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Contos De Um Passado Distante
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Contos De Um Passado Distante
E-book664 páginas6 horas

Contos De Um Passado Distante

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Sobre este e-book

Esta é a Terceira Edição Revisada do Livro Contos de um Passado distante Este sexto livro da Saga é uma coletânea de pequenos Contos que descreve eventos da vida de Patrícia Allison, a “Princesa Guerreira”, antes e depois de sua ida com seu amado, para o Império Torgaydesin. Curtas histórias sobre seu cotidiano que, em sua maior parte, não são narradas nos livros principais que compõe o conjunto da Saga “A Última Fronteira”. Prólogo... Meu nome é “Atalanta”, significa “A Grande Mãe” para o povo a quem dei origem junto com meu amado, há tantas eras que hoje me é difícil recordar... Não somos humanos, embora deles tenhamos nos originado e a eles nos assemelhemos fisicamente e de várias maneiras. Somos mais que humanos, sua evolução a um plano superior em todos os sentidos e, ao longo de milhões de anos, temos povoado galáxias em paz. Somos um povo longevo e não muito prolífico. Vivemos uma vida simples e natural, mais voltada para o desenvolvimento do espírito. Não temos tecnologia, pois não precisamos mais dela. Podemos nos comunicar através do pensamento por distâncias ilimitadas, assim como nos movermos através do espaço quando desejamos, sem barreiras físicas ou limites de tempo... Já respondi por muitos nomes em minha vida. Não sei se um dia morrerei como já morri e renasci tantas vezes. Meu povo me considera uma “Deusa”, uma “Imortal”, mas eu sei perfeitamente quais foram minhas origens num pequeno mundo distante de uma galáxia pertencente a um singelo Universo deste Multiverso sem fim, uma galáxia que não existe mais, assim como não existem mais os humanos de quem, um dia, evoluímos. Hoje aqui estou, sentada nesta pequena praia isolada de um mundo selvagem. A aldeia onde vivo e onde meu amado aguarda a minha volta não fica sequer neste planetinha inexplorado, mas eu quis vir aqui atraída pelo encanto de sua beleza primitiva, para refletir e recordar, recordar um tempo em que respondi pelo nome de Patrícia, a Princesa e depois Imperatriz Guerreira, pelo nome de Izabella, a Peregrina, em cujo corpo me fundi com minha filha Harmina, a Grã Sacerdotisa, e com minha neta Yellanta, a Abençoada, e, desta forma, vaguei por mil mundos por milhares de anos até reencontrar o homem a quem sempre amei e, com ele, evoluir para esta forma transfigurada de corpo que momentaneamente minha alma e minha mente habitam. Durante milênios transferi meus pensamentos e vivências em livros e outros meios de armazenamento de memória, repassando minha experiência para as gerações futuras. Agora, simplesmente gravo as imagens e recordações que povoam minha mente para o registro Akástico, deixando-as à disposição de todos os seres dotados de inteligência e evoluídos o bastante para acessá-las... O que conto aqui são trechos de lembranças, de fatos que vivi quando ainda humana, nascida num planeta chamado Terra, numa galáxia que já não existe mais e que os humanos batizaram como Via Láctea. Mas essa é minha história. A história de uma jovem chamada Patrícia Peary McCoist Allison que se tornaria a Senhora da Guerra do Império Torgaydesin, sua salvadora e destruidora, “Halli”, sua “Deusa” Imortal!... Leiam desta Série; A Última Fronteira , Sirion-O Começo , Segredos Revelados , O Mestre e A Grande Guerra , publicados neste Clube de Autores. Conheçam o Guia para Jogos RPG da Saga A Última Fronteira Leiam de Guilherme A D Pereira; Veículos Fora de Estrada , Coletânea de Artigos e Ensaios - Volume-III , Vida fora da Terra
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de mai. de 2018
Contos De Um Passado Distante

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    Contos De Um Passado Distante - Adrian Akar

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 1

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 2

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    A Última Fronteira – Contos de um Passado distante...

    Este sexto livro da Saga é uma coletânea de pequenos Contos que descreve eventos da vida de

    Patrícia Allison, a Princesa Guerreira, antes e depois de sua ida com seu amado, para o

    Império Torgaydesin. Curtas histórias sobre seu cotidiano que, em sua maior parte, não são

    narradas nos livros principais que compõe o conjunto da Saga A Última Fronteira.

    Prólogo...

    Meu nome é Atalanta, significa A Grande Mãe para o povo a quem dei origem junto com

    meu amado, há tantas eras que hoje me é difícil recordar...

    Não somos humanos, embora deles tenhamos nos originado e a eles nos assemelhemos

    fisicamente e de várias maneiras. Somos mais que humanos, sua evolução a um plano superior

    em todos os sentidos e, ao longo de milhões de anos, temos povoado galáxias em paz. Somos

    um povo longevo e não muito prolífico. Vivemos uma vida simples e natural, mais voltada para

    o desenvolvimento do espírito. Não temos tecnologia, pois não precisamos mais dela.

    Podemos nos comunicar através do pensamento por distâncias ilimitadas, assim como nos

    movermos através do espaço quando desejamos, sem barreiras físicas ou limites de tempo...

    Já respondi por muitos nomes em minha vida. Não sei se um dia morrerei como já morri e

    renasci tantas vezes. Meu povo me considera uma Deusa, uma Imortal, mas eu sei

    perfeitamente quais foram minhas origens num pequeno mundo distante de uma galáxia

    pertencente a um singelo Universo deste Multiverso sem fim, uma galáxia que não existe mais,

    assim como não existem mais os humanos de quem, um dia, evoluímos.

    Hoje aqui estou, sentada nesta pequena praia isolada de um mundo selvagem. A aldeia onde

    vivo e onde meu amado aguarda a minha volta não fica sequer neste planetinha inexplorado,

    mas eu quis vir aqui atraída pelo encanto de sua beleza primitiva, para refletir e recordar,

    recordar um tempo em que respondi pelo nome de Patrícia, a Princesa e depois Imperatriz

    Guerreira, pelo nome de Izabella, a Peregrina, em cujo corpo me fundi com minha filha

    Harmina, a Grã Sacerdotisa, e com minha neta Yellanta, a Abençoada, e, desta forma, vaguei

    por mil mundos por milhares de anos até reencontrar o homem a quem sempre amei e, com

    ele, evoluir para esta forma transfigurada de corpo que momentaneamente minha alma e

    minha mente habitam.

    Durante milênios transferi meus pensamentos e vivências em livros e outros meios de

    armazenamento de memória, repassando minha experiência para as gerações futuras. Agora,

    simplesmente gravo as imagens e recordações que povoam minha mente para o registro

    Akástico, deixando-as à disposição de todos os seres dotados de inteligência e evoluídos o

    bastante para acessá-las...

    O que conto aqui são trechos de lembranças, de fatos que vivi quando ainda humana, nascida

    num planeta chamado Terra, numa galáxia que já não existe mais e que os humanos batizaram

    como Via Láctea. Mas essa é minha história. A história de uma jovem chamada Patrícia Peary

    McCoist Allison que se tornaria a Senhora da Guerra do Império Torgaydesin, sua salvadora e

    destruidora, Halli, sua Deusa Imortal!...

    ----------XXX---------- 20/04/2018

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 3

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    Notas do Autor:

    A Saga A Última Fronteira foi idealizada como uma especulação sobre nosso distante

    passado e sobre nosso ignoto futuro como espécie sapiente.

    Nossa História Oficial nos remete, quando muito, a 5 mil anos AC (ou AEC). Estudos

    especulativos, ainda que apoiados em bases científicas, nos levam a datas como 8 ou 9 mil

    anos AC. A partir daí, caímos no domínio do Mítico, das Lendas povoadas por povos,

    civilizações e continentes perdidos como Atlântida, Mu ou Z, mas a verdade é que sabemos

    muito pouco sobre um tempo que alguns estudiosos costumam chamar de Proto-História,

    algo situado entre 100 mil e 15 mil anos AC. Um período de tempo mais do que suficiente para

    a evolução e destruição de pelo menos 5 civilizações tecnológicas iguais à nossa atual, não nos

    esquecendo de que nossa atual capacidade cerebral já se encontrava presente em homens

    considerados Sapiens há, pelo menos, 300 mil anos!...

    Para trás, estende-se a Pré-História com os Cro-magnons, os Neandertais, os homens de Java,

    Pequim, hábilis, Gigantropos e o que mais a especulação científica nos permite conjecturar

    com base em provas frágeis, recuando de 3 a 6 milhões de anos no tempo. Muito tempo,

    mas um nada diante dos 4,5 bilhões de anos de existência de nosso Sistema Solar, que dirá

    frente aos 14 ou 15 bilhões de anos deste Universo como o conhecemos, talvez apenas um de

    miríades, filhos de um Multiverso cuja idade talvez se prolongue por toda a eternidade...

    É com base nestes ignotos períodos, perdidos nas brumas dos tempos, que tomam forma

    teorias como a dos Deuses Astronautas, Civilizações Reptilianas evoluídas a partir de

    Dinossauros, ETs e muito mais, em sua maior parte, sem a menor base científica que as

    sustente.

    Embora minha própria formação seja extremamente científica, sou um apaixonado por

    Cosmologia, uma ciência altamente especulativa, desde adolescente, obcecado pelo "como e

    por que" o Universo surgiu e evoluiu até sua forma atual. Além disso, sempre nutri um grande

    interesse pela história, notadamente pela História Militar Contemporânea , pela pré-história e

    pelo estudo das religiões comparadas, analisadas sob a ótica de um ceticismo respeitoso, uma

    vez que sou um Agnóstico-Teísta consciente. Como costumo afirmar, Deus, (O DEUS!) para

    mim é um fato por uma simples questão de Lógica, não de Fé.

    Este conjunto aparentemente eclético de interesses que pode ser resumido num único foco;

    "qual a razão da existência da humanidade e qual o seu objetivo dentro da obra universal

    (ou da totalidade da obra de Deus (O DEUS!)" , o que, associado a uma facilidade realmente

    grande que sempre tive para expor minhas idéias em Estudos e Trabalhos de natureza

    científica e especulativa, foi o que me levou a escrever ficção. Meus primeiros ensaios nesse

    campo são da década de 1970 e meu primeiro livro publicado de meados da década de 1980.

    Seguiu-se um hiato de mais de 20 anos em que me limitei a coletar dados e informações para,

    após minha aposentadoria em 2011, investir toda a minha energia em minhas pesquisas sobre

    história militar e em escrever ficção como puro diletantismo, por puro lazer!

    Quando jovem, fui para o desespero de minha pobre mãe, um aventureiro... Cacei, mergulhei,

    escalei montanhas, disputei rallys 4x4 em areia e lama, em resumo, fui uma peste!

    RSRSRSRSRS!

    Aprendi os rudimentos do Kendô e de seu código de conduta, o Bushidô assim como a usar

    uma arma de fogo mal completei 8 anos! Deixei a casa de meus pais no interior aos 15 anos

    para completar meus estudos, sonhando em voltar um dia para as praias paradisíacas de

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 4

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    minha infância e adolescência, mas só consegui fazê-lo durante os curtos períodos de férias

    escolares e, mais tarde, profissionais.

    Sou um apaixonado pelos grandes espaços abertos, cada vez mais raros neste sufocante

    mundo civilizado!... Somente quem viveu esta amplidão de horizontes selvagens, que podem

    ser percorridos ao longo de dias sem que se aviste uma única alma humana, sabe do que estou

    falando. Estou falando de longas praias virgens, da amplidão do cerrado, do pampa, do

    pantanal, das serras recortadas por rios e cachoeiras de águas límpidas, das lagunas e ilhas

    selvagens, dos lençóis em sua plenitude de vida após as grandes chuvas, das savanas, arma em

    punho, mochila nas costas, embornal no ombro, caçando e pescando seu próprio sustento,

    dormindo sob o manto do céu coalhado de estrelas! Eu tive a felicidade de viver isso!

    Sou, igualmente, apaixonado pelos assim denominados locais misteriosos, pelas ruínas

    desertas de antigas ocupações humanas como Tiahuanaco, Machu Pichu, Puma Puncu,

    Stonehenge, Mohenjo Daro, Harappa e outros tantos locais que ainda estão por ser

    descobertos e que respiram nossa proto-história!...

    A Última Fronteira é um pouco disso tudo. Uma tórrida história de amor, romântico que sou

    e sempre fui, que se desenrola juntamente com a evolução de nossa raça cuja verdadeira

    história vai sendo, pouco a pouco, descoberta por sua linda e corajosa protagonista, partindo

    de um passado ignoto que respiga de textos antigos como os Vedas Indus, a Epopéia de

    Gilgamesh, as tradições Tibetanas e Indígenas e a própria Bíblia Hebraica, até a evolução final

    do ser humano, 10 mil anos depois de iniciada a narrativa, transmutado em algo mais que

    humano, um novo passo da humanidade rumo ao projeto final da entidade onipresente e

    onisciente à qual, na falta de nome melhor, denominamos DEUS (ou Deusa, quem sabe?).

    Espero, sinceramente, que este novo livro lhes dê o mesmo prazer em lê-lo que me deu ao

    escrevê-lo e que as especulações que coloco sob o crivo de meus leitores possam, um dia,

    abrir o caminho para a descoberta de nossa verdadeira história! Até lá, não custa sonhar!...

    Abraços e... Até nossa próxima aventura!

    Adrian Akar.

    ----------XXX----------

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 5

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    ÍNDICE:

    Capa

    001 a 001

    OK

    Sinopse

    002 a 002

    OK

    Prólogo

    003 a 003

    OK

    Notas do Autor

    004 a 005

    OK

    Índice

    006 a 006

    OK

    I-A Visita

    007 a 013

    OK

    II-A Entrevista

    014 a 032

    OK

    III-Adolescente

    033 a 041

    OK

    IV-O Primeiro Amor

    042 a 047

    OK

    V-No MIT

    048 a 051

    OK

    VI-As Irmãs

    052 a 059

    OK

    VII-Expedições Arqueológicas

    060 a 067

    OK

    VIII-A Terraformação de Vênus

    068 a 074

    OK

    IX-A Descoberta de SIRION

    075 a 080

    OK

    X-Kastur, berço dos Castamir

    081 a 089

    OK

    XI-Os Saureanos

    090 a 092

    OK

    XII-Os Orotay

    093 a 096

    OK

    XIII-OS Anunnakis

    097 a 099

    OK

    XIV-A história da SAF (Special Attack Force)

    100 a 102

    OK

    XV-Na Austrália-A Reserva

    103 a 117

    OK

    XVI-A vida em Thikchis

    118 a 122

    OK

    XVII-Aryon-Centro do Poder

    123 a 127

    OK

    XVIII-Duquesa Imperial

    128 a 143

    OK

    XIX-O Pedido do Hirkull

    144 a 158

    OK

    XX-O Juramento da Saydina

    159 a 167

    OK

    XXI-Vivendo na Corte

    168 a 172

    OK

    XXII-O Desafio à Guardiã

    173 a 175

    OK

    XXIII-A Batalha do Paço Imperial

    176 a 179

    OK

    XXIV-A morte de Karina

    180 a 183

    OK

    XXV-A misericórdia de uma Princesa

    184 a 198

    OK

    XXVI-Izabella – A Peregrina

    199 a 204

    OK

    XXVII-O Despertar

    205 a 232

    OK

    Anexos

    233 a 250

    OK

    Referências

    251 a 252

    OK

    Bibliografia

    253 a 254

    OK

    Linha do Tempo

    255 a 259

    OK

    Sobre a Princesa

    260 a 261

    OK

    Imagens

    262 a 265

    OK

    Contracapa

    266 a 266

    OK

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 6

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    01-A visita... (Se passa quando Patrícia, aos 27 anos, está há 4 meses em Thikchis)

    Dorbay partira havia uma semana e, como sempre fazia quando ficava sozinha, Patrícia

    dedicava-se à sua rotina diária de exercícios, mal o grande sol vermelho-alaranjado de Thikchis

    surgia no horizonte.

    Depois de um rápido e revigorante mergulho no lago que circundava seus aposentos pessoais

    no alto do Castelo da Montanha, ela ia para o caramanchão, que Dorbay mandara construir na

    forma de uma pequena casinha, munida de todos os seus apetrechos de pesquisa e suas

    armas, entre elas, sua inseparável Kataná Samurai, Sairento Shi.

    Ela preferia ficar ali, naquele pequeno e aconchegante refúgio pessoal do que ocupar os vastos

    aposentos do casal que, na ausência do amado, lhe pareciam tristes e opressivos...

    Quietinha em seu casulo, ela se refugiava na rotina para preencher o tempo e mitigar a

    saudade. Já estava no Império há 4 meses e pouquíssimas haviam sido as vezes em que

    deixara Thikchis, apenas uma, logo de início, para ser apresentada por Dorbay ao Imperador

    como sua Saydina, sua preciosa, sua escolhida...

    Quando seu amado Senhor retornava de suas rondas pelos domínios imperiais, eles

    costumavam passear juntos pelas aldeias que se espalhavam nos arredores do castelo ducal,

    mas, embora ele não a proibisse, ela dificilmente deixava os espaçosos aposentos do alto do

    castelo durante a ausência dele, ao mesmo tempo um refúgio seguro e uma prisão voluntária

    sufocante para alguém que, como ela, amava os imensos espaços abertos selvagens como os

    que evoluíam no entorno da impressionante fortaleza escavada na rocha sólida.

    A exceção de uns poucos serviçais de confiança do Príncipe Imperial e Grão Duque de Guerra,

    ninguém circulava no topo do castelo que abrigava uma guarda selecionada de mais de 2 mil

    homens sob as ordens diretas do Duque de Trandiz, Altmer, braço direito do Príncipe que

    velava, a uma cerimoniosa distância, pela vida e segurança da escolhida.

    Porém, este seria um dia diferente e inesperado!...

    Era meio da manhã e Patrícia se encontrava absorta na análise dos resultados de um modelo

    que construíra em um de seus computadores portáteis quando a presença da irmã do Príncipe

    lhe foi anunciada por uma de suas atendentes...

    Como a maioria dos criados diretos ela pertencia à nobreza menor. Era uma bela mulher de

    aparência jovem e fresca, mas isso era algo que podia não significar muita coisa numa

    sociedade onde os membros da nobreza nasciam de úteros artificiais para os quais seus fetos

    eram transplantados de suas mães aos três meses de gravidez, sendo submetidos a um

    tratamento de longevidade que lhes permitiria viver por 1500 a 2000 anos (de 4 a 5 mil anos

    no caso dos membros da Família Imperial) com uma aparência de eterna juventude, 15 anos

    para as mulheres, 20 para os homens, aparência que permaneceria inalterada até o final de

    suas longas vidas quando envelheceriam rapidamente...

    Patrícia fitou a aparentemente jovem mulher com delicadeza. Era uma das poucas que não

    deixavam claramente exposta sua aversão por aquela estrangeira, aquela Terraran como os

    povos da Federação eram pejorativamente chamados, que enfeitiçara o coração de seu amado

    Príncipe.

    - Malina? O que está acontecendo?...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 7

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    - Sua Alteza, a Princesa Imperial Yasmella, está aqui e deseja vê-la, Saydina... – retrucou a

    mulher de idade indefinida com uma entonação de respeito forçado na voz.

    - A irmã de meu Senhor está aqui?! – retrucou Patrícia espantada levantando-se.

    Esta era uma das atitudes da jovem Saydina (A que é Preciosa aos olhos do Senhor) que

    despertavam o espanto e a irritação de suas atendentes. Criada na liberdade de costumes da

    Velha Terra, ela não tinha pudores em demonstrar seus verdadeiros sentimentos, tais como

    surpresa, irritação, devoção, numa sociedade regida por atitudes controladas e dissimuladas

    como a da Nobreza do Alto Archontiá.

    Patrícia pôs-se de pé, ajeitando suas vestes de ginástica, um curto short de lycra e um top

    cavado. Pediu à atendente que lhe trouxesse, rapidamente, uma roupa mais adequada e

    calçou as curtas sandálias de couro em estilo grego que deixavam à mostra seus delicados pés,

    pequenos fetiches, objetos de adoração do amante. Penteou os negros cabelos cortados no

    estilo Channel, padrão das oficiais da Federação que ela insistia em manter e que, igualmente,

    contrastava com os longos cabelos das mulheres da nobreza, fitando o rostinho perfeito que a

    mirava no reflexo do espelho, o narizinho levemente arrebitado e os impressionantes olhos

    azuis da cor do céu emoldurados por suas sobrancelhas negras!...

    A jovem saiu para o gramado florido que cercava o pequeno caramanchão no exato momento

    em que a Princesa e sua acompanhante, uma poderosa amazona imperial se aproximavam.

    Obedecendo ao protocolo que conhecia bem, pois antes de deixar seu planeta natal estudara

    longamente os costumes e a etiqueta imperial, fez uma respeitosa saudação para as duas

    mulheres que caminhavam ao seu encontro...

    - Minha Princesa... – disse, curvando levemente a cabeça, diante da imponente figura de

    mulher que se acercava dela. Yasmella era alta e de talhe esguio e, embora não

    particularmente bonita, era uma figura imponente, um perfeito exemplo da arrogante nobreza

    imperial. Era a primeira vez em que se encontravam. Patrícia sabia que ela era a irmã mais

    querida de seu amado Senhor, faria de tudo para não desagradá-la. Além disso, era a

    responsável pela direção da Casa das Ciências à qual Patrícia ansiava pertencer!...

    - A paz da Deusa esteja contigo, Saydina... – proclamou ela, entoando o mantra protocolar

    de forma gentil – Sinta-se à vontade, jovem amada de meu dileto irmão. Nossos caminhos se

    cruzaram e ele me falou muito sobre você e seu desejo de integrar-se à Casa das Ciências

    que dirijo. Estive com nosso pai em Aryon e decidi vir conhecê-la pessoalmente...

    - Minha Princesa, - principiou Patrícia tímida - é uma honra! Por favor, não repare em meus

    trajes ou na recepção simples, quando fico sozinha eu me dedico ao exercício das armas e às

    minhas pesquisas para matar o tempo e...

    - Sinta-se à vontade, pequenina, - ela insistiu... Yasmella era bem mais alta do que Patrícia que

    mal tinha 1,65 de altura e sua companheira era uma gigante musculosa de mais de 1,90

    metros – esta é sua casa... – a orgulhosa Princesa observou com um sorriso amistoso que fez

    Patrícia relaxar. Ela estava ali, aparentemente para conhecê-la e não para julgá-la...

    - Por favor, Princesa, milady, - acrescentou, dirigindo-se pela primeira vez para a imponente e

    silenciosa figura marcial que acompanhava a princesa – querem vir para a sombra de meu

    caramanchão ou preferem os aposentos...

    - Esse é, como você mesma disse a pouco, - interrompeu-a a Princesa – seu cantinho?

    Gostaria de conhecê-lo se me permitir...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 8

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    - De... Decerto, alteza... A Senhora e sua acompanhante... – Patrícia hesitou pois ainda não

    haviam sido apresentadas.

    - Minha companheira de compromisso, Lady Akeston, primeira filha de Lord Kanter, Duque de

    Calatar. – apresentou a Princesa com um sorriso mais do que revelador da intimidade de

    ambas.

    Patrícia a cumprimentou com uma leve mesura e depois, por um hábito de infância, estendeu

    a mão à imponente mulher que a fitou um tanto surpresa.

    A Princesa riu...

    - É um antigo costume Terraran, Vallis, os Terrarans são um povo guerreiro e é costume

    apertarem a mão de armas em cumprimento como prova de suas intenções pacíficas quando

    se encontram com um estranho!...

    A poderosa guerreira franziu o sobrolho, mas estendeu a mão forte e calejada à jovem

    Saydina cuja mão era quase metade da sua...

    - Saydina... – e acrescentou; - Soube que é uma grande guerreira entre seu povo...

    - Não necessariamente uma guerreira por opção, milady. – respondeu Patrícia com suavidade

    – Entre o meu povo é um padrão que todos, homens e mulheres, recebam treinamento militar

    quando atingem a faixa dos 20 anos. No meu caso e no de pessoas que possuem educação

    superior, a prestação do serviço se dá após a última graduação ou pós-graduação. Eu concluí

    meu PhD aos 24 anos e alistei-me como voluntária na Força Especial de Assalto, SAF na língua

    franca da federação (Special Attack Force). Servi até os 27 anos quando concluí meu período

    de convocação.

    - Foi na época em que consta que lutou em Sirion?

    - Foi... Se estou viva agradeço ao Príncipe Dorbay que me agraciou e aos 7 sobreviventes de

    meu grupo com os recursos da Casa da Vida. Não fosse isso eu hoje estaria morta ou

    inválida. A Federação não possui os recursos médicos do Império, milady.

    - Foi como conheceu meu irmão? – foi a vez da Princesa indagar...

    - Não, minha Princesa, na verdade ele veio a saber de minha existência antes que tivéssemos

    nosso primeiro contato quando ele me presenteou com esta adaga de auto-imolação que

    sempre trago comigo. Foi durante as festividades em que eu e meu comando fomos

    homenageados na Academia da SAF. Dias depois eu fui sua interprete na reunião com o

    Conselho da Federação.

    - Mas, que eu saiba, meu irmão fala fluentemente sua língua franca?...

    - Sim, alteza, e com quase nenhum, sotaque, mas numa reunião Oficial como aquela é parte do

    protocolo que haja tradutores simultâneos para que não se corram riscos de má interpretação.

    Eu fui sua tradutora juramentada como Oficial da SAF.

    - Você fala Galático perfeitamente, isso é mais do que fato...

    - Meu sonho era completar meus estudos na Casa das Ciências, minha princesa, passei mais

    de 8 anos estudando seus costumes e sua linguagem. Tenho facilidade com idiomas, um traço

    que herdei de minhas falecidas mãe e avó...

    - Dorbay me disse que você é de linhagem Nobre entre seu povo...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 9

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    - É verdade, alteza. Descendo de um tradicional Clã Escocês, mas títulos nobiliárquicos

    significam muito pouco entre meu povo se não vierem acompanhados de fortuna. Meu Clã

    nunca foi uma força financeira até que meu avô materno se destacou nos negócios e

    enriqueceu, seguindo, depois, uma carreira política bem sucedida que o levou a 1º Ministro da

    Federação. Algo, mal comparando, como um Imperador entre nós, mas com mandato

    determinado. Ele foi 1º ministro da Federação por 20 anos, até que se aposentou e passou a

    dedicar-se à exploração de locais históricos com minha avó. Foi um grande mentor, um grande

    amigo e um grande mestre. Foi quem me ensinou as técnicas do Kendô e a filosofia de honra

    do Bushidô, o Caminho do Guerreiro. Mas... Como disse, não sou uma guerreira por

    profissão. O que aprendi sobre o uso de armas foi para defesa pessoal. Nos tornamos uma

    família rica e poderosa, por isso, muito visados. Ele fez o mesmo com todos os filhos, filhas e

    netos. Contudo, fui a que mais me dediquei, por isso, ao fim da vida, ele me tornou guardiã de

    sua Espada de Honra!...

    - Uma bela história, jovem Saydina, observou a poderosa guerreira acompanhante da

    princesa com admiração a transparecer na voz.

    - Meu avô foi meu exemplo de vida, milady. Foi por causa de sua influência que me alistei na

    mesma Força Especial em que ele serviu quando jovem. Queria que ele se orgulhasse de mim.

    Não fazia idéia do que era a guerra... A dor, a violência, a crueldade, a miséria!... Eu só via a

    aventura, o heroísmo, agora sei um pouco mais!...

    - Falou como uma verdadeira Amazona, pequenina Terraran. Será um prazer e uma honra,

    um dia, trocar experiências de armas com você! – retrucou a poderosa guerreira com um

    sorriso aparentemente sincero.

    - É um desafio que espero poder honrar, milady, mas não creio que eu seja páreo para uma

    Amazona Imperial! – respondeu Patrícia igualmente com sinceridade.

    - Não seja modesta, pequenina, sei que matou mais de 20 Saureanos com essa espada em seu

    último combate!

    - Honestamente, milady, eu só tentava sobreviver! E, para falar a verdade, não estava

    contando... Foi uma coisa terrível! Não gostaria de passar por isso novamente!

    - Não creio que a Saydina do Hirkull tenha que, algum dia, tomar armas novamente para

    defender sua vida...

    - Assim espero, milady, Mas é sempre bom manter-se prevenida, - observou Patrícia com um

    sorriso torto – por isso treino diariamente, nunca se sabe, milady!...

    - Aquela é sua famosa espada? – indagou Vallis apontando para a Kataná exposta sobre um

    suporte.

    - Sairento Shi! – respondeu Patrícia com indisfarçado orgulho.

    - Sairento Shi... – observou a Princesa com visível curiosidade – Uma espada com nome, uma

    espada de tradição... O que significa?

    - É japonês antigo, minha Princesa, uma língua morta de um povo guerreiro da Velha Terra,

    significa Morte Silente, foi projetada para cortar o ar sem emitir qualquer som. É uma arma

    mortal criada para um Clã de assassinos Ninjas que foi deles tomada por um grande guerreiro

    Samurai há mais de 1000 anos e que vem sendo passada desde então a guardiões e guardiãs.

    Eu fui a última a receber tal honra e me caberá escolher, no momento certo, minha sucessora

    ou meu sucessor!...

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 10

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    - Impressionante! – observou a Princesa admirada – Podemos vê-la?

    - Claro, minha Princesa... – retrucou Patrícia removendo a espada do pedestal e retirando-a da

    capa de veludo grená recoberta de caracteres e signos nipônicos. Ela, cuidadosamente, abriu a

    bainha de bambu laqueado do mortal instrumento de guerra, até expor um terço da lâmina

    negra onde se destacavam caracteres escritos em prata lavrada logo após o longo punho...

    - O que significa? – perguntou Vallis, a Amazona, já não conseguindo mais conter a

    curiosidade, os olhos brilhantes de cobiça pela arma perfeita que tinha diante dos olhos!

    Patrícia retirou toda a lâmina de sua bainha e fez um pequeno corte cerimonial em seu polegar

    esquerdo, deixando que o sangue escorresse pela lâmina...

    - Esta é Sairento Shi, - pronunciou – que não pode ser empunhada sem honra nem

    embainhada sem que o sangue sobre ela seja derramado! Como sua guardiã eu derramo meu

    sangue em paz para que nenhum outro sangue corra sobre sua lâmina neste dia!

    Depois, exibiu um dos lados da espada e traduziu:

    - Viver sem temor...

    Voltou o outro lado e completou:

    - Morrer com honra!...

    Ante o silêncio das duas mulheres, completou:

    - Este é o juramento de seus guardiões... Passado por gerações até a mim que jurei cumpri-lo

    para ter o privilégio de empunhá-la...

    E ofereceu o punho da espada à Princesa que deu lugar à Amazona...

    - Linda! – exclamou Vallis admirando-a, sentindo seu peso, seu equilíbrio perfeito! – Um

    trabalho admirável, Saydina! Eu conheço a história das espadas japonesas, o estudo das

    armas brancas é um passatempo meu. Creio que ela tem outra lâmina se é uma espada

    Ninja?...

    - Sim, milady... – respondeu Patrícia tomando-lhe a arma com desenvoltura e acionando um

    discreto botão que fez saltar a lâmina oculta no punho – Elas eram, normalmente, embebidas

    num veneno mortal, mas esta não o é mais desde que passou a servir aos guardiões!...

    Patrícia recolheu a lâmina e entregou novamente a espada a Vallis...

    - Forjada em sangue? – esta indagou apreciando a lâmina negra.

    - Assim reza a tradição...

    - Como?... – indagou Yasmella assustada.

    - Estas espadas antigas eram forjadas manualmente e para atingirem sua têmpera perfeita

    eram enterradas em brasa no corpo vivo de prisioneiros de guerra, minha Senhora, -

    respondeu Vallis à pergunta de sua escandalizada companheira – Correto, Saydina?

    Patrícia aquiesceu... – Era uma forma de fixar o nitrogênio e dar têmpera ao aço. Um costume

    antigo e bárbaro, mas eficiente... – completou.

    Yasmella deixou escapar um rápido arrepio de nojo...

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    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    - Nossa! Vocês guerreiras!... Vallis, é melhor deixar que nossa anfitriã guarde sua espada!

    A poderosa Amazona devolveu a kataná a Patrícia que a recolocou na bainha e a revestiu com

    sua capa de veludo, depositando-a sobre o pedestal.

    - Vamos para o caramanchão? – perguntou procurando trocar o foco do assunto – Vou pedir

    refrescos e alguns tira-gostos... Malina?

    - Sim, Saydina? – apressou-se a responder a atendente agora visivelmente assustada.

    - Por favor, nos traga alguma coisa...

    A mulher apavorada com a sangrenta história de Sairento Shi saiu em disparada como se

    houvesse recebido a mais ríspida das ordens!...

    - Não reparem a bagunça, por favor, - continuou Patrícia - estava simulando alguns estudos...

    Yasmella aproximou-se dos pequenos computadores em cujas telas evoluíam equações e

    desenhos de wormholes...

    - Você os programou?

    - Sim, minha Princesa...

    - Incrível! Dorbay tinha me falado sobre as técnicas que você domina, mas meu irmão não é

    um homem de ciência. Em que você se baseou?

    - Em meus estudos para obtenção de meu PhD, minha princesa, eu tive de estudar

    profundamente modelos de simulação matemática. Era como pretendia ganhar a vida antes de

    conhecer seu irmão, meu amado Senhor!...

    - Guerreira, cientista e, sem sombra de dúvida, uma linda mulher! – observou Yasmella – Agora

    compreendo perfeitamente o que em você despertou tanto o desejo de meu querido e

    insaciável irmão, pequenina Terraran! O que sabe sobre os Portais que utilizamos para a

    transferência entre mundos?

    - Muito pouco, minha princesa, mas acredito que sejam pontes Einstein-Rosen, como

    denominamos os wormholes, e que evoluam sobre uma malha de Linhas Ley.

    - Conhece a teoria das linhas de força?

    - Um pouco... Acredito que são a chave do funcionamento dos Portais, estou certa, princesa?

    Yasmella procurou disfarçar seu crescente embaraço...

    - Precisamos conversar mais sobre isso, Saydina. Vou pedir que Dorbay a leve à "Casa das

    Ciências" da próxima vez que forem a Arion.

    - Aguardarei ansiosa por esta oportunidade, minha princesa. – retrucou Patrícia visivelmente

    entusiasmada.

    Pouco depois as atendentes, encabeçadas por Malina, chegavam trazendo uma mesa de

    petiscos e refrescos geladinhos, apressando-se em servir a Saydina e suas Nobres

    convidadas.

    Seguindo o protocolo mais uma vez, Patrícia ofereceu à princesa uma bandejinha de fina prata

    para que ela escolhesse ao acaso entre as iguarias e bebidas, as quais a jovem anfitriã provou

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    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    uma a uma para certificar de que não havia risco de envenenamento. Simples praxe, uma

    referência a tempos antigos. A própria Patrícia já fora imunizada, inclusive, contra o mortal

    veneno que embebia a lâmina de sua adaga de honra que ela costumava portar no antebraço

    esquerdo, o primeiro presente de seu amado Senhor, uma arma in extremis para auto-

    imolação de mulheres guerreiras, evitando sua eventual captura e violação...

    Depois, as três damas ficaram ali, entretendo-se e conversando... Patrícia pediu que fosse

    trazido seu violino e tocou uma rápida seqüência de seu repertório celta para as duas damas

    admiradas que permaneceram com ela até o fim da tarde.

    Pouco antes de se despedirem, chegou a notícia de que Dorbay retornaria na manhã seguinte,

    o rosto transfigurado de felicidade de sua Saydina entregando seu absoluto

    contentamento!...

    A pequena nave da princesa imperial deixou o hangar do castelo e rumou para o Portal do

    principal espaço-porto de Thikchis e Yasmella ordenou aos pilotos que voassem ao longo da

    praia até um promontório distante algumas milhas...

    - É artificial... – comentou com Vallis.

    - Artificial?

    - Está sendo construído em segredo por ordens de Dorbay... Sobrevoem a extremidade –

    ordenou aos pilotos.

    A nave pairou sobre uma imensa estrutura circular em obras que crescia a olhos vistos...

    - O que é isso, afinal?

    - Uma réplica perfeita do castelo do avô de nossa Saydina na Velha Terra. Dorbay mandou

    construí-lo como um presente para que ela sinta menos saudades de casa. Será uma cópia

    perfeita em cada detalhe!...

    - Nossa! Parece que a Terraran conquistou, mesmo, o coração de nosso Príncipe!

    - Precisamos parar de nos dirigir a ela assim... – corrigiu a princesa divertida, aconchegando-se

    no colo da amante – Parece que Dorbay está disposto a assumir uma união de compromisso

    com ela, até mesmo uma união pelas Shandias!...

    - Uma plebéia usando as Catenas de Juramento?! – retrucou Vallis escandalizada.

    - Não tão plebéia assim... Além disso, sei que suas origens estão sendo meticulosamente

    investigadas. Uma pesquisa em documentos muito antigos está sendo efetivada na "Casa dos

    Registros" por uma ordem direta do Imperador, atendendo a um pedido de meu irmão. Ela

    pode ser uma descendente distante dos Castamir!

    - Do Clã Perdido?!

    - Talvez...

    - Nossa! As coisas vão incendiar-se no Archontiá! – exclamou Vallis com um sorriso irônico e

    divertido – E se isso for confirmado?...

    - Podemos ter visitado a futura Princesa Consorte do Hirkull, minha querida... Talvez nossa

    futura Imperatriz!

    ----------XXX---------- 23/02/2018

    Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 13

    A Última Fronteira – Contos de um passado distante...

    02-A Entrevista : (Se passa na Terra quanto Patrícia está para completar 300 anos)

    - Olá Amigos! Muito bom dia! Este é o seu Canal Sensorial 3D 121, sou Trevor Goldman,

    trazendo as principais notícias deste início de manhã!...

    A repórter acompanhou a fala mais do que decorada do conhecido apresentador um com meio

    sorriso torto... Logo ele iria convocá-la e ela revisou mais uma vez o texto do teleprompt à sua

    frente de forma rápida...

    - E com vocês nossa repórter de campo Silvia Lovet! Silvia?

    - Estou aqui, Trevor, bom dia!

    - Bom dia, querida, como está o vôo?

    - Perfeito, Trevor. Um pouquinho de turbulência quando nos aproximamos da costa, mas já

    passou, um vôo perfeito até aqui.

    - Pode nos dar uma visão geral?

    - Claro!... Takeda, uma geral para nossos expectadores...

    O câmera acionou os controles enviando imagens panorâmicas da costa selvagem que os

    cercava enquanto a repórter ia descrevendo a paisagem abaixo deles...

    - Estamos nos aproximando do espaço-porto da Reserva de Lord Patrick Peary McCoist no

    nordeste do continente australiano. Devemos pousar dentro de 10 minutos no máximo. Dali

    prosseguiremos por terra até o istmo que separa o continente da Ilha do Farol. Lá uma

    embarcação fretada nos levará a nosso destino final, a residência Oficial dos Príncipes

    Imperiais em nosso mundo!... Vejam, o espaço-porto! Que lindo! Takeda, diga ao piloto para

    dar uma volta sobre o complexo antes de pousarmos!

    Abaixo, estendia-se a longa pista ladeada por complexos hoteleiros de alto luxo, resorts onde

    turistas de alto poder aquisitivo podiam desfrutar de praias paradisíacas totalmente isoladas

    da realidade selvagem que os cercava!... Mais ao fundo, os Centros de Pesquisa com seus

    alojamentos em forma de bangalôs... Pequenas naves de cruzeiro, aviões anfíbios e

    helicópteros iam e vinham dos mais diversos cantos da Reserva, alguns rigorosamente

    protegidos como as preciosas praias onde as colônias de estromatólitos, primeiros sistemas

    organizados de vida detectados na Terra e responsáveis pela formação de sua atmosfera de

    oxigênio, ainda sobreviviam...

    O helicóptero pousou numa parte isolada da pista onde veículos de traslado já esperavam a

    equipe de reportagem. Deixaram o espaço-porto por um discreto portão de serviço e tomaram

    uma silenciosa estrada deserta, cuidadosamente asfaltada, ladeada por casuarinas cuja

    folhagem viçosa assoviava à brisa suave da manhã fresca...

    - Tudo pronto? – perguntou a repórter denotando certa ansiedade ao dirigir-se ao resto da

    equipe - Lembrem-se, sigam

    Está gostando da amostra?
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