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Dança é arte, dança é paixão
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Dança é arte, dança é paixão
E-book215 páginas2 horas

Dança é arte, dança é paixão

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Sobre este e-book

Biografia da Cia Dança de Rua de Ribeirão Preto, fundada pelo santista Alexandre Miranda, o Snoop, que, entre muitas dificuldades pessoais e financeiras, levou seu sonho até a cidade do interior paulista e fomentou-o por vinte anos. Nessa caminhada, histórias de conquistas, sonhos, paixões, inseguranças, rivalidades, parcerias e muito aprendizado. A trajetória é narrada sob o olhar de André Miranda, irmão e integrante, cujas lembranças remetem a esse legado.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento19 de set. de 2022
ISBN9786525426532
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    Pré-visualização do livro

    Dança é arte, dança é paixão - André Miranda de Oliveira

    Dedicatória

    Além de dedicar essa obra ao ser humano Alexandre Miranda, o grande responsável por tudo isso e também por inúmeras transformações positivas em minha vida, dedico-a também a minha mãe Ana Lúcia, ao meu pai Mendonça, a minha herdeira Yanna Kathleen, meus sobrinhos, minha cunhada Ângela que sempre me apoiou demais na dança, e à memória de algumas pessoas que se fizeram presentes nesse processo, contudo não estão mais entre nós: Marcelo Otávio, integrante da Cia Dança de Rua do Brasil e coreógrafo do Grupo Apocalipse (Santos); Willian Casulo, dançarino e coreógrafo de grupos como Street Style, Hip Hop Brooklyn e Crazy Jam; Thiago Rossi, coreógrafo do grupo Hip Hop Hoste, e também um grande seguidor de nosso trabalho. Menciono também o nosso eterno Carlitos Danilo Braga, membro dos grupos Primeira Impressão e Crazy Jam; minha querida Mara Dias, diretora do CAD (Ribeirão Preto); o nosso querido amigo de infância Glauber Ely - DJ de ofício e paixão - além do parceiro Wesley Chocolate (MG) e de Elydio Antonelli, um dos maiores bailarinos que Ribeirão Preto já teve. Por fim, dedico à memória da exímia coreógrafa Rosely Rodrigues, da Raça Cia de dança, que também foi peça fundamental em nossa evolução. Descansem em paz.

    Agradecimentos

    A colaboração de ex-integrantes que se propuseram a me enviar textos interessantes sobre os momentos mais marcantes que viveram dentro desta equipe. Através dessas lembranças, pude traçar um parâmetro dos momentos a serem narrados nesta biografia.

    A todos os outros que não escreveram, mas que se fizeram presentes nesta história, deixando um pouco de si em nossos pergaminhos. Procurei citar cada um de vocês. Peço perdão se deixei de lado algum outro momento marcante ou se mencionei algo muito particular. Tentei descrever tudo com a mais absoluta sinceridade e, mesmo nos pequenos lapsos, ser o mais descritível e verdadeiro possível.

    A minha mãe Ana Lúcia pelo exemplo, força e apoio peculiares de sempre; aos meus tios de Ribeirão Preto, em especial nossa tia Betinha, por todo o apoio nos dado em nossa fase inicial; e, também, ao meu pai, José Carlos de Mendonça, pelo exemplo de garra e luta que nos concedeu.

    Aos amigos de infância, em especial meu meio-irmão Adriano Jorge, pelo encorajamento e apoio de muitos anos; e também ao Studium Carla Petroni, por ter aberto suas portas para que o mestre Snoop iniciasse essa trajetória.

    A todos os dançarinos que, em algum momento, dividiram palco comigo. Aprendi um pouco com cada um de vocês.

    Por fim, agradeço aos grandes profissionais da dança que cruzaram nossos caminhos nesse processo, ensinando e aprendendo conosco nesse mundo de tantas descobertas que exploramos em cada momento.

    Prefácio

    Antes de tudo, conforme os direcionamentos de espontaneidade solicitados pelo meu irmão e autor, eu os convido a bater um pequeno papo sobre as minhas vivências dentro do universo da dança. Tentarei ser o mais breve e natural, portanto deixarei um pouco de lado as formalidades.

    Sem mais delongas, meu nome é Alexandre Miranda, mais conhecido por SNOOP, apelido que obtive pelo meu professor santista Marcelo Cirino, idealizador, diretor, coreógrafo e dançarino do Projeto Dança de Rua de SANTOS. Tenho 47 anos, casado, pai de quatro filhos e avô de quatro netos, por enquanto! O meu contato com este lindo universo pelo qual tenho enorme PAIXÃO (palavra-chave de todo o contexto aqui), iniciou com os meus amigos de infância da Vila Mathias, bairro da cidade de Santos, e deu-se exatamente no ano de 1988, na minha querida cidade natal. As vivências tiveram como base festas de aniversário (as famosas brincas) e, consequentemente, os bailes de toda a Baixada Santista. Tudo se intensificou quando fui prestigiar o meu amigo Robson num festival de dança no teatro municipal, realizado pelo Projeto da SECULT, ou seja, o Projeto DANÇA DE RUA DE SANTOS, projeto que agregava o grupo principal e, a partir dos integrantes, outros grupos eram criados e tornavam-se vertentes.

    Minha história nesse projeto se iniciou um pouco antes, em 1993, quando ingressei em um desses grupos – o Warlike Dance, dirigido e coreografado pelo dançarino Ricardo Dias – e a partir disso, em 1995, fui selecionado para integrar a primeira formação do grupo DANÇA DE RUA DO BRASIL, que antes era denominado Dança de Rua de Santos, e ainda integrado por uma mescla entre homens e mulheres. Para a nova roupagem, em 95, Cirino decidiu seguir apenas com o elenco masculino.

    Foi exatamente nessa vivência que comecei a conhecer profundamente o universo da dança, tanto dentro dos festivais quanto em relação à questão técnica e artística então, em 1998, através de um convite do meu eterno amigo e parceiro de dança Marcelo Octávio, tive a oportunidade de iniciar minha carreira como coreógrafo. Essa parceria ocorreu no grupo de dança Apocalipse. Essa experiência me levou a querer criar meu próprio grupo e, ao final desse mesmo ano, surgiu o Grupo de Dança Êxtase. Mesmo após tanto tempo, consigo memorizar muito bem o dia da seletiva e foi lindo de ver o meu irmão André presente pra participar dela, um momento indescritível! Os grandes momentos junto a essa equipe não duraram muito, pois em 1999, sob a pressão de algumas tristes situações financeiras em que eu e minha família (esposa e filhos pequenos) passávamos, mudamo-nos pra Ribeirão Preto e, assim... (este é o momento em que a respiração fica ofegante e intensa, mas prosseguirei).

    Assim, iniciou-se a linda história escrita nessas páginas, com muito carinho, gratidão, intensidade e entrega, por inúmeros protagonistas, pessoas com as quais tive o imenso prazer em conviver, e digo CONVIVER porque foi muito além da DANÇA, o carro chefe da primeira conexão. Através dessa dança, vivenciamos intensamente inúmeros momentos e foi justamente por isso que o nosso querido escritor e meu irmão de sangue, André Miranda, resolveu nos deixar este lindo LEGADO, cujo título é DANÇA É ARTE, DANÇA É PAIXÃO possui forte significado. Sabe qual? Vocês descobrirão quando iniciarem a leitura.

    Sei que já estão ansiosos para se conectarem com essa história, porém ainda acentuarei mais algumas questões que contribuíram para essa jornada, algumas menções que não podem passar despercebidas. Em primeiro lugar, agradecer a DEUS por ter colocado em minha trajetória nesta cidade tantas pessoas queridas, seja através da dança ou em outras situações mesmo adversas. Agradecer aos meus pais por tudo, seja nos ensinamentos da vida, seja no carinho e cuidado, pois foi assim que me tornei uma pessoa de princípios. Agradecer ao meu querido irmão André Miranda pela sempre parceria, carinho, credibilidade e apoio que sempre me deu tanto em relação à dança quanto à vida. Falando em parceria, agradeço demais a minha linda e querida esposa Angela Melo, que sempre esteve ao meu lado em todos e quaisquer momentos, na alegria ou na tristeza, ela sempre foi e será o meu PORTO-SEGURO. Em se tratando do universo dança, ela foi uma das peças fundamentais para toda a construção desse processo, suportando, fortalecendo e agregando.

    Falando dos protagonistas diretamente envolvidos nesta obra, vou começar por ordem cronológica e com os meus maiores influenciadores. Primeiramente, os amigos de infância, sendo Robson Castro, Tio Jorge, Marcelo, Agnaldo MC e Glauber Ely; do Projeto Santista, Ricardo Dias (Nação de Rua), Marcelo Cirino (Dança de Rua do Brasil), Marcelo Octávio (Grupo Apocalipse e, agora, nos braços de Deus), o meu querido Grupo ÊXTASE. Indiretamente, mas de forma ímpar, os renomados dançarinos e coreógrafos Octávio Nassur, Edson Guiu, Roseli Rodrigues, Ismael Guiser, Eudóxio Junior, Frank Ejara, André Rockmaster, Henrique Bianchini, Ivo Alcântara, Prince Toshiba, Henry Camargo, Eliseu Corrêa, dentre outros. Tratando-se de Ribeirão Preto, os queridos coreógrafos André Miranda, Wellington Taborda (Popó), João Victor Fernandes, Marcelo Fernandes, Alessandro Mastrângelo DJ, Tadeu Santos, Maxswel Augusto, entre muitos outros. Por fim, os grandes responsáveis por toda a trajetória dessa linda e grande vivência: VOCÊ! Cada um que passou pela CIA DRRP, não importando o tempo em que esteve, mas por todos os instantes e aprendizados mútuos, além da vivência, pois se os ensinei, creio ter aprendido ainda mais com cada um de vocês e, por isso, GRATIDÃO A TODOS!!!

    Que a partir de agora se abram as cortinas para o espetáculo da vida através da ARTE e com toda a PAIXÃO!

    BOA LEITURA !

    Alexandre Miranda de Oliveira

    (Snoop)

    Apresentação

    Um jovem dançarino de Santos vê despertar de si um desejo em levar a Ribeirão Preto um projeto de dança nos moldes em que ele participou em sua cidade natal: Santos. A ideia principal é dar aos outros jovens a mesma oportunidade que ele teve de conhecer, aperfeiçoar-se e apaixonar-se inteiramente pela dança de rua. Nesse processo, conhecerá a dor da saudade, as dificuldades financeiras, o otimismo, a insegurança, a frustração, o respeito, a integridade, a coragem, a glória e o espírito vencedor. Conhecerá também a verdadeira importância do trabalho em equipe e da parceria, especialmente a que dividirá com seu irmão, um roqueiro que ele inspira a migrar para o mundo da dança e o convence a segui-lo nessa empreitada rumo ao topo, ao lado de respeitados grupos da cena nacional.

    A jornada de quase vinte anos é interrompida em algumas ocasiões, mostrando que nem toda história de conquista é feita só de vitórias. Os valores individuais são o grande enfoque dessa biografia, que traça uma linha de aproximação entre o sonho individual e o seu posterior compartilhamento, a importância que se dá a ele, o processo de colocá-lo em prática e, por fim, a bagagem que se acumula nesse processo.

    O título desta obra vem justamente de um grito de saudação criado para reforçar, após as apresentações, o que aquela camisa representava para cada um daqueles jovens sonhadores que a vestia, além de evidenciar que só se destaca dentro da arte proposta àqueles que se doam de alma e de coração a ela, pois só assim a verdade tornar-se-á perceptível.

    No contexto, a história por trás de cada coreografia. O que cada uma significou, como foram elaboradas e de onde saíram as ideias para que fossem postas em prática. Os conflitos internos da equipe, que ora se chamou grupo, ora se chamou Companhia, e que no final das contas se tratou da reunião social e cultural entre egos, pensamentos, ambições e talentos, orquestrados por um antes sonhador que, no futuro, seria apelidado de mestre.

    Os bastidores das grandes viagens e eventos dos quais participaram, as situações interpessoais que ocorreram durante esse processo, as vitórias e as conquistas, os insucessos, as lições tiradas, as rivalidades, as parcerias, a grande quantidade de dançarinos que fizeram parte dessa caravana. Alguns dos principais momentos inesquecíveis na vida desses membros, de uma equipe que marcou para sempre as suas vidas, e também a história da dança em Ribeirão Preto.

    Lágrimas e sorrisos. É hora de voltarmos no tempo para recordarmos um pouco dessa jornada de quase vinte anos dentro da dança. A verdadeira história por trás do cinco, seis, sete, oito!.

    1 - Entre dois mundos

    Santos, julho de 1999. O telefone toca e apresso-me em atendê-lo. A voz era bem familiar: era de meu irmão.

    — E aí, meu irmão! Tudo certo? – ele disse.

    — Na luta, cara. E por aí? Como andam as coisas? – respondi.

    — Aos poucos, vão se destrinchando. A caminhada é longa, mas estou no caminho. A galera é bacana e promissora.

    — Legal, pô! Vai dar certo. Você é capaz! – exclamei.

    — Como anda a dança por aí? – perguntou ele.

    — Evoluindo, cara. O Êxtase vai bem, e os ensaios do estágio são um grande aprendizado. Inclusive, ia te pedir para me enviar o terno de Homens de Preto. Sinto que, em breve, serei escalado para dançar a coreografia com a galera do Grupo Oficial.

    — Irmão, admiro a tua motivação. Agora, ouça o que vou te dizer: a história do Dança de Rua do Brasil já foi escrita. A ideia é mantê-la e não deixar que seja esquecida. Nada de errado em fazer parte, porém que tal o desafio de começar uma nova história? Vem pra cá, eu preciso mais de você aqui do que eles aí. Vamos começar a nossa própria história.

    Alguns instantes depois, desligamos. Aquele diálogo ecoou nos meus ouvidos e invadiu a minha mente durante muitas horas e por alguns dias, até que eu recebesse uma nova ligação. O assunto era o mesmo. A proposta de dar um grande giro em minha vida me assustava constantemente.

    Entretanto o desafio me parecia atraente. A vida andava estagnada. Não estava ruim, apenas estagnada.

    Desde o princípio da humanidade, os grandes guerreiros foram movidos pelos desafios. Eu seria, de fato, um desses guerreiros? Ou apenas mais um coadjuvante na história de minha própria vida? Era uma escolha que me cabia, mesmo que o exemplo de coragem e perseverança de meu irmão não deixasse dúvidas de que o caminho a ser trilhado seria o de conquistas.

    Correram-se os dias, decorreram-se as dúvidas, percorreu-se o tempo e sucederam-se as ligações. O mesmo desafio sendo lançado e a mesma tônica. A mesma fé de que tudo ia dar certo. E repetidas vezes as ligações ecoavam nos meus ouvidos, como se o volume fosse aumentando gradativamente. Enquanto isso, seguiram-se os ensaios: os daqui e os de lá.

    Além deles, seguia o meu trabalho sem graça como balconista de uma casa de tintas, um namoro mais do que promissor e alguns fins de semana agitados ao lado de grandes amigos. Contudo a voz seguia ecoando: que tal o desafio de começar uma nova história?. Suspiros, seguidos por uma respiração ofegante. Vamos começar a nossa própria história. Eu estava sufocado. Não havia saída. O suposto amanhã seria nossa escolha no presente, ou seria uma simples ação do destino?

    Meu irmão acreditava e teve como ponto de partida para a sua nova trajetória a ideia de que poderia fazer o mesmo, de forma diferente. Filho do projeto Dança de Rua de Santos, apostava em uma extensão de tudo aquilo em outras terras, só que com a visão terceirizada de sua bagagem acumulada por tantos sacrifícios em prol deste sonho de viver exclusivamente daquilo que mais amava: a dança. Foi fiel a esse sonho e fez dele o combustível de sua caminhada e a coragem dos desafios que enfrentaria, ao desbravar um território completamente diferente em muitos aspectos: ora social, ora cultural, ora pelo clima, ou seja, de diversas formas.

    Nem melhor e nem pior, apenas diferente. Ouviu e bradou aos pulmões essa expressão em diversas ocasiões como integrante do lendário Dança de Rua do Brasil, e ela foi fazendo sentido em muitos outros aspectos de sua vida. Era uma nova cidade, uma nova rotina, uma nova estrada e um novo desafio. Não pensou no pior, apenas no melhor, e simplesmente embarcou rumo ao diferente.

    Entretanto o desafio era uma grande novidade e, muitas vezes, a novidade assusta.

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