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A Estrela Cadente
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A Estrela Cadente
E-book133 páginas1 hora

A Estrela Cadente

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Sobre este e-book

Um dedicado presidente de centro espírita em Realengo é mestre em realização de palestras, porém não é amado pela esposa que é apaixonada por uma homem casado, que vive em Mangaratiba.Quando ela engravida do amante vem a saber que o marido é estéril e este quando toma conhecimento da gravidez da esposa, sofre um ataque cardíaco e vem a falecer.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de nov. de 2015
A Estrela Cadente

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    A Estrela Cadente - Ubiratan Jardson Dos Montes

    Ubiratan Jardson dos Montes

    A ESTRELA CADENTE

    1ª Edição

    Rio de Janeiro

    2016

    À você caro leitor, que prestigia o meu sonho de

    escrever.

    O entardecer em uma praia é sempre muito bonito e

    Mangaratiba não foge à regra. É gratificante observar o sol se

    escondendo no horizonte e tingindo de vermelho as águas do mar.

    A figura de uma gestante passeia ao longe, contra a tela do céu

    carregado de nuvens. A figura se torna negra como uma sombra

    lúgubre, devido ao ângulo em que tocam o seu corpo, os últimos

    raios do astro rei...

    Destaca-se na imagem distante, a enorme barriga da mulher,

    denotando que a chegada do bebê é pra logo...

    Tereza Bitencourt – esse é o nome da grávida – caminha devagar

    pela praia, enquanto remói na mente, a situação em que ficará sua

    vida daqui para diante. Ela tem muito assunto para moer e remoer na

    cabeça, devido aos recentes e trágicos acontecimentos que vivenciou.

    Pensar bastante, antes de se tomar uma decisão sobre algum

    problema, até que é um procedimento bem saudável, embora para

    Tereza não haja muito que decidir, pois no seu caso, tentar mudar o

    rumo natural das coisas, é como procurar chifres em cabeça de

    cavalo.

    A vida dela está, praticamente, decidida e decidiu-se por si

    mesma, pois Tereza não teve como influenciar o vendaval que

    passou por ela e por um bocado de gente próxima, soprando

    violentamente e arrastando a todos como se fossem folhas indefesas,

    com as quais o vento pinta e borda.

    A gestante ainda não se recuperou de um forte choque recebido,

    por conta da morte abrupta e, relativamente, recente do marido. Ela,

    no caso, não passou de mera espectadora dos terríveis

    acontecimentos que culminaram com o triste desenlace, muito

    embora tenha protagonizado uma significativa parte da trágica trama.

    O fato de Tereza haver protagonizado importante parcela da

    tragédia que ceifou o marido, não significa que ela o tenha

    assassinado. Que o tenha mandado assassinar ou coisa semelhante.

    Ela sabe que, quanto à morte física de Sérgio, nada lhe pode pesar na

    consciência, mas quanto à chaga moral que se instalou na alma do

    rapaz e que o empurrou a largos passos para o fim...

    De palpável mesmo e no que tange à justiça dos homens sobra

    apenas o fato, inquestionável, de que o Dr. Sérgio era uma pessoa

    doente, o que lhe acarretou uma morte estúpida e inesperada. À

    viúva, só resta assumir a generosa pensão deixada pelo marido, assim

    como alguns bens nada desprezíveis...

    Uma bela casa em Mangaratiba, por exemplo...

    Conveniente, muito conveniente para ela o falecimento do Dr

    Sérgio, inclusive para a situação da criança que vai nascer, da qual o

    defunto não era o pai biológico.

    ... Não era, mas como bateu as botas, passou a ser... – pensa a

    viúva, quase em voz alta – "... Agora o filho é dele e pronto!

    Ninguém tem moral pra questionar nada...".

    A moça para de frente ao mar, e começa a dar vazão às

    lembranças, ainda sem bem atinar com as conseqüências dos recentes

    acontecimentos. O fato é que a criança agora é – oficialmente - filho

    do falecido e ela, a viúva, é a indiscutível herdeira do que ele deixou.

    Embora o defunto tenha deixado, também, uma bela casa em

    Realengo, não é intenção da viúva sair de Mangaratiba. Ela tem

    raízes bastante profundas e certo interesse - muito especial e com

    olhar de esmeralda - nesse cantinho da Rio-Santos. Porém é em

    Realengo que se concentra tudo o que o falecido mais gostava nesse

    mundo, e tudo pelo que muito lutou e trabalhou.

    Repentinamente, como se fora um relâmpago, o céu é riscado por

    uma luz fina e veloz, que vem do espaço e parece entrar no mar, bem

    diante dos olhos de Tereza. A estrela cadente faz com que sua mente

    se encha de lembranças que transbordam pelos olhos e descem pela

    face, em forma de uma gota de lágrima.

    A estrela cadente é o símbolo mágico das recordações e ela não

    respeita a vontade de ninguém. Ela impõe a sua vontade aos seres

    humanos e, cada pessoa, relembra apenas o que o infinito deseja que

    ela relembre e não, exatamente, o que essa pessoa deseja relembrar.

    É por isso que existe o remorso.

    Aquela lembrança indesejável e dorida...

    ... Que não pede licença para se instalar, mas se instala...

    ... Que machuca...

    Assim são as lembranças de um lugar chamado Realengo...

    Tereza não quer se lembrar daquele lugar... Mas não adianta. Se

    fora ela - a gestante - a verdadeira dona dos próprios sentimentos e

    sobre sua mente controle pudesse exercer, o Realengo – certamente -

    não existiria... O mundo, assim como é, também não existiria!

    Para Tereza, o único lugar que vale a pena existir se chama

    Mangaratiba, mas acontece que o Realengo existe e não há como

    impedi-lo de existir...

    A estrela cadente também existe – para trazer lembranças

    indesejáveis - e não respeita ninguém; muito menos uma pobre

    gestante que vive sonhando com um namorado de olhos verdes, em

    uma praia lamacenta do Rio de Janeiro.

    A moça começa, então e inevitavelmente, a se lembrar do

    Realengo...

    Em Brasília são dezenove horas...

    Anuncia a Voz do Brasil, no rádio portátil de uma mocinha, que se

    apressa a desligá-lo.

    - Está na hora de iniciarmos os trabalhos da noite de hoje, anuncia

    o Dr Sérgio Bitencourt, o dirigente do centro espírita Nosso Lar, em

    Realengo...

    O centro espírita Casa de Caridade Nosso Lar, nada mais é do

    que um lugar comum, com cara de residência familiar, encravado na

    Rua do Imperador.

    Uma casa muito simples – enquanto construção – sendo na sua

    simplicidade, apenas mais um prédio igual a todos os outros, que

    existem naquela rua pobre, de um bairro paupérrimo do Rio de

    Janeiro, chamado Realengo...

    Há quem diga que a única coisa que faz com que alguém possa se

    lembrar a existência do Realengo é uma música antiga do Gilberto

    Gil, onde ele diz assim: Alô, alô Realengo, aquele abraço....

    Dizem, até, que ele só usou a palavra Realengo para rimar com

    Flamengo, pois através da dita música o grande compositor baiano

    deseja homenagear a poderosa torcida do rubro negro carioca.

    Mas não é bem assim... Na verdade, Gilberto Gil está mandando

    um abraço através da canção - muito bonita por sinal – para o seu

    amigo, e também popular artista baiano, Caetano Veloso, que se

    encontrava preso em um quartel do exército, no Realengo.

    Na ocasião em que a melodia foi lançada no mercado nacional,

    nos anos setenta, o Brasil vivia sob uma ditadura militar e Caetano

    fora preso por criticar o regime. Como Gil não poderia mandar um

    abraço ostensivo para um preso político, pois pareceria uma

    provocação aos militares ele, inteligente, usou o recurso da sua

    musica.

    Onde Gilberto Gil parecia homenagear a torcida do Flamengo, na

    realidade, homenageava Caetano e os militares - é claro – sabiam

    disso. Estava claro que aquela musica era para Caetano e que ali

    existia uma provocação velada, mas não era possível provar nada,

    devido ao disfarce das, muito bem colocadas, metáforas.

    Assim muitos militares, particularmente os mais jovens, além de

    engolir um imenso sapo, ainda compravam o disco do Gil. Quem

    mais lucrou com essa briga de cachorro grande, no frigir dos ovos,

    foi um anônimo (até então) lugar chamado Realengo, que ganhou

    projeção nacional.

    Muito interessante é a origem do nome Realengo: Real Engenho

    ou Engenho Real.

    Acontece que existiu – onde hoje se localiza o bairro –

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