A Teoria da Conservação Preventiva no Brasil
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A Teoria da Conservação Preventiva no Brasil - Joana Pinheiro Gomes Arêas
1. INTRODUÇÃO
A discussão sobre a preservação de acervos em museu, biblioteca, arquivo e centro de documentação nem sempre foi pensada para conjuntos de documentos ou para coleções inteiras, mas se direcionava à conservação de um único item ou objeto, elencado como de maior relevância, através de ações de restauração. O preceito da conservação preventiva
, cujo objetivo é o gerenciamento da totalidade do acervo, é relativamente recente e data de meados do século 20. Entretanto, esta teoria só atinge as discussões brasileiras tardiamente. Este livro pretende compreender a recepção da conservação preventiva
no Brasil, através do exame dos artigos publicados na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para isso o estudo está estruturado em três capítulos principais.
O capítulo inicial, Os paradigmas conceituais de preservação na comunidade internacional
, irá percorrer, brevemente, as discussões teóricas em torno das metodologias e práticas da restauração, sobretudo os embates dos séculos 19 e 20, que resultaram na formulação da teoria da restauração
. Prosseguindo o estudo, será apresentada a mudança de paradigma da preservação, em meados do século 20, após a tragédia da inundação do rio Arno, em Florença, na Itália, que causou danos a uma quantidade alarmante de acervo de diversas instituições. A comoção internacional em torno do episódio, resultou num esforço de inúmeros especialistas ao redor do mundo que contribuiu, significativamente, para a consolidação do modelo conceitual de conservação preventiva
, como parâmetro principal na preservação de acervos.
O capítulo seguinte, A preservação em âmbito nacional
, discutirá as medidas de preservação do patrimônio adotadas no Brasil, principalmente após a sistematização de políticas públicas ocorridas a partir da criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)¹, em 1937. A primeira parte do capítulo focará nas ações de preservação assumidas pela União, especialmente entre 1937-1978. A segunda parte do capítulo irá se ater à recepção brasileira do modelo conceitual de conservação preventiva
formulado internacionalmente no século 20. Através da análise dos artigos publicados no principal periódico de conservação e restauração do Brasil, a Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,² será debatido em que medida o tema da conservação preventiva
permeia as discussões acerca da preservação do patrimônio nacional.
Finalizando, o último capítulo, A inserção do Brasil nas discussões de ‘conservação preventiva’: a década de 1980 em diante
, fará um rápido apanhado da expansão da teoria de conservação preventiva
no Brasil, após a década de 1980.
1 O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), criado em 1937, tornou-se Diretoria em 1946 (DPHAN); em 1970, assume a denominação de Instituto (IPHAN) e, em 1979, de Secretaria novamente sob a sigla SPHAN. Em 1981, passa a Subsecretaria, mantendo a sigla SPHAN. Finalmente, em 1994, readquire a designação de Instituto e recebe a nomenclatura de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para fins didáticos, manteremos ao longo deste estudo a sigla IPHAN, desconsiderando as sucessivas mudanças de nomenclatura.
2 De 1937 até 1945 o periódico era intitulado de Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A partir de 1946, passou a ser denominado de Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nome que permanece até os dias atuais. Em decorrência do enfoque deste livro, não iremos fazer a distinção de nomenclatura da publicação, tratando-a sempre como Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
2. OS PARADIGMAS CONCEITUAIS DE PRESERVAÇÃO NA COMUNIDADE INTERNACIONAL
A conservação de obras de arte e do patrimônio edificado é uma atividade de longa data e, até o século 19, se concentrava em atividades de restauração. O objetivo principal destas intervenções era reparar e reconstituir a obra danificada, permitindo sua fruição enquanto objeto artístico.
As grandes descobertas arqueológicas no século 18 - como as cidades de Herculano, em 1738, e Pompeia, em 1748, na Itália - aliadas ao surgimento dos primeiros museus no mundo³ resultaram numa intensificação das práticas da restauração, sobretudo na Europa.⁴ A criação dos museus permitiu um maior contato do público com diversas obras de arte, antigamente mantidas em coleções privadas e com acesso extremamente restrito. A partir da Revolução Francesa, em 1797, a laicalização do Estado altera a relação da sociedade com as obras de arte, que passaram a ser compreendidas enquanto um patrimônio público, isto é, pertencente a toda a sociedade.
Neste período, a prática da restauração estava associada às técnicas e aos métodos artesanais, cujos preceitos norteadores eram a sensibilidade artística, a destreza manual e o conhecimento empírico de técnicas artísticas. O restauro era concebido enquanto um processo artístico, razão pelo qual era executado fundamentalmente por artesões e artistas.
A Revolução Industrial, do final do século 18 e começo do século