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A Serraria
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E-book217 páginas2 horas

A Serraria

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Sobre este e-book

Os meninos da Rua Oxford queriam apenas brincar, passar por baixo da serra gigante, em pleno funcionamento. Mas eles descobrirão coisas sinistras e assustadoras. As forças malignas entres dois mundos sombrios que lutam para prevalecer. A velha infância, cheia de brincadeiras e curiosidades, mas com tragédias e um desfecho pavoroso de vingança. O Horror que habita a serraria irá reviver a nossa infância, cheia de medos e incertezas. Bem vindos ao assombroso mundo dos meninos da Rua Oxford.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de set. de 2020
A Serraria

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    A Serraria - Danilo Seraphim

    P R E F Á C I O

    Sou assumidamente um consumidor de livros, das narrativas e o horizonte dos intervalos que a mente entrega aos mistérios e oportunidades da ordem de preferência do prazer humano.

    Ler é isso... viajar e ter prazer.

    Singrando os mares nacionais da literatura, encontrei DANILO SERAPHIM um escritor que nos apresenta o HORROR com uma pitada de CLÁSSICOS DO TERROR  destacando-se pela causa secreta da história e seu fascínio humano pelo desconhecido.

    Onde nada surpreende mais do que o retrato cotidiano da aventura pela sensação de prazer e a pequena pérola sentimental das formas distintas e divisíveis do incômodo. Essa variante em especifico que tanto já consagrou alguns mestres do horror reside capaz de horrorizar e provocar estranhos (e deliciosos) incômodos à inocência humana pelo simples fato de sentir, de amar ou ter.

    Leitor nenhum sairá impune de A SERRARIA. Aqui, o sobrenatural caminha lado a lado ao cotidiano, aos infortúnios do azar ou aos caprichos de um destino implacável que às vezes traz a punição mais rápida do que esperamos. A SERRARIA é isso um misto do inexplicável ao lado obscuro da alma humana, da realidade e da certeza em todas as suas formas e deleite.

    ENOQUE F. OCARDOZO, pai, escritor/poeta/romancista/ contista/cronistas, professor/pesquisador em história, ilustrador, designer gráfico editorial, embaixador da poesia no Brasil, membro da UBE/Garanhuns, Membro honorário da Academia de Letras do Brasil/Minas Gerais/Região Metropolitana de Belo Horizonte - ALB/MG/RMBH e da Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes – ANELCA, fundador da Trupe de Serviços Editoriais Freelancer, Ed. Casa de Bonecas, CASA LITERÁRIA ENOQUE CARDOZO – CLEC e da ACADEMIA INDEPENDENTE DE LETRAS – AIL/ORDEM SCRIPTORIUM.

    I N T R O D U Ç Ã O

    Dizem os antigos ou as más línguas, que, em um passado bem distante, ou talvez nem tanto assim, na época em que ocorreram algumas revoluções em Unidades Federativas desse Brasil imenso, as antigas madeireiras e serrarias serviram de fortes aos soldados guerrilheiros, os quais se aproveitavam de suas cavidades subterrâneas, quase sempre existentes nesses locais, para utilizarem-nas como genuínas casamatas, sendo depois, em alguns casos, transformadas em verdadeiros cemitérios, para sepultar ali mesmo os combatentes mortos na guerra. Por essa razão, após o final dos combates, emergiram boatos nas pequenas Cidades, no sentido de que esses locais sempre foram atormentados ou assombrados, retratando cenas de mortes sombrias e incomuns, tais como: enforcamentos, acidentes inexplicáveis e outros tantos tipos de suicídios.

    Mas o que não se pode explicar, é que, além disso, surgem também outras histórias, cuja origem e desfecho jamais poderíamos imaginar.

    Para alguns, apenas lendas...

    Para outros, novas descobertas.

    Com a palavra: os meninos da SERRARIA.

    A Velha Infância

    1. A casa do senhor David era uma casa de esquina, localizada na velha Rua Oxford, na cidadezinha de Cárpoles, ao norte do Estado do Paraná.

    O local era também conhecido por suas lendas e crendices.

    O casarão do senhor David, que era um homem bondoso e acolhedor, vivia sempre cheio de gente, que ali entrava e saia constantemente.

    Era uma grande movimentação.

    Em mais um dia, de uma segunda-feira qualquer, daquele ano de 1984 Daniel e Nafir brincavam de forte apache na área grande do casarão.

    Ao lado da casa também funcionava o local de trabalho do senhor David.

    Era uma casa de esquina, de quintal grande, onde havia inclusive um parquinho com duas enormes mangueiras que os meninos aguardavam até o mês de dezembro, no fim de ano, na espera das mangas, inclusive atravessavam de uma árvore à outra, pois as duas mangueiras gigantes eram praticamente unidas por um tronco enorme.

    A casa mobilizava a garotada do bairro, da pacata Cidade.

    Os filhos do senhor David da casa de esquina, eram respectivamente:

    Dimas, Daniel e Danton:

    Dimas era o filho mais velho da família do senhor David, um pouco ranzinza e meio encrenqueiro quando havia alguma disputa, pois ele gostava de levar vantagens principalmente no futebol, onde sempre escolhia os melhores. Ele tinha uma estatura mediana, os cabelos bem pretos e alguns tiques e adorava brincar de médico.

    Seu irmão Daniel, o filho do meio, era magrelo e alto e metido a jogar de goleiro, pois era vidrado em futebol. Também tinha alguns tiques e não costumava pentear os cabelos.

    E Danton, o caçula da família de Dimas e Daniel era um menino à frente do seu tempo, que desde aquela época já era ligado em games, livros de mitologia, enigmas e outras brincadeiras incomuns. Era gordinho, fazia de tudo por um lanche e parecia um pouco mais normal, pois não tinha tiques como os irmãos.

    2. Eles se juntavam aos meninos da vizinhança, principalmente com Kelvin e Nafir, que moravam na casa da frente, do outro lado da rua, onde também funcionava a velha serraria, apenas separada por um muro, e que era administrada pelo senhor Túlio, avô de Kelvin e Nafir.

    A família havia se mudado para lá não fazia muito tempo.

    Nafir era um menino baixinho e invocado, tirava sarro de todos e às vezes saia correndo para não apanhar, mas era muito camarada com os outros meninos.

    Kelvin, irmão de Nafir, identificava-se com Dimas, pois além de serem irmãos mais velhos, tinham algo em comum: eram estressadinhos e sempre queriam estar com a razão, mas eram referências aos irmãos mais novos e tinham espírito de liderança, ainda que alguns não concordassem com isso.

    Reuniam-se por ali ainda, outros meninos, como: Rodrigo e Caio que eram vizinhos, além de Henrique que era da rua de baixo e alguns outros que apareciam por lá.

    Em Cárpoles não havia muito o que se fazer naquela época, a não ser brincar de pique esconde, salva, mãe da rua, jogar peladas, pião, pipas, bolinhas de gude, enfim aquelas brincadeiras tradicionais das crianças de 1984. Pensando bem, havia muito mais o que se fazer do que hoje, pois hoje existem apenas duas brincadeiras no universo das crianças: Computador e Telefone Celular.

    O diabo que me desminta!

    Do outro lado da rua, de frente à velha casa, lá estava ela: a grande serraria, assentada sobre um antigo cemitério de homens guerrilheiros que participaram de uma batalha sangrenta entre os anos de 1912 a 1916, aproximadamente.

    Alguns soldados mortos no confronto foram sepultados ali mesmo no local.

    A antiga serraria, a exemplo do que ocorrera com a famosa Madeireira Lumber no Estado de Santa Catarina, servira de abrigo e forte, para os homens na guerra do Contestado que envolvera esse mesmo Estado e o Estado do Paraná.

    Bom, isso era o que se dizia no bairro e na Cidade inteira, inclusive parece até que havia algum documento, mas ninguém nunca se meteu a fazer nenhuma exumação no lugar.

    Por essa razão, fortes boatos atormentavam a pacata Cidade de Cárpoles, sobre argumentos de que as serras se ligavam de repente sozinhas à noite, as luzes piscavam de forma intermitente e até mesmo presenças sobrenaturais e malignas habitavam o local, mas os meninos da Rua Oxford, apesar disso tudo, sempre estavam lá na velha serraria, brincando o tempo todo, sempre às escondidas, mesmo com inúmeras advertências dos adultos, que estavam muito mais preocupados em razão dos perigos que os maquinários ofereciam aos meninos do que com as crendices do local.

    Mesmo com todos os boatos de horrores sobre a serraria, os meninos se acostumaram com o local, pois o senhor Túlio, avô de Kelvin e Nafir, já há alguns anos trabalhava por ali. É verdade que o senhor Túlio começou a beber descontroladamente após começar a trabalhar na serraria, o que fazia com que muitos, como sua filha, mãe de Kelvin e Nafir acreditasse que o local não fizesse bem a ele e por isso ela teria pedido diversas vezes a ele para que largasse esse serviço, mas seu Túlio dizia que era apenas coincidência e continuava à frente do local.

    3. Seu Túlio era um velho magro com uma expressão judiada pelo tempo. Todos os dias ele vestia uma velha calça social, um tênis da marca conga, daquele azul escuro antigo, que parecia um jeans cansado e outras vezes um ki-chute, e uma camisa us top com listras e dois bolsos, e em um deles um maço de cigarro Arizona, quase caindo do bolso, onde eram exibidas as pontas dos tabacos.

    Mesmo com as advertências dos pais, ao menos uma vez por dia, Dimas, Daniel, Kelvin e Nafir iam escondidos até a serraria, para apanharem cavacos e resíduos de madeira e o que era pior: passarem embaixo da gigantesca serra que cortava toras enormes. Isso mesmo! Passarem por de baixo da serra, muitas vezes em funcionamento. Isso parece insano, mas era exatamente o que faziam.

    O senhor Túlio até os surpreendia por lá algumas vezes, e sempre que os via, soltava os cachorros nos meninos, colocando todos para correr; mas jamais desconfiara de que os meninos estivessem passando embaixo da gigantesca serra e ainda, adentrando sempre por uma espécie de subsolo que existia na serraria que eles deram o nome de túnel.

    Insanidade pura dos meninos da Rua Oxford. Mas era emocionante para eles, atravessarem o túnel, principalmente com os aparelhos em funcionamento mesmo brincando com a morte todos os dias. Talvez nem soubessem disso.

    E então, como aconteciam todos os dias, Nafir e Daniel brincavam na área da casa do senhor David. Dimas e Kelvin estavam no quintal jogando futebol:

    — Ei Nafir, eu brinco com os índios hoje, você pode pegar os mocinhos!

    — Puxa Daniel eu já havia arrumado todos aqui na minha tribo que eu criei.

    — Nafir, tudo bem, mas achei que você iria gostar de brincar com os mocinhos porque hoje ganhei esse homem aqui, é um General.

    — Puxa Daniel, que legal cara! Um general?! Então eu troco com você! Já tenho um nome: General Custer!

    — Custer?! Você andou lendo algo sobre guerras civis e guerras indígenas americanas Nafir?

    — Meu pai possui muitos livros de faroeste e ele me conta essas histórias.

    — Que legal cara, acho que é esse general mesmo sabia?! Você é esperto Nafir, mas interesseiro também. Tudo bem passe os índios para cá.

    4. Naquele mesmo instante chegaram Dimas e Kelvin, irmãos mais velhos de Daniel e Nafir respectivamente.

    — Ei, que tal uma partida de futebol? O Kelvin e o Rodrigo são do meu time, disse Dimas afobado.

    — Não sei se quero deixar de brincar de forte agora - respondeu Daniel.

    — Eu não vou não, agora estamos montando frente para atacar os índios, estamos aguardando o General Custer dar o comando-disse Nafir empolgado com o novo homem da coleção do forte apache.

    Dimas e Kelvin riram tirando sarro e em seguida desafiavam e provocavam Daniel e Nafir.

    — Ei Daniel, o Kelvin disse que você e o Nafir têm medo de passar por baixo da serra gigante a noite - disse Dimas provocando o irmão mais novo.

    — Você e o Kelvin são bobos mesmo, à noite a serra gigante está desligada e não há ninguém trabalhando seus otários-respondeu Daniel, justificando com alívio sua visível falta de coragem.

    — Mas o Kelvin disse que

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