Biomarcadores de resistência a verminose em ovinos: caracterização dos possíveis biomarcadores em ovinos resistentes à verminose e microrganismos entéricos associados

De Andre Carloto Vielmo

A busca pelo conforto é o que movimenta todos os seres vivos. Para alguns, o conforto é sair de dentro da semente, outros são obrigados naturalmente a sair de dentro do útero, mães águias empurram seus filhos do ninho quando percebem que já estão propícios a alçar voo solo. Saímos da sombra fresca para saciar a fome ou a sede. Viramos a noite e enfrentamos oponentes para acasalar. Buscamos por uma cama melhor, um carro melhor e até mesmo uma companhia melhor. A Sobrevivência é nossa primeira necessidade, a busca por tecnologia que nos proporcionem conforto é constante. Este trabalho busca identificar melhores modos de selecionar, por meio de identificação de biomarcadores, ovinos resistentes a verminose, a qual gera prejuízos econômicos constantes ao sistema produtivo, ou seja, "desconforto".

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 12 de mai. de 2023
• ISBN: 9786525284316

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1. INTRODUÇÃO

A produção de proteína de origem animal, por meio da criação de animais domésticos, tem como um de seus pilares a viabilidade econômica, e seu objetivo é a obtenção de alimentos saudáveis, se possível de baixo custo, e com ampla disponibilidade à população. Essa atividade econômica é de extrema importância no cenário global, gerando empregos e o estabelecimento de uma imensa cadeia produtiva, a qual impulsiona a economia de grandes potências mundiais, como Estados Unidos, China, Brasil e União Europeia.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, o rebanho ovino era de 20.628.699 animais, sendo que a região Nordeste apresentava 14.561.910 cabeças, ou seja, 70,5% do total. Mesmo com um rebanho tão representativo, a produção, de modo geral, é apenas uma alternativa para a geração de renda para muitos produtores (ROSANOVA; SOBRINHO; NETO, 2005).

Com relação às questões sanitária e econômica, a infestação por parasitas do trato gastrointestinal é a principal causa das perdas econômicas no sistema de criação de ovinos em todo o mundo, e a utilização de métodos inadequados no combate à verminose em ovinos vem gerando aumento nas taxas de resistência dos parasitas aos anti-helmínticos (SOTOMAIOR et al., 2009). O sistema de produção, em sua maioria a pasto, proporciona constantes infecções por parasitos, causando impactos negativos na produção de carne e leite, acarretando altos custos nos meios de controle e representando um sério problema para a criação (AMARANTE et al., 1996; ARAÚJO et al., 1998; OVER et al., 1992). Nos países tropicais, aproximadamente 95% dos caprinos se infectam por Haemonchus contortus e Trichostrongylus spp., e a taxa de mortalidade supera 40% (GITHIGIA et al., 2001).

A estratégia de controle de verminoses mais utilizada é a administração de medicamentos anti-helmínticos. Entretanto, com relação aos parasitas de ovinos e caprinos, é relatada resistência parcial a todos os grupos de anti-helmínticos disponíveis no mercado: benzimidazóis, lactonas macrocíclicas, imidazotiazóis e salicilanidas (THOMAZ-SOCCOL et al., 2007; COLES et al., 2006; AMARANTE, 2014). Dentre as alternativas de controle da verminose, destacam-se: 1) ajustes no manejo de pastagem e no tempo de pastejo, 2) avaliação de fitoterápicos, 3) utilização de substâncias isoladas de plantas, 4) estudos com homeopatia e 5) fungos nematófagos, 6) assim como a identificação e reprodução de animais resistentes às endoparasitoses (VERISSIMO et al., 2008).

A disponibilidade de novos anti-helmínticos está comprometida pelo progressivo aumento de resistência e pelos altos custos com a pesquisa e o desenvolvimento de novos princípios ativos (COLES et al., 2006). Nesse sentido, a utilização de novos sistemas de Controle Integrado de Parasitos (CIP) e a busca por novas estratégias terapêuticas são os pilares mais consistentes na busca por alternativas que possam mitigar os impactos econômicos e biológicos gerados pela elevada incidência de resistência parasitária aos anti-helmínticos (SOTOMAIOR et al., 2007).

A literatura específica concernente aos problemas causados por parasitas gastrointestinais em ovinos ressalta uma soma de esforços dos diferentes segmentos da cadeia produtiva para sanar ou diminuir os prejuízos causados pelas endoparasitoses em ovinos. A procura por biomarcadores da resistência à verminose e fatores associados que possam contribuir com ela, bem como a busca por novos tratamentos, são constantes no estudo da ovinocultura.

Um fato notório nessa busca é que o estabelecimento de animais resistentes a verminoses não é um trabalho de análise única ou que tenha um valor ou uma característica preestabelecida. Para a determinação da resistência a endoparasitas, faz-se necessário um acompanhamento dos biomarcadores, por certo período, em animais contemporâneos e que passem pelo mesmo manejo nutricional, sanitário e reprodutivo. A determinação da resistência ou da suscetibilidade