Maria Isabel
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Maria Isabel - Carlos Di Vienna
MARIA ISABEL
Nos Braços do Destino
Carlos Di Vienna
© COPYRIGHT 2022 POR CARLOS DI VIENNA
Todos os direitos reservados ao Autor
PUBLICAÇÃO PARTICULAR
Sem nenhum vínculo com Editora.
Capa: CARLOS DI VIENNA
Título da obra: MARIA ISABEL – Nos Braços Do Destino
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INVISÍVEL AOS OLHOS (Poemas)
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Contato com Autor: carlosdivienna10@gmail.com
MARIA ISABEL
Nos Braços do Destino
Carlos Di Vienna
Maria Isabel
Linda como a flor,
doce como o mel
Prólogo
AGULHAS - RJ
Há três dias a comitiva de ciganos havia chegado naquela cidade, e levantaram suas tendas num local descampado, próximo a um pequeno rio.
Etelvino tentou novamente se lembrar do seu passado, mas não conseguiu.
O chefe da comitiva, Jorge Liz, por diversas vezes quis saber quem ele era e de onde tinha vindo, mas Etelvino não se lembrava de nada.
Seu cérebro era um imenso buraco vazio.
Jorge Liz o batizara de Etelvino
, e assim ficou, pois não se lembrava nem mesmo do próprio nome.
Etelvino aceitou a ajuda dos ciganos e passou a viver peregrinando com a comitiva.
Sua vida havia sido apagada da memória.
Esforçara-se muito para se lembrar, mas com o passar dos anos, desistira. Sua memória mostrava apenas os acontecimentos a partir do encontro com a comitiva de ciganos.
Eles eram seus pais, sua família e sua vida. Tudo que ficara para trás, havia sido encoberto por um pesado cobertor.
Quem sou eu? Perguntava a si mesmo. De onde vim? Qual será meu verdadeiro nome?
Como o cérebro não lhe dava nenhuma resposta, chorava na escuridão da noite.
PRIMEIRA PARTE
O AMOR
Capítulo Um
SÃO PAULO - SP
Maria Isabel tinha vinte e dois anos, era uma linda mulher, com um corpo perfeito, amadurecida e cheia de encanto.
Tinha se transformado da noite para o dia na esposa do milionário Antônio Carlos da Silva Netto, dono do Grupo Ancar Têxtil Ltda.
Estavam casados há três anos e Isabel desdobrava-se para agradar o marido como esposa e companheira.
Encontrar Antônio foi uma chance que Deus me deu, pensou Isabel, e não posso desperdiçá-la.
Antônio Carlos comprara uma mansão no bairro do Morumbi, e se mudaram para lá. Isabel se sentia ociosa, pois a governanta ficara com todas as responsabilidades. À noite, quando não tinham festas para ir, se amavam e se entendiam maravilhosamente bem.
Durante o dia, auxiliava o marido na empresa.
No começo, a ideia não lhe agradou, mas ao mentir para o marido, dizendo que estava fazendo isto para ficar mais tempo ao lado dele, aceitara.
Isabel gostava do marido, porém, não era apaixonada por ele.
Antônio era um homem bonito e simpático, mas não era o amor de sua vida.
Depois de todo sofrimento pelo qual passei, desde minha infância, estar com Antônio é um prêmio.
Casaram-se em um dia chuvoso de abril, e conviveram dois anos em perfeita harmonia, mas a partir do terceiro ano, os desentendimentos chegaram, e às vezes, com intensidade. Alguns dias depois, faziam as pazes, pois o desejo e a saudade exigiam.
Depois que Isabel passou a trabalhar na Ancar, as brigas diminuíram, pois as tarefas e os compromissos os mantinham ocupados.
À noite, deitavam-se na cama e se viravam para o lado.
Nunca o amei, pensou Isabel, triste. Não sinto mais vontade de fazer amor com ele.
Enquanto Antônio Carlos, virado para o canto, pensava: O casamento se transformou em uma triste rotina.
Na Ancar, Isabel trabalhava em uma grande mesa que fora colocada ao lado da de Antônio e participava de todas as atividades.
Aos poucos ele foi colocando a esposa a par de tudo. Ela ficou conhecendo seus melhores funcionários e em quem podia ou não confiar. Adaptou-se rapidamente e quando o marido se ausentava, assumia o controle com competência.
Ela sabia que era a única herdeira.
Na realidade, todos sabiam, e isto ajudou.
Isabel estava à mesa, ditando uma carta para Luciene, secretária da diretoria, quando Humberto, auxiliar de Luciene, bateu à porta e entrou.
― Senhor Antônio, estou com um funcionário da empresa Vídeo Lis lá fora, e ele disse que o senhor o aguarda.
― Sim. Mande-o entrar.
Momentos depois, o homem entrava no escritório.
Não sabendo qual seria o assunto, Isabel dispensou Luciene.
O que Antônio pensa fazer? Se perguntou, curiosa.
Depois dos cumprimentos, o homem disse:
― Está tudo aí fora. Quer que instale agora?
― Não. Vamos deixar para o início da noite. Não quero que ninguém saiba. Ligue-me por volta das vinte horas e viremos instalar.
No horário combinado, os três foram à empresa.
Isabel fez questão de acompanhá-los.
Com a ajuda dos seguranças, levaram algumas caixas para o escritório e por volta das vinte e uma horas, o serviço havia terminado.
― Amanhã o doutor pode testar.
― E por que não agora?
― Está tarde. Além disso, confio em meu serviço.
― Mas eu não ― Antônio retrucou.
― E se amanhã algo não funcionar? ― perguntou Isabel.
― Senhora, isto não acontecerá. Mas se não estão cansados e desejam realmente fazer o teste, vamos fazê-lo agora.
Na recepção onde ficavam Luciene e Humberto, foi instalada uma câmera por detrás de um vidro. Os fios foram escondidos e através dos conduítes, levados até a mesa de Antônio.
Lá, foram conectados ao HDMI de uma televisão.
Usando o controle remoto ele ligou o televisor, e a câmera na recepção reproduziu a imagem na TV.
Das suas mesas, Antônio e Isabel poderiam ver e ouvir o que acontecia na recepção sem os funcionários saber.
Tudo funcionou perfeitamente bem.
― Esplêndido! ― exclamou Antônio sorrindo.
― Sabia que não falharia ― disse o homem com orgulho.
― Antônio, isto é maravilhoso! ― admirou-se Isabel.
― Sei que é. Vai nos ajudar muito.
― Principalmente quando sua irmã chegar ― disse, rindo. ― Fugiremos pelos fundos.
Antônio agradeceu e dispensou o homem.
No dia seguinte, Antônio pediu à esposa:
― Não comente com ninguém do sistema de imagem.
― Claro. Fique tranquilo. Se souberem, não fará sentido.
― Exatamente, Bel.
― Mas e a televisão?
― Ela ficará aqui do lado. Antes de recebermos alguém, desligaremos o aparelho. O que acha que pensarão?
― Que é apenas um simples aparelho de televisão.
― Exato. Para acompanharmos os noticiários do dia. Precisamos estar informados do que acontece no mundo.
Estavam com a TV ligada e observavam os dois funcionários trabalhando na recepção. Quem mais se dedicava era Humberto, pois Luciene falava muito ao telefone.
Aquilo foi um divertimento para ambos.
Passaram quase todo o dia observando as imagens e ouvindo diversas histórias tolas. A partir do terceiro dia, tornou-se monótono e deixaram de lado, mas a TV sempre permanecia ligada.
Geovina e Patrícia, mãe e irmã de Antônio Carlos, infernizaram Isabel, na tentativa de fazê-la desistir do casamento, porém agora, davam-lhe uma trégua. Isto não queria dizer que haviam aceitado a derrota.
― Não podíamos ter deixado este casamento acontecer!
― Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mãe.
― É um absurdo! Uma estranha ser a herdeira de meu filho!
― Isabel se casou com ele porque sabia do testamento.
― Destruirei este casamento ― disse Geovina com ódio. ― Acabarei com esta mulher. Ela não sabe do que sou capaz. Uma vagabunda não pode ser esposa e herdeira de meu filho!
― Conte comigo, mãe. O que pensa fazer?
― Ainda não pensei em nada, mas vou arquitetar um plano perfeito, algo que não deixe suspeitas. Tenha certeza de que este casamento não durará muito tempo.
Vou acabar com você, Isabel! Aguarde-me.
BALDIM - MG
Luiz Carlos era um garoto de treze anos, bonito e bem-educado.
Gostava de escrever poesias e suas composições circulavam pela redondeza, tornando-o conhecido.
Era admirado por todos, e os convites para escrever poemas chegavam a todo instante. Luiz escrevia e cobrava uma taxa pelo serviço e os rapazes entregavam às namoradas. Entretanto na última linha sempre estava escrito: LC.
Luiz Carlos tinha um caderno redigido à mão com inúmeras poesias. Este caderno percorrera a fazenda e a redondeza, pois todos queriam lê-lo. Isto fazia com que Roberto, seu pai, sempre se lembrasse da promessa que fizera, de ir para a cidade grande em busca de um futuro melhor para o filho.
Os pés de café cresceram e a última colheita batera o recorde da região. Foi o suficiente para Roberto guardar uma boa quantia.
Procurou o patrão.
― Sinto informá-lo, mas estamos indo embora.
― Mas, Roberto? Logo agora? A colheita foi maravilhosa?
― Por isso mesmo. Agora tenho dinheiro e posso ajudar meu filho nos estudos e tentar formá-lo em algo de que ele goste. Quero investir principalmente em seu lado poético.
― Podemos resolver este problema.
― Como?
― Pago os estudos de Luiz em alguma cidade aqui perto ― sugeriu ― enquanto isso, vocês trabalham comigo.
Roberto coçou a cabeça, não gostando da ideia de seu filho viver sozinho numa cidade grande, mas por outro lado, o patrão pagaria os gastos.
― Não posso decidir sozinho. Tenho que saber qual é a opinião da minha esposa e, principalmente dele.
― É justo. Nos falamos depois. O que ficar decidido, aceitarei.
Roberto foi para casa e chamou o filho e a esposa para uma conversa na sala. Quando estavam sentados frente a frente, relatou a proposta que o patrão havia feito.
― Acho uma boa ideia, ― disse o filho animado. ― Quando estiver formado e trabalhando, venho buscá-los.
ELE IRÁ SOFRER MUITO NO FUTURO
.
Era a frase de Margarida, retornando como um fantasma na mente de Sônia.
― Não concordo ― interveio com autoridade. ― Não quero meu filho longe de mim. Se ele for, Roberto, iremos juntos.
― Mãe... vocês não estão acostumados com a cidade grande.
― Muito menos você! ― ralhou.
― Então está decidido ― informou Roberto. ― Iremos juntos. E já que é para ir, iremos para São Paulo. Vamos arrumar as nossas coisas, mulher.
― Não será uma loucura, homem?
Eles se olharam em silêncio por alguns segundos, enquanto Luiz Carlos os fitava, ansioso, aguardando a resposta
― Não! Meu filho não será como eu... Ele será um homem estudado e diplomado.
― Entendi. Vamos lutar então pelo futuro dele.
― Juntos, venceremos.
Os três se abraçaram.
Chegaram de manhã na rodoviária de São Paulo.
Roberto usava um paletó no qual havia colocado no bolso algumas notas de pouco valor.
Aproximaram-se de um ponto de táxi e entraram em um.
Roberto pediu ao motorista que os levassem a um hotel, o qual tivesse uma diária mais em conta.
Dez minutos depois estavam em frente a uma pensão de boa aparência. Entraram. Depois de fazerem a ficha e pagarem dois meses adiantados, foram se instalar nos quartos.
No dia seguinte, Roberto saiu cedo para procurar emprego.
Com o passar dos dias percebeu que não seria fácil, pois não tinha experiência em nenhuma área.
Vendo sua dificuldade, um dos moradores da pensão o indicou a seu chefe numa metalúrgica no bairro da Leopoldina.
Três dias depois, estava trabalhando e seu salário era razoável.
Agora precisavam de uma casa para morar.
Sônia e Luiz ficaram responsáveis por esta tarefa.
Procuravam por um imóvel nas proximidades do serviço de Roberto.
Depois de alguns dias encontraram uma simpática senhora que se dispôs a alugar sua casa à família desconhecida.
A intenção era comprar uma casa, entretanto todas que encontraram à venda estavam com o valor alto demais. Por enquanto, morariam de aluguel.
Sônia conseguiu uma escola para Luiz Carlos e ele iniciou os estudos imediatamente.
OITO ANOS DEPOIS
Na mansão no bairro do Morumbi, Antônio Carlos providenciara uma grande festa em comemoração ao trigésimo aniversário de Maria Isabel.
Ela continuava linda como a flor e doce como o mel.
Dá a impressão de que para ela o tempo não passa, pensou Antônio.
Sentia-se feliz com a festa, porém, bem lá no fundo do coração, sabia que estava faltando alguma coisa.
Tenho tudo para ser feliz. Então por que não me sinto assim?
De repente, o filme de sua vida passou rapidamente pela memória e percebeu então que não tinha direito de reclamar.
Não amo Antônio, mas ele me dá tudo que preciso.
Com vinte e um anos, e estudo suficiente para encontrar um bom emprego, Luiz Carlos decidiu dedicar todo seu tempo para encontrá-lo.
Por ele, seu pai tinha se entregado de corpo e alma ao trabalho, e era o momento de retribuir.
Continuava escrevendo poesias e agora também, romances.
O pai deu-lhe um conselho:
― Encontre um bom emprego e não se preocupe conosco. Guarde o que conseguir economizar e utilize o valor no seu futuro. Invista na publicação do seu livro.
Observando diariamente as imagens da recepção na TV, Antônio Carlos percebeu que Luciene e Humberto estavam sobrecarregados, e não estavam dando conta do serviço.
Tomando café com Isabel no escritório, comentou:
― Decidi contratar mais uma pessoa para trabalhar conosco.
― Se acha necessário...
― Percebi que as atribuições são muitas para apenas dois funcionários. Precisamos de mais alguém para ajudá-los.
― O que tem em mente?
― Contratar alguém inteligente para nos auxiliar, e ao mesmo tempo, chefiar Luciene e Humberto.
Antônio observou as imagens na TV.
― Eles são vagarosos demais. O trabalho está sempre atrasado. Precisamos de alguém que faça com que se dediquem mais.
― Concordo.
― Vou falar com Gilmar agora mesmo.
Luiz Carlos passava pela rua quando avistou uma placa que dizia:
PRECISA-SE DE AUXILIAR ADMINISTRATIVO
.
Não tinha experiência, mas quem estava na chuva era para se molhar.
Aproximou-se do porteiro e disse que estava interessado na vaga.
Este pediu que aguardasse e foi até o telefone. Voltou logo depois trazendo um crachá de visitante
e o entregou a Luiz.
― Siga direto ― disse. ― No fim do corredor, vire à direita e estará em frente ao departamento de pessoal.
A entrevista com Gilmar foi rápida.
Preencheu uma ficha com seus dados pessoais e deixou a parte referente às experiências profissionais em branco.
A carteira profissional em branco era um empecilho, mas sua boa caligrafia, suas palavras firmes e decididas conquistaram Gilmar.
― Ligue-me amanhã por volta das dez horas.
― Obrigado. Aguardarei ansiosamente.
Logo depois, Gilmar estava em frente à mesa de Antônio.
― Pois não, Gilmar?
― Acredito ter encontrado a pessoa que procura.
― Verdade? Como ele é?
― Apesar de jovem, é inteligente, inspira poder e confiança. É calmo, fala bem e tem uma boa caligrafia. Tive uma ótima impressão.
― Sei...
― Veja seu currículo ― disse, entregando-lhe o documento.
Isabel analisou as informações junto com o marido.
― O currículo não é tão bom ― comentou, desanimada.
― Realmente não é ― concordou Gilmar ―, mas inspira confiança, é elegante e educado. Além disso, se ninguém lhe der uma oportunidade, como ganhará experiência?
― Vi que você realmente gostou dele ― murmurou Isabel. ― Se Antônio concordar, por mim tudo bem.
― Está bem ― aprovou Antônio, pondo o currículo sobre a mesa. ― Contrate-o imediatamente. Faça um contrato temporário e estipule uma experiência de três meses. Se neste período corresponder às expectativas, ficaremos com ele definitivamente.
― Providenciarei tudo ― disse Gilmar, se retirando.
Na segunda-feira às 07h45min, bem trajado e perfumado, Luiz Carlos chegava na empresa Ancar Têxtil Ltda.
Foi se apresentar a Gilmar.
― Só um minuto ― disse, pegando o telefone e teclando três números. ― Bom dia, Luciene. O senhor Antônio já chegou?
Eles conversaram por alguns segundos.
Depois de encerrar a ligação, se aproximou de Luiz Carlos.
― Acompanhe-me, rapaz. Vou apresentá-lo ao seu chefe, que por sinal é o dono da empresa.
Caminharam por um curto corredor.
― Foi por isto que te falei que era uma chance única e que não podia me decepcionar.
Minutos depois estavam na recepção de frente para Luciene.
― Podem entrar. O senhor Antônio os aguarda.
Gilmar abriu a porta e entrou, acompanhado por Luiz Carlos, que o seguia com o coração acelerado.
― Senhor... Apresento-lhe Luiz Carlos... Luiz Carlos, este é Antônio Carlos, seu chefe e dono do Grupo Ancar Têxtil Ltda.
― Muito prazer, Luiz Carlos ― disse Antônio Carlos cumprimentando-o. ― Vamos te chamar de Luiz, já que também tenho Carlos no nome. Ok?
― Sim. Claro.
― E você pode me chamar apenas de Antônio. Te desejo boa sorte e saiba que vai depender unicamente de você continuar ou não conosco.
― Saiba que farei o possível e o impossível para que isto aconteça.
― Espero que possamos nos entender bem. Gilmar já deve ter-lhe explicado o serviço e qual será a sua função.
― Sim. Está tudo certo.
― Quero que conheça minha esposa Maria Isabel.
Isabel que até então não havia movido um músculo, concentrada num contrato, se levantou e olhou o novo funcionário.
Um arrepio percorreu seu corpo ao fitá-lo.
Algo no olhar do rapaz a perturbara.
Viu no brilho dos seus olhos o que não tinha visto nos olhos de nenhum outro homem.
Algo que mexeu com o seu coração.
Aproximou-se e estendeu a mão.
― Muito prazer. Seja bem-vindo.
― Obrigado ― disse Luiz, admirado com a sua beleza.
O que está acontecendo? Pensou Isabel. Parece que o conheço de algum lugar. Meu coração está acelerado.
Com as mãos suadas, Luiz Carlos disfarçava o nervosismo, enquanto seus olhos insistiam em fitá-la.
Em toda minha vida, jamais vi uma mulher tão linda assim!
Capítulo Dois
Luiz Carlos foi apresentado a Luciene e Humberto como Auxiliar Administrativo da Diretoria e Chefe da recepção. Ambos se olharam e Luciene percebeu que nada seria como antes.
A mesa de Luiz fora colocada de frente a de Luciene. Isto a intimidaria. Também evitaria que ficasse pendurada no telefone. O abuso com o horário de almoço, que variava de uma hora e meia, às vezes chegando a duas, foi sanado, passando a ser cumprido rigorosamente.
Em um mês, colocaram o serviço em dia.
Antônio percebeu que havia contratado o funcionário ideal.
― Estou satisfeito com o seu serviço, Luiz.
― Fico feliz em saber, senhor.
― Continue assim e terá um futuro brilhante.
Percebendo a eficiência de Luiz, o empresário passou a deixar a maior parte dos problemas para ele resolver.
Mas algo acontecia e Antônio não percebia.
A cada dia, Luiz se sentia mais atraído por Isabel.
Ela é maravilhosa! Seu jeito de andar, falar e caminhar, me deixa zonzo.
Aquele sentimento machucava seu coração, pois não sabia o que fazer. Havia encontrado uma oportunidade única de mostrar a sua competência e prosperar, mas aquele sentimento queimava sua alma.
Tire isso da cabeça! Dizia a si mesmo. Você enlouqueceu?
Às vezes quando Isabel lhe entregava algum documento, e acidentalmente suas mãos se tocavam, o contato queimava feito fogo. Mesmo sendo involuntários, acelerava o coração.
Jamais se interessara por alguém, e agora, o destino o abraçava, sufocando-o por inteiro.
Como agir com a razão, quando quem manda é a emoção?
― Está na hora de encontrar uma mulher ― dissera o pai certo dia, sorrindo. ― Não somos nada sem elas.
― Ainda não encontrei a ideal.
― Acalme-se, Roberto ― interveio Sônia. ― Tudo tem seu tempo e sua hora. Luiz vai encontrar uma bela mulher.
― Não tenho dúvidas quanto a isso.
Luiz sempre acreditou que isto um dia acabaria acontecendo, só não imaginou que seria com a mulher do seu chefe, um homem rico, poderoso e famoso.
Uma armadilha do destino.
Algumas vezes pensou em