Viva A Diferença! Será?
De Camila Rosa
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Viva A Diferença! Será? - Camila Rosa
Viva a Diferença! Será?
Por que é tão difícil aceitar que as pessoas são diferentes? Por que incomoda tanto? E eu não falo aqui sobre as diferenças já padronizadas
pela sociedade, como raça, gênero, religião… Essas já têm discussão suficiente a respeito.
O meu assunto é mais amplo e, ao mesmo tempo, muito menos debatido. Diferença, segundo o Google, é a qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra. Quanto maior a quantidade de características ou qualidades não comuns, maior a diferença
. É interessante observar que, de acordo com essa definição, diferença é qualidade
. Será?
Na minha opinião, sim!
Sempre fui uma pessoa diferente
. Diferente na maneira de agir, no modo de pensar e em como interagir com as pessoas. E sempre fui bem resolvida quanto a isso. No entanto, passei a observar e vivenciar acontecimentos que me levaram a escrever esse livro. Por mais que todos se declarem isentos de qualquer preconceito, quando algumas verdades sociais universais
são questionadas, ou rejeitadas, a tendência é julgar e desqualificar esses questionadores, pelo simples fato de remarem contra a maré
, de serem diferentes.
Fugir do senso comum, ou do gosto comum, é motivo de desconfiança. Será que alguém pode ser definido como bom ou mau porque não gosta de churrasco? Ou porque não gosta de sair com os amigos para tomar uma gelada
? Não! Não pode!
Ser diferente é normal! Não precisamos ser todos iguais, por mais que seja difícil para a grande maioria entender.
Todavia, meu objetivo aqui não é recriminar nem atacar ninguém. Gosto de contar histórias, e é por meio delas que vou tentar mostrar o outro lado
. O que eu sinto sendo diferente
, quais são os meus hábitos incomuns, o que de engraçado (e de não tão engraçado assim) eu já passei por conta deles e como minha personalidade e minha vida foram moldadas a partir desses hábitos.
Nelson Rodrigues já dizia que toda unanimidade é burra
. E, nesse sentido, eu faço questão de ser inteligente.
A Diferente
Meu nome é Camila Ferreira Infante Rosa Holstak (ufa!), e esse livro teve início da maneira mais informal possível: uma postagem em rede social. Tudo começou por causa de uma TPM (Tensão Pré-Menstrual)… Estava desolada, triste, e, para tentar me animar, resolvi escrever algumas coisas legais que tinham acontecido na minha vida. Como o texto ficou bonitinho, publiquei. Pronto! Foi a postagem mais curtida da minha linha do tempo
, com vários comentários, várias congratulações, e vários elogios à minha escrita. O meu objetivo de me animar
foi cumprido! E, mais do que isso, despertou em mim a vontade de continuar a contar histórias…
O texto é esse aqui embaixo, e resume bem a diferente
aqui.
Nasci em uma família de esportistas: pai, mãe e irmãos, todos jogadores de tênis. As minhas primeiras lembranças estão relacionadas ao tênis: o clube, as quadras, as arquibancadas… era ali que eu brincava. E não demorou para eu começar a jogar também. Com 8 anos, comecei a fazer aulas com o José Guilherme e com o Marcelo, que foram meus técnicos sempre. Duas vezes por semana, três vezes por semana, quatro vezes por semana, seis vezes por semana… o tênis começou a ser levado a sério. E era o que eu mais gostava de fazer! O meu sonho era participar de uma Olimpíada! Viagens, competições, Jogos da Juventude, Jogos Abertos, Campeonatos Paranaenses, Brasileiros, Mundiais… até que jogava direitinho! Mas o mais talentoso da família sempre foi o Miguel, meu irmão mais velho, que, com 16 anos, foi para os Estados Unidos (E.U.A.) jogar e estudar, dando início a uma safra
grande de brasileiros que fizeram o mesmo caminho… com o caminho aberto, eu e o Marcio, meu irmão do meio
, fomos também! Ganhei bolsa para jogar e estudar pela Old Dominion University e, com 17 anos, fui viver uma experiência única! Vida universitária em um novo país, com nova língua, novas responsabilidades, e o melhor, jogando o circuito universitário de tênis da primeira divisão norte-americana! Foi um semestre muito legal, de muita aprendizagem (com muita ajuda e paciência da minha cunhada/irmã Tracey), de muitas amizades conquistadas e de muito enriquecimento cultural. Fui para ficar o semestre e, mesmo ganhando bolsa para continuar, decidi que era hora de voltar…
De volta à minha cidade natal, Londrina-Pr, o próximo passo seria o vestibular. Continuava treinando, mas, com 18 anos, ou me profissionalizava, ou o tênis passaria a ser só um passatempo… e foi aí que o destino começou a atuar. Nos E.U.A., adquiri o hábito de correr. Eram corridas curtas, leves, de 20 minutos, que, além de ajudar no condicionamento físico para o tênis, me faziam um bem danado! E o hábito foi mantido em Londrina. Ia ao Zerão (parque da cidade), uma ou duas vezes na semana, e dava minha corridinha… até que um dia, uma moça magrela, chamada Adeluci, que corria (e ainda corre) como o vento veio me dizer que eu tinha jeito para aquilo. Achei graça, mas ficou por isso mesmo. Na semana seguinte, enquanto corria, aproximou-se um corredor, com um rabo de cavalo engraçado, falador, e me disse a mesma coisa! O tal corredor falador
era Moacir Marconi, o Coquinho, técnico de grandes corredores da época (e de hoje também!) e que mantinha uma equipe em Londrina. Comecei a acreditar na história! Em 15 de fevereiro de 2001 participei da minha primeira corrida, em Cornélio Procópio, e vale a pena contar o que aconteceu ali! Estava no meio da galera
, com meu primo Bruno, grande corredor, sem saber muito bem o que estava acontecendo, quando o narrador começou a anunciar os destaques da prova: Fulana de Tal
, Campeã da Pampulha, Melhor Brasileira da atualidade, e mil e outros títulos… Beltrana de Tal
, quinto lugar na São Silvestre, e mil e outros títulos… Camila Rosa
, de Londrina… ahn?? Aí saí eu do meio da galera, dando tchauzinho para a torcida e me colocando no pelotão de elite para a largada! Nada como conhecer Coquinho! E a partir daí a relação de amor
com o atletismo só cresceu! Comecei a treinar com o Coquinho, e depois também com o Raymundo, novas amizades nasceram, as distâncias dos treinos cresceram e um novo esporte tomava conta da minha vida, de forma mais intensa ainda! E, novamente, era o que eu mais amava fazer! Foram oito anos de treinos intensos, muitas viagens, sempre na companhia da minha mãe Teresinha, muitas corridas, troféus, pódios, e bons tempos conquistados (eu acho!): 36’29’’ nos 10 Km, 59’45’’ na São Silvestre (15 Km), 1h24’15’’ nos 21 km… faltou a maratona! Nesse meio tempo, passei para o vestibular de Educação Física na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em primeiro lugar, e me formei, também em primeiro lugar. Débora, Débora, Dani e Patrícia foram as amigas de ouro que ganhei nessa fase!
Mas, depois de tantos anos de treinos intensos, tanto com o tênis quanto com as corridas, o corpo começou a pedir descanso… Após uma série de lesões, em crise existencial
e com uma ajuda motivacional
da minha querida fisioterapeuta Isabel, em 2009, decidi que o esporte não dava mais para ser minha única profissão. Inspirada no exemplo do meu anjo irmão Marcio, que, em apenas dois meses tinha sido aprovado para o concurso de Procurador Federal, decidi que iria prestar Concurso Público! O que fazer? Google… Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil: não precisava ter formação em curso superior específico, tinha âmbito nacional e o subsídio era bem atrativo… decidido! E, mais uma vez, um novo sonho foi lançado: a aprovação! Desde o dia em que comecei a estudar, em maio de 2009, com as primeiras dicas do meu amigo Tiago, que também estudava na época, e que hoje também é Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, até o dia da última prova escrita, em fevereiro de 2010, foram mais de 1000 horas de HBC (Horas de Bunda na Cadeira. Concurseiros vão saber o que é isso!), nenhum (sim, nenhum) dia de folga, e muita disciplina e determinação, cultivadas sem dúvida com a vida de esportista, para aprender 23 matérias que nunca tinha estudado na vida (Direitos, Contabilidades, Economia, Finanças, Comércio Internacional, Matemática Financeira, Raciocínio Lógico, Administração Pública, Auditoria, além dos velhos conhecidos Português e Inglês). Meu primo Netto e meu irmão Marcio me deram uma grande ajuda com os recursos, e dá para falar que o dia da aprovação, com seu nome publicado no Diário Oficial da União, equivale à emoção de ganhar um torneio, de ganhar uma corrida, de conquistar um recorde pessoal! Lembro bem como liguei em êxtase para minha amiga de todas as horas, Sandra, às 7 horas da manhã, para contar a notícia! Tinha que ter sido a Thelma, minha prima mais especial, a nos apresentar!
Mais uma vez, vida nova, novos amigos queridos e uma parada no Norte do Brasil, com direito a conhecer cobras, araras e o amor da minha vida. É isso! Hoje já são 6 anos e meio de serviço público, amo o que eu faço e continuo correndo (e amando correr! As raquetes foram aposentadas e substituídas pela bicicleta) e participando de algumas provas por aqui. Porque a vida é assim: as chances aparecem, os sonhos se transformam e o nosso dever é sempre correr atrás!
A Família da Diferente
Apesar de, algumas vezes, desejar viver em uma bolha, isolada do mundo exterior, isso não é possível… Ainda bem! Porque tenho uma família espetacular! Cheia de defeitos, de manias, de maluquices, mas que eu não trocaria por nenhuma outra nesse mundo! E, como não poderia deixar