Exercícios Espirituais No Dia-adia
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Exercícios Espirituais No Dia-adia - Saluar Antonio Magni
1
AGRADECIMENTO
Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos, abordados neste livro.
Agradeço também ao Padre Adroaldo, orientador do CEI, que me permitiu utilizar toda experiência dos retiros, contemplações, meditações e estudos, obtidos durante os Exercícios Espirituais de 30 dias em etapas, que realizamos eu e minha querida esposa, em Itaici. À Márcia, minha acompanhante nos exercícios, pelas suas inspiradas orientações, à Irmã Fátima que orientou nosso grupo de oração e discernimento, e a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. Agradeço ainda os padres Jesuítas: Manuel Iglesias, Ramon, Romanelli, Quevedo, Paiva e tantos outros que trabalhei como acompanhante nos exercícios espirituais em Itaici. À todos os professores e acompanhantes dos CAP 1 e CAP2, que nos proporcionaram a especialização em Orientação e acompanhamento espiritual do exercícios Inacianos, orientados pela FAJE, em Belo Horizonte.
2
SUMÁRIO
CAP 1 QUEM FOI INÁCIO DE LOYOLA? 9
CAP 2 QUAL A MÍSTICA E A METODOLOGIA QUE SE
BASEIAM OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS? 16
CAP 3 QUAL O PLANO DE DEUS: PRINCÍPIO E
FUNDAMENTO DA VIDA? 30
CAP 4 EU PECADOR: AMADO E CHAMADO POR DEUS 47
CAP 5 DISCERNIMENTO ESPIRITUAL: CONSOLAÇÃO E
DESOLAÇÃO 71
CAP 6 MISERICÓRDIA: ROSTO ALEGRE DE DEUS 78
CAP 7 CONTEMPLAÇÃO DA PESSOA E MISSÃO DE JESUS 103
CAP 8 VOCAÇÃO: ELEIÇÃO DE VIDA 141
CAP 9 CAMINHO DA CRUZ – CAMINHO DO SIM 168
CAP 10 JESUS RESSUSCITOU! UMA NOVA CRIAÇÃO: VIDA NOVA 190
CAP 11 MEU NOVO PROJETO DE VIDA: VIDA NOVA! 205
3
INTRODUÇÃO
Caros amigos, nestes anos tenho aprendido que nós somos responsáveis por tudo que acontece à nossa volta. Através dos nossos pensamentos, emoções e palavras, criamos situações ao longo de nossas vidas que poderão ser destrutivas ou construtivas. Todos os acontecimentos em nossas vidas até o momento em que nos encontramos foram criados por nossos pensamentos e crenças que tivemos no passado, pensamentos estes que usamos ontem, na semana passada, no mês passado, no ano passado e durante toda nossa vida. O que passou não pode ser modificado, mas, o importante é o que estamos escolhendo pensar agora, porque o pensamento sim pode ser modificado, pois todos os estados mentais negativos atuam como obstáculos à nossa felicidade.
Muitos vivem irados, com raiva, e essa atitude é um dos maiores empecilhos para atingirmos o estado de liberdade interior, que é onde reside a felicidade. A raiva é tida como a mais hedionda das emoções, ela perturba nosso discernimento, nos causa desconforto e consegue devastar nossos relacionamentos pessoais com a força de um furacão, que põe abaixo ou pelos ares tudo que se interpõe à sua passagem. Estudos comprovam que a raiva, a fúria e a hostilidade são prejudiciais ao sistema cardiovascular, causando aumento de colesterol, de pressão alta e até de mortes prematuras.
Muitas pessoas têm ânimo instável e atuam impulsivamente, duvidando de sua identidade e sofrendo explosões de violência contra ela mesma e contra os demais. Essas pessoas padecem de um transtorno que conduz ao abatimento e desesperança, caracterizada pela instabilidade emocional. Sem conseguir se controlar contra o abandono, ataques de ira, sensação de vazio interior e impetuosidade. Suas relações, seu sentido de si mesmo e o seu ânimo, se tornam muito instáveis.
Muitos têm impulsos de gastar, ter relações sexuais abusivas e descontroladas, abusar de substâncias e comidas ou dirigir de forma temerária e incontrolável. Suas possibilidades de continuar estudando, ter um emprego ou estabelecer uma relação sentimental, casamento ou namoro se tornam difíceis. Essas pessoas tendem a experimentar longos períodos 4
de abatimento e desilusão, interrompidos às vezes por breves episódios de irritabilidade, atos de autodestruição e cólera impulsiva.
Estes estados de ânimo costumam ser imprevisível e parecem ser desencadeados menos por fatos externos do que por fatores internos da pessoa. Fique certo caro amigo, pois estes sentimentos destrutivos quando brotam dentro de nós, acabam nos dominando de tal forma que destroem nossa paz mental e por isso são corretamente considerados como os nossos inimigos internos. Esses nossos inimigos internos só têm uma função, a de nos destruir e muitas vezes envolver também quem está a nossa volta, especialmente nossos familiares e amigos, exatamente os que mais amamos ou que deveríamos amar.
Nossa presença de espírito e nossa sabedoria desaparecem, sentimos uma ansiedade que nos sufoca. Acabamos perdendo a capacidade de distinguir o que é certo ou errado, e aí, somos lançados num estado de confusão tamanha que agrava ainda mais nossos problemas e dificuldades.
Você já deve ter percebido que quando isto acontece nossa tensão tende a aumentar, nosso nervosismo e nossa fisionomia também se transformam, e emanamos, desprendemos uma vibração tão hostil que todos se afastam.
Até os nossos animais de estimação, como o gato ou cachorro, podendo mesmo nos transformar em autores ou vítimas de crimes hediondos contra pessoas próximas, ou mesmo contra nosso próprio ser.
Quantos suicídios e vidas autodestruídas eu tenho visto nestes últimos anos. Quantas tristezas geram! Casais se separam de uma união que deveria ser indissolúvel, filhos matam pais, pais matam filhos, amigos se distanciam, pessoas perdem o emprego. Quanta angústia e desolação!
A ira, a raiva, a depressão, o mau humor constante, a indolência e muitos outros problemas. São todos inimigos tão poderosos, que podem ficar atuando somente por instantes ou passar de geração para geração. Em alguns casos temos até raiva de pessoas que já faleceram há muito tempo, e assim o inimigo interno continua ativo com toda a sua força. Em outros casos mantemos raiva por desastres financeiros ou relacionamentos que já acabou há muito tempo.
5
Francamente caros amigos, eu já passei por muito disso, e ainda hoje luto contra minhas instabilidades, temperamento difícil, impaciência e intolerância. Porém tenho descoberto, juntamente com minha querida esposa, que todos estes sentimentos podem ser construtivos, quando os utilizamos para detectar o que está dentro de nós como inimigos e com isso enxergar nossos egoísmos, nossas críticas, nossas lamentações, nossa falta de fé, ou sentimentos de culpar os outros por nossas mazelas, etc.
Temos aprendido que devemos usar a força destas emoções para destruir os maus sentimentos que habitam em nossa alma e impedem que nossa vida, e a de todos aqueles que dela participam desfrutem de alegria, paz e amor. Para conseguirmos dominar esses inimigos internos, temos descoberto algumas ferramentas que são acessíveis a cada um de nós, basta força de vontade e perseverança em aplicá-los e transformarmos para melhor, nossas vidas e a vida daqueles com os quais convivemos. Uma grande ferramenta que temos descoberto nestes últimos 18 anos, são os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Trata-se, pois, de uma metodologia de desenvolvimento espiritual, proposta por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (Ordem Religiosa dos Padres e Irmãos Jesuítas). A sua primeira redação, pelo próprio Inácio, se deu no ano de 1522, refletindo sua experiência espiritual. Mais tarde, foi enriquecida com sua experiência apostólica e sua formação intelectual (Paris, 1528-1535
e Veneza, 1536-1537).
Esse é o grande motivo pelo qual escrevo este livro: que minha experiência e a experiência de minha esposa, nossos erros e acertos, ajudem a cada um de vocês leitor/aes amigos, a buscarem uma vida feliz e cheia de sentido e que a cura interior seja alcançada através da oração, da contemplação e da busca de nos conformarmos à pessoa de Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor.
Os exercícios que iremos propor para vocês neste livro, podem ser resumidas em três grandes metas:
- ser uma escola de oração
, promovendo uma profunda união com Deus;
6
- desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida;
- ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.
Isto significa que você, em nosso livro, não vai encontrar um tratado, uma teoria, nem mesmo, muito conteúdo. Mas, sim, um roteiro de exercícios. Como um roteiro de exercícios físicos, a matéria é desenvolvida pela própria pessoa, ao praticar os exercícios. Comparando-se a exercícios musicais, ou seja, um roteiro de exercícios para aprender a tocar um instrumento musical, a beleza da matéria está no resultado que a prática dos exercícios produzirem. Com o passar do tempo, a execução da música torna-se espontânea e resulta na beleza da música, na sua afinação e na sintonia com a orquestra toda.
Os Exercícios Espirituais que pretendemos lhes aplicar através deste livro, segundo o santo católico Inácio de Loyola, são "qualquer modo de examinar a consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais... Porque, assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais também se chamam exercícios espirituais os diferentes modos de a pessoa se preparar e dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas e, tendo-as afastado, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição de sua vida para o bem da mesma pessoa.
Partindo deste pressuposto e baseado em sua própria experiência espiritual, Inácio de Loyola escreveu um roteiro a fim de ajudar os outros em seu crescimento espiritual: o livro dos Exercícios Espirituais. Consistem em um modo e um roteiro, totalmente fundamentado na experiência do santo, para ajudar as pessoas a perceber e acolher a íntima ação de Deus em sua vida, e acolhê-la em uma dinâmica de uma participação cada vez mais efetiva na Vida e na Missão de Jesus Cristo.
A prática dos exercícios espirituais tem exercido influência significativa na vida da Igreja Católica ao longo dos séculos. Em 1922, Pio XI declarou e constituiu Santo Inácio de Loyola "Patrono celestial de todos 7
os Exercícios Espirituais e, por conseguinte, de todos os institutos, associações e congregações de qualquer classe que ajudam e atendem aos que praticam Exercícios Espirituais".
O Papa Pio XI publicou, em 1929, a Encíclica Mens Nostra: Sobre os Exercícios Espirituais
, na qual comunicava aos fiéis a sua decisão de estabelecer anualmente um retiro baseado nos Exercícios Espirituais para o Papa e membros da Cúria Romana.
Bem só estou na Introdução e já estou querendo passar tudo para vocês! Vamos passar ao primeiro capítulo de nosso livro para conhecer um pouco a vida de Santo Inácio e ver as razões por que vale a pena nos envolvermos na oração e estudo deste modesto livro ou compendio sobre os Exercícios Espirituais.
8
CAP 1 QUEM FOI INÁCIO DE LOYOLA, CRIADOR DOS
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS?
Inácio de Loyola (ou Santo Inácio de Loyola) foi um sacerdote da Igreja Católica no século XVI que ficou conhecido por ser o fundador da ordem religiosa Companhia de Jesus
(Ordem dos Jesuítas), em 1534.
Considerado Santo
, Inácio de Loyola foi canonizado pelo Papa Gregório XV, no dia 12 de Março de 1622. Como já vimos, em 1922 foi eleito
Patrono dos Exercícios Espirituais
, pelo papa Pio XI.
Era um Espanhol Basco, gente braba
como diziam na Espanha!
Foi nascido em Azpeitia, no País Basco, Espanha, em 31 de março de 1491, Íñigo López de Loyola (nome em que foi batizado), foi o filho mais novo dos treze que teve o nobre casal Beltrán de Loyola e Maria Sonnez. Mais tarde troca o nome de Íñigo para Inácio.
Nasceu no Castelo de Loyola
(como ficou conhecido o local da família),
ficando órfão de mãe muito cedo e órfão de
pai na adolescência. Por volta de seus 16
anos sua família o enviou para ser pajem e
cortesão no Palácio de Juan Velásquez de Cuellaro, seu parente, ministro do Tesouro Real (contador mayor) do reino de Castela onde recebeu uma educação católica. (Pajem era Jovem serviçal que, na Idade Média, fazia companhia ao rei, ao príncipe, e no caso de Inácio aprendia o ofício de contador e mais tarde oficial de armas)
Iñigo viveu em Arévalo, na casa de seu protetor de 1506 a 1517.
Como cortesão, levou vida
leviana, vida de bailes na
coorte e namoricos. Com a
morte de seu protetor em
1516, Inácio colocou-se a
serviço do vice-rei de Navarra
como cavaleiro, pois havia se
tornado um valente oficial de armas. Gravemente ferido no joelho com um 9
tiro de canhão, na batalha de Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação Inácio procura ler livros para passar o tempo, gostava de livros sobre cavaleiros e lutas nas batalhas espanholas, mas a graça de Deus começa a entrar em sua vida, assim como pode estar começando a entrar na vida de cada um de vocês que está lendo este livro! Sua cunhada lhe traz dois livros, pois eram só os que possuía: e ele começa a ler a Vita Christi
, de Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos.
A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e outros líderes religiosos.
Decidiu devotar a sua
vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Durante esse período,
Inácio desenvolveu os
primeiros planos dos
Exercícios Espirituais,
que iriam adquirir uma
grande influência na
mudança dos métodos
de evangelização da
Igreja.
Confrontado com as ações dos Santos, pensou: «se São Francisco e São Domingos o fizeram, porque não hei de fazê-lo também eu? A alegria que ficava depois destes pensamentos trazia-lhe uma paz bem mais profunda do que os sonhos com aventuras cavaleirescas. E até a ideia de servir a uma senhora, que pode ser identificada como uma princesa do reino de Portugal!
Quem sabe ao certo!
Portanto sendo afetado
pela vida dos santos e pela vida de Cristo, Inácio começa a mover-se, a deslocar-se. Num primeiro momento há um deslocamento geográfico imaginativo ou fantasioso para dois lugares 10
diferentes: o castelo
da
dama
ou
Jerusalém:
tais
lugares simbolizam
dois universos de
valores
opostos,
duas propostas de
vida antagônicas: o
mundo ou Jesus
Cristo.
Decide
seguir a consolação:
servir ao Senhor!
Em sua imaginação
fantasiosa, no início: ir a Jerusalém!
Dirigiu-se ao Mosteiro de Montserrat, onde confessou-se durante três dias. Em 24 de Março de 1522, pendurou seu equipamento militar perante uma imagem da Virgem, despiu-se de suas roupas vistosas, doou-as a um mendigo e passou a vestir-se com um tecido de saco. Em breve entrou no mosteiro de Manresa (apenas morou em um quarto do mosteiro como hóspede, mas não era monge), na
Catalunha. Assumiu então um estilo de
vida mendicante, impondo-se rigorosas
penitências à imitação dos santos. Vivia
de esmolas, privava-se de carne e
vinho, frequentava a missa diária e
rezava a Liturgia das Horas. Costumava visitar o hospital e levar comida para os doentes.
Em Manresa, teve diversas experiências espirituais e visões e também passou por diversas provações internas: o desânimo, a aflição e a
noite escura da alma
(termo cunhado por São João da Cruz, referente às vicissitudes decorrentes do estado de espírito entre a incerteza e a dúvida quanto à fé). Passadas estas provações, teve o ânimo renovado diante de 11
novas experiências espirituais. Conforme narrado em sua autobiografia:
Estas visões o confirmaram então e lhe deram tanta segurança sempre da fé, que muitas vezes pensou consigo: se não houvesse Escritura que nos ensinasse estas verdades de fé, ele se determinaria a morrer por elas, só pelo que vira
. Também em Manresa, às margens do Rio Cardoner, fez uma experiência mística, conforme narrou mais tarde ao Pe. Luís Gonçalves da Câmara: Estando ali assentado, começaram a abrir-se lhe os olhos do entendimento … Em todo o decurso de sua vida, até os 62 anos de sua idade, não lhe parece ter alcançado tanto quanto daquela vez
.
Foi nessa cidade, não fica muito longe do célebre mosteiro beneditino de Montserrat – também significativo na vida do santo – que Inácio descobriu sua vocação religiosa e fez votos de pobreza. Também foi lá que ele começou a escrever seus Exercícios Espirituais, em 1522.
Manresa organiza rotas inacianas pela cidade, chegando a um dos lugares mais impressionantes: a famosa Cueva
[Caverna]. Construída entre os séculos XVII e XVIII, virou um santuário e casa de exercícios.
Inácio viveu em Manresa durante 11 meses: de março de 1522 a fevereiro de 1523. As experiências que ele teve na cidade ajudaram-no a consolidar sua trajetória espiritual depois que ele decidiu abandonar a vida anterior para se dedicar à meditação. Segundo relata sua autobiografia, Inácio teve experiências místicas e raptos espirituais
em Manresa, que foram chave para a redação de sua obra mais influente, um clássico da literatura cristã universal: seus Exercícios Espirituais
.
Os lugares inacianos em Manresa incluem a ante caverna, com mosaicos, molduras e vitrais muito ricos em decoração, que levam à caverna.
A Casa dos Exercícios é um colossal edifício neoclássico, que acolhe todos os peregrinos do mundo que querem fazer os Exercícios Espirituais no lugar onde eles foram criados. No local, também há uma comunidade jesuíta.
A cidade de Manresa também abriga alguns lugares desconhecidos, como a Capela de Santo Inácio enfermo
. A família Amigant acolheu Inácio na casa deles em várias ocasiões. Na capela, conserva-se uma tela com a imagem da família cuidando do santo.
12
Uma curiosidade é a casa onde o agora santo pedia esmola e onde ele deixou um cilício antes de abandonar Manresa. A Virgem tornou-se objeto duma devoção cavaleiresca. Imagens militares tomaram grande relevo em sua contemplação religiosa.
Foi tomando notas do que se passava dentro de si, do modo como Deus lhe falava e aprendeu a deixar-se guiar pelo Espírito Santo. Já não procurava a sua própria glória, mas conservava o seu carácter determinado, agora orientado para encontrar a vontade de Deus e pô-la em prática.
Movia-o a preocupação com os mais pobres e o desejo de servir a Igreja e de transformar o mundo para a maior glória de Deus.
O grande desejo de se identificar com Jesus levou-o à Terra Santa onde percorreu com enorme devoção os passos do Senhor da sua vida. Não podendo permanecer ali o tempo que desejava, regressou à Europa percebendo que para levar Deus aos outros precisava de estudar. Como estudante passou por Barcelona, Alcalá e Paris.
Quando estudava em Paris, conhece alguns dos companheiros com que mais tarde fundará a Companhia de Jesus. Entre eles destacam-se: Pedro Fabro, Francisco Xavier e Simão Rodrigues. Juntos formavam um grupo de amigos no Senhor, que pretendia servir a Deus vivendo na Terra Santa. Ao verificarem que esta sua intenção não se poderia concretizar, decidem
oferecer-se ao
Papa para que
este os enviasse
aonde fossem
mais
necessários. A 27 de setembro de 1540, o Papa Paulo III aprovou a Companhia de Jesus.
Eleito o 1º Geral da Companhia de Jesus Inácio empenhou-se na sua organização e no desenvolvimento das Constituições da nova Ordem religiosa. Morreu em Roma a 31 de julho 1546. Foi beatificado por Paulo V
13
a 3 de dezembro de 1609 e canonizado a 12 de março de 1622 por Gregório XV.
Partindo da sua experiência espiritual, foi redigindo ao longo dos anos um pequeno livro: os Exercícios Espirituais (EE). Este livro assume-se como um guia em que se propõe um mês de retiro dividido em quatro etapas designadas semanas. Nesse livro se reflete o modo como Inácio entende a relação do ser humano com Deus e com toda a criação. Os EE
têm ajudado milhares de pessoas a conhecer e a viver a vontade de Deus para a sua vidas.
Bem aconselho a cada um de vocês que está lendo este livro, que procure conhecer melhor a vida de Santo Inácio, pois aqui só demos algumas pinceladas principais sobre sua vida.
Vamos rezar um pouco sobre o como estou em minha vida neste momento, iniciando a leitura e oração deste livreto sobre os exercícios espirituais Meu jugo é suave e o meu peso é leve.
Mateus 11,30
Acalmo-me! Faço calar dentro de mim
palavras e pensamentos. Tomo consciência
dos sons ao meu redor: os mais próximos, os
mais distantes; os mais agradáveis, os menos agradáveis… Tento perceber as sensações do corpo: sinto cansaço,