Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Empobrecimento da experiência, formação e juventude
Empobrecimento da experiência, formação e juventude
Empobrecimento da experiência, formação e juventude
E-book312 páginas3 horas

Empobrecimento da experiência, formação e juventude

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A obra Empobrecimento da experiência, formação e juventude, por David Budeus Franco, aborda a questão social na formação e desenvolvimento da juventude paulistana.
Estruturado em quatro capítulos, o livro reúne um compilado de pesquisas do autor, trazendo as expectativas dos jovens em meio a um cenário de incertezas e dificuldades. Objetivando mostrar ao leitor tal realidade, discutindo temas como educação, cultura, trabalho, futuro e esperança por um amanhã melhor.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de out. de 2022
ISBN9786558407782
Empobrecimento da experiência, formação e juventude

Relacionado a Empobrecimento da experiência, formação e juventude

Ebooks relacionados

Ciências Sociais para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Empobrecimento da experiência, formação e juventude

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Empobrecimento da experiência, formação e juventude - David Budeus Franco

    Prefácio

    Estudar e realizar pesquisa social empírica sobre a temática da juventude, na sua relação com a educação, é um desafio que, de imediato, insere o cientista dedicado aos fenômenos das Humanidades no universo de um sem número de controvérsias. Entre tantos debates observados na sociologia, na história, na antropologia, na psicologia e na pedagogia, ganham destaque aqueles que se dedicam a definir o lugar dos jovens na história, nas transformações sociais e na renovação cultural. Também são acaloradas as discussões em torno de suas necessidades e expectativas no que se refere à educação, à cultura, ao trabalho, ao futuro. E, sem dúvida, há um acúmulo de conhecimento considerável para sustentar distintas interpretações, ainda que divergentes e antagônicas entre si.

    A título ilustrativo, ressalte-se que é possível encontrar estudos que reafirmam o papel histórico da juventude – de protagonista das revoluções sociais e da construção de um mundo livre das injustiças de qualquer espécie –, encontrando na sociedade hodierna elementos de continuidade de um processo iniciado em princípios do século passado. De outra parte, há também estudos mostrando que os jovens da época contemporânea (os últimos 30 anos) guardam uma especificidade própria, pois incorporaram as demandas e reivindicações produzidas no bojo das mudanças ocorridas no sistema econômico capitalista, produzidas pelo neoliberalismo, e do fortalecimento das lutas dos diferentes grupos que compõem a sociedade globalizada do século XXI, a exemplo dos movimentos negro, indígena, feminista e LGTBQIA+.

    Seja como for, e considerando que ambas as posições acerca do debate em torno da juventude, aqui apresentadas sintética e grosseiramente, oferecem contribuições essenciais para a compreensão do fenômeno em tela, os estudos que tomam os jovens como objetos de investigação incidem basicamente sobre os fatores e as experiências que concorrem para sua formação. Em outros termos, esse grupo etário é compreendido e estudado desde a perspectiva de sua composição, isto é, pessoas que vivem situações educacionais, culturais e sociais decisivas para a constituição de sua subjetividade. Trata-se do tema da formação das novas gerações ou simplesmente da formação dos indivíduos.

    Essas breves considerações são suficientes para situar a obra de David Budeus Franco. O conceito de formação adotado pelo autor é aquele formulado há mais de 60 anos por Theodor W. Adorno, no ensaio Teoria da pseudocultura (1971). Não cabe, neste prefácio, discorrer sobre a definição desse conceito fundamental para os autores da primeira geração da Escola de Frankfurt, considerando a preocupação central deles com a adesão ao fascismo, ao autoritarismo e aos movimentos antidemocráticos, com a disposição ao preconceito e ao desprezo pelas diferenças (o não idêntico), bem como a crescente intolerância com a diversidade e tolerância em relação à violência social, por parte das massas, posto que tal conceito – formação – é suficientemente explorado pelo autor deste livro.

    Aqui interessa indicar apenas que Adorno, identificando, no âmbito da vida social e da educação, tendências e situações que indicavam em sua época o colapso da cultura e o avanço da barbárie e da irracionalidade socializada, chama a atenção para o fato de a formação ter se convertido em falsa formação ou deformação, justamente porque aquilo que é sua condição necessária era impedido de se realizar: a experiência, por sua vez, essencial para a autonomia – sempre relativa na sociedade burguesa e capitalista.

    A formação não pode se realizar em sua plenitude porque a experiência foi e é continuamente empobrecida. Quer isso dizer que aquela relação que o sujeito/indivíduo poderia estabelecer com o objeto/outro/não idêntico é cada vez mais mediada por instâncias que determinam o teor da formação e da educação proporcionada às novas gerações, fazendo com que crianças, adolescentes e jovens entrem em contato com os conteúdos da cultura de um modo que é usurpado deles a espontaneidade, a imaginação, a criatividade e a fantasia. É o caso clássico da redução da arte à mercadoria operada pela indústria cultural, outro conceito elaborado por Theodor W. Adorno (em colaboração com Max Horkheirmer). Portanto, a relação do indivíduo com o mundo (humano, natural e das coisas) acontece de uma maneira que não realiza plenamente a experiência, uma vez que o momento da reflexão e da apropriação da cultura pelo sujeito é danificado e instrumentalizado em benefícios dos interesses econômicos privados.

    É verdade que muitos resistiam (organizadamente ou não) a essas tendências de promoção e reforço da dominação social – basta lembrarmo-nos de que é nessa mesma época, quer dizer, os anos seguintes ao término da II Guerra Mundial, que os movimentos de descolonização dos países submetidos ao poder do imperialismo, especialmente na África, na Ásia e na América Latina, da juventude e das mulheres, pelos direitos civis (nos EUA) e negro, pelos direitos das pessoas LGBTQIA+, entre outros, ganham força e se contrapõem à ordem social reprodutora da opressão historicamente constituída, seja nos países centrais ou periféricos do capitalismo.

    São as formas de resistência desenvolvidas pelos jovens, especialmente os moradores das periferias das grandes cidades ou a denominada juventude periférica, e considerando suas manifestações acerca da educação, da cultura, da sociedade e do trabalho, que mobilizaram os esforços do autor da presente obra. Resistência é compreendida por ele, de par com o expressado pelos próprios sujeitos de sua pesquisa, como toda energia, presente nos indivíduos e nos grupos politicamente organizados e atuantes, que pode ser direcionada à luta pela existência pacificada e contra a conversão desta em mera autopreservação, para utilizar formulações elaboradas pelos autores da teoria crítica da sociedade, especialmente Herbert Marcuse, Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985; 1991; 1999; 2002).

    Esta é a sua importante e necessária contribuição. David Budeus Franco flagra, por meio de rigorosa investigação, o esforço empreendido por uma pequena amostra (mas representativa) da juventude, que habita a zona sul da cidade de São Paulo, especificamente na região do Capão Redondo, para viver a vida, existir e se constituir como indivíduos e cidadãos, a despeito das condições econômicas adversas e das dificuldades que a maioria da população deste território periférico enfrenta. O autor não despreza o fator classe social como categoria fundamental e agrega outras igualmente fundamentais, a saber: o modo como a juventude de um lugar tal específico como Capão Redondo produz e se relaciona com os bens culturais, além da influência dos elementos raciais e de gênero. Tudo isso é retratado de um modo que evidencia o quão vibrante e dinâmico é o meio social no qual vive grande parte da população paulistana, e no qual a formação ou deformação das novas gerações se realiza de determinados modos, levando-as a elaborarem necessidades e expectativas presentes e futuras – factíveis ou quiméricas.

    Apesar da pobreza de experiência, consequência também da pobreza material e da desigualdade social, os jovens estudados por David vivem sua juventude de uma maneira distinta, mas não menos intensa do que os jovens de outros territórios e de outras classes sociais, inclusive no espaço escolar. Ressalte-se que a pobreza de experiência identificada não é prerrogativa somente dos jovens pobres, mas algo que perpassa toda a cultura, deixando cicatrizes nos indivíduos, independentemente de sua origem e condição social. Afinal, a indústria cultural investe pesado na conquista de tudo e todos (corpos, corações e mentes).

    Por fim, destaque-se o rigor e a precisão da escrita do autor. Nesse sentido, trata-se de um relato entusiasmado e intenso de seu minucioso trabalho de pesquisa, que redundou não somente na apresentação dos dados coletados junto aos jovens participantes da investigação e cuidadosamente analisados, mas também em um bem-sucedido esforço de conceituar e/ou desenvolver cada uma das situações (e os referidos termos atinentes) que, de alguma maneira, compõe a vida da juventude (ensino médio, cultura, linguagem, pensamento e experiência). Isso se deve à postura do David que, antes de atribuir determinadas características e papéis sociais aos jovens – ou definir aprioristicamente a juventude –, interessou-se por aquilo que eles são e por aquilo que eles podem ser, apesar de todos os obstáculos vividos e enfrentados. O resultado que pode ser conferido neste livro é consequência da sensibilidade e do interesse genuíno pela educação e pela cultura, compreendidas como algo vivo e que diz respeito à experiência objetiva e subjetiva das pessoas que insistem em buscar formas alternativas de viver e produzir cultura.

    Carlos Antonio Giovinazzo Jr.

    15 de dezembro de 2021

    Introdução: os caminhos da pesquisa

    Oriundo do interior de Minas Gerais, mais precisamente do Triângulo Mineiro, cheguei a São Paulo repleto de ideais; carregava comigo os sonhos de viver em um país mais justo, com melhor distribuição de renda e com uma população mais bem informada, capaz de exigir o cumprimento de seus direitos.

    Quando pus os pés pela primeira vez na Universidade, primeiro com o curso de Jornalismo e depois de Letras, trouxe na mochila muitas certezas, assim como creio ser o caso de muitos; entre as convicções que me acompanhavam havia aquelas advindas do senso comum. Acreditava que bastava um professor com boa vontade para promover as melhorias necessárias na sociedade; mais do que isso, ansiava que eu mesmo pudesse dar, por meio do trabalho e do meu esforço pessoal, uma imensa contribuição para transformar o catastrófico quadro social instalado no Brasil.

    Em outras palavras, saliva, giz e um bom coração seriam as armas mais adequadas para promover a distribuição de renda, a diminuição da pobreza e da fome, melhorar as condições de saúde e sanitárias, e assim por diante. Ledo engano. Estava, portanto, absolutamente contaminado pela superficialidade com que esse tema é tratado em nossa sociedade, que atribui deveres e funções à educação e à escola cada vez que se depara com um novo desafio.

    Cursando graduação, exposto às primeiras posturas um pouco mais criteriosas, no que se refere ao entendimento da realidade, paulatinamente as certezas absolutas de que era portador começaram a esvanecer. Junto aos questionamentos cada vez mais frequentes instalava-se, sem muito alarde, uma companhia pouco confortável, a angústia.

    Um pouco menos inocente, percebendo as mazelas do mundo de maneira mais racional, fui tomando consciência do importante papel que a educação pode desempenhar para a construção de uma sociedade melhor, de indivíduos melhores. Muitos poderiam perguntar: o que quer dizer inocência? Seria não perceber as distinções que a sociedade apresenta? A resposta é negativa. Não se trata de não ver ou conviver com a iniquidade social que se apresenta na sociedade brasileira, mas, antes, da naturalização das diferenças.

    Em outros termos, dessa perspectiva nada crítica, o enorme abismo social registrado no Brasil seria fruto da própria natureza e personalidade do brasileiro e suas características. Obviamente, nunca imaginei ser assim o mecanismo de funcionamento da sociedade. No entanto, é necessário considerar que, na elaboração desse panorama, há uma grande contribuição da mídia em geral, já que os meios de comunicação são uma das importantes correias de transmissão de valores, crenças, desejos e, também, da ideologia que opera em toda sociedade; semelhante à brisa, ninguém vê e alguns se dão conta da sua presença, quando beneficiados pelo frescor que ela proporciona.

    Assim, a ideologia que percorre toda a sociedade por meio dos sistemas de comunicação em massa apazigua a existência em diversas situações, assunto tratado mais detidamente no decorrer deste trabalho.

    No final do percurso da primeira graduação, muito havia se transformado em mim, especialmente no modo de perceber as coisas que me cercavam. Ainda que a minha primeira formação acadêmica, em Comunicação Social – Jornalismo, não estivesse absolutamente comprometida com a educação, esta começara a ser objeto de constante observação e curiosidade. Mais do que isso, sentia uma imensa necessidade de conhecer mais sobre as possibilidades que a educação guardava para o futuro da nossa sociedade.

    Um tanto idealista, cria na possibilidade de ampla transformação social por meio da educação. O primeiro trabalho de pesquisa realizado na companhia de uma colega de questionamentos e ideais, parecia querer comprovar exatamente isso, a possibilidade de que as coisas podem ser melhores, bastaria boa vontade e um bom projeto com pessoas dedicadas a ele. O trabalho foi realizado de modo muito honesto, com as limitações de compreensão e de experiência que tínhamos. De todo modo, fomos investigar a presença da cultura como elemento incentivador da educação, especificamente, a pesquisa se prestou a entender de que modo o hip hop, manifestação cultural urbana, forjada nas ruas, influenciava os adolescentes a se comprometerem mais com a educação deles mesmos. Fomos às periferias da cidade e do estado de São Paulo tentar compreender que fenômeno era esse. Queríamos saber que fascínio essa manifestação de rua exercia sobre os jovens nas periferias, queríamos entender o processo de identificação dos adolescentes com a mensagem trazida pelo movimento hip hop. Penso, hoje, que o resultado da pesquisa foi, sobretudo, a transformação pessoal e intelectual de dois jovens que estavam concluindo sua graduação.

    Depois dessa pesquisa, as dúvidas me assaltavam, e experimentei uma necessidade ainda maior da que houvera sentido; precisava conhecer mais, pesquisar mais. Já cursando a segunda graduação, agora na área de educação, Letras (licenciatura), fui conduzido ao mestrado, momento de grande amadurecimento intelectual.

    Na pós-graduação travei contato amplo e frutífero com vários pensadores da sociologia, da história e da educação. Depois de ampliar a base de conhecimento, conhecer novas posturas teóricas e práticas, chegava o momento de restringir e aprofundar o conhecimento, amparado por um referencial teórico sólido.

    Este é um momento fundamental na formação do pesquisador e da pesquisa, afinal a teoria é uma lente que se toma emprestada, através da qual se passa a ver e compreender as relações estabelecidas em nossa sociedade. Não se faz a pesquisa para comprovar a teoria, e nenhuma teoria precisa disso; o importante é que ela ilumine os dados recolhidos de modo que possam oferecer as informações necessárias para a elaboração do conhecimento em torno do objeto investigado.

    No mestrado os mesmos elementos que fizeram parte de minha primeira investigação na graduação, juventude, cultura e arte, continuavam gerando muitos questionamentos. E precisava entender de que modo essa relação tinha se estabelecido e como ela ganhava espaço, de modo progressivo.

    Daí, optou-se por uma pesquisa documental que possibilitasse a análise das relações existentes entre os documentos internacionais, como da Unesco, e os que são produzidos localmente, desde o Ministério da Educação até os elaborados nas escolas. Assim, queria explorar o que se prescrevia como modelo ideal de educação no século XXI; a arte e a formação cultural advinda do contato com ela converteram-se em instrumento para a manutenção das relações sociais tal qual a conhecemos; pelo menos como prescrição.

    No mestrado, portanto, a ideia que me norteou foi a de investigar que tipo de formação para a juventude é considerada ideal, levando em consideração os elementos particulares do momento histórico. Então, no trabalho de doutoramento em que se baseou este livro realiza-se um caminho diferente: extrair da própria juventude o que é importante para ela, de acordo com o seu entendimento.

    Vale dizer, portanto, que o tema da juventude e da adolescência sempre se constituiu como elemento fundamental dos interesses deste pesquisador. Em especial, discutir qual o papel da juventude na sociedade, a importância desse momento na configuração da vida individual, a importância da escola, os movimentos sociais e culturais da e para juventude, enfim, variações de um mesmo assunto que sistematicamente esteve presente em minha trajetória na tentativa de dar um passo a mais e melhor compreender a própria sociedade que produz a juventude atual. O desafio é tentar examinar criticamente o que significa ser jovem na contemporaneidade.

    O processo, contudo, para chegar a esse entendimento foi mais complexo e um maior detalhamento disso é apresentado no tópico a seguir.

    1. A elaboração do projeto de pesquisa da tese de doutoramento

    Em fevereiro de 2014, tornara-me mestre pelo Programa de Pós-Graduação da em Educação: História, Política, Sociedade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com a sensação plena de dever cumprido, de que realmente havia realizado uma boa pesquisa, cujo resultado exitoso fora um incentivo para continuar a pesquisar. Antes de qualquer coisa, todavia, o final do ciclo de tarefas impostas pelo mestrado trouxe-me alívio e ainda mais angústias. Muitas outras questões foram surgindo, e mal havia conseguido responder algumas, levantadas durante a dissertação. Situação que impôs uma reflexão profunda sobre continuar ou não a pesquisa. Seria aquele o momento de continuar? Ou seria melhor esperar? Decidi continuar.

    Imediatamente após a decisão, comecei a elaborar o meu projeto de pesquisa para o doutorado, uma vez que havia pouco tempo, o processo de seleção aconteceria em breve. O meu interesse permaneceu em investigar ainda mais profundamente a juventude, quer dizer, a ideia era entender como os adolescentes pensam a respeito de si mesmos. A primeira tentativa de elaboração do projeto previa que conseguiria avaliar essas questões focalizando as relações entre juventude e autoridade.

    Entrei no Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade, agora para desenvolver o projeto de doutorado. Depois de frequentar algumas disciplinas, aquele projeto inicial parecia ser insuficiente para dar conta das questões que queria responder. O projeto foi reestruturado e ele ganhou novo rumo; pensava que, estudando preconceito, poderia conseguir melhor entender as coisas que estava disposto a investigar.

    Mais um tempo se passou, e nova mudança no projeto se fez necessária; isso já no segundo semestre de 2015. O projeto ganhou o aspecto final: o empobrecimento da experiência como fenômeno geral da juventude pareceu o melhor caminho de investigação, isso porque seria uma boa forma de preparar o terreno em que pretendia fixar o projeto de pesquisa.

    Tudo começava a se organizar para que a pesquisa fosse conduzida a partir de então, até que chega o ano de 2016, em que, para usar uma expressão de Marx e Engels (2006), tudo que era sólido começava a se desmanchar no ar, pelo menos aos meus olhos. A conturbação política, a crise econômica, o acirramento dos ânimos, a demonstração pública do ódio de classe, outrora escondido, tudo parecia estar fora do lugar, inclusive as questões que envolvem esta pesquisa.

    Não se sabia exatamente o

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1