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Cantos ribeirinhos: Poemas (ou cordéis) de Valdemar Ambrósio
Cantos ribeirinhos: Poemas (ou cordéis) de Valdemar Ambrósio
Cantos ribeirinhos: Poemas (ou cordéis) de Valdemar Ambrósio
E-book139 páginas56 minutos

Cantos ribeirinhos: Poemas (ou cordéis) de Valdemar Ambrósio

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Sobre este e-book

Contos Ribeirinhos: cordéis de Valdemar Ambrózio de Carvalho, é uma coletânea de poemas no estilo cordel, todos escritos pelo poeta Valdemar Ambrózio de Carvalho, organizada por Raimundo Nogueira, neste volume. Em seus cordéis, Carvalho retrata a vida do "caboco" amazonense, assim como suas lutas por trabalho na zona rural. Através da linguagem e cultura própria do "caboco", com simplicidade, a obra retrata de maneira respeitosa a cultura, o valor e a importância desse poeta para o povo Ribeirinho.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2022
ISBN9786558407232
Cantos ribeirinhos: Poemas (ou cordéis) de Valdemar Ambrósio

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    Cantos ribeirinhos - Raimundo Nogueira

    A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO

    Preparei um texto introdutório para esta coletânea de poemas de Valdemar Ambrózio de Carvalho, mas, lendo a transcrição do vídeo de meu encontro com ele, na localidade onde reside, zona rural do município de Manacapuru, AM, percebi que o conteúdo da conversa seria a melhor forma de apresentação do autor e de sua obra, aqui reunida.

    Assim, a título de apresentação, segue a transcrição – com supressões de alguns trechos – da entrevista que o poeta me concedeu na manhã do dia 20 de novembro de 2020, em sua residência, uma modesta casa em madeira, construída sob estacas elevadas, no lugar denominado de Costa do Tuiué:

    Nogueira

    Oi, de casa? O senhor Valdemar Ambrózio mora aqui?

    Valdemar

    Sim! Quem é?

    Nogueira

    Aqui é o Nogueira. Posso entrar?

    Valdemar

    O senhor veio agora de Manacapuru?

    Nogueira

    Sim. Vim só para conversar com o senhor!

    Valdemar

    Ah, foi? Muito obrigado, doutor! Pode entrar.

    Nogueira

    Eu vim aqui com o propósito de reunir os seus cordéis que sobreviveram ao tempo e pedir sua autorização para publicá-los. Então, o senhor me autoriza?

    Valdemar

    Autorizo, sim senhor!

    [...]

    Nogueira

    A minha preocupação, o meu interesse é documentar o seu trabalho, publicando-o. Precisamos preservar sua poética para nós e para as gerações futuras.

    Valdemar

    É uma boa ideia. Graças a Deus, ao longo da vida, conheci pessoas como o senhor, preocupadas com a cultura do povo, com a memória das nossas lutas.

    [...]

    Nogueira

    Eu gostaria que o senhor contasse um pouco da sua história, começando por suas informações pessoais.

    Valdemar

    Meu nome é Valdemar Ambrózio de Carvalho. Eu nasci aqui na Costa do Tuiué, no dia 21 de junho de 1944, às 9h da manhã. Minha mãe se chamava Zózima Ambrósio de Carvalho e meu pai, Vergino de Carvalho. Eles eram daqui mesmo, porém, a minha avó, por parte de mãe, era filha de espanhol nascida no Brasil. O meu pai era caboclo amazonense. A minha mãe, moça nova, casou-se com o meu pai e os dois construíram nossa família. Nós éramos sete irmãos homens e uma mulher. Já faleceram três dos meus irmãos homens e a minha única irmã mulher. Agora, só são quatro que estão vivos: Valdemar, Carlos, Geovane e Sebastião. Tive treze filhos. Sou viúvo duas vezes. Com a primeira esposa, tive dois filhos, e com a segunda, tive onze filhos. O primeiro filho do primeiro casamento nasceu em 24 de outubro de 1962. O último desses onze filhos é Vanderlei Chagas de Carvalho, nascido no dia 24 de fevereiro de 1982.

    Nogueira

    Quando lhe conheci, o senhor era um homem ligado à Igreja Católica. Como o senhor se define do ponto de vista da religião? O senhor era um líder aqui da comunidade?

    Valdemar

    Meus avós e meus pais eram católicos. Eu dei continuidade à tradição da família. Fui coordenador e catequista da comunidade por 21 anos. Como a vivencia da fé, aqui, envolve tudo e não só as celebrações, o coordenador caba sendo o líder geral, de todo o povo, nos vários assuntos.

    Nogueira

    O senhor sempre viveu da agricultura?

    Valdemar

    Quando jovem, eu trabalhei como agricultor, basicamente plantando mandioca, juta, malva, feijão, melancia. Entrei para o serviço público em 1983, como agente de saúde rural, e permaneci até 2014, quando fui aposentado. Mas durante esse período eu não larguei a atividade agrícola. Sempre continuei com alguma plantação, com a ajuda dos meus filhos então solteiros. Eu atendia no posto de saúde três dias por semana (segunda, terça e sexta-feira) e nos demais eu trabalhava no roçado.

    Nogueira

    Eu lhe conheci nos anos de 1980. O contexto foi a luta dos agricultores desta região do Solimões pelo reajuste do preço mínimo do quilo de juta e malva, estabelecido pelo Ministério da Agricultura. O senhor lembra disso?

    Valdemar

    Sim, senhor! De lá para cá tem 40 anos.

    Nogueira

    No ano de 1984, o senhor fez um poema, um cordel, sobre a vida dura dos ribeirinhos. O cordel foi publicado (em folheto mimeografado) e distribuído por um grupo de servidores do serviço de extensão rural do Amazonas, agência local de Manacapuru.

    Valdemar

    Foi no tempo da administração do prefeito Paulo Freire. O grito dos ribeirinhos, desprezo e lamentação, foi o título do folheto. Para as minhas mãos, doutor, veio 150 exemplares daqueles. Aí foi espalhado. Eu tenho filhos em Roraima, eu tinha filhos em Anamã (a minha filha que vivia em Anamã faleceu), filhos em Beruri. E por aí tudo circulou.

    Nogueira

    O senhor guardou algum exemplar?

    Valdemar

    Não. Perdi até o caderno com o manuscrito. Na zona rural, com

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