar no sorriso da garota que surgia em seu consultório na segunda-feira. Ela vinha decidida e insinuante e ambos sabiam o que viria a seguir.

    Não era, após algum tempo, um jogo excitante. Guilherme apenas o mantinha porque, mais forte que a monotonia ou a vulgaridade, estava o seu desejo de homem. Tentara várias algumas vezes namorar uma das garotas fora da escala. Era incrível como disfarçavam o que sentiam em respeito ao código que elaboraram.

    Ele passava a maior parte de seu tempo no hospital. Quando não estava lá, tinha de estar pronto a retornar com a maior rapidez. Isso estragara algumas tentativas em buscar fora dali outro tipo de aventura. Havia um tipo diferente de excitação no fato de abordar uma garota em um clube ou em uma boate.

    Havia mais interesse no jogo, justamente porque seu final era imprevisível. Sua disponibilidade e necessidades do hospital, no entanto, haviam lhe tirado boas oportunidades de levar isso adiante.

    Olhando Susana se mover pela cozinha, cantarolando feliz e satisfeita, Guilherme duvidava de si mesmo. Estariam aquelas garotas servindo-o ou usando-o?

    — Em que está pensando? — indagou Susana, terminado de pôr a assadeira no forno.

    — Estou pensando em deixar queimar essa pizza também — respondeu ele marotamente.

    — Oh, não, Guilherme — protestou ela, recuando. — Estou com fome, palavra.

    — Eu estava brincando.

    — Ainda não me respondeu, então — falou ela, indo sentar-se no colo dele para abraçá-lo e mordiscar seu pescoço.

    Guilherme deslizou a mão pelo corpo dela. Sua pele era quente e delicadamente acetinada. Seus seios tinham formas arredondadas. Os bicos estavam eriçados.

    — Susana, quanto tempo um homem pode aguentar sem tirar umas férias decentes? — indagou ele de repente.

    — De quem está falando?

    — De mim, é claro. Estou há quase dois anos no hospital e não me lembro de ter estado fora de lá vinte e quatro horas seguidas...

    — Você está exagerando. Participou de congressos...

    — Aqui na cidade. E me lembro de ter sido chamado uma ou duas  vezes para emergências.

    — Pretende tirar férias?

    — Sim, estou pensando seriamente na ideia.

    — Onde pretende ir?

    — Pescar!

    — Pescar? Por que não uma viagem ao Caribe ou a Porto Seguro, por exemplo, relaxar, velejar, curtir o mar?

    — Esses lugares nada têm a ver comigo. Gosto de pescar. Era como eu relaxava quando era estudante.

    — E onde pretende ir pescar?

    — Não sei ainda. Talvez no Pantanal. É onde sempre gostei de ir, quando saía de férias.

    — Vai levar alguém consigo? — indagou ela interessada.

    Ele a fitou como se não tivesse entendido a pergunta.

    — O que disse? — perguntou ele em resposta.

    — Perguntei se vai levar alguém consigo. Eu adoraria aprender a pescar — disse ela, insinuante.

    — Não, não havia pensado nessa possibilidade — riu ele.

    Ela se aproximou, enfiando as pernas entre as pernas dele. Seus seios ficaram ao alcance dos lábios de Guilherme. Ela gingou o tronco de um lado para outro, esfregando os biquinhos eriçados na boca entreaberta do médico. Guilherme enlaçou-a pela cintura, mordiscando seus seios. O desejo reacendeu dentro dele.

    — Que tal um banho? — sugeriu ela, tomando-o por uma das mãos e fazendo-o erguer-se.

    Guilherme a seguiu até o banheiro. Deixou, preguiçosamente, que ela ligasse a ducha, apanhasse a esponja com sabonete e começasse a esfregá-lo provocantemente, despertando seu desejo.

    * * *

    Guilherme estivera ruminando a ideia durante todo o dia anterior. Tinha pronto todos os detalhes capazes de lhe garantir isso. Naquela segunda-feira, logo que chegou ao hospital, aguardou pela enfermeira-assistente da semana. A pobrezinha talvez tivesse uma bela decepção.

    Logo que entrara, apanhara com a portaria a escala de visitas daquela manhã, bem como o prontuário médico das intervenções cirúrgicas que seriam realizadas à tarde. Guilherme se interessava particularmente por essa última parte de seu trabalho. Em seu consultório, pôs-se a analisar a pequena relação.

    Havia uma operação para logo após almoço. Era um problema simples, o Dr. Sérgio, seu amigo, poderia fazê-la. Outra, mais complicada, poderia ser realizada pelo Dr. Vítor, diretor do hospital.

    Lembrou-se, em seguida, de que cada um daqueles médicos também recebera uma relação como aquela. Bem menor, Guilherme sabia. Sua fama o fazia mais requisitado pelos próprios pacientes. Apesar disso, não seria difícil para o hospital passar duas ou três semanas sem ele.

    Bateram na porta. Guilherme levantou os olhos para encarar sua assistente da semana. Ele a conhecia. Era Margarete Pereira, loura, jovem e elegante.

    — Bom dia, doutor! — cumprimentou ela com aquele sorriso habitual de todas elas na segunda-feira.

    — Bom dia, Margarete!

    — Deve iniciar sua escala dentro de cinco minutos, doutor.

    — Sei disso, Margarete — disse ele, tomando o telefone e ligando para a sala do diretor.

    Foi atendido pela secretária. O Dr. Vítor estava em alguma parte do hospital. Guilherme desejava falar com ele à hora do almoço, por isso pediu para a secretária avisá-lo.

    Após desligar, ficou olhando para Margarete. A garota foi incapaz de se manter séria. Seu rosto se abriu num sorriso cúmplice. Guilherme não pôde evitar sorrir também. Margarete era particularmente deliciosa. Poderia parecer magra dentro daquele jaleco, mas Guilherme sabia como alguém poderia se enganar baseado nisso. Tratara de uma apendicite da garota e, por isso, conhecia muito mais do que a maioria dos outros.

    — Podemos começar? — indagou ela.

    — Sim, claro — disse ele, apanhando sua maleta.

    Até a hora do almoço, Guilherme conversou, examinou, ouviu queixas e ficou chocado algumas vezes. Muita coisa acontecia num grande hospital como aquele. Mesmo o médico mais insensível não estava livre de momentos de tensão ou mesmo sentimentalismo.

    Quando terminou as visitas, tinha um intervalo de uma hora antes de iniciar a parte mais agitada de seu dia, isso quando não lhe surgia um caso de emergência.

    Encontrou-se com o Dr. Vítor e lhe falou de sua ideia. O diretor relutou. Guilherme era imprescindível no hospital.

    CAPÍTULO 2

    A notícia se espalhou rapidamente. O Dr. Guilherme Magalhães sairia de férias no final da semana. As enfermeiras todas sentiam que o hospital não seria o mesmo sem ele. A mais desconsolada de todas elas era, naturalmente, Margarete. A garota maldizia sua falta de sorte, mas jurou que faria tudo que estivesse ao seu alcance para não perder a oportunidade.

    Tendo conseguido suas férias, Guilherme passava todo seu tempo livre pensando num bom local. Queria pescar, isso era certo. Queria, no entanto, liberdade total.

    Um hotel não entrava em seus planos. Queria algo mais íntimo e isolado onde pudesse estar a sós e repousar. Teria, assim, muito tempo para pensar em si mesmo e em tudo que acontecia a sua volta. Por mais que tentasse imaginar, não conseguia descobrir um local adequado ao seu intento. Talvez houvesse se precipitado naquelas férias, chegou a pensar.

    Deveria ter feito aquilo com um pouco mais de tempo, decidindo-se inicialmente pelo local e depois marcando uma data. Três dias depois de obter do Dr. Vítor a aprovação, ainda não havia chegado a uma conclusão. Encontrasse ou não uma saída, teria de entrar em férias no final da semana. Toda a escala do hospital já havia sido refeita. Após cumprir seu plantão no sábado à noite, não haveria, ali um trabalho para ele, a não ser quatro semanas depois.

    Margarete, enquanto isso, entregou-se com toda a sua dedicação à tarefa de servi-lo. Era eficiente e pontual. Às vezes parecia ler os pensamentos de Guilherme, antecipando-se a ele. Não fosse a sua preocupação com as férias, Guilherme teria percebido logo que a garota era especial, muito especial. Havia pouco trabalho naquela noite de quinta-feira. Guilherme estava na cantina do hospital, tomando um café. Margarete foi a sua procura.

    — Tudo bem com aquele paciente, doutor. Ele foi removido para a UTI. Estão cuidando dele.

    — Bom trabalho, Margarete. Me acompanha num café?

    — Aceito, sim — disse ela, com um sorriso.

    Guilherme se levantou e foi até o balcão, retornando com uma xícara. Margarete agradeceu, consultando o relógio.

    — Preocupada com as horas? — indagou ele.

    — Preciso estar atenta hoje. Meu carro enguiçou. Quando terminar meu plantão, preciso sair correndo para apanhar o ônibus.

    — Pelo meu faltam vinte e cinco minutos — disse ele.

    Margarete tomou alguns goles de seu café. Aquela pergunta ardia em seus lábios. Precisava saber quais seriam suas chances. Havia tentado uma jogada momentos antes, mas Guilherme não entendera. Margarete mentira a respeito de seu carro. Esperava a famosa gentileza do Dr. Guilherme se manifestar. Ao invés disso, acontecera o contrário. Guilherme não se ofereceu para levá-la para casa.

    — Viaja no domingo, doutor? — indagou ela, resolvendo descobrir logo sua situação em relação a ele.

    — Ainda não sei, Margarete — respondeu ele.

    — Algum problema? Parece preocupado.

    — Em parte. Não consigo pensar num bom lugar onde eu possa fazer o que estou pretendendo.

    — E o que pretende fazer?

    — Pescar e me isolar.

    Margarete lamentou aquele desperdício, mas teve uma ideia. Poderia ajudar de algum modo, já que ele estava realmente decidido.

    — Conhece Rio Largo?

    — Rio Largo?

    — Sim, uma pequena cidade nas proximidades de Barão de Melgaço, no Pantanal?

    — Não, não ouvi falar nada sobre Rio Largo ainda. O que há de especial por lá? Pescaria?

    — Sim, e se pretende se isolar, é o lugar adequado.

    — Como sabe?

    — Nasci lá. Além do mais, tenho uma irmã que dirige um conjunto de cabanas particulares de aluguel junto ao Rio Cuiabá.

    — Fale-me mais sobre isso — disse ele, indo apanhar outra xícara de café.

    Margarete percebeu o interesse de Guilherme. Algo provocante e audacioso passou por sua cabeça. Valia a pena tentar. Consultou ostensivamente seu relógio.

    — Tenho que levar as fichas à secretaria imediatamente ou não sairei a tempo de apanhar meu ônibus — disse ela, esperando pela reação de Guilherme.

    — Espere, gostaria de saber mais alguns detalhes!

    — Posso perder meu ônibus.

    — Posso levá-la, então. Você me daria os detalhes do local.

    Margarete exultou internamente, mas disfarçou seu entusiasmo num sorriso cordial.

    — Sendo assim...

    * * *

    Estavam no apartamento da garota. Margarete o deixara na sala, enquanto ia até seu quarto vestir algo mais confortável. Enquanto esperava por ela, Guilherme examinava o apartamento. Era pequeno e aconchegante, tipicamente feminino. Ele se espreguiçou no amplo sofá. Não fora um dia cansativo, mas o ambiente convidava ao repouso. Ele olhou para a porta do quarto. Margarete ainda estava lá. Apanhou algumas almofadas e as arrumou atrás da cabeça, estendendo as pernas. Não seria difícil adormecer ali. A garota surgiu momentos depois. Livre do jaleco impessoal, seu corpo ganhava as devidas proporções. Uma calça comprida se ajustava sobre suas formas, realçando-as. Uma blusa solta sobre o tronco denunciava as formas rijas de seus seios. Seus cabelos estavam soltos sobre os ombros. Contra a luz, ganhavam uma luminosidade própria, dourada e bela. Havia maquilado ligeiramente as faces, avivando sua beleza.

    — Demorei? — indagou ela, parando diante dele com as mãos nos bolsos traseiros das calças.

    — Claro que não! Sente-se e me conte mais sobre aquele local.

    — Não quer tomar alguma coisa, enquanto isso?

    — Um pouco de uísque, se tiver.

    — Sim, tenho. Acho até que vou tomar um pouco também. Estou precisando relaxar.

    Margarete serviu dois copos e depois foi se sentar junto dele no sofá. Ela forneceu todos os detalhes pedidos por Guilherme a respeito do local. Ele ficou muito interessado. Quando mais se distanciasse do hospital e de tudo que o rodeava no momento, melhor. Rio Largo lhe parecia o lugar certo.

    Enquanto falava, Margarete buscava uma aproximação maior entre os dois. A pretexto de melhor acomodar o copo, sua perna encostou-se à de Guilherme. Subitamente, ele entendeu o que a garota pretendia. Estivera tão entusiasmado com a descoberta do local adequado que se esquecera de reparar naqueles detalhes mínimos e sutis que demonstram o interesse de uma mulher por um homem.

    Pelo menos seria diferente. Guilherme nunca se vira seduzido daquela forma. Margarete era uma garota inteligente e isso merecia algo. Voltar ao seu apartamento, deixando-a sozinha ali, foi algo que não passou pela sua mente. Ao notar o interesse dela por ele, seu desejo se acendeu, despertando-o para o jogo delicioso das provocações. Resolveu se fazer de desentendido e deixar que a garota tomasse a iniciativa como fizera até então. Era excitante e interessante descobrir de que ela seria capaz.

    — Você me convenceu, Margarete. Rio Largo me parece o certo para minhas férias. Não sei como lhe agradecer...

    — Não se esqueça de procurar por Diana, minha irmã. Garanto que ela lhe conseguirá a melhor cabana do lugar — respondeu a garota, pensando no modo correto de como ele deveria agradecê-la.

    Para Margarete era extremamente excitante estar ali, a sós com o mais comentado dos homens do hospital. As garotas que haviam provado a tremenda gentileza de Guilherme contavam maravilhas sobre ele. Provar isso pessoalmente a deixava num estado de tensão extremamente provocante. Tinha a chance em suas mãos, precisava prendê-lo, tentá-lo, fazê-lo ficar por aquela noite. Era uma chance que tão cedo não se repetiria.

    Guilherme se divertia e se excitava, fazendo-se de desentendido. Percebia o nervosismo da garota, o modo como gesticulava, o tremor inconfundível de seus lábios, o arfar descompassado de seu peito. Margarete o desejava assim como ele a desejava. Bastaria tomá-la nos braços e deixar que o desejo mútuo os conduzisse então.

    Tudo não passaria de uma aventura. O amor tinha um fim em si mesmo. Pensando nesse detalhe, Guilherme concluiu que tudo era inconsequente e passageiro. Pensou como seria diferente se acaso se apaixonasse por uma daquelas garotas. Muita coisa mudaria. Talvez aquela sensação de frustração deixasse de existir na justificativa única de amar por algum motivo.

    Não acreditava no amor, apesar de tudo. Sua profissão tirara-lhe o romantismo e a sensibilidade para esses assuntos. Ao olhar uma garota que o atraísse, Guilherme apenas podia imaginá-la por algum tempo em seus braços, vibrando momentos de êxtase.

    Coisas corriqueiras como lar, família, obrigações sociais e outras não o atraíam. Não se via como um chefe de família. Isso fugia totalmente à imagem que fizera de si mesmo. Mas era tentador imaginar que alguma coisa poderia brotar dentro dele um dia e fazê-lo apreciar tudo isso. Talvez houvesse mais emoção em tudo. Talvez um dia surgisse uma garota. Teria de ser diferente de todas as outras, especial, exótica, quase que indomável. Alguém a quem Guilherme tivesse de conquistar realmente. Alguém que lhe retribuísse um sentimento desconhecido, mas forte e duradouro.

    Guilherme sorriu de si mesmo. Sempre se acreditara insensível e avesso ao romantismo. Pensando em tudo aquilo, no entanto, percebia que, de alguma forma, era um romântico incorrigível.

    — Por que está rindo? — indagou Margarete.

    — Bobagens! — disse ele, olhando-a com interesse.

    Não, não seria alguém como Margarete. Ela lhe despertava desejos comuns e seus sentimentos não se baseavam em nada duradouro. Naquele momento, assim como ele, Margarete apenas desejava prazer e viver uma experiência agradável.

    — Mora sozinha aqui? — indagou Guilherme.

    — Não, divido o apartamento com uma das garotas do turno da noite. Quando estou aqui, ela está no trabalho e vice-versa.

    — Muito prático, não?

    — Sim, muito prático — respondeu ela, com um brilho conhecido nos olhos.

    O desejo da garota era abraçá-lo e beijá-lo, deixando que ele provasse a ela todas aquelas estórias fantásticas que as outras haviam contado. Era tremendamente embaraçoso não saber como começar. Aquele homem a fascinava e, ao mesmo tempo, a intimidava. Estar com ele era uma constante tentação.

    — Bem, você me fez um enorme favor, Margarete — disse ele, fazendo menção de se levantar.

    Esperava apenas a reação da garota. Queria que ela tomasse a iniciativa e a forçava a isso. Sabia dos desejos dela. Seria excitante deixá-la pensar que o havia seduzido, quando, durante todo o tempo, Guilherme soubera o que viria em seguida.

    — Espere! — apressou-se ela em dizer, enquanto sua mão o retinha pelo braço. — Não quer tomar um café?

    — Se tomar mais um pouco de café, talvez não consiga dormir esta noite — falou ele, observando-a.

    — Seria conveniente, não?

    — Como?

    — É só um minuto, doutor.

    — Não estamos no hospital. Guilherme é o bastante.

    — Está bem, Guilherme. Por que não se senta e espera? Prometo não me demorar com o café.

    Guilherme concordou, sentando-se. Margarete se levantou rapidamente e foi para a cozinha. Ele a observou caminhar até lá, os quadris oscilando cadenciada e provocantemente.

    A sós, Guilherme se viu excitado. Margarete era deliciosa e seu corpo, apesar de igual a todos os outros, talvez lhe pudesse oferecer algo inédito. Isso, talvez, fosse o que o movia em seu desejo. Sempre havia a expectativa do inédito no início de cada aventura, de cada momento de amor.

    O café ficou pronto. Margarete retornou com duas xícaras fumegantes sobre uma bandeja. Entregou uma delas a Guilherme e depois se sentou ao lado dele. Reclinou a cabeça para trás. Seu pescoço era alvo e tentador.

    — Vai gostar de Rio Largo, Guilherme — disse ela. — Se me fosse possível, juro como o acompanharia. Pena que minhas férias só sejam daqui a seis meses — lamentou ela.

    — Sim, é realmente uma pena — concordou ele com os olhos presos ao decote audacioso que, naquela posição, deixava ver as formas voluptuosas dos seios dela.

    Margarete fechou os olhos numa expressão sonhadora. O coração de Guilherme bateu mais forte. O desejo era maior que tudo no momento. Ele depositou a xícara na bandeja sobre a mesa de centro. Margarete continuava de olhos fechados. Suas narinas se dilatavam nervosamente ao compasso da respiração.

    Guilherme, seduzido por aqueles ombros e seios tentadores, inclinou a cabeça, beijando-a suavemente na base do pescoço. A garota estremeceu ligeiramente, quase entornando a xícara sobre seu próprio corpo. Ele lhe tomou a xícara, pondo-a na mesa com a outra. Margarete abriu lentamente os olhos para encará-lo.

    — É uma pena realmente — disse, examinando-lhe o rosto.

    — O quê?

    — Que não possa me acompanhar.

    — Gostaria disso, Guilherme?

    — Seria delicioso, Margarete!

    — Não acredito em você.

    — Nem um pouco? — indagou ele, beijando-a nos ombros.

    Uma de suas mãos pousou sobre um dos joelhos da garota, subindo pela sua coxa lentamente em carícias provocantes.

    — Nem um pouco, mas é excitante pensar que diz a verdade.

    — Não seja tão cética — repreendeu-a ele, a mão subindo pelo ventre e se introduzindo por debaixo de sua blusa.

    Sua pele era quente e acetinada. Margarete contraiu automaticamente a barriga. A mão de Guilherme subiu até seus seios.

    — Que seja! — disse ela, apertando-o contra si.

    Guilherme se levantou. Estendeu as duas mãos para ela. Sem entender o que ele pretendia, Margarete depositou suas mãos nas dele. O médico a puxou, fazendo-a se levantar.

    — Feche os olhos! — ordenou ele.

    Margarete não sabia o que viria em seguida, mas entregou-se sem relutância, fazendo o que ele lhe pedira. Fechou os olhos. Sentiu os lábios e o hálito dele passeando pelo seu pescoço e pelos seus ombros, enquanto as mãos dele soltavam botões e fechos, despindo-a lentamente. A pele dela se mantinha arrepiada. Cada pedaço de corpo desvendado era louvado com beijos e carícias ardentes. Enquanto a despia, Guilherme também ia se despindo.

    Finalmente, ele a deitou no sofá, nua e desejável, alisando seus seios apetitosos e perfeitos. Ofegou de excitação. Margarete tremia de paixão. O perfume de seu corpo excitado chegava às narinas dele como um poderoso afrodisíaco, perturbando-o e excitando-o. Contemplou com admiração aquele corpo escultural que tremia de desejo, prestes a entregar-se a ele.

    Deitou-se lentamente sobre ela, sentindo a maciez acetinada de sua pele. Os seios espetaram seu peito. Ele colou seus lábios nos dela, sugando-os, enfiando sua língua, buscando a saliva morna e saborosa. Ela sentiu o corpo todo estremecer.

    — Eu estava louco para sentir seu cheiro, tocá-la, conhecer suas formas, sua intimidade, sentir seus seios entre meus dedos — disse ele, com volúpia, abraçando-a e apertando-a, enquanto a beijava, lambendo seus lábios, enfiando a língua lá dentro.

    Margarete estava subjugada por aquele desejo irresistível que tomara conta de seu jovem corpo.

    — Senta aqui! — pediu ele, sentando-se no sofá.

    Ela o atendeu e se sentou no colo dele, frente a frente. Um frêmito percorreu seu corpo e ela se esfregou nele, enlaçando-o pelo pescoço. Beijou-o, enquanto uma de suas mãos subia pelo peito cabeludo. Guilherme estremeceu. Ela o beijou no rosto e no pescoço. De olhos fechados, Guilherme sentia os movimentos suaves e carinhosos da mão dela, movendo-se provocantemente.

    — Diga que me deseja — pediu ele, com a voz trêmula.

    — Sim, desde o primeiro momento quando o vi no hospital pela primeira vez — confessou ela.

    — Eu senti desejo imediato por você quando a vi entrar segunda-feira em meu consultório.

    — Então prove-me tudo isso agora — desafiou ela!

    — Vou lhe dar todo o prazer que desejar.

    — Oh, sim, Guilherme. Sim. E deixe-me lhe dar prazer também — disse ela, lambendo os lábios dele. — Deixe tudo por minha conta agora. — ordenou.

    Ele se entregou nas mãos dela. Margarete continuou movendo a mão, roçando, enquanto beijava-o no pescoço e nas orelhas.

    — É um homem tão viril! Tão potente! Gosto de senti-lo — murmurou ela, excitada.

    — Então sinta tudo a que tem direito, minha querida — disse ele, abraçando-a e deitando-a no sofá.

    Entregou-se à agradável e prazerosa tarefa de amar aquele corpo jovem e rijo, feito de formas felinas perfeitas e tentadoras. Suas mãos desvendaram-lhe os segredos e seus lábios provaram todos os seus sabores, devassando-a. Guilherme brindou-a com tudo que sabia fazer, levando-a à loucura.

    CAPÍTULO 3

    Rio Largo era uma pequena localidade em algum ponto do Pantanal próximo de uma reserva indígena. Era mais uma vila que propriamente uma cidade. A rua principal lembrava em muito aquelas cidades pequenas dos desbravadores, com casas margeando-a. As construções em sua maioria eram antigas. Parte do vilarejo parecia haver parado no tempo; a outra tentava acompanhar o progresso.

    Guilherme aspirou o ar fresco e saudável, sentindo uma espécie de euforia invadi-lo. Ao longe, além da cidade, percebia reflexos do sol nas águas preguiçosas do enorme rio Cuiabá.

    Fora uma boa escolha, graças a Margarete, pensava ele, quando entrava na rua principal. Percebeu uma aglomeração logo à frente. Diminuiu a velocidade do carro. Mal pôde acreditar em seus olhos. Havia uma porção de índios em frente à delegacia em um protesto silencioso.

    Parecia estar havendo ali algum tipo de problema, mas Guilherme não deu muita atenção. Algumas casas adiante havia uma enorme placa. Ele passou lentamente pela multidão silenciosa. Um deles, aliás, uma delas, relutou em se afastar para dar passagem.

    Guilherme buzinou, arrependendo-se disso em seguida. Todos os rostos se voltaram para ele, encarando-o sombriamente. A garota na frente do carro encarou Guilherme. Sua beleza chamou-lhe a atenção imediatamente. Era bela, de um tipo de Guilherme desconhecia até então. Sua pele cor de bronze parecia desafiar o sol. Seu talhe esbelto e elegante tinha muito de guerreira e selvagem. Seus olhos espelhavam todo o orgulho de seu povo. Guilherme sorriu timidamente, fazendo um gesto para pedir passagem. A garota permaneceu imóvel, desviando os olhos para a janela da delegacia. Suas tranças compridas e negras se agitaram antes de se aquietarem submissas sobre seus seios. Guilherme sorriu da teimosia da garota, pondo a cabeça para fora.

    — Por favor, senhorita, poderia me deixar passar? — pediu ele, com seu tom mais gentil.

    Algo se modificou na garota. Ela desviou os olhos da janela, encarando Guilherme. Parecia surpresa com algo que ele não podia identificar.

    — Por favor! — repetiu ele. — Detestaria machucá-la.

    Os outros ao redor do carro voltaram seus olhos para a garota. Ela ficou indecisa por momentos, depois caminhou alguns passos para o lado, deixando o caminho livre.

    — Obrigado! — agradeceu ele, pondo o carro em movimento.

    A garota o olhava, enquanto ele passava. Alguma coisa a surpreendera e fascinara, mas foi algo que ficou em sua expressão por uma fração de segundo. Ela voltou a olhar para a janela da delegacia, imóvel e orgulhosa. Era jovem e fascinante, admirou-se Guilherme.

    Ele dirigiu alguns metros e parou o carro diante de uma das casas onde havia uma enorme placa dizendo: Diana Pereira - Alugam-se cabanas. Uma jovem muito bonita estava à porta e sorriu quando Guilherme a encarou.

    — Olá! — disse ele.

    — Olá! — respondeu a garota.

    Havia alguma coisa de conhecido no rosto dela. Guilherme se lembrou imediatamente de Margarete enquanto subia os degraus.

    — Diana?

    — Sim — confirmou ela, mantendo aquele sorriso nos lábios.

    Seu rosto revelava uma beleza mais madura comparada à de Margarete. Seu físico, no entanto, parecia conter mais atrativos que o da irmã. Guilherme se sentiu fascinado e contagiado por aquele sorriso natural e descontraído.

    — Meu nome é Guilherme Magalhães, gostaria de alugar uma cabana no lago.

    — Oh, sim! Vamos entrar, por favor! — convidou ela.

    — O que está havendo lá? — indagou ele, apontando na direção da delegacia.

    — O delegado prendeu um dos índios e os outros exigem sua libertação.

    — E o que ele fez?

    — Não sei, mas deve ter feito alguma coisa, senão o delegado não o teria prendido — explicou ela com naturalidade.

    — É claro que não — disse Guilherme, seguindo a garota.

    Seus olhos pousaram sobre os quadris de Diana e se maravilharam com aquele jogo insinuante. Ela usava uma calça comprida justa. Suas pernas tinham elasticidade e proporção de formas. Guilherme sorriu de si mesmo. As mulheres bonitas sempre o fascinavam apesar de tudo. Ela contornou um pequeno balcão, apanhando um mapa.

    — Pode escolher — disse ela. — As que estão em vermelho podem ser ocupadas imediatamente.

    — Bem, vim aqui para pescar — explicou ele, indeciso.

    — Todos vêm aqui para pescar, Sr. Magalhães.

    — Guilherme, por favor.

    — Como quiser, Guilherme — sorriu ela, aprovando o tratamento informal. — Veio só?

    — Sim, estou só.

    — Melhor. Temos algumas cabanas excelentes nesta parte do rio — apontou ela no mapa.

    — Margarete me disse que você, na certa, me daria a melhor.

    — Margarete? Está falando de minha irmã? Como a conhece?

    — Trabalhamos juntos no mesmo hospital.

    — Espere um pouco! Dr. Guilherme Magalhães, como pude me esquecer?

    O rosto da garota se abriu em um novo sorriso. Havia algo de malicioso nele como se soubesse da fama do médico.

    — Margarete já me falou a seu respeito. Desculpe-me, não sei como fui me esquecer.

    — Não importa. Seria muito gentil de sua parte se me alugasse a cabana mais...

    — Não precisa pedir. Já sei qual delas ocupará — decidiu ela. — Quer vê-la agora mesmo?

    — Sim, se for possível.

    — Tenho um jipe aí fora, quer me seguir? — convidou ela.

    — Claro, como não — sorriu ele.

    Houve algo de cúmplice e provocante naquela troca de sorriso. Diana tinha tudo para agradar um homem. Pela sua expressão momentos antes, Guilherme podia imaginar o que Margarete havia contado à irmã a seu respeito. Seguiu-a com seu carro. A cabana não ficava muito distante da cidade. Havia um ancoradouro à margem do rio, com um barco a motor apropriado para pescaria no rio. Antes de entrar na casa, Diana apontou o barco.

    — Está incluído no aluguel da cabana. Se quer pescar alguma coisa que valha a pena, encontrará um mapa com os principais pesqueiros na cabana. Para uma pescaria rápida, vá até o meio do rio, na correnteza, de preferência antes do amanhecer ou após o entardecer. São as melhores horas para se fisgar os melhores peixes. Se não tiver carteira de piloto, poderei indicar um.

    — Não se preocupe quanto a isso. Sou piloto há um bom tempo e vou me lembrar de suas dicas.

    Diana abriu a porta e a empurrou. Guilherme passou por ela e examinou o interior da cabana. Era um local agradável e ideal.

    — Como pode ver, não é grande, mas é a mais confortável que temos. Como está só, não precisará mais do que o quarto, a sala, o banheiro e a cozinha. Sabe cozinhar?

    — Eu me defendo.

    — Peixes?

    Guilherme percebeu algo de sutil naquela pergunta. Resolveu mentir para confirmar sua teoria. O local poderia ser muito agradável, a pescaria poderia ser boa, mas era bom poder contar, de alguma forma, com um bom elemento feminino disposto e atraente.

    — Não é minha especialidade — negou ele.

    — Seria uma pena estragar um bom peixe — comentou ela, deixando algo no ar.

    — Talvez você possa me ajudar.

    — É possível — respondeu ela, tentando não parecer oferecida.

    — Como faço para avisá-la se precisar de ajuda?

    — Basta usar o telefone. Está ligado diretamente ao escritório.

    — É muita gentileza sua.

    — Tudo pelo cliente — acrescentou ela, sorrindo.

    Assim que ela saiu, Guilherme arrumou suas coisas na cabana, depois foi à cidade comprar iscas e o material de pesca que lhe faltava. Estava ansioso para começar imediatamente. O balconista da loja lhe forneceu detalhes preciosos para uma boa pescaria na região. Quando saiu dali com os materiais que comprara, parou um instante para olhar os índios diante da delegacia. Podia jurar que nenhum deles se movera um centímetro desde que os vira. Nada diziam. Apenas olhavam para a janela.

    Seus olhos procuraram pela garota índia. Ela estava lá, na mesma posição de antes, imóvel e agressiva. Subitamente ela desviou o rosto para olhar na direção de Guilherme. Ele sorriu cordialmente. A garota pareceu confusa por instantes, voltando-se rapidamente na direção da janela da delegacia. Guilherme achou aquilo divertido e continuou a observá-la. A garota desviou lentamente o rosto novamente, encarando-o. Desta vez ela sorriu ligeiramente, quase que forçada.

    Guilherme olhou o sol e pensou em sua pescaria. Olhou mais uma vez a garota, mas ela não correspondeu dessa vez. Ele foi para o seu carro e rumou para a cabana. Preparou o material necessário. Apanhou o barco e foi até o centro do rio, ancorando-o. Estava cansado da viagem, mas disposto. O sol se punha, tingindo as águas paradas do rio. Guilherme concluiu que a pescaria não seria tão demorada como calculava, mas conseguiu apanhar alguns peixes.

    Voltou à cabana. Os momentos de sossego, porém, o deixavam agradavelmente cansado e relaxado. Amarrou o barco no embarcadouro e recolheu seu material. Caminhou na direção da cabana. Percebeu luz em seu interior. Estranhou o fato, já que não se lembrava de ter deixado nada aceso. Ao abrir a porta, Diana se voltou para olhá-lo. Tinha um cobertor nas mãos.

    — Esqueci-me de avisá-lo que as noites são frias por aqui — disse ela com naturalidade.

    — Ainda bem que se lembrou agora — falou ele, deixando o material de pesca junto à porta.

    — Pescou alguma coisa?

    — Sim, alguns peixes.

    — Acho que eles merecem um bom tempero e uma boa panela.

    — Acha que pode cuidar deles?

    — É um desafio ou um convite?

    — Os dois.

    — Como está sua despensa? — quis saber ela.

    Guilherme a encarou, depois começou a rir. Diana não entendeu, mas riu com ele.

    — Não pensei nisso — explicou ele.

    — Seria uma pena perder esses peixes. Por que nós não... — interrompeu-se ela.

    — Continue! — pediu ele.

    — Por que nós não vamos até minha casa? Eu poderia prepará-los para você.

    — É uma boa ideia! — concordou ele imediatamente.

    Já esperava aquilo de Diana. Ela sorriu lisonjeada e provocante com aquela expressão que traia as mulheres em seus desejos mais íntimos. Subitamente, o eco de um disparo cortou a noite, ecoando sinistramente.

    — Foi na cidade — observou Guilherme.

    — Talvez o delegado tenha perdido a paciência com os índios.

    — Acredita nisso?

    — Aqueles índios põem qualquer um nervoso agindo daquela forma.

    — Pode ser — concordou ele, pensando imediatamente na garota índia.

    * * *

    Guilherme estava sentado à mesa, enquanto Diana se movimentava pela cozinha. Já havia no ar um aroma delicioso de peixe assado. A noite prometia ser muito agradável. Ele acompanhava os movimentos dela. Usava um vestido comprido que lhe escondia as formas, mas lhe dava uma aparência terrivelmente feminina.

    — Acho que o delegado afugentou os índios — comentou ela.

    — Espero que não tenha ferido ninguém.

    — Não se preocupe com isso, o delegado não é tão nervoso.

    Algum tempo depois o jantar estava servido. Guilherme comeu com apetite. Diana sorriu lisonjeada com os elogios que se seguiram. Após o jantar, sentaram-se na varanda casa. Havia um clima de provocação entre ambos, como se desejassem sondar a mente do outro e saber de seus desejos. Guilherme não pensou em voltar imediatamente a sua cabana. Sentia-se bem na companhia dela. O clima cordial que os cercava prometia muito.

    — Como está Margarete? — quis saber Diana.

    — Ótima! — respondeu ele, lembrando-se da garota.

    — Ela me ligou para avisar de sua chegada.

    — Achei mesmo que faria isso.

    — Eu tentei me preparar para receber um amigo de minha irmã...

    — Você tem sido maravilhosa.

    — Realmente? — indagou ela.

    — Vive só aqui?

    — Completamente só — confirmou ela como se lamentasse.

    Guilherme teve de concordar que era, realmente, um desperdício. Diana era uma garota provocante e muita bonita. Podiam-se ouvir os mais diferentes sons na noite ao redor deles. Guilherme e Diana se olharam, como que indagando sobre o que fariam em seguida.

    — Vai pescar amanhã cedo? — indagou ela sem assunto.

    — Talvez.

    — Quer uma cerveja?

    — Não, já estou com sono e cansado. Obrigado!

    — Se não se importa, gostaria de tomar uma — disse ela, fazendo menção de se levantar.

    Guilherme a reteve pelo braço. Olhando-a nos olhos, estendeu a mão e segurou a dela. Os lábios de Diana palpitaram significativamente. Sua respiração apressada traiu seus desejos. Guilherme puxou-a para si e beijou-a. Aquele beijo foi o estopim definitivo, conduzindo-os ansiosos na escalada da paixão. A febre tomou conta de seus corpos. O alheamento da paixão os distanciou de tudo e de todos. Que importava os sons da noite lá fora e os peixes no rio se entre eles um calor maior incendiava seus corpos? Concentraram-se no silencioso esmagar de lábios, nas respirações apressadas, nos suspiros de amor e no deslizar de mãos tecendo carícias.

    Guilherme deixou que seus lábios traduzissem todo o desejo que o agitava, dançando pelas faces da garota. Diana jogou a cabeça para trás e ofertou as delícias de seu pescoço e ombros. Ele a beijou naqueles pontos, embriagado pelo perfume sutil da garota, sentindo-se mais e mais empolgado com o corpo que vibrava em seus braços.

    Diana era toda oferecimento e entrega, saboreando cada beijo e cada carícia com todas as forças de seu desejo. Apesar de tudo, era uma mulher só, numa cidade sem muita diversão com muitas concorrentes. Um estranho sempre causava sensação e acendia o interesse. Feliz da garota que primeiro o apanhasse. Diana levava sempre alguma vantagem nisso tudo e se valia dela quando surgia uma chance.

    Margarete contara coisas a respeito de Guilherme. Um homem gentil e amoroso como aquele era difícil de surgir em Rio Largo. Assim todo o desejo nascido e avolumado nas noites de solidão, quando o assobio do vento lá fora parecia murmurar aventuras, era extravasado naquele momento.

    Diana deixava que a sensibilidade de seu corpo, suas formas tentadoras e seus modos carinhosos arrancassem de Guilherme todas as sensações que faziam valer a pena esperar. O calor de seu corpo fazia de Guilherme um homem excitado e totalmente entregue àquela tarefa agradável.

    — Vamos entrar! — convidou ela, puxando-a pela mão e levando-o para seu quarto e para sua cama.

    Diana tinha tudo para fazer a alegria de um homem. Conhecer cada detalhe daquele corpo fazia parte do jogo. Guilherme se atirou a isso com toda sua habilidade de amante experimentado. Suas mãos interromperam as carícias para buscar o fecho do vestido dela. Era um dos momentos que mais o excitavam. Ouvir aquele ruído característico e depois introduzir lentamente as pontas dos dedos e sentir o calor e a maciez da pele de um corpo feminino tornava-o febril.

    Diana teve seus ombros desnudos. Guilherme concentrou ali o fogo de seus beijos, fazendo-a provar novas e estonteantes sensações. A garota tentou retribuir, mas se atrapalhou com os botões da roupa dele. Tornou-se necessário um momento de pausa e suspense. Guilherme apagou rapidamente as luzes a pedido dela, que se livrou do vestido. Ele suspirou apaixonadamente, passeando os olhos por aquela perfeição de curvas e contornos.

    Havia um tom prateado sobre a pela dela, reflexo da luz das estrelas que entrava pela janela. Sem poder evitar, Guilherme se lembrou de alguém, imóvel, mas em outra posição. Foi apenas um momento. O corpo de Diana tinha todo o fascínio capaz de arrebatar um homem e dominar seus pensamentos. Ela estendeu os braços lentamente, suplicando por ele. Seus olhos brilhavam, seus lábios úmidos palpitavam provocantes. Guilherme se despiu, então, sem pressa. Diana acompanhava cada um de seus movimentos deslumbrada com a descoberta daquele corpo másculo e proporcional.

    Aquilo parecia excitá-la violentamente. Guilherme se deteve na última peça de seu vestuário. Os olhos da garota estavam presos ao volume que traia a excitação de Guilherme. Ele se ajoelhou, então, ao lado da cama, olhando toda a extensão daquele corpo. Diana o abraçou, eletrizada. Guilherme a beijou, enquanto suas mãos trabalhavam no fecho do sutiã. Teve, então, diante de seus olhos, a maravilha de um par de seios perfeitos, redondos e empinados. Em sua admiração, Diana percebeu o elogio que a lisonjeava. Guilherme a olhou ligeiramente, antes de se concentrar naqueles seios desafiadores e provocantes. Beijou cada um deles da base até o bico eriçado. Uma de suas mãos a acariciava no rosto. A outra lentamente buscou os contornos mais íntimos da garota, acariciando-a com habilidade. A garota mordeu os lábios, deliciada. Sua cabeça se agitou lentamente de um lado para outro, como se buscasse uma posição onde fosse possível suportar melhor a intensidade daquelas carícias que a alucinavam gradativamente. As mãos dela seguraram Guilherme pelos ombros, convidando-o para a cama. Ele entendeu o convite. Seus corpos trêmulos e excitados se acomodaram lado a lado. Guilherme a beijou sofregamente. Diana se entregou de corpo e alma àquele beijo que parecia prometer novas e intensas sensações. Em seu desejo, Guilherme queria cobri-la de beijos. Toda a pele da garota era deliciosa e quente. De seus lábios aos contornos insinuantes de seu pescoço, à curva dos ombros, ao espaço vazio que conduzia àqueles seios.

    Enquanto a beijava no pescoço e nos ombros, suas mãos carinhosas e hábeis deslizaram pelo corpo dela buscando os seios. Diana tremia de desejo, saboreando aquela paixão que a contagiava e para a qual não havia necessidade de explicações. Seu corpo pedia aquilo noite após noite de solidão. Era como se houvesse acumulado dentro de si toda a paixão de uma vida para entregá-la ao homem certo. Guilherme era esse homem naquele momento. Outros poderiam vir depois, mas o futuro era algo que não contava, quando havia tanta coisa a ser aproveitada no momento presente. O que importava eram os lábios insaciáveis e provocantes de Guilherme, deslizando por sua pele, beijando-a e mordiscando-a delicada e provocantemente. Era impossível suportar a intensidade das carícias sem quase que automaticamente retribuir. As mãos da garota buscaram o corpo de Guilherme, percorrendo febrilmente, sentindo seu domínio e seu fascínio. Guilherme provava ser, realmente, um amante experiente. O tempo não contava. Valia apenas aquela paixão desmedida e sem barreiras. Diana fechou os olhos e apenas sentiu os lábios dominadores e incendiários percorrerem seus seios alternadamente e depois se perdendo na extensão acetinada de seu ventre. Suas mãos femininas tatearam o corpo de Guilherme, buscando febrilmente seu ponto mais rijo e sensível, fazendo-o vibrar de prazer. Guilherme endireitou o corpo para beijá-la com paixão. Suas peles se esfregaram com volúpia na cadência do desejo que os animava. Uma das mãos dele escorregou pelo corpo de Diana. Percorreu lentamente os contornos bem definidos de seus quadris e tocaram o tecido finíssimo da calcinha. Diana facilitou a operação com movimentos de corpo, enquanto suas mãos tomavam a mesma providência com relação à sunga de Guilherme.

    Acomodaram-se novamente. A nudez total era um detalhe a mais de excitação e desejo. A mão de Guilherme acariciou as coxas da garota, antes de se tornar audaciosa e buscar uma intimidade maior. Diana se sentiu pequena demais para suportar aquela carícia íntima e estonteante. Seu corpo se retesou deliciado. Alucinada, suas mãos enlaçaram a masculinidade de Guilherme, retribuindo na mesma medida. Momentos intermináveis e loucos se seguiram. Seus corpos ganharam impaciência e frenesi. Espasmos se repetiam, tirando-lhes toda a coordenação e toda a razão. Suspiros entrecortados abafaram os sons da noite. Suas respirações ofegantes justificavam o suor que cobria ligeiramente seus corpos. A empolgação chegava a um estágio insuportável. Seus corpos se roçavam eletrizados. Sensações deliciosamente insuportáveis e contraditórias faziam aumentar a intensidade das carícias mútuas como um círculo-vicioso de loucura e prazer.

    — Oh, Guilherme, que homem você é! — murmurou ela.

    — Você é deliciosa, gostosa demais, Diana! — respondeu ele.

    Eram dois corpos livres que se encontravam sem barreiras numa noite qualquer. A paixão animou Guilherme a brindar Diana com as sensações mais loucas, usando seus lábios quentes e hábeis. A garota sentiu o quarto girar ao seu redor. As sensações eram chamas que ardiam em sua pele. Gemidos roucos e desordenados escapavam de sua garganta.

    — Vem comigo agora, Guilherme! Quero sentir... Por favor, quero sentir... Tudo! — suplicou ela, alucinada. — Você está me deixando louca... Nunca senti... O que sinto agora... — confessou ela.

    Nada mais poderia saciá-los plenamente que o contato íntimo e total. Diana o abraçou freneticamente, quando Guilherme se acomodou sobre ela.

    — Possua-me! Penetre-me! — pediu ela.

    O delírio chegou a ela no resvalar úmido de carnes excitantes e febris, explodindo a seguir nos vigorosos movimentos de quadril com que Guilherme a brindou.

    — Você é deliciosa demais, Diana! — gemeu ele.

    — Agora! Vem comigo, amor! Sinta comigo, querido! Sinta — ficou ela repetindo, enquanto ele acelerava ainda mais seus movimentos de macho.

    Sensações desencontradas ganhavam força nos movimentos dele, contagiando ambos. Diana sentia a respiração lhe faltar e o sangue girar mais rápido em suas veias. O êxtase final, avassalador e indescritível, chegou a seus corpos, úmidos e unidos num abraço apaixonado e forte. Saborearam juntos até a última gota do clímax e o delicioso cansaço que sobreveio em seguida.

    CAPÍTULO 4

    Guilherme chegou à cabana pouco depois da meia-noite. Diana o fizera se sentir disposto e vivo. Apesar de vê-la adormecida e satisfeita a seu lado, Guilherme desejou aproveitar cada minuto de sua permanência. Precisava preparar novamente seu material de pesca. Antes de sair, procurou cobertas pelo quarto e cobriu o corpo desnudo e delicado de Diana. Era uma pena deixá-la. Era uma pena que Diana adormecesse.

    Quando acendeu a luz principal da sala, Guilherme se pôs na defensiva instintivamente. Um vulto se levantou rapidamente do sofá, brandindo instintivamente uma faca. Guilherme olhou surpreso para a garota índia. Havia ódio e desconfiança nos olhos dela e uma determinação perigosa na mão que segurava a enorme faca de caça.

    — O que houve? — indagou ele antes de perceber a mancha vermelha na blusa dela, logo abaixo do ombro esquerdo.

    Seu instinto de médico se antecipou a qualquer conclusão.

    — O que foi isso em seu ombro? — quis saber interessado.

    A garota recuou um passo, assustada, mas corajosamente encarando-o com um semblante impassível e agressivo.

    — Posso ajudá-la, sou médico — falou ele, tentando parecer cordial e percebendo que ela sofria apesar de esconder isso.

    A garota apertou com mais força o cabo da faca. Guilherme entendeu que precisaria ser mais persuasivo. Percebia a hemorragia que poderia ser fatal se não fosse estancada rapidamente.

    — Estou desarmado, vê? Não quero lhe fazer mal algum. É meu dever ajudá-la, sou médico, você me entende? Você pode sangrar até morrer e eu não posso permitir que isso aconteça. Entende isso?

    A garota se mantinha séria e agressiva, mas havia algo no olhar de Guilherme que a comovia e fazia vacilar.

    — Você fala minha língua? — arriscou ele.

    — O que acha que sou? Uma pele-vermelha estúpida? Andou vendo muitos filmes de cowboys. Estamos em outra terra, em outro país. Isto aqui é Brasil, moço! — falou ela, com raiva.

    — Ótimo, ainda bem que nós começamos a nos entendemos. Por que não deixa essa faca de lado e me deixa dar uma olhada em seu ferimento? Você está sangrando. Se é tão esperta quanto pensa que é, sabe o que isso significa, não? Hemorragia!

    — Não confio em você. É igual a todos os brancos.

    Guilherme a olhou nos olhos. Podia ver claramente que a garota mentira naquela afirmação. Havia um desejo de solidariedade nos olhos dela apesar de parcialmente ofuscado pela suspeita.

    — Não, você mente! — disse ele convicta e agressiva.

    — Estou certo de que confia em mim. Vou me aproximar e examinar seu ferimento — decidiu ele, aproximando-se. — Se quiser me esfaquear, problema seu. Sou médico e é meu dever.

    Ela ergueu um pouco mais a faca, desejando se mostrar ameaçadora. Guilherme hesitou por instantes, depois cobriu decididamente a distância que o separava dela. A mão erguida da garota se tornou dócil, demonstrando, então, a dor que sentia.

    — O delegado... — hesitou ela, empalidecendo repentinamente.

    — O delegado atirou contra vocês? — indagou ele, surpreso.

    — Ele pretendia nos afugentar. A bala bateu numa das vigas do telhado da delegacia e me acertou aqui... Está doendo!

    — Entendo. Por que veio para cá? Por que seu povo não a ajudou deixando-a sangrar dessa forma? Poderia morrer, sabia?

    — Sou a filha de Caruanã, não posso demonstrar fraqueza.

    — Caruanã? Quem é ele?

    — É o cacique de nossa aldeia na reserva.

    Ele estava junto dela. Tocou a mão da jovem e a fez abaixar a faca. Segurando-a pelos ombros, ele a fez se sentar no sofá. Foi em busca de sua maleta. Era um hábito seu carregá-la a toda parte.

    — Meu nome é Guilherme Magalhães e sou médico — explicou ele, apanhando uma tesoura e cortando fora um pedaço do tecido da camiseta para examinar o ferimento. — Como é seu nome?

    — Arietê ou Bárbara, como preferir.

    — Dois nomes? — quis saber ele, analisando o ferimento.

    — Um deles é o nome cerimonial da tribo. O outro é o nome convencional, um nome de branco para que vocês entendam.

    Ele ignorou o comentário dela, pesquisando a ferida.

    — Teve sorte. A bala achatou quando bateu na viga, segundo disse. Não se introduziu profundamente. Posso dar um jeito.

    — Vai mesmo cuidar de mim? Não tenho dinheiro para pagar.

    — Sou médico, devo fazer isso, não importa se pague ou não.

    — Vai doer? — indagou ela, tímida e tremulamente.

    Guilherme sorriu. Por momentos ela deixou de lado todo o orgulho e se mostrou feminina e humana, uma mulher frágil e sofrida.

    — Talvez doa um pouco, mas acho que tenho algum anestésico, a não ser que deseje ir para o hospital da cidade. Tenho certeza de que lá eles...

    — Não! — exclamou ela, interrompendo-o assustada.

    — Calma, por que isso agora? — perguntou ele, procurando acalmá-la, falando brandamente para ganhar sua confiança.

    — Eu seria presa se isso acontecesse, pode entender?

    — Por que aquela confusão toda, afinal de contas?

    — Você é um estrangeiro neste lugar. Nada sabe. Tudo por causa de nossas terras. A corrupção do homem branco faz coisas que filme nenhum já mostrou. E essa história vem de longe.

    — Está bem, nada posso fazer quanto a isso, mas posso cuidar desse ferimento. É para isso que estudei e me formei.

    — Onde estão seus aparelhos de médico? Não vai me dizer que tem tudo aí, nessa maleta que mais parece uma sacola de pesca.

    Guilherme riu da observação e do tom de voz da jovem.

    — Estou em férias, não trouxe tudo comigo, mas posso lhe garantir que tenho todo o material de pronto-socorro necessário para cuidar de seu ferimento. Se precisar de alguma outra coisa, saberei improvisar o que for

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