Setor 05: contos da meia noite
De J.P Doná
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Sobre este e-book
J.P Doná
Nascido em São Paulo capital, Brasil, no dia 22 de julho de 1983. Começou a estudar cinema em 2011 pela Anhembi Morumbi, diplomado pelo Forcine (Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual). JP Doná além de escritor de literatura também é compositor com mais de cem obras registradas, roteirista, diretor de cinema, ator de luta livre e tatuador. Adora cinema, livros e teatro. Seu passatempo assistir filmes. hobbys: tocar violão, guitarra, baixo, desenhar e treinar.Tiago Doná usa o pseudônimo de J.P Doná, baseado em os apelidos pelo qual é ou já foi conhecido nos subúrbios da zona leste onde nasceu. Doná era como era conhecido desde há época da escola, Pit-Bull é como foi conhecido na sua carreira de lutador de luta livre, e Jhol na época de musico. A ideia de resumir as letras do nome é para homenagear o seu escritor preferido H.P Lovecraft. Suas referencias veem de Stephen King, H.P Lovecraft, Michael Crichton, H. G. Wells, Tony Belloto, Gibran Khalil Gibran.realizou seu primeiro longa metragem, que é baseado em uma obra de Stephen King intitualado 'Willa'. É o primeiro diretor Brasileiro a filmar uma obra de Stephen King.
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Setor 05 - J.P Doná
Dona, J.P
Setor 05 - Contos da meia noite, J.P Doná, 2016
293 paginas
J.P Doná
1. Contos de terror e suspense
Arte da capa: J.P Doná
Revisão J.P Doná
@copyright 2016 by J.P Doná
Todos os direitos reservados
Capa
Ficha Cartográfica
O velho e o vaga-lume
12:00
Roberto e Fausto
Max Ventura contra o sumiço de Von-Sidonw
12:01
Há Algo Lá Fora
12:02
Setor 05
12:03
Don e Adi, Necropsistas e com Doutorado em Reanimação.
12:04
O livro de Gulsi
Pitty, Sansão e Eu
12:05
Malditos cães
O velho e o vagalume
Fim de tarde em um domingo choroso.
O sol já estava se escondendo. O relógio velho de cuco estava prestes a bater 19h00min horas.
O velho Sr. Antonio Vigal se encontra sentado na varanda olhando para seu jardim, que já não da flor há muito tempo, descansando em uma cadeira de balanço feita de fios de náilon azul e vermelho.
O Sr. Vigal tomava em goles rápidos seu pequeno copo de pinga e lembrava de sua esposa Maria, que enterrara às 14:00 horas do mesmo dia. Tanto que podia ser dito e em 45 anos de casados não foi, tanto para se fazer e também não se fez.
O sr. Antonio nunca tinha sido um homem fácil, as crianças da rua o apelidavam de vários nomes ruins, também pudera, ele nunca devolvia as bolas que caiam em seu quintal e nem as pipas de seu telhado.
Antonio Vigal era um senhor de idade comum, talvez um pouco mais rabugento, e nem de longe na sua juventude foi um exemplo.
Sua casa era típica; um portãozinho de ferro, um jardim velho, paredes verdes e flores ate o teto, uma portinha elegante toda de vidro do lado de uma janela extremamente grande.
Antonio se levanta e entra, lá dentro é tudo antigo. Um lar pequeno que já foi menor quando era mais alegre.
Alegre pela presença de seus três filhos. Vagner, Fabiane e Vinícius.
Passando por uma dessas cortinas artesanais ele entra na cozinha, abre a geladeira bege e encontra uma geladeira quase vazia quase vazia com comida sem sabor ou valor, pega apenas um prato de queijo mineiro, volta à sala e senta em sua poltrona. Coloca o prato na mesinha ao lado, junto do abajur quebrado, com passos lentos caminha ate a televisão, que é claro, não era nenhuma tv de ultima geração; nas prateleiras acima do monitor chuviscado muitas fotos de amigos e família.
Amigos que há muito não vê. E filhos que fizeram questão de levá-lo de carro para casa após o funeral.
Será que fui tão mau?
- Sr. Antonio pensava, percebendo assim que proporcionou uma vida triste com momentos felizes e não o oposto para sua mulher e filhos.
Sempre causou brigas e discussões com seus filhos, nem sempre foi fiel a quem lhe amava. Será que Maria lá no céu, agora sabendo de tudo, o esperava?
Será que haverá perdão? Ou quando bater minhas botas ficarei como estou agora no final de minha vida?
Na solidão.
Com passos lentos, volta à sua poltrona, assistindo ao noticiário e muito cansado. Adormece sem atraso.
As horas passam, faltam 5 minutos para bater meia noite. Um vaga-lume entra por uma fresta da janela, percorre toda sala e pousa no imenso nariz do Sr. Antonio.
Ele resmunga, tosse e vira o nariz de um lado para outro. O vaga-lume voa na sua orelha a zumbizar, mas no nariz de Antonio ele volta a pousar.
O sr. Vigal agora acorda com o relógio batendo meia noite, o barulho do antigo relógio cuco na parede não o incomoda tanto quanto o inseto pousado nele.
Seus olhos chegam a envesgar para o vaga-lume poder enxergar.
Ele agarra uma revista e enrola-a.
Sem pensar muito, golpeia o vaga-lume, mas só consegue acertar a si mesmo. Para cima, para os lados, em círculos de todos os jeitos o pequeno vaga-lume voa para se livrar dos golpes do Sr. Antonio, que só conseguia quebrar os objetos a sua volta.
O vaga-lume pousa em um dos porta-retratos da prateleira em cima da televisão. O golpe dessa vez é tão forte que derruba a prateleira com todas as fotos no chão.
O vaga-lume pousa na porta e o velho dá as costas para ele, olhando uma foto em preto e branco empoeirada no chão.
Ele ajoelha, limpa o vidro quebrado e tira o pó.
Era uma foto sua e de sua esposa ainda jovens, quando ainda namoravam. Uma foto velha esquecida atrás das outras. O Sr. Antonio, então, diz sua única palavra em toda essa dissertação: com lágrimas nos olhos ele pede: perdão
.
Atrás dele, o vaga-lume inquieto começa a brilhar cada vez mais forte, até que a luz toma conta de toda a sala.
E quando apaga não há mais vaga-lume, mas sim a imagem de sua falecida esposa tão linda e jovem quanto na foto.
Maria estende a mão e diz:
- Para quem ama, sempre há perdão.
O Sr. Antonio olha para a poltrona e se vê ainda dormindo.
Enxuga as lágrimas, estende também sua mão. Ao alcançar a mão de Maria, ele também volta a ter a aparência jovem do retrato. A luz agora toma conta dos dois, e ao diminuir um único vaga-lume sai pela fresta da janela, voando ao céu se tornando mais um ponto luminoso, entre outros no espaço.
Sei que vão dizer que minha historia acaba clichê, mas acredite, em algum lugar feliz para sempre eles são ser.
Fim.
12:00
Procuro entender alguns fatos daquela noite
Fiquei ali parado olhando o relógio no alto da parede, ele tocava batendo exatamente 12:00
Deveria estar dormindo como toda criança de dez anos de idade.
Mas um barulho na sala me acordou, o motivo do barulho estava atrás de mim
Meu pai sentado de frente para o relógio, atiro na própria cabeça
Ele ainda segurava sua arma e seus olhos estavam abertos
O sangue escoria em suas mãos
A morte se apresenta a meia noite
Os portais do inferno se abrem.
Dane-se o morto
Roberto e Fausto
Roberto, 38 anos, cabelo preto, olhos castanhos, cerca de 1,65.
Acordava todas as noites as 11:40 pm tomava um banho de meia hora ou 40 minutos, tomava café preto com duas colheres de açúcar colocava sua calça social com camisa branca e gravata.
Como vendedor de remédios em drogarias, começa seu dia cedo.
Pega o primeiro ônibus para o centro da cidade as 5:00 da manhã.
Suas vendas iam mal, não tinha dinheiro para compra material escolar para seu filho, e não agüentava mais sua mulher reclamando sobre as dividas atrasadas.
Roberto passara a noite em claro, pois sua firma estava fazendo cortes e ele tinha certeza que seria despedido, como daria uma noticia dessas para Ana Paula, sua mulher?
No dia 28 de agosto de 1969 seu radio relógio despertador, despertou um pouco mais tarde naquela madrugada. Ele tocava um lançamento da época,Old Brown Shoe, sua rotina foi à mesma.
No largo de São Bento ele senta, após ter rodado a manhã toda e não ter passado um só pedido para vendas.
Ele descansa alguns minutos e depois cruza a multidão.
Um homem alto cerca de 1,80 magro, de óculos, com corrente e relógio de ouro, tromba com Roberto.
- Ha, me desculpe, eu... Espere... Roberto certo?
- Sim, e você é?
- Sou eu, Fausto.
- Minha nossa não acredito, você está tão diferente, está tão magro e com uma aparência ótima!
- É, eu emagreci 30 Kg uma dieta especial, você esta com uma cara horrível, parece cansado!
- É, as coisas não foram muito bem para mim depois que saímos do colégio.
- Problemas financeiros?
- Sim.
- Bom, eu herdei de meu pai sua agência de carros, estou precisando de um novo gerente, o que você acha?
- Como nos velhos tempos, você livra minha cara não é? (risos)
- E aí, o que me diz?
- Seria ótimo, espere até Ana Paula saber.
- Espera, você casou com a Paulinha? Fico feliz por você, você sempre gostou dela.
- É, acho que um emprego novo salva nossa relação. Por que não almoça com a gente esse fim de semana? A Paula adoraria te ver.
- Não vai ser possível, esse fim de semana vou para o pantanal, pescaria é meu hobby.
- Eu sempre quis pescar.
- Bom, então podemos combinar, te busco em sua casa sábado as 08:00 da manhã. E semana que vem almoço em sua casa.
Roberto ficou tão feliz de ver seu velho amigo Fausto que a semana passou como num piscar de olhos.
E pela manhã de sábado, os dois desciam o rio que Fausto descia uma vez por mês.
Fausto ria e lembrava dos velhos tempos enquanto remava. Roberto estava apreensivo porque não sabia nadar muito bem e não largava o mapa indicando a direção do rio que eles iam descer.
Em um certo ponto do rio ele se divide.
- E agora Fausto? O mapa não indica esse desvio.
- Os dois dão para o mesmo lugar, principiantes vão pela esquerda, a direita é um pouco mais estreito mas chegaremos muito mais rápido ao destino.
- Acho melhor irmos pelo lugar indicado.
- Calma Roberto conheço isso com a palma da minha mão.
Mesmo contra vontade de Roberto os dois seguiram o caminho estreito.
Fausto pede para parar de remar.
Enquanto observa uma dilatação na água, bem forte, o que se movimenta em baixo da água muda de direção passando por de baixo da canoa, batendo neles.
A canoa balança de um lado a outro.
Roberto se apavora pois não nadava tão bem como Fausto, apesar dos seus salva vidas no corpo.
- Que porcaria é essa ?
- Não sei, acalme-se.
- Olha ali na frente.
Fausto olha adiante como Roberto falou.
- O que é aquilo?
- Um jacaré, filhote, temos que espera ele sair do caminho, eles ficam parados se fingindo de tronco para virar canoas.
O jacaré devagar afundou e rapidamente chocou contra eles, virando a canoa Roberto se debate; no pânico, não conseguia nadar.
As águas escuras e barrentas do rio o impediam de enxergar.
Fausto mergulha e passa o braço no pescoço de Roberto, que em segundos sente a dentição de arcadas cruzadas pegar sua perna esquerda.
Um segundo foi tempo suficiente para quebra a perna de Roberto em três partes expostas.
O jacaré tenta rodar mas sua presa escapa. Fausto consegue nadar ate a beirado rio.
Um lugar aberto com um pouco de lama e cercado por mato.
Não tinha como voltar para a canoa pois ela se partira em duas.
Roberto não conseguia nem gritar só travava os dentes e temia ser atacado de novo.
- Calma, ele não vai voltar.
- Como pode ter certeza? Aqui é local para jacaré, eles descem o rio ainda jovens.
- Era só um filhote, se fosse um adulto você não escaparia.
- Ele ainda esta aprendendo a caçar, ele já deve ter descido o rio.
- Como vamos sair daqui?
- Se não dermos até o fim do dia a polícia já começa a fazer busca pelo rio.
- Vou imobilizar sua perna e estancar um pouco o sangue com folhas.
1ª noite:
- Estou com sede.
- Esta quase escurecendo, ouço uma queda d'água.
- Vou buscar água para nós.
- Como vou ficar sozinho? Não consigo me mexer, nem pernas, nem braço, nem consigo mexer o pescoço.
- Não se preocupe, nada vai te acontecer.
- Como nos velhos tempos, não é?
- Eu salvando sua pele.
Roberto apenas deu um sorriso fraco e apertou os olhos duas vezes, respirando fundo, como quem da uma confirmação de confiança.
Fausto pegou um facão, segurou a mão do amigo colocando-a no peito de Roberto, fazendo segurar a faca com o gume para baixo.
Fausto soltou a mão de Roberto e olhou mais uma vez para ele com um olhar de receio em deixá-lo ali.
Fausto vira e corre para o meio da mata. Algumas horas se passaram e Fausto não voltava.
Pelo canto dos olhos Roberto observa o rio com medo do que poderá aparecer e o levar para baixo da água. Por outro lado via a mata fechada que conforme escurecia menos se via.
Roberto mal sentia seu corpo, só uma sensação de arrepio causada pelas formigas que subiam e mordiam suas feridas.
Um barulho no mato com uma respiração ofegante chama sua atenção.
Seu coração acelera e só seus olhos se movem. Algo se movimenta rápido por de trás do mato alto, correndo de um lado para outro, às vezes parava e ofegava.
Quando a respiração se acalma, ele sentia que todos os barulhos que o cercavam diminuíam, suas batidas cardíacas, o rio, o vento.
Ele sente que seria atacado, e grita apavorado até sua voz sumir com rouquidão.
Roberto se acalma e tenta ouvir alguma coisa mas nada ouve.
Ele chora e ri, em pânico repetindo.
- Deus, deus, me tira daqui.
Fausto volta correndo com todos cantis cheios com água. Dá de beber para o seu companheiro e lava as feridas.
Roberto adormece. Um pouco antes de ele dormir, Fausto diz que próximo da cachoeira havia Capivaras e pega o facão prometendo voltar com comida.
Roberto descreveu o ocorrido na mata, Fausto não deu muita atenção, ele acreditava ser fruto do medo, ou fome, até mesmo sede.
Assim que Roberto acordou Fausto tinha cercado ele com