Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Ordem Negra
A Ordem Negra
A Ordem Negra
E-book688 páginas7 horas

A Ordem Negra

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Beatriz e Nádia estão distantes no tempo e no espaço, mas suas vidas vão mudar ao entrar em contato com algumas das mais obscuras Organizações secretas que controlam o destino do nosso mundo.
A história começa quando uma descobre que é herdeira de um legado secreto enquanto a outra enfrenta uma dura realidade ao entrar por acaso numa guerra de poder entre os verdadeiros governantes do planeta.
O modo como o governo oculto atua vai se revelar ao leitor enquanto elas lutam por suas vidas e para entender o acontece, que fica cada vez mais claro pelos olhos dos personagens que surgem na trama.
As duas não têm muito em comum, a não ser o fato que cada uma de suas escolhas influenciará o mundo, seus próprios destinos e o destino da outra.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de jan. de 2016
ISBN9781311011824
A Ordem Negra
Autor

CR Oaquim Oaquim

O que você pode esperar de mim? As palavras no fundo não são minhas, escrevo porque quero saber o final das historias tanto quanto vocês. As historias tem vida, tem cor, tem sentimentos, as vezes, elas estão calmas, as vezes vem em um turbilhão incontrolável de emoção. As vezes os personagens querem se sentar num canto, sossegados, aconchegados em quem amam, mas as vezes querem o agito de uma noite na cidade, sentem vontade de desvendar um mistério de arrepiar os ossos ou se põem em perigo simplesmente por achar que devem... Bons personagens tem vida propiá e controlam o destino tão pouco como nós controlamos nossas vidas. Eu Autor? Não! Os personagens vivem suas vidas nas historias. Eu apenas conto.

Relacionado a A Ordem Negra

Ebooks relacionados

Romance para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A Ordem Negra

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Ordem Negra - CR Oaquim Oaquim

    Capa sem a caixa.jpg

    A Ordem

    Negra do Templo

    Da Serie

    Os Senhores Ocultos da Terra

    Dedicado a minha esposa

    e a meu filho

    Prólogo

    O Convite para a Grande Obra

    "Minha amada filha,

    Com alegria recebi seu pedido de começar seu trabalho na Arte Real, vai encontrar junto a essa carta tudo o que precisa para a longa jornada que se inicia nesse momento.

    A Primeira etapa da Grande Obra é o convite. Quando o aprendiz está pronto, o mestre aparece. Você precisa ser convidada para iniciar seus trabalhos. Quando o convite certo chegar, e você estiver disposta a enfrentar sua longa jornada, o maior desafio de sua vida começa.

    Seu Pai."

    Uma breve história de amor

    Peter, Peter Longstone parou sua caminhonete na bela e abandonada vila que comprara havia dois anos. Adorava o local mas estava feliz por finalmente tê-la vendido. Sabia quando a comprou que era questão de poucos anos para ter seu capital de volta.

    A pequena vila de seis casas tinha um terreno grande o suficiente para acomodar um prédio comercial. Seriam 18 andares, 32 salas por andar, ele teria 15% de todo o empreendimento. Se alugasse as salas teria o retorno em seis anos de tudo que pagou por aquelas belas e abandonadas casas, que comprou quando o outrora calmo bairro residencial começou a desvalorizar por conta da expansão comercial próxima, era aquele momento onde bairros vizinhos a grandes centros sofrem com engarrafamentos, estabelecimentos de vida noturna e pequenos assaltos.

    Abriu o pesado e antiquado portão de ferro, estacionou o carro dentro da Vila, abriu o porta malas e retirou uma pesada mala de alumínio (como aquelas de instrumentos musicais) com dificuldade do carro, a depositou no chão, ergueu a alça telescópica, a inclinou e a puxou para a mais afastada das casas, as rodas da mala não deixavam sentir o quão pesado estava, pelo contrário, a puxava quase sem esforço. Abriu a casa, uma pena que aquilo tudo tivesse de ser destruido em breve, deveria ser uma boa vida morar ali tempos atrás, quando todo o bairro era apenas residencial, quando os pequenos bares cheios de pessoas saídas dos novos prédios comerciais não bebiam por ali tentando esquecer seus males, quando pequenos assaltantes não rondavam por ali, quando a vida era mais fácil para seus moradores.

    Entrou na casa, não precisava ser rápido, queria curtir a sua visita, afinal, sabia que era uma das ultimas noites que passaria ali, tudo demolido, uma pena... Derrepente sentiu medo. Um medo irracional, procurou o interruptor e, quando o acendeu, uma bela morena, tão alta quanto ele, estava sentada na poltrona da sala de estar, ela riu. Peter procurou instintivamente o revolver que trazia no bolso do blazer, mas parou no caminho, a conhecia, conhecia aquela mulher.

    _ Idda, o que faz aqui?

    Ela sorriu, vestia um vestido longo, parecia pronta para um jantar de gala, para uma festa. Ela apenas disse:

    _ Eu estava te esperando. Quero um jantar particular com você.

    Ele riu, não havia percebido o quanto ela era louca. Sabia que ela flertava com ele, era um jogo, alguém querendo contratá-lo. Uma recrutadora ela havia dito... Isso deveria ser parte deste jogo. Mas o jogo havia ficado perigoso, Aquele local era seu refugio, seu templo, seu local secreto. Ela não devia estar ali.

    _ Essa não é uma boa hora. E já recusei sua oferta. Sou feliz comprando e vendendo terrenos. Tenho mais que suficiente para viver.

    _ Me diga, como soube que essa vilazinha pequena iria valer tanto?

    _ O bairro ao lado crescia demais, ele não tinha mais lugar para expandir, tinha que crescer seguindo as rotas por onde as pessoas passam.

    _ Você sempre percebe essas coisas antes de todos. Qual o acordo?

    _ Como?

    _ Com a construtora, qual o acordo?

    _ 20%.

    _ Está mentindo. Eu sei que foram 15%. Sei também que não foi um bom acordo. Você poderia ter conseguido mais salas, ninguém aqui tem um terreno tão bem localizado.

    _ Só esse negôcio já vai me permitir me aposentar. Ainda vou rodar por ai e procurar boas compras, mas realmente nunca precisei de muito para viver. Não quero ser escravo de ninguem.

    _ Peter, você tem um talento, quero que você divida isso com o mundo, você pode me ajudar a reurbanizar as cidades, pode  fazer algo com seu dom.

    _ Eu não sou especial... Sou um comerciante.

    _ Todos, mas todos os negôcios que fez ao longo desses ultimos sete anos deram lucro, você só não ficou rico antes porque trabalha só, sem ajuda, isso tem de mudar.

    _ Idda, eu não quero ser grosseiro... Mas vá embora, não estou a fim de discutir trabalho, preciso fazer algumas coisas na casa, retirar coisas que deixei guardadas...

    Idda se levanta, passa por ele e vai até a mala, ela tenta levantá-la, ele coloca a mão no bolso, segurando o revolver.

    _ Mala pesada... Para que trazer uma mala cheia se tem de levar coisas embora?

    Peter olha a mala, e Idda, ela está otima nesse vestido, uma linda morena cor de jambo, cabelos lisos, longos, caindo sobre os ombros, uma Indiana, provavelmente.

    _ Esse nome é... Sueco?

    _ Sou Indiana pelo meu pai, minha mãe, é uma mistura arabe e nordica... Mas meu nome é uma homenagem a uma amiga de minha mãe, não a conheci, acho que era do leste Europeu.

    Os dois ficam quietos, uma pena, pensa Peter, ela é tão linda... Havia gostado tanto de conversar com ela da primeira vez que se encontraram, nunca uma recrutadora havia tido tanto do seu tempo, mas, depois concluiu que ela estava ali só fazendo seu serviço, uma mulher como ela sabia usar sua sensualidade para conseguir o que queria.

    _ Idda, por favor, vá embora, eu não quero você aqui.

    Nesse momento a porta se abriu, duas pessoas vestidas de cozinheiros entraram. um deles falou a Idda

    _ O jantar está quase pronto, mas ainda falta...

    _ Eu sei o que falta, estamos indo.

    _ Eu não vou a lugar nenhum! Ei você pare ai!

    Um dos cozinheiros estava levando a mala dele. ele parou e o encarou, aparentemente sem nada entender.

    _ Desculpe-nos Peter, venha comigo, não vão mexer nas suas coisas.

    _ A contragosto ele a seguiu, entraram em outra casa, parecia um pesadelo, dentro da casa, na cozinha, cinco pessoas preparavam um jantar. A mesa de jantar havia sido posta para doze convidados.

    _ Nos dois jantaremos a sós na casa três, mas a cozinha da casa um é a melhor para o Chefe.

    Peter o conhecia de um festival de gastronomia, tinha ganho esse apelido em algum pais da América latina, um trocadilho com a palavra cheff e a palavra boss. Sua comida era muito boa, mas ele não era conhecido, nem parecia se esforçar para isso, pelo contrário, parecia ter alguns clientes seletos, uma clientela fiel e se satisfazer com isso. Peter havia gostado dele desde o inicio, gostava de pessoas que sabiam se contentar, que aproveitavam o que a vida oferecia, que não se importavam em ganhar mais só pelo ato de ganhar. O chefe era um bon vivan, assim como ele.

    _ Eu o apresentaria Peter, mas o Chefe se lembra de você.

    _ Eu lembro! Você tem futuro em uma cozinha, lhe disse isso.

    O Chefe lhe havia dito isso quando se conheceram. Peter ficou horas observando enquanto ele preparava um leitão, observou todo o processo, desde o corte da carne até a realização dos pratos, haviam passado horas conversando.

    _ Eu estou muito feliz de reencontrá-lo, mas a hora não é boa, eu...

    O chefe o interrompeu pegando pela sua manga. peter quase sacou a arma do bolso, mas se controlou.

    _ Peter, essa bela moça me contratou apenas para servi-lo, para fazer um belo jantar para vocês, vou servir meu apreciado Miolo a Dore, por favor, não me faça uma desfeita.

    Peter relaxou ao ouvir isso, mas quando viu um dos ajudantes entrar pela porta com sua mala. sacou a arma

    _ Todos quietos!

    Eles se calaram.

    _ Quietos, mãos para cima. Estão invadindo minha propiedade, saiam agora ou eu mato todos e alego invasão!

    _ Calma Peter, eu vou levar todos daqui.

    Idda foi em direção a porta, mas olhou de esguelha para o rapaz ao lado da mala, assim que Peter desviou o olhar, pois ele apontava a arma para todos, um de cada vez, o homem abriu a mala, o mundo de Peter caiu quando o conteudo foi exposto, um jovem, de seus dezessete anos, desacordado, ligado a um soro, dobrado dentro da mala.

    _ Peter, que coisa!

    Peter apontou a arma para Idda, não sabia se atirava nela, ou em si, não conseguiria matar todos, sabia disso, sua vida havia acabado.

    _ Esse rapaz é muito magro.

    _ Eu já esperava, Miolo a Dore para vocês dois, coração recheado para minha equipe.

    Peter abaixou a arma.

    _ Vocês...

    _ Peter, apreciamos a boa mesa proibida, assim como você. Somos uma boa equipe, você caça, limpa, corta e cozinha, tudo sozinho não é?

    _ Eu..._Peter estava aturdido com o absurdo da situação_Faço... Tudo só.

    _ Em algum local você falha, ninguem pode fazer tudo.Por isso seus pratos não são o que poderiam ser. Qualquer animal, vegetal ou pessoa que deixa a vida para nos ceder o alimento deveria ter um preparo que o fizesse ter um sabor divino, menos do que isso é um desrespeito, um sacrilégio contra quem ou o que devoramos.

    _ Peter está atônito Chefe, venha Peter, vamos para a casa três, a mesa está posta.

    Uma violoncelista vendada começou a tocar quando entraram, velas acesas tornavam o local acolhedor e belo, ambos sentaram na unica mesa, para dois, posta na sala vazia. Um garçom trouxe vinho.

    _ Eu...

    _ Enquanto estamos aqui o garoto é limpo, sua carne cortada, e o chefe lhe preparará o melhor prato de sua vida. Jante comigo, amanhã tudo estará limpo, o resto da carne estará em seu freezer ainda esta noite, junto com cinco sugestões de receitas por quem melhor sabe preparar a carne humana nesse mundo. O Chefe.

    _ Eu...

    Peter não sabia o que falar, ficou algum tempo em silêncio, depois disse:

    _ E se eu não aceitar sua proposta?

    _ Nunca mais me verá. Não vai ter outra chance.

    _ Vou ser morto?

    _ Porque? Temos um segredo em comum. Ninguem ia acreditar em você mesmo que seja pego um dia.

    Peter pensou por um pouco, realmente, não havia o que discutir, não poderia denunciá-los sem se comprometer, além disso, não sabia que provas eles tinham contra ele, o garoto era seu sétimo assassinato.

    _ Sua vida é sacrificante Peter, perde muito tempo escolhendo vitimas, procurando um local para o abate, cozinhando, cortando... Você quase não aproveita o que faz.

    _ Por isso trabalho menos do que deveria... E vou me aposentar cedo.

    _ Não deveria fazer isso, você tem um dom, pode ajudar a construir cidades melhores, onde as pessoas poderiam viver com mais dignidade, pode nos ajudar na aquisição de terrenos e construção de coisas que ajudem realmente as pessoas.

    _ Eu não ligo pra ninguem! Sou um canibal! Um mosntro!

    Idda riu. Uma bela risada.

    _ Não meu querido. Você é um ser humano, com defeitos, como todo mundo.

    _ Não se acha um monstro?

    _ Eu? Não! Eu faço um trabalho enormo para a humanidade, eu sirvo uma organização que não deixa o mundo acabar. Que protege as sociedades.

    _ De que?

    _ Dos seus membros.

    Peter ficou quieto um pouco.

    _ Se você não é um monstro, o que é?

    _ Não sei, nunca pensei nisso... Um Deusa?

    Peter caiu na gargalhada.

    _ Não ria, eu ajudo o mundo, só peço um sacrificio de vez em quanto... Qual Deus que você conhece que não exige algum tipo de sacrificio de seus fieis?

    _ Tem o...

    _ Antes de me responder, tem certeza que a religião desse Deus não pede nada, nada mesmo, não é algo :para se salvar tem de... ou Tem de ter nascido, Tem de se comportar?

    Peter tentou falar várias vezes, depois riu de si mesmo, Idda disse:

    _ Acho que não existe nenhum Deus que diga Legal, não mude nada, eu te ajudo, te salvo, sei lá, sem você fazer nada, só porque fui com tua cara.

    Falou e riu, Peter tambem.

    _ Sabe Idda, eu gosto de ver a preparação, e de preparar, mas se não tivesse que caçar, nem ter de fazer algumas tarefas chatas de cozinha, como dar sumiço nos ossos...

    _ Porque não se junta a nossa equipe?

    _ Eu faria o que?

    _ O mesmo que faz hoje, mas em uma escala muito maior, teria uma equipe, um belo escritório...

    _ E uma comissão maior!

    _ Muito maior. Haveria mais trabalho, mas você teria mais tempo, não precisaria se expor caçando. E nunca mesmo seria pego.

    _ Você não pode garantir isso.

    _ Se engana Sr. Longstone, isso é uma das coisas que posso lhe garantir.

    _ Eu entraria para essa organização...

    _ Não! Seria um colaborador, a organização é extremamente fechada, pouquissimas pessoas, seria um colaborador, se reportaria a alguem que provavelmente tambem é um colaborador apenas. Basta para você saber que existe um poder central que nunca vai nos deixar ser pegos, desde que trabalhemos bem para eles.

    Peter riu.

    _ O que foi?

    _ Eles então são os Deuses dessa nossa historia.

    Os dois riram dessa vez.

    _ Então, qual papel que nos sobra Sr. Peter?

    _ Qual papel gostaria?

    _ Eu? Talvez o de seu par romantico...

    Peter abaixou os olhos.

    _ Não estou forçando nada Peter, realmente gostei de você. Não dou em cima de meus clientes nem faço algo tão... Grandioso para lhes impressionar.Gostei mesmo de você.

    _ Desculpe, é que pela primeira vez na vida estou com alguem com quem posso ser eu mesmo, compartilhar meus segredos... Eu nunca quiz ter uma companheira por que teria de mentir para ela, isso é contra tudo que acredito.

    Um silêncio se fez no ar, na verdade, um silêncio entre os dois, porque a bela musica do Violoncelo tornava a noite mágica.

    _ Resta então saber se minha companhia lhe agrada Sr. Longstone.

    _ Agrada tanto que posso fantasiar ser você a senhora Longstone.

    Os dois sorriram um para o outro, foi um momento onde o tempo parou, onde não era preciso falar mais nada, logo, os pratos chegaram. Peter provou instigado por Idda.

    _ E então?

    _ A melhor coisa que já comi. Obrigado, essa é a melhor noite de minha vida. Nada paga uma noite como essa.

    Sorriu para si mesmo, aquele rapaz não morreu em vão.

    PUTREFACTIO

    putrefactio.jpg

    V.I.T.R.I.O.L.

    Visita o interior da terra e retificando-se, encontrará a pedra oculta

    "Minha amada filha,

    A primeira etapa da arte real é onde a maioria desiste. É preciso morrer antes de continuar. Você vai descer as suas trevas mais profundas, vai se sentir imóvel, perdida, sem saber aonde ir.

    Não deixe que isso abale seu animo. Coragem e siga adiante mesmo sem saber se está seguindo pelo caminho certo. Somente sendo morta e enterrada, se sentindo apodrecer em vida, algo em você irá sobreviver, algo imortal, a prima matéria.

    Seu Pai."

    Fevereiro, 2010

    Beatriz

    Beatriz lia seu livro jogada no sofá despreocupada, quando o celular tocou. Era seu primo André, respirou fundo, já sabia o que viria :

    _ Bia, é o Andre, tudo bem ?

    _ Tudo André...

    _ Sabe o que é ? Pensei em trocarmos hoje, pois tenho de estudar.

    _ André, não tem problema, pode ir a sua balada, eu fico aqui.

    _ Não é balada não, vestibular tá perto, e eu...

    _ Tchau André.

    Ela desligou o Celular, ele tocou mais umas três vezes, depois parou. Bia soltou um babaca bem baixinho, pegou um bombom que havia guardado em sua bolsa e pensou Pelo menos o chocolate me entende. Sorriu e se espreguiçou, levantou do sofá só para esticar as pernas.

    Foi até a Janela, podia ver o trem passando, podia ver uma boa parte do bairro, mas precisava ler, e faltava muito pouco para terminar esse. Era um livro sobre duas ordens secretas, a Ordem negra e a Sociedade da Sacerdotisa, duas ordens que controlavam o submundo e tinham se fundido lá pelo final dos anos oitenta. Falava também de imortais, pessoas que simplesmente não morriam, faziam coisas incríveis e, como alguns deles conspiravam para o fim dessas ordens secretas.

    Se jogou de novo no sofá, com suas pernas cruzadas para cima, dezessete anos, Bia imaginava que com essa idade estaria em outro pais, ou seria uma cantora mundialmente reconhecida, ou uma modelo, ou mesmo já teria descoberto a cura do câncer. Achava que sua vida começaria cedo, mas, a cada dia estava se tornando uma pessoa mais normal, mais comum. Todos os seus planos estavam sendo frustrados, pior, havia acabado o segundo grau e nem tinha certeza de que faculdade fazer, a única coisa que a animava era que tinha feito uma sessão de fotos com um agente, talvez isso desse algo, talvez não, mas, não tinha esperanças, o mais provável é que se tornasse advogada, contadora, talvez até veterinária, dentista... pensava em uma profissão que lhe desse algum dinheiro.

    Sua vida estava chata, parada, sem namorados, sem paqueras, nem mesmo o livro lia por prazer, era um trabalho, uma amiga de sua mãe era agente literária, Bia lia os livros que ela estava tentando vendar para as editoras, lia e anotava tudo de errado que pudesse encontrar, nomes trocados, datas erradas, absurdos, como alguém morrer e aparecer mais adiante... Enfim, ajudava na correção dos livros, era um bico, algo melhor do que ser babá, mas, ganhava apenas R$ 100,00 a cada cem paginas, o que lhe garantia um salário mínimo ao fim do mês, era o suficiente para comprar algumas roupas que sua mãe não poderia comprar ou sair com as amigas.

    Logo foi interrompida, mas dessa vez por seu tio, um senhor muito idoso, de óculos, que entrou na sala vestindo um pijama por cima de uma fralda geriátrica.

    _ Não me acostumo com isso Bia ?

    _ Com o que Tio ?

    _ Com esse fraldão. Virei Bebê de novo.

    _ Só o tamanho da caquinha é maior né ?

    Ele riu, adorava a sobrinha.

    _ Ai, ai. Larga esse livro, vamos jogar um pouco !

    Bia deixou o livro de lado e pos o gamão sobre a mesa, jogavam gamão desde a morte do Pai de Beatriz. Armou o tabuleiro, enquanto seu tio dizia :

    _ Eu sei quem ligou.

    _ Hora, quem liga sempre sábado a noite?

    _ E Sexta, e quinta...

    Bia riu, e continuou preparando o tabuleiro.

    _ Você não precisa ficar aqui, vai curtir a noite com as amigas.

    _ Tá com medo de perder ?

    José ficou quieto um pouco, depois disse :

    _ Vamos apostar o que dessa vez ?

    _ A virgindade da minha amiga Carminha, que tal ?

    Ele explodiu de rir, depois falou :

    _ Qual a idade dela?

    _ 17 !

    _ Então não dá pra apostar o que não existe, isso é blefe !

    Os dois riram.

    _ Depois, o que eu ia fazer com ela? Depois das operações do ano passado, o viagra não sobe meu pinto, agora, com o câncer no reto, nem viado mais posso virar, só ia poder passar a linguinha ! ( e mostra a língua pra Bia, que fica vermelha de tanto rir).

    _ Vamos jogar tio !

    _ Mas não tem graça Bia, Gamão só é bom com aposta. Você sabe que jogo assim.

    _ Tá bom tio. Já que exige tanto uma aposta, aposte !

    _ Se eu ganhar, você me deixa fumar um cigarro sossegado.

    _ Negativo !

    _ Bia, eu já tive câncer de próstata, hemorragia nos pulmões, três pontes de safena e agora operei o reto, o que você acha que pode me acontecer se eu fumar um cigarro ?

    _ Tá bom Tio, um só. Mas daquele que você esconde dentro do Rádio, não do que você esconde no pinguim da geladeira.

    Ele riu de novo, não sabia que ela havia achado seus esconderijos.

    _ Feito! Agora escolhe o que você ganha.

    _ Bem, eu... Sei lá Tio, a já sei, quero que você me conte uma historia.

    _ Isso eu vivo contando !

    _ Não, não uma historia qualquer, quero ouvir um segredo seu !

    _ Humm... então, vou mudar a aposta.

    _ Como ?

    _ Cada um conta um segredo, que tal ?

    _ Tá, feito.

    _ Mas tem que ser um senhor segredo, algo bem cabeludo.

    _ Tá legal !

    Os dois começaram a jogar, em poucos minutos, Bia dobrou a aposta, pois estava quase impossível perder, mas, perdeu mesmo assim.

    _ Agora quero ouvir dois segredos !

    _ Ai ai, pra que fui apostar isso... Eu nunca contei isso pra ninguém, mas, quando papai era vivo, eu roubei a carteira dele.

    _ Isso é uma travessura de criança Bia, não é um segredo cabeludo, e ele morreu quando você tinha seis anos.

    _ Quatro Tio, deixa eu acabar. Eu escondi a carteira dele, pois era a ultima coisa que ele fazia antes de sair era pegar a carteira e por no bolso.

    Bia ficou calada por um longo tempo, com as mãos em cima dos olhos.

    _ Termina Bia, e ai ?

    _ Ai que ele demorou um tempão pra sair, acabou pegando dinheiro na carteira da mamãe, e ai...

    _ Ele foi atropelado atravessando a rua onde vocês moravam.

    _ Foi.

    _ E você nunca contou isso pra ninguém ?

    _ Não Tio, nunca.

    Os dois ficaram quietos por muito tempo, José puxou o lenço e Bia agradeceu.

    _ A culpa foi do motorista Bia.

    _ Eu sei Tio.

    _ E o outro ?

    _ Outro ?

    _ O outro segredo, ganhei dois, não foi ?

    Bia sorriu, sabia que o Tio estava mudando de assunto.

    _ Desse você vai gostar, a namorada do Alan deu em cima de mim.

    _ Como assim ?

    _ Naquela ultima festa de família, da tia Elvira, ano passado, lembra que ela ficava falando que eu estava muito bonita ?

    _ Lembro, mas vc estava mesmo, nada demais nisso.

    _ Nos fomos ao banheiro juntas, ela tava meio alegre, ela ficou me olhando fazer xixi e me tascou um beijão na boca !

    _ Nossa ! e você ?

    _ Eu fiquei sem ação, só puxei o vestido e sai, meu negocio é homem !

    José caiu na gargalhada.

    Por isso você evita ela até hoje.

    _  É ...

    _ Quer jogar outra ?

    Daqui a pouco Tio, vou tomar um banho, por meu pijama.

    Bia dá um beijo no rosto do seu Tio e sai, ainda abalada com a historia de seu Pai, aquilo a atormentava a anos, foi bom por pra fora. Enquanto isso, na sala, seu tio pega o livro que ela está lendo e diz para si mesmo:

    _ Bia, você nem imagina o seu destino, como eu queria que fosse outra pessoa meu amor.

    Quando Bia volta, seu tio está assistindo pegadinhas na TV, ele está chorando de rir, mas Bia não quer ver TV, pega seu livro e continua, faltam poucas paginas para terminá-lo, mas seu tio parece não estar disposto a deixa-la terminar.

    _ Larga isso Bia, vem ver TV comigo, olha lá !

    Na TV, um cara vestido de Jesus aparecia do nada e transformava a água do bebedouro em vinho, para espanto de quem passava.

    _ Tio, na boa, estou muito afim de acabar esse livro.

    _ Esse livro é uma Merda.

    _ Tio, eu gostei.

    _ Uma merda, bando de mentiras.

    _ Ficção tio, tem uma mensagem bonita, prende a atenção.

    _ Uma bosta distorce os fatos, bota a Ordem negra e a Sociedade da Sacerdotisa como vilões da historia.

    Bia fica parada, não imagina o porque José disse isso, nem imaginava que ele tinha lido o livro, apesar de ser algo comum, José gostava de ler, as vezes ele a ajudava a corrigir os livros, principalmente os sobre coisas mais antigas.

    _ Mas eles são Tio. Essas duas ordens secretas controlam tudo de ruim no mundo.

    _ Não, os vilões são aqueles imortais, eles querem deixar o mundo nas mãos dos loucos e degenerados só para provarem seu ponto de vista.

    Bia viu seu tio se exaltar, por um momento ficou com medo dele estar delirante, por isso falou :

    _ É só um livro, ficção, nada demais tio.

    Nessa hora José riu, fez um sinal com a cabeça como se quisesse dizer não adianta discutir com você ! pegou o tabuleiro e perguntou se ela queria jogar, Bia começou a jogar mais por medo das operações e remédios estarem fazendo mal a seu tio,deixando ele perturbado.

    _ Jogaram uma partida um pouco mais longa, os dois quietos, mas, Bia perdeu de novo.

    _ Beatriz, conte-me seus segredos!

    _ Ai, Ai... Está bem, eu recebi um proposta a uns dias.

    _ Proposta?

    _ Estava num shopping, ai um rapaz disse que era caçador de talentos, e deu um cartão para mim, queria fazer um book.

    _ E você ?

    _ Achei que era uma cantada, ou um tarado, mas era uma agência seria, vi na internet, fui até lá, fizeram meu book, e uma mulher me ligou depois, disse que tenho futuro, me fez uma proposta para um desfile, disse até que pode arranjar um contrato em Milão, se eu me sair bem.

    José faz uma careta de desprezo, vai até o armário, abre uma gaveta a chave,  puxa um envelope e entrega a Bia.

    _ O que é isso Tio ?

    _ Abra e veja, se tiver coragem.

    Ela abre, no inicio, estão fotos suas de modelo, de seu book, feito pelo tal agência, depois, fotos suas nua, enquanto trocava de biquine no vestiário, ainda tinha fotos  dela em casa e na rua.

    _ O que significa isso Tio ?

    _ Isso não é uma agência de modelos, mas de captação de escravas brancas.

    _ Como assim Tio ?

    _ Depois do primeiro desfile aqui te fariam uma proposta para você ir pra Milão, ou outra cidade qualquer, logo, viriam com uma proposta maior ainda para algum outro pais da Europa, isso depois de você receber os primeiros pagamentos e sentir o gosto do sucesso, sumiriam com seus documentos, provavelmente seria vendida para alguém ou terminaria seus dias como prostituta.

    _ Eu, bem, eu nunca...

    _ Faria isso ? Acredito em você, mas não sabem do que são capazes, você iria a festas, beberia, te dariam drogas cada vez mais pesadas e viciantes... Isso é só uma lição para você ficar atenta.

    _ Tio, como conseguiu essas fotos ?

    _ Se você me ganhar, eu conto segredos, lembra ? Estamos apostando segredos.

    2010, Setembro

    Helena

    Helena se levantou com uma enorme dor de cabeça, os olhos doíam pela claridade, não sabia bem onde estava, não estava em casa, isso tinha certeza. O despertador do celular tocou logo depois, Ela viu a hora.

    _ Merda, por que eu tenho sempre que fazer essa estupidez comigo mesma? Idiota!

    Ela se levantou, na cama, um garoto nu, ela mesma só estava usando uma blusa social, achou o sutiã ao lado do relógio, pelo menos o garoto era muito bonito, apesar de não ter a mínima ideia de quem ele era. Procurou pelo quarto, mas não achou o resto de suas roupas.

    _ Caramba, por que diabos você faz isso com você, sua cretina ?

    Entrou na sala, um outro garoto, assistia televisão.

    _ Que ótimo, você acordou !

    Helena, nua da cintura para baixo, olhou para ele e disse :

    _ Quem é você ?

    _ Me chamo Pedro, muito prazer.

    Ele se levantou e esticou a mão.

    _ Deixa de ser ridículo e me ajuda a achar minha saia.

    _ Sua saia ? Acho que está ali, na mesa da cozinha.

    Helena foi até lá, vestiu a saia, não se importou dele a olhar, afinal, provavelmente eles haviam transado noite passada, ela não lembrava.

    _ Sabe onde estão meus sapatos, e minha bolsa ?

    _ Ali perto da porta.

    _ E minha calcinha ?

    _ É só olhar pela janela.

    Helena olhou, estava pendurada no letreiro de um restaurante, do outro lado da rua.

    _ Vocês tem alguma calcinha por aqui ?

    _ Como ?

    _ Devem ter, uma calcinha, uma meia calça...

    _ Temos não. Você é a primeira mulher que vem aqui desde... nunca.

    Helena riu. O garoto deveria ter uns dezenove, vinte anos talvez.

    _ Abra a porta para mim.

    _ Não quer ficar, tomar café ? Talvez, repetir ontem...

    _ Eu dei pra vocês dois não foi ?

    _ Não lembra ?

    _ Não, mas estou ardida o suficiente pra pensar isso.

    O garoto riu, ela também.

    _ Olha, eu tenho de ir pro trabalho, estica a mão para mim.

    O garoto esticou, ela tirou uma caneta da bolsa e anotou um numero na mão dele, depois deu-lhe um beijo demorado na boca, e o levou a porta, ele abriu, e ela saiu apressada, assim que entrou no elevador, falou, sozinha :

    _ Burra, burra, burra ! Por que você tem de agitar na véspera de começar no trabalho ? Você quer se sabotar estúpida?

    Desceu e se viu numa rua movimentada, do outro lado, dois funcionários tentavam tirar a calcinha dela de cima do letreiro, ela ligou o GPS do celular e digitou seu destino, estava com sorte, o local de trabalho ficava a uns dez minutos a pé de onde estava, se pos a andar mais rápido. tirou a maquiagem da bolsa e foi se retocando, na segunda esquina estava linda, jogou perfume, comprou uma água Tonica num bar, tomou um gole, e bochechou com o resto, cuspindo num bueiro. Fez isso enquanto andava, estava muito, muito atrasada.

    Um camelô vendia meia calça, ela comprou e, ali mesmo na rua a vestiu. Continuou andando como se nada tivesse acontecido, apesar de uns caras de uma obra estarem assobiando e gritando para ela. Mais uma rua, e chegou ao prédio de seu novo trabalho, respirou fundo, se olhou no vidro espelhado da lateral do prédio, e entrou. Cinco minutos depois uma simpática funcionaria a abordou :

    _ Meu nome é Claudia, estou aqui para apresentá-la aos diretores, por favor, me siga.

    _ Obrigado Claudia, pode falar português comigo.

    _ Nossa, você fala muito bem o português.

    _ Passei muito tempo no Brasil quando eu era pequena, Português é quase meu segundo idioma.

    Nesse ponto Claudia apontou com o braço e Helena passou a segui-la. entraram no elevador.

    _ Já tinha vindo ao Rio ?

    _Só de passagem, sempre tive vontade de conhecer melhor.

    _ Chegou a muito tempo, está conhecendo a cidade ?

    _ Cheguei ontem, só deu tempo de deixar as malas no hotel, tomar um banho e claro, sair para conhecer a noite daqui.

    O elevador parou, as duas saíram, Claudia guiava Helena pelos corredores da empresa.

    _ E gostou ?

    _ Esta cidade é maravilhosa, a noite é fantástica. Fui para cama com dois caras lindos.

    A outra menina congelou. parou no meio do corredor, ao lado dela, um grupo de pessoas sentados numa recepção conversavam animadamente

    _ O que foi nunca fez sexo a três ? Ola, você está bem ?

    _ Eu... Acho que preciso de um ar.

    _ Não, não precisa não, me leva aos diretores, a reunião já vai começar.

    A menina só virou a cabeça e ai ela entendeu, os homens sentados ali ao lado eram os diretores.

    _ Os senhores são os diretores da empresa ? Muito prazer, meu nome é Helena.

    Houve um silencio mortal.

    _ Podemos ir a sala de reuniões? Claudia, eu enviei alguns relatórios e uma apresentação por email, você providenciou copia para todos ?

    _ Eu providenciei.

    _ E uma sala com data show ?

    _ Está tudo pronto.

    _ Ótimo, vamos para a apresentação, ou alguém deseja saber os detalhes da minha aventura sexual de ontem ?

    Alguns riram, mas todos a acompanharam.

    Claudia os levou a uma sala, Helena logo dominou a apresentação, prendeu a atenção deles, mostrou como a abertura de capital iria elevar a empresa a um novo nível, mostrou dados, estatísticas, citou exemplos, enfim, vendeu a ideia, ao final, tirou duvidas, e todos saíram, menos um.

    _ Senhor...

    _ Luis.

    _ Senhor Luis, posso lhe auxiliar em algo mais ?

    _ Confesso que fiquei curioso com sua aventura de ontem.

    _ Nada de mais, uma menina farreando na cidade. Na verdade, não há muito para contar.

    _ Ficaria envergonhada ?

    _ Não, é que não lembro mesmo. Quer dizer, pouca coisa, me lembro de um na frente e outro tentando me comer atrás, de ficar correndo pelada pelo apartamento deles, uns dois boquetes... Mais nada. Mas é assim mesmo, eu só lembro com o tempo.

    _ Você não fica sem graça com nada, não é ?

    _ Eu ? Só de não realizar meu trabalho.

    _ Só que você acaba de ser demitida.

    Helena congelou, sabia que sua franqueza poderia lhe trazer problemas, mas não a esse nível, pelo contrario, tinha medo de não ser franca e ser vitima de chantagem.

    _ Está sem fala ? Me siga.

    Sem saber o que pensar, ela o acompanhou, estava com vontade de chorar mas não o faria, não na frente dele. Ele saiu pela portaria da empresa, que tomava dois andares do prédio, tomou o elevador, saíram e andaram pela rua em silencio, entraram em outro prédio quase ao lado do primeiro, era outra empresa, cheio de pessoas apressadas, ele se dirigiu a uma sala, pelo tamanho, ele devia ser um dos diretores da empresa. O que mais chamou a atenção de Helena é que havia um segurança armada na entrada do andar. Ele fechou a porta, a sala tinha quase o tamanho de um apartamento, a chamou a janela, os dois olharam por ela, dava para ver boa parte do centro dali, as pessoas andando de um lado para outro, apressadas.

    _ Veja Helena, esse pais mudou muito, mas precisa mudar ainda mais para ser seguir sua  vocação de ser grande. Precisamos de pessoas como você.

    _ Como eu ?

    _ Decididas, autenticas, e, acima de tudo, competentes. Por quanto tempo você foi contratada ?

    _ Eu não fui despedida ?

    _ Não leve a mal, você foi ótima mas eles não querem abrir o capital, só perderam nosso tempo. Eu quero saber por quanto tempo tinha sido contratada.

    _ Só para a abertura de capital. Na verdade, só para o estudo de viabilidade.

    _ Quero você do meu lado. Vamos abrir capital de outras empresas, quero incentivar a bolsa de valores local. O mercado é amplo, quer participar disso ?

    _ Eu teria aumento? Quero um aumento? Não acredito que eu disse isso.

    _ O que você ganha hoje, multiplicado por três nos primeiros seis meses. Se você provar sua competência, eu coloco mais um zero no final do seu contra cheque.

    Helena deu dois passos para trás e se jogou no sofá.

    _ Ficou sem ar ?

    _ E sem palavras.

    _ Um sim já basta.

    _ Claro ! Digo, sim. Quer dizer,o zero no final do contracheque é sobre que valor ?

    _ Sobre o valor que você estiver recebendo na época.

    Helena respirou fundo, as pernas não a obedeciam, não era o dinheiro, era o emprego que sempre sonhou, Para o qual havia se preparado por toda sua curta carreira.

    _ Temos um acordo?

    _ Temos... Por favor, me deixe só ficar sentada mais um pouco, minhas pernas estão bambas.

    _ Pode ficar o tempo que quiser, afinal, está de frente para mim e...

    _ Sem calcinha não é ?

    Os dois riram.

    _ Eu só preciso que você me faça um favor.

    _ Quem eu tenho de matar ?

    Ele riu, abriu uma garrafa de whisky

    _ É mais difícil que isso, vou lhe dar um endereço, preciso que convença a dona a me vender o local.

    _ Meu emprego depende disso ?

    _ Não, na verdade, não espero que consiga, digamos que é uma intuição que eu tive, acho que você vai fazer um bom negocio para mim, se for até lá.

    _ Quanto posso oferecer?

    _ Quanto for necessário.

    _ Qualquer quantia?

    _ Qualquer quantia justa.

    _ E quanto é isso ?

    _ Você vai saber, acredite.

    Luis dâ-lhe um dos copos, pega o outro, os dois brindam.

    Fevereiro, 2010 – Sábado

    O Tabuleiro estava armado de novo, e, por mais que tentasse, Bia não conseguia vencer seu Tio, perdeu novamente, e feio dessa vez.

    _ Não é justo Tio, eu preciso saber.

    _ Eu não roubei Bia, você não é mais criança, me conte outro segredo.

    _ Eu só me formei colando.

    _ Como assim ?

    _ Eu não consegui tirar mais de seis na ultima prova de biologia, ai, colei, sabia que a professora era a mesma de um amigo que fiz no Orkut, ela dava a mesma prova, as mesmas perguntas, ai eu colei, e passei. Me sinto muito mal por isso.

    _ Que segredo mais besta Beatriz ! Todo mundo cola em uma prova ou outra!

    _ Tio ! Isso é coisa que se diga ? Eu me sinto horrível.

    José riu, mas Bia ficou séria. Continuaram a Jogar, e Bia perdeu de novo.

    _ O Wilson só queria o meu corpo.

    _ Como assim Bia ?

    _ Lembra do Wilson, aquele cara bonitão, seu vizinho ?

    _ Lembro, super educado, um cara legal.

    _ Ele dava em cima de mim, quase sempre que eu saia daqui, ele passava de carro pelo ponto e me dava carona, no

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1