Justiça, Educação e Trabalho – Caminhos e Percalços da Docência
De Marcelo Lima
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Sobre este e-book
Este livro, com suas ideias e com seus detalhes da biografia do autor, destaca como cada obstáculo interposto à sua difícil caminhada, em busca de uma inserção profissional e biográfica no ensino superior, tornou-se ao mesmo tempo pedra que foi transformada em pavimento e caminho, processo e produto, ontologia e gnosiologia do autor e de sua forma de pensar. A forte relação forjada entre a vida difícil de Lima e o conteúdo crítico de suas elaborações explicam a constituição de sua atuação e formação docente sempre inquieta e produtiva. Com este pequeno texto, o autor ajuda-nos a entender um pouco mais a sociedade brasileira e suas contradições, regando o nosso olhar sobre a realidade com algumas gotas de criticidade sociológica e pedagógica diante do enorme e quase instransponível deserto que na presente história do Brasil atravessamos.
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Justiça, Educação e Trabalho – Caminhos e Percalços da Docência - Marcelo Lima
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dedico este livro ao meu irmão, Renato (Nego) Lima (in memoriam).
PREFÁCIO
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
[...]
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção
(Operário em Construção, de Vinicius de Moraes)
Este livro, Justiça, educação e trabalho: caminhos e percalços da docência, é uma grande contribuição para a compreensão de vários aspectos dos temas acadêmicos e políticos relacionados aos debates nas áreas de Educação, ao conhecimento e à administração da Justiça e aos caminhos que podemos trilhar na busca do entendimento sobre o trabalho. Esta obra também contém verdades sobre a vida do autor Marcelo Lima; parte dessas verdades está também contida na epígrafe deste prefácio: "De fato, como podia/Um trabalhador em construção/Compreender por que um jornal/Valia mais do que um pão?". Lima conseguiu compreender que é preciso trabalhar para se viver neste sistema capitalista, e quando o trabalhador organiza-se enquanto classe, o sistema consegue ser mais cruel consigo. Aqui, lembro-me de nosso ex-professor Carlos Nelson Coutinho, que sempre repetia as palavras de Gramsci: Pessimismo da inteligência e otimismo da vontade
. Ver com a inteligência que o capitalismo não gosta de que os trabalhadores se organizem é o motivo para a vontade de se organizar e lutar por um mundo melhor. Lima viu, organizou-se e agiu, pois é preciso ver, mas é imprescindível agir:
A história é feita pelos homens e a simples percepção teórica do real não os transforma em agentes revolucionários, o compromisso ético-político com as classes que hoje vivem da venda de sua força de trabalho é um dos principais elementos na tomada de decisão em função de uma transformação estrutural da sociedade. (ANDRADE, 2015, p. 184).
O livro de Lima faz uma crítica forte ao sistema em que (sobre?) vivemos, pois, ao mostrar sua trajetória de vida e os impactos dela sobre sua formação e sobre seu trabalho, podemos perceber que ela se confunde com a vida de muitos brasileiros em nosso país. Quem não nasceu em berço de ouro
, como dizem, é mais um vendedor de força de trabalho, já dizia Marx¹. A presente obra toca nessa e noutras questões importantes. Ao dizer isso, estou afirmando que este livro torna-se uma leitura necessária pela análise radical (não dogmática) a que expõe o material teórico e empírico, orientação dada pelo referencial teórico-bibliográfico crítico adotado e pelas fontes consultadas. Em muitas passagens, Lima concorda com Marx e Engels com a visão de que o mundo da liberdade só será alcançado quando o homem puder comer, beber e dormir, e, nesse momento, o homem poderá escrever sua própria história...
[...] não é possível libertar os homens enquanto estes forem incapazes de obter alimentação e bebida, habitação e vestimenta, em qualidade e quantidade adequadas. A libertação
é um ato histórico e não um ato de pensamento, e é ocasionada por condições históricas [...]. (MARX; ENGELS, 2007, p. 29).
Este trabalho de Lima ajuda-nos a pensar os impactos da barbárie neoliberal na vida das pessoas em geral e, mais especificamente, na vida dos que vivem da venda de sua força de trabalho, os proletários. Em seu 1º capítulo, Justiça
, Lima apresenta alguns elementos de nossa sociabilidade, quando nos mostra o modo como a Justiça e o sistema jurídico penal tratam as pessoas que deveriam ser reconhecidas como cidadãs perante todos os aparatos do Estado, mas ele nos faz enxergar que não é assim que acontece na vida real.
Na vida real, o neoliberalismo é um projeto global, dirigido pelo Capital Financeiro Internacional, que busca dar fim ao chamado Estado de Bem-Estar com a ajuda de alguns líderes políticos de vários países. Essas lideranças começaram a propor, em seus planos de governo (baseados em documentos e acordos com organismos internacionais — FMI, BIRD etc.), mudanças na estrutura produtiva e política da sociedade, tais como a privatização de empresas estatais e serviços públicos e a desregulamentação das leis trabalhistas. Um desses governos foi eleito na Inglaterra no final dos anos de 1970. O governo de Margareth Thatcher foi o pioneiro na exposição pública de uma orientação neoliberal, seguido, em 1980, por Ronald Reagan, nos EUA; em 1982, por Kohl, na Alemanha; e, em 1983, por Schluter, na Dinamarca. Esse processo, segundo Anderson (1995), foi o de ascensão política da chamada nova direita
para a qual as ideias e propostas hayekianas ofereceram uma nova agenda de reformas
(ou contrarreformas?) do capitalismo.²
Esse novo campo ético-político, popularmente conhecido como neoliberal
, argumenta que os Estados intervencionistas faliram administrativa, financeira, moral e politicamente, o que colabora para concretizarem seus desejos, pois, para os neoliberais, o Estado deve ser, no dizer de Netto (1995, p. 81), mínimo para o social e "máximo para o Capital. O saldo líquido dessas mudanças, ou seja, dos
ajustes estruturais", foi uma radical reorientação do Estado para intervir em favor das indústrias, dos banqueiros, empresários e todos aqueles ligados ao capital, em favor da exploração do trabalhador e dos mercados dos países subdesenvolvidos, deixando uma ação ínfima e pontual em favor dos desvalidos, com políticas focalizadas e descontínuas (incertas), não mais querendo considerar as políticas sociais como direito social inscrito na maioria das modernas constituições democráticas.
Após o entendimento sobre a Justiça, no âmbito dessa contrarreforma do Estado, Lima leva-nos ao seu 2º capítulo, Educação
. Nele, o autor aproveita sua experiência como formador de professores da Educação para falar do dia a dia de sua práxis, e essa vivência irá levá-lo no futuro a se tornar professor da Universidade Federal do Espírito Santo, uma universidade pública. Ao fim do capítulo, ele nos brinda com a crítica que apresenta, ao abordar o grave contexto atual em que vivemos, em que a Ignorância é apresentada por lideranças nacionais e regionais como algo positivo e a Ciência é atacada como se fosse uma blasfêmia na Idade das Trevas. A nossa jovem democracia está sendo golpeada, e defender uma vida melhor para a maioria é visto pelas lideranças citadas como uma afronta direta às suas decisões autoritárias. Estamos vivendo tempos sombrios. É preciso lutar por nossa democracia, pois o Brasil é um país muito marcado pelo arbítrio e pelo abuso de poder estatal.
Os primeiros tempos do Estado republicano mostram que é um Estado controlador e repressor, que carrega em seu aparato o modo de ser