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Lua e Sol
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E-book84 páginas1 hora

Lua e Sol

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Sobre este e-book

Cauã é um Médico Veterinário cansado dos plantões noturnos que procura por mudanças em sua carreira. Depois de algumas tentativas decide se estabelecer em Portugal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de mar. de 2023
ISBN9781526069481
Lua e Sol

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    Lua e Sol - Aparecido Klai

    Lua e Luna

    Deixou o carro estacionado na rua ao lado da Clínica Veterinária e caminhou apressado para iniciar o plantão.

    Poucos passos à sua frente, seguia uma jovem com uma criança de colo. Um ano de idade, talvez. Protegida do sereno da noite e acordada.

    A jovem caminhava apressada como ele, com a mão direita apoiando a cabeça de um bebê, menina ou menino, não havia como saber.

    O pequenino estava de olhos abertos, despertos e espertos para os acontecimentos ao seu redor. Inclusive os não tão próximos. Olhava na direção da Lua. Apontava o dedinho indicador para o satélite.

    Parou na entrada da clínica, olhou para a criança, olhou para Lua, pôde vê-la imensa, redonda, prateada. Viu o céu como um imenso negativo pronto para ser revelado. Se fosse revelado, a Lua assumiria cores escuras e ficaria estampada sobre um fundo claro.

    Entrou para desempenhar suas funções e não teve mais tempo para refletir sobre os corpos celestes que se mantinham evidentes naquela noite de poucas nuvens.

    No dia seguinte, quando chegava para o plantão no mesmo horário, viu a mesma jovem, a mesma criança e a mesma Lua.

    Um dia depois também. Por algum motivo teve de dizer para a criança o que ela estava vendo e apontando com o dedinho.

    ─ Essa é a Lua. Você gosta dela?

    A criança olhou para ele, sorriu e baixou a cabeça no ombro da jovem como que querendo esconder o rosto.

    A moça compreendeu apenas uma parte da frase pronunciada, virou o rosto em sua direção, olhou para ele e disse:

    ─ Você falou comigo?

    ─ Desculpe-me. Falei com a criança em seu colo. Ela estava olhando e apontando o dedinho para a Lua.

    ─ Não percebi.

    ─ Eu disse para ela que é a Lua. Ela baixou o rosto envergonhada. É menina ou menino?

    ─ É menina. Chama-se Luna.

    ─ É uma menina muito esperta. E encantada com a Lua. Agora se distraiu, mas ontem e anteontem, eu vi vocês duas, aliás vocês três, nesse mesmo horário. Ela sempre encantada e apontando curiosa para a homônima.

    ─ Homônima?

    ─ Sim. Luna é uma palavra derivada do Latim e significa Lua.

    ─ Foi coincidência. Não falo e nem entendo Latim. Minha família toda também não. Somos todos aqui do Brasil.

    ─ No idioma italiano e no espanhol é assim que se escreve e se pronuncia Lua, Luna.

    Enquanto conversavam despreocupados, ele passou alguns metros da portaria da clínica. Parou chateado com aquela distância tão pequena. Ela percebeu que ele teria de ir trabalhar.

    ─ Está de plantão nessa noite?

    ─ Eu estou de plantão em quase todas as noites. E, desatento, quase passei pela clínica sem assumir meu posto.

    ─ Eu percebi. Culpa da Luna.

    ─ Sim, culpa da Lua.

    ─ Eu sou Rayssa. E você deve ser o doutor Cauã?

    ─ Como sabe?

    ─ Você trata de uma cachorrinha com sequelas de cinomose?

    ─ Infelizmente eu trato mais de uma e não há muito o que se possa fazer depois da doença instalada. A melhor prevenção é sempre a vacina.

    ─ Essa a que me refiro é branca e preta. Muito boazinha. É muito nova. Tem apenas alguns meses de vida.

    ─ Uma SRD? Adotada da rua em um dia chuvoso?

    ─ Não sei o que é SRD, mas chegou em um dia de chuva.

    ─ SRD é uma sigla para animais Sem Raça Definida.

    ─ Então é essa mesma. Pertence a minha irmã. Ela disse que você é um veterinário dedicado. Tchau!

    E seguiu caminhando. A menininha ficou espiando por sobre o ombro da mãe... Mãe??? Percebeu que não havia perguntado se Luna era ou não filha de Rayssa.

    Ficou refletindo sobre o que deveria ter feito enquanto via aqueles dois pontinhos negros se afastando e a menina acomodar novamente o rosto no ombro de quem a transportava.

    Assumiu suas obrigações notívagas tentando se concentrar exclusivamente nos assuntos do trabalho, porém seu cérebro teimoso só o fazia recordar da Lua e de Luna.

    A rotina de seu plantão era sobrecarregada de atendimentos até o início da madrugada. Depois havia sempre uma calmaria de poucas horas que ele aproveitava para dar sequência aos tratamentos dos internados.

    Perto das cinco horas da manhã, Cauã foi para a janela da sala de espera e conseguiu ficar por algum tempo admirando a Lua e o céu escuro se tornando azulado mais claro.

    Ao chegar, no dia seguinte, depois de estacionar o veículo na mesma rua lateral e percorrer o mesmo percurso dos dias anteriores, não encontrou Rayssa e nem Luna. Na verdade, nem mesmo a Lua estava visível com tantas nuvens no céu.

    Conferiu o horário para certificar-se de não estar adiantado ou atrasado. Permaneceu por mais alguns minutos diante da porta de entrada da clínica. E nada de ver a moça com a criança no colo. Nenhuma das três apareceu naquela noite.

    O veterinário que finalizou o plantão e ansiosamente aguardava pela rendição, foi buscá-lo do lado de fora da clínica e o arrastou para o interior onde uma fila de pacientes e de proprietários impacientes o aguardavam.

    Os próximos dias não foram diferentes e ele nem

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