Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Um Mendigo Show De Bola
Um Mendigo Show De Bola
Um Mendigo Show De Bola
E-book160 páginas1 hora

Um Mendigo Show De Bola

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Você já ajudou um mendigo hoje? Ainda não se sabe quem, mas dentre todos os mendigos que tem como teto o céu da cidade de São Paulo, alguém se motivou a tomar uma atitude para amenizar a vida difícil de Samuel. Numa noite de Natal, tudo vai mudar para ele; Nessa mesma noite, os olhos do mendigo contemplarão uma figura misteriosa que acabara de realizar um furto milionário em uma conceituada rede de agência de viagens. Com a ajuda de Abygail, a investigadora particular da poderosa Margareth Vesely, dona da bem-sucedida rede de agência de viagens, alguns funcionários serão investigados a fim de descobrir quem subtraiu a quantia de um milhão de reais. Um destes funcionários é a bela Bianca. Atraído por ela, Samuel se posicionava em frente da agência de viagens todos os dias de manhã. Um ritual sagrado para o mendigo, que acabara por mudar seus maus hábitos na esperança de fazer por merecer o amor da formosa moça. Depois da noite de natal que mudará sua vida para sempre, Samuel passará a conviver com o mistério a cerca de quem lhe proporcionara tamanha sorte. Enquanto o mendigo lida com seus novos sentimentos e experimenta dias melhores, Abygail fará o que pode para desvendar a figura misteriosa que roubara a agência. Em meio aos mistérios e acontecimentos inusitados, as devidas respostas encontrarão seu momento oportuno, revelando por fim, um mendigo show de bola. RESENHAS SKOOB: http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/445251/edicao:504488 FACEBOOK: https://www.facebook.com/ummendigoshowdebola?ref=hl BLOG DA ESCRITORA: http://aguedafaon.blogspot.com.br/
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de mai. de 2015
Um Mendigo Show De Bola

Relacionado a Um Mendigo Show De Bola

Ebooks relacionados

Ficção Geral para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Um Mendigo Show De Bola

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Um Mendigo Show De Bola - Águeda Faon

    UM MENDIGO

    SHOW DE BOLA

    Águeda Faon

    Copyright © 2015 by Agueda Faon

    Silva, Fabiana Ester, 1984 – Um Mendigo Show de Bola / Agueda Faon;

    ISBN: 978-85-916008-1-6

    1. Contos brasileiros. I. Título.

    CDD B869.31

    Proibida a reprodução total ou parcial.

    Os infratores serão processados na forma da lei.

    O mendigo ............................................................................ 8

    Agência de viagens Vesely ............................................ 18

    Pensão Liberdade ............................................................. 28

    Suspeitos ............................................................................ 35

    Bianca .................................................................................. 45

    Siena Preto ......................................................................... 56

    Desaparecida ..................................................................... 67

    Marco Zero.......................................................................... 77

    Sequestro ............................................................................ 87

    Detalhes .............................................................................. 97

    Um pedido ........................................................................ 109

    Uma ideia ........................................................................... 121

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    [ 6 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    Você já ajudou um mendigo hoje?

    [ 7 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    O mendigo

    A conhecida selva de pedra ganhara mais um dia para que seus

    habitantes alimentassem o sempre faminto capitalismo.

    Ainda não eram nem sete horas da manhã da quarta segunda-

    feira de dezembro de dois mil e quatorze, e os jornais já

    anunciavam um acidente entre um carro e uma moto na faixa

    esquerda da pista expressa da Marginal Pinheiros.

    Logo, logo se formariam os primeiros pontos de lentidão no

    trânsito da cidade de São Paulo.

    Mas para Samuel isso era de todo irrelevante. Haveria de estar

    deveras ocupado com a manutenção da própria vida para sequer

    cogitar os problemas de uma grande metrópole. Já que não ter

    um lar, um emprego e uma família bastavam como adversidades

    para ele.

    Samuel era um dos muitos moradores de rua da maior cidade

    brasileira. Vivia seus vinte e quatro anos de idade. As raríssimas

    oportunidades de se alimentar adequadamente o impediam de

    atingir a massa corpórea para não ser considerado muito magro.

    Tinha a estatura média. Seus grandes olhos castanho-escuros

    se perdiam em seu rosto branco ossudo, emoldurado por cabelos

    desgrenhados, também castanho-escuros, e com a barba por

    fazer há contínuos dias. Usava sempre um sobretudo velho e

    sapatos quase sem sola.

    Levante-se, larápio! Quantas vezes mais vou ter que te falar

    que aqui você não pode ficar?! – disse com rispidez um

    funcionário de um luxuoso prédio comercial da Avenida

    Paulista que chegava para trabalhar.

    Enquanto se levantava de onde estava sentado, embaixo de

    um pinheiro com enfeites de natal pertencente ao prédio de luxo,

    Samuel falou:

    - Você me expulsa todas as manhãs. Poderia ao menos me

    expulsar pelo meu nome!

    [ 8 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    Antes de seguir o seu percurso, o funcionário de terno elegante

    e sapatos de grife, objetou:

    - Escute bem, seu preguiçoso! Se você estiver aqui amanhã, a

    própria polícia vai te expulsar pelo nome!

    Fica na paz, grã-fino! – disse Samuel puxando para perto de si

    uma mala velha com algumas de suas poucas coisas. – Já estou

    de partida!

    Você tem menos de um minuto para sumir daqui! – advertiu o

    funcionário, dirigindo-se finalmente para o prédio.

    Segurando sua mala na frente do corpo, Samuel virou-se e

    parou por um instante. Observava atencioso o prédio da agência

    de viagens Vesely, localizada em frente, no outro lado da rua.

    Parecia esperar que algo acontecesse.

    O minuto que lhe fora concedido se esgotou, e Samuel

    permanecia inerte, só observando.

    Outros funcionários começavam a chegar. Embora insatisfeitos

    com o que viam não faziam nada para tentar expulsar o mendigo

    malcheiroso.

    Já tinha alguns dias que Samuel repetia o mesmo ritual.

    Chegava por volta das seis e meia da manhã. Sentava-se debaixo

    do pinheiro e esperava. Gostava de ficar ali, pois detalhes do

    natal remetiam a ele boas lembranças. Isso o confortava por um

    tempo.

    Quando um Peugeot branco manobrou para dentro do

    estacionamento da agência, o olhar do mendigo se iluminou.

    A razão para tanto tinha cabelos ruivos lisos e compridos.

    Olhos verdes. Estatura mediana. Corpo delicado e um rosto que

    parecia ter sido elaborado por um talentoso desenhista.

    Chamava-se Bianca.

    Desceu de seu carro trajando um terninho preto feminino e um

    scarpin vermelho. Após pegar sua bolsa e acionar o alarme,

    encaminhou-se para a entrada da agência.

    [ 9 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    As mãos de Samuel suavam frias simplesmente por contemplar

    a imagem da fascinante mulher de trinta e um anos de idade.

    As mãos dele também tremiam, pois desde que vislumbrara

    Bianca pela primeira vez na saída de uma pequena cafeteria na

    Avenida Paulista, muitas de suas atitudes mudaram. A duras

    penas vinha tentando largar o vício do álcool, o que fazia seu

    organismo reagir severamente.

    Talvez fosse a aparência excepcional dela. Mas ver Bianca

    funcionava como uma poderosa carga de motivação em Samuel.

    Após segui-la descobriu onde trabalhava; Porém, para se

    aproximar de sua musa inspiradora, decidiu que algumas coisas

    precisariam de mudança.

    Depois de alimentar seus olhos mais uma vez, o mendigo pôs-

    se a caminhar com sorrisos bobos na direção do Parque Tenente

    Siqueira Campos, também conhecido como Parque Trianon,

    criando em sua mente um futuro fantasioso, onde Bianca e ele

    saíam juntos para comprar enfeites de natal novos para o lindo

    pinheiro de uma casa confortável que acabaram de comprar.

    Quando chegou ao seu destino, para fugir do policiamento da

    entrada, encaminhou-se para a lateral. Com custo pulou o portão

    e se embrenhou no parque até se aproximar de um dos postes

    finos de luz existentes ali. Tinha de ser rápido, pois deixara suas

    poucas coisas do lado de fora para facilitar a missão.

    Não sabia o porquê, mas às vezes tinha a sensação de estar

    sendo seguido. Possivelmente fosse o medo de descobrirem

    onde estava colocando suas economias dos últimos seis meses

    que o fizesse ter essa sensação. Ou não.

    Após olhar para todos os lados, agachou-se perto do poste e

    começou a cavar com as pontas de seus dedos tiritantes a terra

    úmida, tornando-os ainda mais imundos. Após um tempo de

    escavação surgiu uma tampa de um pote de margarina de

    duzentos e cinquenta gramas, com o layout bastante gasto. Mais

    um pouco de trabalho e ele conseguiu extrair o pote inteiro.

    [ 10 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    Dentro havia a quantia de mil e oitocentos reais. Fruto de suas

    manhãs varrendo a frente de alguns estabelecimentos comerciais

    e de suas tardes mendigando no trânsito. Poderia ter guardado

    mais, se nos primeiros quatro meses não estivesse lutando

    piamente contra o seu vício perturbador.

    Para prosseguir com seu plano acurado, precisaria dar um jeito

    de tomar um banho. Precisava também de roupas e sapatos

    novos.

    Voltou a fechar o pequeno buraco escavado e encaminhou-se

    para fora do parque, pulando outra vez o portão. Suas coisas

    ainda se encontravam lá.

    O futuro fantasioso voltou a surgir em sua mente. Desta vez

    ele imaginava uma mesa farta, a casa cheia de amigos, e Bianca

    abraçada a ele enquanto todos conversavam felizes numa sala

    aconchegante. Novos sorrisos bobos se instalaram em sua face

    enquanto caminhava novamente na Avenida Paulista.

    Assim que chegou numa loja de roupas, deixou sua mala na

    porta e entrou segurando o pequeno pote de margarina. Não era

    nada acostumado com ambientes iluminados. Precisou adaptar

    seus olhos para aquele mundo distinto. Isso não o deixou ver o

    quanto as pessoas olhavam indignadas para aquele sujeito

    ignóbil invadindo um cenário tão cândido.

    E mesmo depois elas continuaram imperceptíveis para ele. O

    foco no seu sonho não o permitia enxergar mais nada que não

    estivesse dentro dos seus planos para realizá-lo. Por isso

    perambulou feliz pela loja.

    Todavia, algumas pessoas sentiram muito mais do que

    indignação...

    Agora Samuel vivia um misto de realidade e fantasia.

    Imaginava Bianca ao lado dele, ajudando-o a escolher a camisa

    que iria comprar. Mentalmente chegava a lhe perguntar qual cor

    ela preferia.

    [ 11 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    Você tem razão, meu amor! O azul destaca meus traços. –

    falou o mendigo com sua ilusão.

    No momento em que ele segurou o cabide com a camisa

    escolhida, ouviu:

    - Levanta as mãos, malandro!

    Forçado a emergir de seu paraíso pela voz imponente, Samuel

    olhou para trás. Seus olhos se depararam com um policial de

    expressões nada amigáveis apontando um revólver para ele.

    Calma aí, polícia! – retorquiu Samuel. – Não estou fazendo

    nada de errado não!

    É bom você colaborar, malandro! – disse o policial ainda mais

    impetuoso. – Larga a mercadoria e levanta suas mãos imundas!

    Mas eu não estou fazendo nada de errado, polícia! – insistiu

    Samuel.

    Vou contar até três para você levantar as mãos! – vociferou o

    policial.

    Acostumado com a violência nas ruas, Samuel sabia que era

    cauto atender ao pedido do polícia, como ele chamava. Tomado

    pelo dissabor da situação, ele elevou os braços, deixando a

    mostra tanto a camisa quanto o pequeno pote de margarina.

    É bom não tentar nenhuma façanha! – ordenou o policial ao se

    aproximar e revistar o mendigo.

    Eu não estou fazendo nada de errado! Só estou comprando! –

    insistiu novamente o dono do coração apaixonado.

    Muitas pessoas pararam suas compras para assistir o infortúnio

    do homem sem teto. Para alguns chegava a ser um deleite

    constatar que estavam em níveis sociais tão acima do infausto

    fétido.

    O que tem dentro desse pote? – indagou o policial enquanto

    apontava a arma na direção da cabeça de Samuel após a revista.

    Aqui tem dinheiro, seu polícia! É com ele que eu vou pagar

    tudo o que eu comprar.

    [ 12 ]

    [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

    Apontando a arma primeiramente para a mão do mendigo com

    a camisa, e depois para a mão com o pote de margarina, o

    policial ordenou:

    - Põe essa mercadoria no lugar! E abra o pote!

    Conservando-se em sua obediência, Samuel atendeu ao pedido

    do polícia.

    Ao constatar o que havia dentro, o policial questionou austero,

    ainda com a arma em punho:

    - Onde você roubou tudo isso, malandro?

    Eu não roubei! Eu tenho trabalhado e guardado dinheiro,

    autoridade! Eu

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1