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A cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará: uma análise das políticas públicas garantidoras do trabalho decente
A cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará: uma análise das políticas públicas garantidoras do trabalho decente
A cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará: uma análise das políticas públicas garantidoras do trabalho decente
E-book205 páginas2 horas

A cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará: uma análise das políticas públicas garantidoras do trabalho decente

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Sobre este e-book

A cadeia produtiva da indústria têxtil perpassa por um conjunto de trabalhadores desde a colheita de insumos na agricultura, à manufatura das facções e confecções têxteis, à concepção dos modelos das roupas, à venda das peças em lojas de vestuário. O livro apresenta um retrato dos trabalhadores das manufaturas das facções têxteis no Estado do Ceará. Esse retrato mostra a invisibilidade desses trabalhadores perante o Estado promotor do trabalho decente e Estado fiscalizador, pois a maior parte desses trabalhadores possuem seus direitos trabalhistas sonegados. Desde a inexistência do direito mais básico da carteira assinada ao direito a um ambiente de trabalho decente livre de assédio moral, de discriminação, de trabalho infantil e de trabalho análogo à escravidão. O Estado, em seu papel de garantidor do cumprimento das normas trabalhistas, apresenta falhas tanto na atuação repressiva como na atuação promotora do trabalho decente. A pesquisa busca mostrar a precarização desses trabalhadores da indústria têxtil e os caminhos que o Estado em conjunto com os stakeholders devem seguir para que o trabalho decente possa se tornar uma realidade para esses trabalhadores.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de mar. de 2022
ISBN9786525223964
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    Pré-visualização do livro

    A cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará - Daniel Arêa Leão Barreto

    capaExpedienteRostoCréditos

    AGRADECIMENTOS

    Essa dissertação é fruto de um esforço conjunto de todos os envolvidos diretamente ou indiretamente no meio familiar, afetivo, acadêmico e profissional, pois, cada experiência nesses dois anos, enriqueceu o meu olhar sobre minha pesquisa do mestrado.

    Agradeço especialmente à minha orientadora, professora Doutora Ana Virginia Moreira Gomes, por auxiliar meu crescimento tanto acadêmico e acreditar nesse potencial que está em constante crescimento. Agradeço também ao professor Anil Verma e à professora Clarissa Sampaio por integrarem a banca de mestrado e pelas valiosas considerações para o aperfeiçoamento da minha pesquisa.

    À professora Doutora Lilia Maia de Morais Sales a qual, durante o curso do mestrado, me inspirou a observar os horizontes da minha vida acadêmica e profissional pelas mais variadas perspectivas.

    Às minhas amigas Vanessa Batista Oliveira e Jana Maria Brito, amigas inspiradoras com as quais compartilho os insights mais inimagináveis do meio acadêmico e também da vida cotidiana.

    À Brena Késsia Bonfim, além de grande incentivadora da minha caminhada acadêmica, amiga com a qual possuo uma conexão de admiração mútua desde o nosso primeiro contato.

    À Ianê Cavalcante Oliveira, inestimável amiga e colega de trabalho, pelos incentivos e pelo apoio incondicional nessa jornada do meu mestrado.

    Ao José Crisóstomo Bazílio Neto, amigo e colega de trabalho, pelo cuidado e pela consideração durante os últimos três anos.

    Ao meu irmão Lucas, minha irmã Denise, aos meus pais e ao Bibi, pela paciência nesse período de estudos e de pesquisas no qual minha dedicação e atenção estava em grande parte para o curso do mestrado.

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

    AEAT Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho

    ASTC Apoio aos Setores Têxtil e de Confecções

    CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

    CATWEB Comunicações de Acidente do Trabalho

    CDES Conselho Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

    CDHE Centro de Direitos Humanos e Empresas

    CIF Corporação Internacional de Finanças

    CIJ Comissão Internacional de Juristas

    CLT Consolidação das Leis do Trabalho

    CNAE Classificação Nacional das Atividades Econômicas

    DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

    EMN Declaração Tripartite de Princípios sobre às Empresas Multinacionais e Práticas Sociais

    EPP empresas de pequeno porte

    FDI Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará

    FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

    FIEC Federação das Indústrias do Estado do Ceará

    FTICE Federação dos Trabalhadores das Indústrias do Ceará

    FUNCAP Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

    ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

    INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

    LC Lei Complementar

    MPT Ministério Público do Trabalho

    ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

    ONU Organização das Nações Unidas

    OIT Organização Internacional do Trabalho

    PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

    PROADE Programa de Atração de Empreendimentos Estratégicos

    RAIS Relação Anual de Informações Sociais

    RIT Regulamento da Inspeção do Trabalho

    RFB Receita Federal do Brasil

    SECITECE Secretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará

    SEDET Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará

    SINAM/MS Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde

    SIT Subsecretaria de Inspeção do Trabalho

    TAC Termo de Ajuste de Conduta

    TRT7 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    INTRODUÇÃO

    1 A CADEIA DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO CEARÁ

    1.1. CADEIAS DE PRODUÇÃO GLOBAIS

    1.2. DO GLOBAL AO LOCAL: A DESESTRUTURAÇÃO DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO CEARÁ

    1.3. CADEIAS DE PRODUÇÃO NA INDÚSTRIA TÊXTIL NO CEARÁ

    1.4. CRÍTICA AO MODELO DE TRABALHO DA CADEIA DE PRODUÇÃO TÊXTIL NO CEARÁ

    2 O TRABALHO DECENTE NAS CADEIAS DE PRODUÇÃO

    2.1 O CONTEXTO: ATORES, DADOS, EVOLUÇÃO

    2.2 NORMAS INTERNACIONAIS OIT

    2.3 O PROGRAMA BETTER WORK

    3 POLÍTICAS GARANTIDORAS DO TRABALHO DECENTE NAS CADEIAS DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO CEARÁ

    3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: O CASO DA CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNAÚBA

    3.2 GARANTIAS JURÍDICAS, RESPONSABILIDADE CIVIL E ADMINISTRATIVA E TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA

    3.3 A INSPEÇÃO DO TRABALHO

    3.4 POLÍTICAS NO ESTADO DO CEARÁ

    3.5 ANÁLISE CRÍTICA ÀS POLÍTICAS GARANTIDORAS DO TRABALHO DECENTE

    CONCLUSÃO

    REFERÊNCIAS

    ANEXO

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    INTRODUÇÃO

    A indústria têxtil, assim como outras atividades econômicas, implementou em seus meios de produção agentes intermediários com o objetivo de garantir maior produtividade e rentabilidade de seus produtos. O avanço tecnológico e a velocidade da globalização tornaram esse movimento inevitável, pois apresentaram benefícios, por um lado, como o acesso de mais trabalhadores ao mercado de trabalho e, por outro, trouxeram problemas como o desrespeito aos direitos trabalhistas e a exploração da mão de obra em condições análogas à escravidão.

    No Brasil, a indústria têxtil foi afetada fortemente pela globalização e pela implantação de novas tecnologias. À vista disso, a força das cadeias produtivas em escala global manteve contratos precários nos países em desenvolvimento (FRENKEL, 2001, p. 48). Esse fenômeno ocorreu também em escala local nos municípios, como no caso do interior do Estado do Ceará.

    Diariamente, empresas passam seus processos produtivos para diversas regiões do mundo. As operações de maior qualificação profissional como designer, planejamento estratégico e marketing são mantidas nos países desenvolvidos, enquanto atividades de produção manufatureira de menor qualificação profissional são exploradas em países em desenvolvimento nos quais os custos trabalhistas são mais baixos (FRENKEL, 2001, p. 40).

    No âmbito local do Estado do Ceará, é possível observar fluxo similar. O processo que necessita de melhor qualificação concentra-se nos grandes centros econômicos do país (capitais e municípios de grande desenvolvimento econômico). Em contrapartida, os trabalhos de manufatura têxtil são localizados em locais com baixo índice de desenvolvimento humano, como nas periferias dos grandes centros econômicos ou nos municípios com baixa capacidade econômica.

    Nesse contexto, entende-se cadeia produtiva como a indústria de vestuário em um processo de produção de insumos (tecidos, fios e malhas), a qual inclui também a produção de estamparia e aviamentos (linhas, botões e rendas). Estas, por sua vez, são encaminhadas para a cadeia de produção da indústria de fiação e tecelagem, que irá produzir os vestuários de acordo

    com as diretrizes da cadeia jusante (grifes, ateliês, marketing). Por fim, a produção irá para seu destino final de comercialização no varejo e no atacado (SEBRAE, 2018, p.11).

    Esse modelo de gestão, incorporado principalmente pela indústria têxtil, entre outros fatores, dá-se pelo uso de pouca tecnologia e produz bens de pouco valor agregado, portanto, são sensíveis aos custos dos encargos trabalhistas (VERMA, 2016, p. 5). São modelos de negócio lastreados pela baixa margem de custos e alto volume produção. Dessa forma, essa atividade empresarial resiste em absorver a regulação das relações de trabalho, pois esses encargos trabalhistas são uma grande fração do custo da empresa (VERMA, 2016, p. 5).

    Diante desse cenário, é necessário analisar todo o modelo das cadeias globais de produção para se compreender o impacto causado tanto junto ao setor econômico da indústria de vestuário quanto nas relações de trabalho oriundas desse setor.

    Essa estruturação é oriunda de um processo de mudança no mercado mundial por meio da globalização e da interconexão das economias dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. A transferência da produção para os países em desenvolvimento, com o objetivo de ampliar o mercado e possibilitar um Estado menos regulatório das relações de trabalho, foi acompanhada tanto de forma global como de forma local, a exemplo do Estado do Ceará. Portanto, a implantação desse modelo alterou não apenas a estrutura empresarial, restrita aos aspectos econômicos e operacionais, mas também o modo de relacionamento entre o trabalhador e o meio ambiente de trabalho, o que leva em consideração aspectos sociais e laborais.

    Faz-se necessário entender toda a dinâmica do setor da indústria de vestuário no Ceará, desde a industrialização de grandes fábricas têxteis - inicialmente, no município de Fortaleza e, posteriormente, na sua região metropolitana, nos anos 60 - até passar pela intensa descentralização, por meio de pequenas unidades produtivas, nos anos 80.

    No âmbito dos incentivos estatais, acrescenta-se, ainda, a cessão de infraestrutura para instalação das empresas, isenção do pagamento de IPTU, além de pagamento por parte do Estado de contas de luz, água e telefone. (ARAGÃO, 2002, p. 113).

    Por fim, a partir de 1990, essa restruturação produtiva consolidou-se com as diversas formas de subcontratação de mão de obra, por meio da quarteirização, principalmente as relativas às facções têxteis e aos trabalhos em domicílio, até chegar ao atual cenário estrutural desse setor econômico.

    No percurso histórico, serão verificados os reflexos dessa transformação nas relações laborais com a dinâmica do perfil de mão de obra, as qualificações exigidas para as ocupações e as condições de trabalho, tanto no que tange à capacitação de emprego e renda como ao direito ao ambiente de trabalho com garantias de segurança e saúde aos trabalhadores.

    Esta dissertação tem o objetivo de analisar o modelo atual da cadeia produtiva da indústria de vestuário no Ceará para, em seguida, propor um modelo de política pública de promoção ao trabalho decente.

    Para isso, a pesquisa tem como objetivos específicos:

    • Examinar e descrever o desenvolvimento da cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará;

    • Analisar o problema jurídico decorrente da descentralização do trabalho por meio das cadeias produtivas e, consequentemente, a informalidade, a precarização do trabalho e das normas de proteção ao trabalho.

    • Identificar as experiências em outros centros da cadeia produtiva têxtil e em cadeias produtivas dos demais ramos econômicos para, posteriormente, checar quais propostas podem ser incorporadas ao setor têxtil e, assim, garantir a promoção do trabalho decente.

    Considerando o objetivo específico 1, a seção 1 (um) da dissertação examina: i) o modo de funcionamento das cadeias de produção global; ii) como ocorreu a desestruturação da indústria de vestuário no Ceará; e iii) como está representada a cadeia de produção da indústria de vestuário no Ceará. Por fim, apresenta-se uma crítica ao modelo de trabalho da cadeia produtiva da indústria têxtil no Ceará.

    Na seção 2 (dois), analisa-se a problematização decorrente da descentralização das cadeias produtivas, considerando os seguintes aspectos: i) o contexto da cadeia produtiva, de forma geral e de forma específica, da cadeia têxtil no Ceará; ii) as normas internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o trabalho decente; e iii) o programa Better Work desenvolvido pela OIT e pela Corporação Internacional de Finanças (CIF).

    Na última seção, abordam-se as políticas públicas existentes para promoção do trabalho decente. A partir disso, pretende-se: i) visualizar o caso da cadeia produtiva da extração de carnaúba no Ceará, no concernente à promoção do trabalho decente; ii) apresentar as garantias jurídicas de responsabilização da cadeia produtiva em relação à precarização das relações de trabalho; iii) verificar como o Estado, na sua função fiscalizatória e punitiva, age nessa cadeia produtiva; e, por fim, iv) tecer críticas sobre essa conjuntura.

    A pesquisa utilizará fonte bibliográfica e documental

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