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Gestão por competências para voluntariado
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E-book240 páginas2 horas

Gestão por competências para voluntariado

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Sobre este e-book

O livro Gestão por Competências para Voluntariado apresenta uma abordagem atual e relevante sobre a gestão de voluntários em organizações sem fins lucrativos. O estudo aponta a importância da gestão por competências na seleção, capacitação e avaliação de desempenho dos voluntários, contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços prestados e impactando positivamente no atendimento aos pacientes e suas famílias.

O livro é uma leitura fundamental para gestores de organizações do terceiro setor, estudantes e profissionais interessados na área de gestão de voluntariado e competências.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de set. de 2023
ISBN9786525294995
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    Gestão por competências para voluntariado - Débora Iplinski Czupriniaki

    1.

    INTRODUÇÃO

    Nas últimas décadas do século XX, uma das temáticas mais discutidas da Administração foi a das competências e sua função estratégica para as organizações (DUTRA, 2009), as quais são instigadas a buscar maior competitividade no mercado e o foco, a cada dia, volta-se para as pessoas e suas competências. O capital humano passa a ser mais valorizado nas organizações, que passaram a adotar nova forma de investir no desenvolvimento dessas competências. Fruto desse contexto, na década de 1990, surge como alternativa para a área de recursos humanos a Gestão por Competências. Sua dimensão abarca a contribuição do indivíduo para o sucesso da organização, considerando fatores como conhecimento, atitudes, desempenho e resultados (OLIVEIRA JR., 2010).

    O terceiro setor também buscou aprimorar-se, objetivando sua inserção neste mercado modernizado, tornando-se referência no que tange às questões voltadas à responsabilidade social, através da implantação de novas formas de gestão (DIAS, 2008). O terceiro setor não se transformou em um modismo, mas afirmou-se como um novo conceito de relação entre as organizações e a sociedade, o que ressalta a relevância desse setor dentro das comunidades.

    O trabalho voluntário tem crescido no Brasil e em outros países em desenvolvimento pautado no seu caráter solidário, no sentido de que esse processo passa por uma iniciativa pessoal em favor de uma coletividade. A base da ação do terceiro setor é o voluntariado. A expressão voluntariado frequentemente é associada à ideia de altruísmo, solidariedade, fraternidade e abnegação (BONFIM, 2010).

    A sua execução é realizada não somente por pessoas que têm melhores condições e doam seu tempo e recurso em prol daqueles que não são tão favorecidos, mas também entre iguais, considerando grupos como alcoólicos anônimos, comunidades de bairro, mutirões, entre outros. Além disso, juntamente com o conceito de voluntariado, construíram-se inúmeras iniciativas originárias tanto da sociedade civil organizada quanto do campo empresarial (TEODÓSIO, 2000).

    De acordo com Raposo (2000), a motivação dos voluntários está vinculada ao diferencial que o terceiro setor oferece no sentido de possibilitar a união da necessidade de trabalhar à realização de um projeto de vida cidadã. Falconer (1999) observa que existe um alto nível de engajamento, mesmo entre os profissionais que realizam atividades consideradas burocráticas ou menores.

    Conforme Dohme (2001), o voluntário é bem-informado, participativo, questionador, deseja desempenhar suas atividades da melhor maneira possível. Quanto à observância das motivações do voluntariado, a questão da dádiva necessita de um particular enfoque, de forma a compreender o processo de troca dessa atividade.

    Buscando entender o contexto de influência no desempenho dos voluntários, que são a base de operação dessas organizações, o presente estudo teve como objetivo analisar as competências necessárias que influenciam no desempenho do trabalhador voluntário no Instituto do Câncer Infantil. Buscou preencher uma lacuna teórica identificada na literatura no que diz respeito à análise das competências do voluntário no contexto de desempenho.

    Para tanto, foi realizada pesquisa de natureza qualitativa, através do estudo de caso da ONG Instituto do Câncer Infantil. O embasamento teórico deste trabalho apresenta a conceitualização do terceiro setor, organizações não governamentais (ONGs), trabalho voluntário e suas motivações, legislação, papel nas instituições sociais e programas de voluntariado. Além desses tópicos, fez-se uma revisão sobre as principais competências e habilidades do voluntário, buscando entender a relação com o desempenho do voluntariado hospitalar.

    Por fim, apresentam-se os dados obtidos, suas análises e considerações finais, assim como as limitações e encaminhamentos futuros da pesquisa e as contribuições gerenciais resultantes dos achados.

    1.1 Problema de pesquisa

    O ambiente de estudo é o Hospital Conceição, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O Hospital Conceição foi escolhido por ser o mais carente no que tange ao material humano, recursos materiais e leitos, conforme Relatório de Atividades ICI (ICI, 2016) do Instituto do Câncer Infantil – ICI. A pesquisa buscou responder à seguinte questão: quais as competências relacionadas ao desempenho do trabalhador voluntário no Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul em atuação no Grupo Hospitalar Conceição?

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo geral

    Analisar as competências relacionadas ao desempenho do trabalhador voluntário no Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul em atuação no Grupo Hospitalar Conceição.

    1.2.2 Objetivos específicos

    a) Identificar o perfil dos voluntários que trabalham no Núcleo de Recreação do Hospital Conceição;

    b) Caracterizar as atividades de voluntariado no Núcleo de Recreação do Hospital Conceição;

    c) Identificar as competências necessárias para desenvolver as atividades da recreação, na visão do Instituto do Câncer Infantil, em parceria com o Hospital Conceição;

    d) Descrever o desempenho dos voluntários que trabalham no Hospital Conceição.

    2.

    JUSTIFICATIVA

    A promoção do brincar no contexto hospitalar é uma das estratégias possíveis para o resgate e a manutenção da condição de criança durante o processo da internação hospitalar. Por meio da recreação, a criança conserva e mantém seu potencial criativo, que precisa ser estimulado: escrever, desenhar, pintar, jogar e, principalmente, brincar com outras crianças, quando possível. A promoção de ações que possibilitam maior conhecimento de si e interação com o meio é relevante, a fim de que o desenvolvimento intelectual não seja interrompido durante o período de internação. Tais ações estão regulamentadas pela Resolução n.º 41 do Ministério da Justiça e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente de 1995:

    (...) Toda criança e adolescente hospitalizado tem direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento de currículo escolar durante a permanência hospitalar.

    No entanto, independentemente dos estatutos legais, a área da saúde no Brasil é precária, em especial a Saúde Pública, onde está inserido o Hospital Conceição, objeto do presente trabalho. As políticas de saúde pública, em que pesem os recursos disponibilizados, não são bem geridas, ocasionando toda sorte de problemas nas instituições de saúde especializadas, desde carência de leitos, mesmo para patologia de alta complexidade como o câncer, até precariedade de condições aos profissionais de saúde (GARCIA, 2005; ORTIZ, 2007). Os autores Garcia (2005) e Ortiz (2007) afirmam que o trabalho voluntário emerge como uma alternativa social e humana, por parte da sociedade civil organizada, para atender o paciente, em especial o oncopediátrico, em meados de 1990. Tal iniciativa visou a suprir essas carências no que diz respeito ao acolhimento, à recreação, às brincadeiras, buscando bem cuidar e acolher o paciente-criança.

    De acordo com Wilson (2012), o voluntário que exerce suas atividades na recreação realizada no leito do paciente necessita de aprimoramento contínuo, pois é preciso saber o que fazer, como fazer e o impacto da realização dessas tarefas (DOHERTY; HOYE, 2011).

    No contexto brasileiro, Nogueira-Martins et al. (2010) classificaram as tarefas realizadas pelos voluntários hospitalares em atividades típicas de voluntariado. Essa categorização permite uma visão geral do papel dos voluntários hospitalares brasileiros. As categorias listadas são captação de recursos, atividades associadas a "soft services" (apoio emocional), atividades imprescindíveis ao hospital (o auxílio na alimentação dos utentes incapacitados e acompanhamento a exames), atividades que promovem a socialização (jogos e teatro), atividades pedagógicas (pintura e artesanato) e atividades especiais (por exemplo, cabeleireiro). Além dessas, destacam-se as tarefas de interlocutor e de entretenimento. Outras tarefas passam pelo acolhimento dos usuários e familiares (MONIZ; ARAUJO, 2008), a disponibilização de atenção aos usuários (HANDY; SRINIVASAN, 2004) e o fornecimento de informação e apoio emocional (MELLOW, 2007). Em resumo, os voluntários hospitalares concretizam tarefas não especializadas que melhoram a estadia dos usuários no hospital (HANDY; SRINIVASAN, 2004).

    Os autores Faulkner e Davies (2005) sugerem que os voluntários hospitalares prestam aos pacientes serviços de suporte social. As tarefas dos voluntários passam pelo diálogo com as crianças doentes sobre os problemas e doenças que as levaram ao hospital, dando conhecimento aos usuários dos recursos que têm disponíveis no hospital e fazendo o usuário sentir-se bem acolhido. Essas conclusões estão de acordo com estudos desenvolvidos pelos autores (HANDY, SRINIVASAN, 2004) que referem à importância do papel dos voluntários no que diz respeito ao processo de humanização hospitalar, resultando na valorização do ser humano e na melhoria da atenção dispensada aos usuários.

    Entre as organizações do terceiro setor do Rio Grande do Sul, destaca-se a atuação do Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul – ICI. A escolha dessa organização para este trabalho ocorreu por ser uma das instituições pertencentes ao terceiro setor mais lembrada pela comunidade do RS (ICI, 2016). O segundo fator para a escolha do ICI é de caráter pessoal e diz respeito à trajetória da autora como voluntária vivenciando a experiência de trabalhar em alguns núcleos da ONG, principalmente no Núcleo Hospitalar, que é o objeto deste trabalho.

    Durante esse período de vivência como voluntária, foi possível observar a realidade da Instituição, a partir do envolvimento com os funcionários e demais voluntários que trabalham pela mesma causa e buscam recursos materiais, financeiros e humanos para que a instituição continue desenvolvendo o trabalho a que se dispõe.

    O Instituto do Câncer Infantil do RS iniciou suas atividades em 1990, quando o médico Algemir Brunetto voltou da Inglaterra, após um período de profissionalização na Children’s Foundation em Newcastle. Observou que no Brasil, a média dos índices de cura do câncer infantil chegava a 35%, destoando da realidade da Europa e dos EUA, onde a média dos índices de cura era de 70% nos casos atendidos (ICI, 2016).

    A falta de estrutura e disparidade com os centros especializados motivaram o Dr. Algemir Brunetto a viabilizar a construção de um Centro de Referência, possibilitando um atendimento digno e com maiores chances de cura. Com a união dos esforços entre o médico Dr. Brunetto e o jornalista Lauro Quadros, ambos do Rio Grande do Sul, emergiu uma instituição voltada exclusivamente para o tratamento gratuito para crianças com câncer (ICI, 2016).

    Foi por meio do trabalho e da colaboração dos voluntários que o Instituto do Câncer Infantil do RS criou seu Centro Administrativo/Hospitalar em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde todo o tratamento é custeado pelo Sistema Único de Saúde, não havendo qualquer ônus para as famílias dos pacientes (ZH, 2016). Atualmente, o Instituto do Câncer Infantil promove atendimento aos pacientes oncopediátricos através de outros hospitais, sendo um deles o Hospital Conceição de Porto Alegre/RS, objeto desse trabalho. A população beneficiada com o trabalho do Instituto do Câncer Infantil soma em torno de 2.000 crianças e adolescentes do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros. O quadro funcional do ICI é de apenas 56 profissionais de áreas distintas. É por meio da imprescindível colaboração e contribuição dos voluntários, em número de 450, que é possível atrair e encaminhar para tratamento adequado os pacientes oncopediátricos (crianças e adolescentes) a hospitais especializados, parceiros do ICI.

    A parceria do Instituto do Câncer Infantil com o Hospital Conceição é recente, por isso, o local escolhido para a aplicação dessa pesquisa é o Núcleo de Recreação do Hospital Conceição definido em parceria com o ICI, por ser o mais carente, no que tange ao material humano, aos recursos materiais e aos leitos. Em função disso, apresenta o menor índice de cura das crianças com câncer, haja vista a precariedade dos recursos essenciais para a promoção do tratamento em crianças e adolescentes com câncer.

    Mesmo que no trabalho voluntário a pessoa doe o seu trabalho e seu talento em prol da realização de uma ação de natureza social, envolve qualificação, satisfação pelo trabalho exercido, doação de horas dedicadas ao próximo e a realização em cumprir com os objetivos propostos. Embora o trabalho voluntário seja uma ação espontânea, não dispensa regras, planejamento e organização. Experiências malsucedidas ou falta de organização administrativa para gerenciar o trabalho voluntário traz inquietações para as organizações que se beneficiam do voluntariado (DOHME, 2001).

    Nesse contexto, é fundamental para a gestão das instituições estudadas identificar quais competências estão relacionadas ao desempenho do trabalhador voluntário no Núcleo de Câncer Infantil do Hospital Conceição. Assim, caracteriza-se a relevância gerencial na medida em que a pesquisa fornece subsídios para entender e melhorar os serviços dessas instituições.

    Em termos da relevância social, a pesquisa justifica-se pela importância do tema considerando a questão emocional, cognitiva e a melhora na qualidade de vida do paciente oncopediátrico.

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