ÂnsiArte
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Sobre este e-book
Suely Andrade
Professora e escritora cearense
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ÂnsiArte - Divino Ângelo Rola
Se eu fosse você
Se eu fosse você,
Não perderia o tempo
Mágico da alma,
Essa alma quente que
Revela o corpo.
Essa alma que no calor
Do meio-dia,
Enleva a boca e quer os lábios
Para se aconchegar.
Se eu fosse você, não
Me saciava de quimeras.
Ah, eu ia querer o real,
Agora mesmo,
Nunca ia deixar para depois
A gula universal com suas
Bocas querendo amar.
Se eu fosse você, cortava
O queijo,
Ah, eu cortava, cortava, sim,
E sentia o olor do queijo,
Levava-o a boca impudica,
E molhava-o de saliva,
Extraia do queijo tudo que
Da importância
Ao corpo e à alma.
Se eu fosse você, levava o queijo
Para o jardim,
Abraçava-o enquanto as flores
Se entregavam aos colibris,
Sabe,
Jardim é local mágico
De se felicitar.
Se eu fosse você, não perdia
Essa brisa,
Porque amar é um brisa
Que sopra no coração.
Se eu fosse você,
Chutava os preconceitos,
Metia a boca na fonte,
Matava a sede.
Mas aí é que tá.
Eu não sou você,
Seu céu pode estar nublado,
E eu não sei,
Seu jardim pode não ter flores
E aí não é jardim,
É só imaginação.
Como não sou você,
Vou interromper o poema,
E sair da minha
Divagação.
Mas isso é claro,
Há um queijo para ser comido,
E o paladar depende da sua
Imaginação.
Vou embora,
Curto essa abstinência,
Olhando a única estrela
Que me olha do céu,
Como um menino de calças curtas
Que procura alguém...
A Lua
Estou aqui...
Hoje não há nuvens,
A Lua está nua,
Ela ensaia o momento
De arrebatar o poeta,
Sua prata escorre
E ilumina a solidão
Da noite,
O poeta a enamora,
A Lua se exibe como uma moça
Bem-vestida,
Mas ela está nua do jeito que
Foi criada,
O poeta se ensoberba,
derrama o vinho na taça,
Bebe o cio da noite, se embebeda,
A Lua vê que o poeta é um ser
Insaciável,
Ela não é moça pudica,
Dona das noites,
Ela se esconde,
E se veste de outros desejos,
O poeta continua perdido
Na sua exuberante beleza.
Ele fecha a janela,
Desliga a imaginação,
E a ama em silêncio...
Paixão
O que dizer deste sentimento,
Já tentei medi-lo com
Fita métrica, não dá,
Coloquei-o na balança,
Virei e mexi,
Esvaziei taças e taças,
Engoli choros e choros,
Me tornei um ser deplorável,
Mas não há jeito,
A paixão é sentimento
Imensurável.
Bem como o infinito,
Nada capaz de decifrá-lo,
O sentimento é essa dor que corta
Corpo e alma,
Nas mesmas medidas.
As mãos
Mãos que edificam,
Mãos que danificam,
Mãos que afortunam
Do ilícito,
Mãos que semeiam a paz,
Mãos que assanham o ódio,
Mãos que abraçam,
Mãos que estrangulam,
Mãos, simples mãos,
A chave inefável
Que move
E sustenta o mundo.
Maria
Nasceu na simplicidade,
Cresceu feliz,
Levantava cedo