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Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão
Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão
Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão
E-book371 páginas5 horas

Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão

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Sobre este e-book

A certinha Rose adora livros, natação e coral da igreja. Então, quando sua super animada melhor amiga volta para casa após uma viagem de dez anos ao redor do mundo, sua existência segura e confortável fica de pernas para o ar.


Rose é persuadida a assumir o papel de madrinha, mas não para um casamento tradicional na igreja: a cerimônia será realizada em uma praia do Mediterrâneo. Ela tem a promessa de sol, mar, areia e diversão estimulante.


Mas como ela vai lidar com o medo de voar, mosquitos, homens e tudo mais que a tira de sua zona de conforto? Ela sobreviverá a uma viagem de dez dias com uma futura noiva superexcitada, uma dama de honra mandona e um padrinho temperamental e enigmático?


Dê um mergulho no oceano e relaxe ao sol com Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão, de Julia Sutton - um deslumbrante romance de verão que combina amor, riso e amizade.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de abr. de 2023
Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão

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    Coquetéis, Sinos de Casamento e Loucuras de Verão - Julia Sutton

    um

    — Olá, Fulham Banking, como posso ajudá-lo? — Rose Archer sufocou um bocejo e ouviu um homem queixando-se em voz alta sobre o valor do seguro de sua casa.

    — Aumentou três vezes em cinco anos — resmungou. — Se você não me der algum desconto, vou mudar para o Redrock Bank, e desta vez estou falando sério.

    — Um momento enquanto transfiro para o departamento de seguros. — O dedo da Rose pairou sobre o quadro de distribuição.

    — Bem? Por que você não resolve?

    — Sou a recepcionista, senhor. Só um momento...

    — Como é? — O tom do cliente mudou de leve aborrecimento para indignação em menos de dez segundos.

    A coluna de Rose enrijeceu enquanto ela se perguntava o que havia dito de errado. Ela tinha sido alegre, tinha sido educada. Sim, Rose admitiu estar entediada e cansada, mas isso não era novidade e especialmente no final de uma segunda-feira agitada, que só lhe fez pensar em voltar para sua cama.

    Rose pegou um lenço de papel para limpar o nariz vermelho e escorrendo. Houve silêncio do outro lado da linha.

    — Senhor, você ainda está aí?

    — Sou mulher —disse a voz furiosa.

    Opa! Os olhos de Rose arregalaram. — Desculpe, senhora — ela murmurou — gostaria que um membro da equipe ligasse de volta?

    Com o canto do olho, ela podia ver sua gerente Liliana vagando com um grupo de vendedoras. Rose colocou um sorriso radiante no rosto e pegou a caneta em preparação.

    — Qual é o seu nome, senhor... Quero dizer, senhora?

    — Não importa qual é o meu nome. Já ouviu falar em fluidez de gênero? Você pode engolir seu maldito seguro. Estou dando meu dinheiro a uma empresa onde as recepcionistas não são inclusivas. —A linha ficou muda.

    Rose piscou, Liliana estava olhando para ela, franzindo a boca em uma linha apertada de desaprovação.

    — Sim, é claro que você pode ligar de volta. Obrigada, senhora. Até mais. — Ela apertou um botão e a luz vermelha desapareceu. Bem a tempo de Liliana vir em sua direção com os seus saltos altos de couro envernizado.

    — Está doente, Rose? — Ela afofou seus longos cabelos negros.

    — Uma gripe horrorosa — Rose sorriu docemente — meus ouvidos e nariz estão tapados e minha garganta parece que engoli um pacote de lâminas de barbear.

    — Então você não vem beber depois do trabalho? — Liliana bateu os dedos na tela do computador de Rose. — Marjorie do Departamento de Contas está saindo. Não recebeu o e-mail?

    — Não. — Rose tomou um gole de sua garrafa de água.

    — Foi enviado a todos —os olhos de Liliana inclinaram-se desconfiados —, embora você e Marjorie nunca tenham sido muito amigas, não é?

    Não, pensou Rose, principalmente porque ela é barulhenta e vulgar e sempre foi má comigo.

    — Somos muito diferentes — disse Rose diplomaticamente.

    Liliana suspirou. — Oh Rose, você realmente deveria se esforçar mais para ser sociável com seus colegas de trabalho. Por que não vem? Solte o cabelo e viva um pouco.

    Rose ocupou-se grampeando folhas de papel. — Não posso esta noite. Sinto muito. Às segundas-feiras, tenho ensaio do coral folclórico. Eu toco órgão, cantamos, conversamos e tomamos chá com bolo depois. É muito agradável... — Ela se calou ao notar sua gerente revirar os olhos.

    — Parece emocionante. — Liliana bocejou. — Enquanto isso, no mundo real, todos nós estaremos bêbados. Aqui — ela rabiscou um número de telefone num pedaço de papel — se mudar de ideia, me mande uma mensagem, sim? E lhe digo em qual pub estaremos.

    Rose pegou o pedaço de papel e observou Liliana rebolar de volta para suas amigas. Discretamente, ela o jogou em uma lixeira cheia e, em seguida, estendeu a mão debaixo da mesa para pegar sua bolsa. Eram cinco horas e hora de partir.

    — Acabou por hoje, amor? — Ron, o guarda de segurança do período da noite, caminhou em direção a ela, girando um conjunto de chaves em sua mão.

    — Acabei. — Rose lhe deu um sorriso. — Mais um dia vencido.

    — E o meu está apenas começando. — Ele se inclinou sobre o balcão e piscou para ela com olhos azuis lacrimejantes. — Gostou do meu novo cassetete?

    — Perdão? — Rose empurrou os óculos pelo nariz.

    — Isto! — Ele empunhava o que parecia ser uma vara de metal para ela.

    — Você tem certeza de que precisa disso, Ron? — Ela o observou cautelosamente enquanto ele o rodava no ar.

    — Claro que sim. Nunca se sabe quem está à espreita por aqui. —Ele apontou com o polegar para a parte de trás do edifício. — Esses campos atraem todos os tipos de pessoas. Usuários de drogas e malucos são alguns deles, e agora os adolescentes também passaram a andar por aí.

    — Oh, provavelmente são apenas crianças sendo crianças. — Rose guardou a lancheira em sua mochila e sorriu. — Mas, de qualquer forma, continue seu ótimo trabalho.

    — Continuarei. — Ron estufou o peito com orgulho. — Talvez eu devesse arranjar um cão de guarda? Um grande Rottweiler assustador ou Pastor Alemão.

    Rose sorriu ao pensar em Ron andando pelos escritórios com um companheiro rosnando. — Que tal um Bichon Frisé?

    — Um quê? — Seus lábios balançavam em risos. — Uma coisinha boba e fofa. Dificilmente um cão de guarda, Rose.

    — Mas são bonitinhos. — Rose fechou seu computador. — Como está sua esposa?

    — Não muito bem. Os nervos dela estão alterados de novo. Tricô é a única coisa que ela gosta hoje em dia, isso e assistir programas sobre crimes na TV.

    Rose estalou a língua em simpatia.

    — Por acaso... — Ele fez uma pausa. — Não, eu não poderia lhe perguntar.

    — Pergunte.

    — Bem, a questão é, Rose, há um clube de tricô no centro comunitário, mas minha Betsy não tem confiança para ir sozinha. —Ele olhou para ela com olhos suplicantes. — Por acaso você aceitaria lhe fazer companhia? É apenas uma noite por semana, acho que às terças-feiras.

    — Não sei absolutamente nada sobre como tricotar — respondeu Rose.

    — É para principiantes. Aqui... — Ron tirou um pedaço de papel do bolso — estes são os detalhes e eu anotei o número de Betsy na parte de trás.

    Ela tirou o papel dele, com um sorriso caloroso no rosto. — Posso pensar e informá-la?

    O sorriso de Ron era amplo. — Você é uma garota gentil, Rose. Betsy ficaria muito feliz se você fosse com ela.

    Rose suspirou. — Ok, você me convenceu, eu vou.

    — Fantástico! Obrigado, amor. — Ele se inclinou para ela e puxou-a para um abraço indelicado. — Agora, vá para casa e relaxe.

    — Boa noite, Ron.

    Ele caminhou com ela até a porta, observando-a por trás do vidro enquanto ela destrancava o carro e ligava o motor. Enquanto ela se preparava para dar marcha a ré, um grande grupo de mulheres batia atrás dela, gritando e berrando de tanto rir. Rose as viu sair, agradecida por não precisar ir à despedida de Marjorie e poder voltar para casa, para a sua família e para a sua morada segura e calorosa.

    Rose morava no Upper Belmont. Sua rua era longa e seguia até o topo de uma colina. Em um dia claro, você podia ver toda a aldeia de Twineham: casas e lojas cercadas por campos de verde luxuriante. Rose parou um momento para apreciar a vista, inpirando o ar fresco da primavera para seus pulmões. As casas atrás dela estavam ligadas pelos terraços, cada uma pintada de uma cor diferente. Parecia uma cena à beira-mar, mas não estavam nem perto da água. Twineham nem sequer possuía um lago. Era a agricultura rural: campos de retalhos, velhas árvores retorcidas e flores silvestres no meio da Inglaterra. Rose viveu aqui toda a sua vida e ela adorava.

    — Noite, querida Rosa. — A senhora Bowler estava no primeiro degrau, regando os cestos de flores pendurados. — Parece que vai ser um bom dia amanhã. — Ela acenou com a cabeça para o céu vermelho ardente.

    Rose protegeu os olhos do brilho do sol e sorriu para a vizinha. — Tarde rosada, manhã orvalhada?

    — Isso mesmo. Como está, Rose? — A simpática octogenária mancou por seu caminho de pedras, parando para admirar as borboletas coloridas ao longo do caminho.

    — Cansada. — Rose balançou a bolsa no ombro. — Mais uma segunda-feira que se vai.

    — Em breve será fim de semana. — A senhora Bowler derrubou as últimas gotas de seu regador sobre um vaso de petúnias. — Você não esqueceu que a festa é sábado?

    — Não — gritou Rose. Ela tinha.

    — E você ainda estará organizando e equipando a barraca do bolo?

    Rose acenou com a cabeça e acrescentou mentalmente à sua lista de tarefas.

    — Eu mesma supervisionarei o bingo. A sua mãe me deu uma caixa de bugigangas para o sorteio. Se tiver alguma coisa que queira doar, Rose, seria muito apreciado.

    — Vou dar uma olhada. — Rose abriu o portão. — Boa noite, Sra. Bowler.

    — Boa noite, querida. Aproveite a sua noite.

    O número 35 tinha uma porta lilás, desgastada pelo tempo, cercada por hera trepadeira e duas treliças de rosas. Atraia as vespas e outros insetos voadores e muitas vezes Rose viu suas roupas agarradas nos espinhos, mas era bonito e era o orgulho e a alegria de sua avó. Rose enfiou a chave na fechadura e pressionou a porta até que ela se abrisse. O calor correu em sua direção e Rose pulou quando sua mão roçou o radiador quente do corredor.

    — Pelo amor de Deus—, murmurou ela, tirando os sapatos, — é quase maio e nem está frio.

    — O que foi? — Sua mãe, Fran, estava na porta da cozinha, com uma tigela equilibrada no quadril.

    — Olá, mãe — Rose tirou a jaqueta — o que você está assando agora?

    — Apenas um pão de banana e você sabe que sua avó é friorenta.

    — Eu sei. — Rose sorriu pedindo desculpas enquanto passava por ela a caminho da cozinha.

    Vovó Faith estava sentada à mesa da cozinha olhando para a seção de palavras-cruzadas de sua revista semanal de quebra-cabeças.

    — O que é um dente para mastigar? — ela perguntou sem olhar para cima.

    — Incisivo? — Fran deu à mistura uma última batida antes de jogá-la lentamente em uma forma untada.

    — Muitas letras —fungou Faith.

    — Molar? — Rose sugeriu.

    Faith contou os quadrados. — Claro.

    — Qual é o prêmio, avó?

    Faith olhou para cima. — Um fim de semana em um spa para dois. Quer vir comigo se eu ganhar, Rose?

    — Envolveria livros? — Rose estendeu a mão para esfregar os pés doloridos.

    Faith bufou. — Você e seus livros! Implicaria ser mimada. Fazer as unhas e maquiagem, fazer uma massagem e talvez um tratamento body wrap de corpo inteiro e depois passar a noite bebendo champanhe e comendo comida grotescamente cara como caviar.

    Rose olhou para ela com desdém. — Não consigo pensar em nada pior.

    — Você tem certeza de que ela não foi trocada ao nascer? —Faith disse a Fran. — Minha única neta é uma Maria moleque.

    Faith riu, um belo tilintar.

    — Não sou não! — Rose insistiu. — Simplesmente não gosto de todas essas coisas femininas. Cabelo e beleza não me interessam nem um pouco.

    — Percebemos —sorriu Faith. — Quando foi a última vez que você visitou um cabeleireiro?

    — Deixe-a em paz —Fran riu. — Rose, seja uma querida e põe a mesa. Seu pai e seu irmão estarão em casa em breve.

    Rose foi buscar os talheres na gaveta. — De qualquer forma, o que há de errado com o meu cabelo?

    — Tecnicamente nada —balbuciou Faith em seu forte sotaque escocês — apenas é o mesmo desde sempre. Não poderia pintá-lo de rosa, por exemplo? Isso parece estar na moda hoje em dia.

    — Você não está falando sério, mãe! — Fran saltou em defesa da filha. — Rose tem cabelo bonito; grosso e encaracolado e a vermelhidão deve ser suas raízes escocesas, hein?

    — Pelo menos ela herdou algo de mim — fungou Faith. — Você, por outro lado, é loira, como seu pobre pai falecido.

    — Deve ter pulado uma geração. — Fran bateu em Rose com o quadril de brincadeira. — Sorte minha, hein?

    — Então, de qualquer forma, vovó, me avise se você ganhar algum voucher de livro ou qualquer viagem de um dia a museus. — Rose abaixou a cabeça na despensa entre os potes de sal e pimenta. — Ficarei feliz em ir com você então.

    — Eu num museu? — Faith riu. — É provável que não me deixem sair! Que façam com que eu seja embalsamada em uma cozinha da Era Vitoriana.

    As três ainda estavam rindo quando o pai de Rose, Rod e seu irmão mais velho, Marty, invadiram a cozinha.

    — O que é toda essa animação? — Rod largou sua maleta de ferramentas, beijou sua esposa e foi lavar as mãos.

    — Questões femininas — disse Faith com petulância.

    — Oh, bem... — Rod abaixou a cabeça — o que temos para o comer então?

    Depois de uma refeição farta de guisado e bolinhos, Rose ajudou a mãe a limpar.

    — Tenho ensaio do coral esta noite — Rose bocejou —, mas para ser honesta, não estou me sentindo animada. O meu nariz escorreu o dia todo.

    — Então não vá, amor. — Fran limpou o escorredor com um pano de prato úmido. — Você dedica muito tempo a essa igreja. Tenha uma noite de folga.

    Rose pensou em ligar para o vigário, mas disse com resolução: — Não, eu irei. O concerto de verão não está longe, temos de ensaiar.

    Fran acenou com a cabeça. — Tome um paracetamol antes de ir.

    Rose puxou a caixa de remédios da prateleira alta e jogou dois em sua boca. — Outra coisa, mãe — ela engoliu os comprimidos com um gole de água —, eu me deixei convencer a frequentar um clube de tricô. Gostaria de vir?

    — Um clube de tricô! — Fran revirou os olhos. — Pelo amor de Deus, não conte à sua avó. Você não tem o suficiente ao trabalhar em tempo integral, a igreja, seu clube do livro e agora tricotar? Você vai ficar esgotada, Rose.

    — São apenas algumas horas em uma noite de terça-feira. — Rose colocou sua expressão mais suplicante.

    — Não poderei acompanhar — respondeu Fran, com firmeza. — Essa é a melhor noite para as minhas novelas. Coronation Street está emocionante agora, recuso-me a perdê-la.

    — Oh, tudo bem. — Rose tentou se livrar da decepção. Parecia que seria apenas ela e a senhora Ron.

    — Você deve aprender a dizer não, Rose. — As palavras de Fran foram ditas suavemente. — Você é muito gentil. — Ela cutucou a filha debaixo do queixo. — Por favor, diga-me que não ajudará na festa deste fimdesemana?

    Rose acenou com a cabeça. — Mais ou menos. Sou a responsável pela banca de bolos. — Ela estremeceu ao olhar no rosto da mãe. — É para caridade, mãe. A caridade que ajuda as crianças pobres na África a obterem uma educação.

    — Ok, mas talvez eu possa apenas verificar e me certificar de que o dinheiro arrecadado não esteja enchendo os bolsos do aldeão. —Faith deu à filha um sorriso caloroso. — Quem diria que eu tinha dado à luz um anjo? Talvez devesse tê-la chamado Gabriel.

    — Meu nome é lindo o suficiente — gritou Rose enquanto subia as escadas às pressas — e Gabriel era um homem, mãe.

    — Maria, então — gritou sua mãe, com um suspiro resignado.

    dois

    O banheiro estava ocupado. Rose podia ouvir seu irmão Marty cantando no chuveiro.

    — Você vai demorar muito? — Ela bateu à porta.

    — O quê? — ele continuou a cantar ou, talvez guinchar, pode ter sido o verbo correto.

    — Não demore! — ela gritou. Rose entrou em seu quarto e caiu na cama. Era macia e confortável e tinha um cheiro fresco como uma brisa do oceano. Ela afofou os travesseiros e voltou a deitar para olhar para o teto cor de limão, onde as sombras dançavam e a luz apagada de sua lâmpada criava uma silhueta suave. Ela mexeu os dedos dos pés e deu um suspiro sonolento. Se não tivesse ensaio do coral, podia enrolar- se debaixo do edredom com um livro e uma barra de chocolate, vestir seu pijama e meias de lã e relaxar. A ideia de tirar um cochilo revigorante passou por sua mente. Vovó Faith acreditava nisso. Apenas dez minutos, ela decidiu, virando-se de lado e envolvendo a borda do edredom ao seu redor. O som da chuva batendo no parapeito da janela era como uma canção de ninar suave, afastando o clima triste de segunda-feira. Cinco minutos depois, Rose estava dormindo profundamente.

    De longe vinha o som do toque. Parecia o alarme de incêndio no trabalho, só que era mais silencioso e suave. Rose esticou um braço, soprou um cacho do nariz e abriu lentamente um olho. Ela podia ouvir vozes abafadas. Era sua mãe dizendo firmemente a alguém que ela não estava bem. Rose sentou-se rapidamente, olhou para o relógio de pulso e emitiu um guincho. Sete horas da noite significavam uma coisa: o ensaio do coral estava prestes a começar. Eles estariam esperando por ela, preparando suas vozes para cantar, imaginando onde ela estaria. Rose saltou da cama, tropeçou nos sapatos e caiu de cara no chão, esmagando o nariz no tapete. Esta segunda-feira poderia piorar? Sua cabeça latejava, seu nariz estava escorrendo e ela estava atrasada. Rose Archer nunca se atrasava. A pontualidade era um dos seus traços mais fortes.

    — Mãe — gritou ela —, já levantei! — Bem, não literalmente, mas... Rose levantou-se e abriu a porta do quarto.

    Fran estava parada no fundo da escada, telefone pressionado na orelha. — Ela está vindo. — Ela entregou o telefone, balançando a cabeça.

    — Alô. — A cabeça de Rose parecia confusa, uma combinação de sintomas de resfriado e do cochilo. Ela nunca cochilava durante o dia. O que estava acontecendo com ela? pensou, enquanto se aproximava do degrau mais baixo.

    — Ah, Rose — o tom calmo do Sr. French, o vigário paroquial, flutuou em seu ouvido —, estávamos apenas nos perguntando onde você estava. Você está bem?

    — Apenas um resfriado. — Ela espirrou no punho da blusa. — Estou indo agora, chego em dez minutos.

    — Dirija com cuidado. Até mais. — A linha ficou muda.

    Rose foi para a sala onde sua mãe, pai e avó estavam assistindo TV.

    — Você vai para aquela igreja de novo? — Rod estava curvado, cortando ferozmente as unhas dos pés.

    — Tenho ido todas as semanas nos últimos dez anos, pai.

    — Bem, talvez— ele acenou para ela — você deveria fazer outra coisa com sua vida?

    Vovó Faith pigarreou concordando. — Por que não começar conhecendo esse novo bar de vinhos na cidade?

    Rose suspirou. — Estou feliz no meu coral. Por que todo mundo tem problema comigo indo à igreja?

    Fran largou a revista. — Não há problema, amor, além do fato de que a vida parece estar passando por você. Você devia estar lá fora conhecendo o resto do mundo.

    Faith coçou o queixo. — Talvez se ela conseguisse um cara, já seria um começo. Você tem vinte e oito anos e aposto que ainda é virgem.

    — Mãe! — Fran repreendeu Faith. — Isso não é da sua conta.

    As bochechas de Rose ficaram tão vermelhas quanto seu cabelo. — Eu tenho um... amigo. Jeremy, lembra?

    — Um amigo que usa regatas e fala como se tivesse uma ameixa presa na boca — bufou Faith. — O que você precisa é de um amante. Alguém quente como… Daniel Craig.

    — Quem? — Rose ficou perplexa. — Eu não tenho ideia sobre quem você está falando.

    Faith estalou os dedos. — Você sabe, o cara que interpreta James Bond. Corpo muito bonito, especialmente naquelas sungas...

    Rose pegou as chaves e sua bolsa. — Estou indo embora agora — disse ela com firmeza — não vou demorar.

    Ela podia ouvir os três tagarelando enquanto batia a porta atrás dela.

    Quando Rose chegou à igreja, Brenda, a clarinetista, estava à sua espera no estacionamento.

    — Rose, você veio!

    — Claro. — Rose saiu do carro com um sorriso no rosto. — Vocês começaram sem mim?

    — Não, Rose, estávamos apenas tomando chá e comendo bolo — disse Brenda. — A esposa do Vigário fez o bolo de frutas mais delicioso e Jeremy voltou.

    — Voltou? — Juntas, elas cruzaram a porta em arco, passando pelos bancos e pela fonte e em direção à sala de reuniões dividida.

    — Ele tem nos contado histórias sobre a África, onde conheceu as pessoas mais maravilhosas e animais magníficos. — Brenda suspirou. — Tudo parece tão emocionante. — Ela apoiou seu guarda-chuva no suporte com os outros e Rose a seguiu até a sala.

    O coral era composto por dez pessoas: seis cantores, Brenda, a clarinetista, Rose no órgão, Sr. French, o maestro e Jeremy, que tocava violão. Eles estavam sentados em uma velha mesa de carvalho arranhada por anos de uso, comendo bolo e bebendo chá de delicadas xícaras de porcelana.

    — Oh Rose, você veio. — A Sra. French levantou-se para lhe beijar o rosto. — Você está se sentindo bem? Sua mãe disse que você não estava bem.

    — Estou bem — respondeu ela, sacudindo as gotas de chuva do cabelo. — Olá, Jeremy.

    Ele estava estendendo uma mão, empurrando seus óculos com a outra. — Rose, que bom lhe ver. Já faz um tempo...

    — Já se passaram dois meses. — Ela sorriu muito. — É bom tê-lo de volta. E como foi a África?

    — Foi incrível. — O olhar de Jeremy se afastou do dela e seguiu-se um momento de silêncio constrangedor.

    O Sr. French bateu palmas. — Vamos começar com a música e depois podemos conversar?

    Os outros murmuraram de acordo. Rose franziu a testa, mas foi até o órgão. Seus dedos tilintaram suavemente sobre as teclas enquanto, ao lado dela, Brenda tocava seu clarinete e Jeremy dedilhava seu violão. Eles percorreram uma lista de hinos que começou com o favorito de Rose, All Things Bright and Beautiful. Na quinta canção, Rose espirrava profusamente e o Sr. French pediu uma pausa.

    — Acho que devemos encerrar essa noite — como muitos vigários, seu tom era profundo e melodioso —, a pobre Rose obviamente não está bem. Você deveria em casa, aquecida, querida. Volte para nós na próxima semana, recuperada.

    — Tudo bem. — Rose acenou com a cabeça com gratidão. — Quer uma carona, Jeremy? — Ela estava ansiosa para conversar com ele sobre suas aventuras. Durante seu tempo fora, ela sentiu falta dele. Sua mente voltou à última vez que o viu. A maneira como ele segurou sua mão quando ninguém estava olhando e sua declaração de amor por ela no estacionamento da igreja. Naquele momento, Rose ficara confusa e sem saber como reagir. Ela gostava muito dele, mas isso bastava? No entanto, nos últimos dois meses, ela pensou nele constantemente e percebeu que gostava dele mais do que apenas amigos. Então, esta noite, ela decidiu, seria a noite em que ela retribuiria seus sentimentos. Jeremy era legal, e bonito de uma forma livresca. Ele era amável e gentil e seus olhos eram um azul atraente. Ela não sabia se ele se parecia com Daniel Craig, mas ele definitivamente a lembrava de Clark Kent do Super-homem. E ela queria beijá-lo: esta noite.

    — Deixe-me ir ao banheiro — disse Rose — e eu sou toda sua. — Ela contornou Brenda que estava lutando com uma capa de chuva azul-marinho.

    — Nos vemos na festa, querida. — Rose acenou e correu para o banheiro feminino.

    As paredes brancas brilhantes e mobiliário cromado do banheiro minúsculo somavam ao ambiente frio da sala, mas Rose estava quente. Ela olhou no espelho rachado enquanto lavava as mãos. Suas bochechas estavam vermelhas e brilhantes e seu cabelo estava arrepiado pela umidade. Ela passou água fria no rosto e ajeitou o cabelo. Ela deveria passar batom, ela se perguntou? Uma pesquisa minuciosa em sua bolsa revelou que a única maquiagem disponível era um lápis delineador esmagado. Ela jogou o lápis de volta na bolsa e colocou uma bala na boca.

    Jeremy estava esperando por ela na entrada, brincando com o folheto de novidades de Twineham.

    — Há um festival de degustação de comida em agosto. — Ele levantou a cabeça para olhar para ela. — Você está com febre, Rose? Posso ir de ônibus para casa se estiver fora do seu caminho.

    — Claro que não está — ela respondeu às pressas — realmente estou bem, só preciso de uma boa noite de sono. Podemos ir… ao festival de degustação de comida… juntos, se quiser? — Ela estava ciente de que estava tagarelando e interiormente vacilou.

    — Oh, bem, talvez? — Jeremy olhou para os pés.

    — Vamos lá — disse Rose, com uma animação forçada que ela não sentia —, você pode me contar tudo sobre a África.

    Rose abaixou as janelas para permitir que o ar fresco da noite entrasse no carro. — Você fez um safári?

    — Ah, sim. — O rosto de Jeremy ganhou um brilho sonhador. — Nós vimos todos eles, Rose. Leões, elefantes, girafas, gnus… — Ele deixou a voz morrer para olhar para o colo e ela se perguntou quem era o nós.

    — Pensei em você. — Ela deu-lhe um tapinha na mão. — Pensei no que me disse da última vez que nos falamos.

    Não houve resposta, apenas o barulho do motor enquanto ela o manobrava

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