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Meu Carro Sumiu!
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E-book150 páginas2 horas

Meu Carro Sumiu!

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Sobre este e-book

Com um estilo às vezes cômico e irreverente, nesta série de crônicas de vida, carreira e negócios Mario Persona leva você a uma viagem inesquecível por um mundo real que beira o imaginário. Como todo bom contador de histórias, o autor consegue transformar o banal em algo especial, o corriqueiro em lição de vida e o arroz-com-feijão em fino manjar, cativando o leitor e deixando sempre um gostinho de quero mais . E no final você ainda irá descobrir o que aconteceu com o carro que sumiu.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de set. de 2013
Meu Carro Sumiu!
Autor

MARIO PERSONA

Mario Persona é palestrante, professor e consultor de estratégias de comunicação e marketing e autor dos livros “Laura Loft - Diário de uma Recepcionista”, “Meu carro sumiu!”, “Eu quero um refil!”, “Crônicas para ler depois do fim do mundo”, “Dia de Mudança” (também em inglês: “Moving ON”), “Marketing de Gente”, “Marketing Tutti-Frutti”, “Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades”, “Receitas de Grandes Negócios”, “Crônicas de uma Internet de verão”, Coleção “O Evangelho em 3 Minutos” (4 volumes) e Coleção “O que respondi...”. Mario Persona participou também como autor convidado das coletâneas “Os 30+ em Atendimento e Vendas no Brasil”, “Gigantes do Marketing”, “Gigantes das Vendas”, “Educação 2007”, “Professor S.A.” e “Coleção Aprendiz Legal”, além de ter sido citado como “Case Mario Persona” no livro “Os 8 Pês do Marketing Digital”. Traduziu obras como “Marketing Internacional”, de Cateora e Graham, “Administração”, de Schermerhorn, “Liberte a Intuição”, de Roy Williams, além de diversos livros de comentários sobre a Bíblia. O autor é convidado com frequência para palestras, workshops e treinamentos de temas ligados a negócios, marketing, comunicação, vendas e desenvolvimento pessoal e profissional. Alguns temas são: Gestão de Mudanças, Criatividade e Inovação, Clima Organizacional, Gestão do Conhecimento, Comunicação, Marketing e Vendas, Satisfação do Cliente, Oratória, Marketing Pessoal, Qualidade Vida-Trabalho, Administração do Tempo, Segurança no Trabalho, Controle do Stress e Meio-Ambiente

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    Meu Carro Sumiu! - MARIO PERSONA

    Desaquecimento global

    Veja você, o vilão do aquecimento global climático que nos assombrava no início do século 21 agora é companheiro do desaquecimento global econômico que veio para ficar. Uma hora reclamam porque o globo aquece, outra hora porque desaquece. Vai entender... Mesmo assim vou dar uma de bidu e tecer aqui umas previsões para o futuro. Como minhas previsões vão de hoje a 2100 ninguém vai poder me cobrar dizendo que errei e eu não vou estar aqui para me explicar.

    Quando eu era criança minha mãe usava bolsa de água quente em mim. Agora a bolsa volta e meia dá uma gelada na economia global e até que ajuda a combater o aquecimento global do clima deixando o mundo menos poluído. Menos produção, menos transporte, menos petróleo queimado, menos fumaça produzida, mais gente light andando a pé ou se espremendo em vagões. Esse sobe e desce da economia parece novela da Escrava Isaura. Toda hora reprisa.

    A única coisa que pode reverter o desaquecimento é o descolamento do mercado global dos EUA. Mas não é fácil cortar o cordão umbilical da Mãe-América que compra de todos e paga com verdinhas.

    Para quem nasceu no pós-guerra, cresceu na Guerra Fria, viu o muro cair e a Europa se unir, tudo é possível. Na Guerra Fria as crianças norte-americanas aprendiam a se proteger de um ataque nuclear se escondendo sob a carteira. Até hoje procuro uma dessas carteiras que protegem você de uma bomba atômica. Nem no eBay encontrei.

    Dá para acreditar como o mundo mudou? Hoje moro no país que é o segundo maior fabricante de armas leves do Ocidente. Não, não moro nos EUA, nosso maior cliente. O segundo maior cliente deve ser a República dos Morros do Rio. Pois é, eu também já vivi na época em que o Rio era chamado de Cidade Maravilhosa.

    Mas o mundo gira, a Lusitana roda, e as coisas mudam. A economia da China deve ultrapassar a dos EUA, com a Índia no calcanhar do seu riquixá. A Índia é séria candidata a ser a maior população do planeta porque lá, ao contrário da China, não é proibido nascer. Na Índia a novela predileta é O direito de nascer e lá ter filhos dá status. Aqui dá bolsa família.

    Aqui deve nascer menos criança porque vamos dormir mais por tomarmos menos café. É porque se a coisa continuar como está o Vietnã vai beber o nosso lugar na produção mundial. Os vietnamitas aproveitaram os buracos das bombas para plantar pés de café, e como caiu muita bomba por lá o país já é o segundo maior produtor depois do Brasil. Daqui a pouco até meu blog Mario Persona CAFE vai ser Made in Vietnan.

    Veja que louco o mundo ficou. Não faz muito tempo vender grife de luxo era mais fácil. Tudo bem que uma echarpe de seda italiana Ferragamo, Gucci ou Versace continua custando 200 dólares nos EUA, mas agora a lei exige etiqueta com a origem do produto, que é Made in China, mas não do design Made in Italy.

    Querida, você tem co-ra-gem de usar uma echarpe made in China?!!! E daí que é de grife? Deve ser pirata!

    Mais uma de minhas previsões previsíveis: o dólar vai deixar de ser a moedona do mundo, mas não sei se vai acreditar em mim porque na hora em que ler isto ela pode tanto estar no fundo do poço como na estratosfera. Quando o bicho pegou no Tio Sam vimos um plano Marshall às avessas: a Europa socorrendo os EUA. Se vai voltar a acontecer? Pode confiar no que digo.

    Mas eu aposto como o "American Way of Life" vai ser substituído pelo "European Way of Life", porque lá o pessoal vive bem só com o necessário, não tem vergonha de ir trabalhar de bicicleta e só toma banho de vez em quando — mais de quando do que de vez —, o que é uma tremenda economia de água e energia.

    A China? Bem, se não implodir, promete. Por que implodir? Porque o efeito gangorra está aumentando lá dentro: os urbanos cada vez mais no topo da pirâmide e os camponeses cada vez mais na base. Lá os urbanos já podem ser donos das coisas produtivas, mas os camponeses não.

    Hein?! Quer dizer que Liu-Ping pode comprar fábrica, e eu, Ching-Ling, não posso comprar minha própria chácara? Aqui, ó, que eu vou investir naquilo que não é meu! Trabalhar pra quê?

    Os EUA continuarão sendo vendidos em fatias para árabes, europeus, chineses e japoneses, e entregues por motoboys mexicanos. Esses países ora arrematam empresas, ora socorrem bancos, e vão ocupando as torres ao invés de derrubá-las. Boa parte dos pontos estratégicos do planeta também continuará mudando de mãos, como o Canal do Panamá, hoje controlado pela China.

    Os árabes já colocaram um pé no Citibank e se continuar assim logo voltarão a ser donos da Califórnia. Voltarão? Sim, porque Califórnia significa terra do Califa, e o nome vem de um poema épico do século 11. Os espanhóis que chegaram lá pensaram que estavam em Bagdá.

    É, véio, as coisas mudam rapidamente. E você só percebe isso quando compra ações e acorda mais pobre ou quando descobre que o vinho premiado que está tomando é de Pernambuco. Ou então quando liga para a operadora de seu celular, como eu liguei, informa seu RG, como eu informei, e a garota fica em silêncio esperando por mais algarismos. E depois ainda pergunta, com voz de surpresa:

    — Só isso?!

    * * * * *

    iPod compulsório

    Esta noite quase não dormi. Cinco vezes na madrugada fui acordado por uma Saveiro preta, placa... hummm... deixa pra lá... com uma caçamba cheia de alto-falantes atrás e uma cabeça vazia ao volante. Era mais um iPod gigante e compulsório, fazendo os moradores do bairro correrem velozes e furiosos fechar suas janelas.

    Além de acordar o quarteirão, o iPodmóvel acordava também os alarmes dos carros, o que ampliava o ruído já insanamente amplificado. Será que a criança não tinha fones de ouvido? Hummm... talvez não tenha encontrado um para o tamanho de sua cabeça. No catálogo da Barbie, talvez...

    Quando falta atenção, talento ou capacidade, o caminho mais curto é comprar algo que supra essa carência. Governos criam impostos compulsórios para compensar a malversação dos impostos convencionais. Serial-killers compram armas para matar compulsoriamente quem não quer morrer. Crianças com déficit de atenção se debatem no chão e, depois que crescem, compram Saveiros para transformá-las em iPods compulsórios e chamar atenção.

    Mas o que é mesmo compulsório? Meu "Orélho", versão informal do outro, diz que compulsório é tudo aquilo que é socado garganta adentro, como se faz com aguardente em peru de Natal e ração em ganso de "foie gras", aquele fígado doente e cirrótico de passar no pão.

    Há também os mercados fechados e compulsórios para proteger a falta de competitividade ou vender inutilidades. Eu ainda tenho um kit de primeiros socorros em meu carro, e você? E existem até sociedades secretas ou reservadas, para garantir a sobrevivência da incompetência, tipo eu só compro de você e você só compra de mim.

    O problema do compulsório é que é transitório, nunca dá resultado, e só agrada alguns poucos, no meu caso, só um: o "DJ de Saveiro" carente de plateia.

    Você se lembra da reserva compulsória do mercado de informática no Brasil? Enquanto outros países importavam e recebiam transferência de tecnologia para criar uma base industrial, aqui o contrabando e a maquiagem nacional corriam soltos. Naquela época muito funcionário de indústria nacional voltava de Miami com chips escondidos na barra da calça. Você deve se lembrar, foi no tempo em que nossas carroças eram protegidas da ameaça dos automóveis importados.

    O fenômeno que hoje se chama China só ocorreu porque os chineses decidiram abrir os olhos e uma fresta no isolamento, que na miséria de antigamente servia de pretexto proteger seu mercado, seu comunismo e sua sociedade. Outros países da Ásia vieram atrás, e agora até o Vietnã desponta como segundo produtor mundial de café, deixando o café brasileiro mais amargo de se comprar. Problema meu, que hoje devo tomar umas dez xícaras para trabalhar.

    Mas nenhuma abertura nas reservas, barreiras e fronteiras sacudiu tanto o mundo quanto a União Europeia. Não foi fácil. Ou era o Pierre querendo proteger seus queijos e vinhos, ou o Giovanni endurecendo na hora de abrir mão do grano duro, ou o Fritz se recusando a engolir qualquer cerveja que não fosse fabricada segundo a receita compulsória alemã: água, lúpulo, malte, fermento e só.

    Agora que a casa caiu também nos EUA, a Europa fica ora forte, ora fraca, sempre sonhando em substituir a hegemonia do dólar no mercado mundial. Barreiras visíveis desaparecem, algumas mudam de mãos, mas outras invisíveis são levantadas. Hoje a Europa já manda em boa parte da indústria norte-americana, que fabrica segundo as normas europeias, mais rígidas, para poder vender na União Europeia sem precisar fabricar duas vezes, uma para lá, outra para cá.

    Eu me lembro de ter levado bronca na Europa por causa da rigidez de suas leis. Uma, por só ter reduzido a marcha, sem parar, em uma esquina de duas estradinhas com visibilidade de quilômetros. Lá as placas "PARE" são feitas para você parar mesmo. Outra, por ter buzinado na Inglaterra, algo que você não faz nem que a rainha corra o risco de ser atropelada. Lá a lei do silêncio é rigorosa.

    Espero sinceramente que essa lei um dia chegue aqui para eu poder dormir. Se não chegar e continuar aceitável que qualquer um produza seu som compulsório nas madrugadas, até eu vou aderir. Não, eu não pretendo comprar uma Saveiro "tunada" e nem perder meu tempo zanzando por aí de madrugada. Vou "tunar" a sacada de meu apartamento: iluminar com neon, regar as plantas com nitro e enchê-la de alto-falantes ligados a um microfone em meu criado-mudo, bem pertinho de mim. O som? Nem rock, nem axé, nem hip-hop. Eu ronco!

    * * * * *

    Passei de fase

    Seria o aquecimento global que causava em mim aquela sensação de derretimento? Ou seria a redução do oxigênio no ar que me deixava tonto? Quem sabe eu deveria culpar a poluição da água pelos pés pesados, o pensamento distante e o olhar vidrado... Ou talvez aquela sensação fosse normal

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