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O DNA do brasileiro: Como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história
O DNA do brasileiro: Como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história
O DNA do brasileiro: Como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história
E-book256 páginas3 horas

O DNA do brasileiro: Como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história

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Sobre este e-book

Falar sobre o DNA do brasileiro, é contar a história do nosso povo.

A ancestralidade do brasileiro se divide por diferentes continentes do mundo. O maior problema, é que grande parte da informação sobre cada uma dessas populações que nos formou ficou perdida no passado da nossa genealogia.

Na sua família, por exemplo, se houver um antepassado indígena, é bastante provável que você conheça muito pouco sobre ele, de que não haja fotos, certidões de nascimentos ou qualquer coisa escrita sobre essa pessoa.

Mas, por mais que papéis possam apodrecer e se perder, há uma forma de documentação que não se perde e pode durar milhões de anos. Ou melhor, que não se perde tão facilmente, por passar de geração em geração, guardada em nossas células. É o DNA.

"O DNA do brasileiro" conta a história do nosso povo, nos faz entender parte do nosso presente e imaginar como será nosso futuro. E conhecer a nossa história genética nos faz entender o que define quem somos e nos faz sermos únicos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de nov. de 2023
ISBN9788594484178
O DNA do brasileiro: Como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história

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    Pré-visualização do livro

    O DNA do brasileiro - Ricardo di Lazzaro Filho

    capa_dna.jpgImagem ilustrativa.

    Copyright © 2023 por Ricardo di Lazzaro.

    Todos os direitos desta publicação reservados à Maquinaria Sankto Editora e Distribuidora LTDA. Este livro segue o Novo Acordo Ortográfico de 1990.

    É vedada a reprodução total ou parcial desta obra sem a prévia autorização, salvo como referência de pesquisa ou citação acompanhada da respectiva indicação. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n.9.610/98 e punido pelo artigo 194 do Código Penal.

    Este texto é de responsabilidade das autoras e não reflete necessariamente a opinião da Maquinaria Sankto Editora e Distribuidora LTDA.

    editora

    dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

    angélica ilacqua — crb-8/7057

    Lazzaro, Ricardo di

    O DNA do brasileiro : como a genética influencia o nosso comportamento e ajuda a contar a nossa história / Ricardo di Lazzaro. São Paulo : Maquinaria Sankto Editora e Distribuidora Ltda, 2023.

    EPUB

    ISBN 978-85-94484-17-8

    1. Genética – Obras populares 2. Ciências sociais 3. Brasileiros - Comportamento – Aspectos genéticos I. Título

    índice para catálogo sistemático:

    1. Genética – Obras populares

    23-4923 | CDD 576.5

    logo-editora

    Endereço

    Rua Pedro de Toledo, 129 - Sala 104 - Vila Clementino - São Paulo – SP, CEP: 04039-030

    www.mqnr.com.br

    Imagem ilustrativa.

    Às quatro gerações de mulheres da minha vida: Eva, Andressa, Claudia, Luciana e Dora.

    Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo.

    RIBEIRO, Darcy.

    O povo brasileiro:

    A formação e sentido do Brasil.

    Sumário

    Prefácio

    Nossas bases

    Feijoada ancestral

    País do futebol

    Café com leite

    Carnaval

    Um, dois ou três beijinhos?

    Fundadores do Brasil

    Loteria genética

    DNA farmacêutico

    Passado presente e futuro

    Agradecimento

    Referências

    Imagem ilustrativa.

    A curiosidade científica é a chave para compreendermos os mistérios do mundo à nossa volta. E a genética, em particular, nos oferece uma vista única para entender não apenas a maneira que os organismos funcionam, mas também sua evolução como espécie.

    Os genes são a mais objetiva expressão de que todos os seres vivos da Terra são parte de uma mesma família e como a interação entre esses organismos e o ambiente moldou, geração a geração, o mundo em que vivemos hoje.

    Em nossa privilegiada posição de compreensão do funcionamento dos genes e nosso poder de usar esse conhecimento para realizar mudanças em escalas globais, torna a decodificação do DNA de imensa importância para tomarmos decisões informadas e responsáveis para o futuro de todos. Não só para obtermos resultados mais eficientes no tratamento de doenças, produção de alimentos e proteção de espécies ameaçadas, mas para sabermos quais caminhos trilhar e quais evitar.

    O estudo da genética traz luz a um conjunto de novas aptidões fascinantes e outras potencialmente nefastas. Nenhum avanço no campo da genética pode ser considerado meramente objetivo, uma vez que a essência do estudo condiz à mais preciosa criação do universo: a vida.

    E a vida é frágil, preciosa. E para nós, viventes, é tudo.

    Por isso, desvendar as engrenagens destas máquinas orgânicas complexas é tão fascinante e, ao mesmo tempo, tão assombroso. A seleção natural não se aplica mais a uma espécie com tanto conhecimento e capacidades como a nossa adquiriu nas últimas centenas de gerações. Por isso é imprescindível que todo esse aprendizado acumulado seja sempre pautado pelo bem comum de todos os seres vivos com muita responsabilidade e ética.

    Afinal, é uma questão de família!

    Alexandre Ottoni,

    cofundador do Jovem Nerd, janeiro de 2023

    Imagem ilustrativa.Imagem ilustrativa.

    Uma misteriosa mulher com traços indígenas me deixa inquieto quanto ao meu passado. Etelvina Toledo, da região de Bauru, cidade no interior de São Paulo, morreu durante um parto quando meu avô ainda era uma criança. Praticamente tudo que sei sobre a história de Etelvina é que a chamavam de cabocla — um termo que, historicamente, era usado para se referir a filhos de brancos com indígenas. Nenhum outro detalhe de quem ela era, do que gostava ou de como conheceu o meu bisavô.

    Mas uma parte da Etelvina habita em mim, mesmo que pequena e não evidente, em meus traços físicos de um brasileiro de pele branca. A herança dela está na minha cabeça, no meu corpo, nas minhas células. Uma parte do meu DNA, cerca de 2%, mais precisamente na ponta de um dos meus cromossomos 16, é de origem indígena. De um ou mais povos que infelizmente não sei especificar, mas que foram parte da enorme colcha de culturas e etnias da população nativa originária do Brasil.

    Sempre conheci bem a história de origem portuguesa do meu bisavô, marido da Etelvina, nascido no estado da Bahia; e dos pais da minha avó Dora, que emigraram da Europa para o Brasil no início do século passado. Mas, no DNA da minha mãe, mais informações sobre a história da nossa família se revelam: um pequeno trecho de DNA originário do continente africano. Espero um dia ser possível resgatar informações sobre esse ramo da família e conhecer mais desses antepassados, possivelmente escravizados por gerações durante a história do nosso país.

    Agora você já conhece um pouco de quem eu sou, pelo menos no nível íntimo da minha informação genética. E a história da minha família pode não ser tão diferente da sua ou de muitos outros brasileiros, uma vez que minha ancestralidade se divide por diversos continentes do mundo. O maior problema é que grande parte da informação sobre cada uma dessas populações que me formou ficou perdida no passado da minha genealogia − imagino que o mesmo tenha acontecido com você.

    Na sua família, por exemplo, se houver um antepassado indígena, é bastante provável que você conheça pouco sobre ele, que não haja fotos, certidões de nascimentos ou qualquer coisa escrita sobre essa pessoa (eu tive um pouco de sorte, pois guardaram uma única foto da minha bisavó — veja a Figura 1.1). É possível que você nem mesmo saiba como esse seu antigo parente se chamava — isso, claro, se você souber que ele existiu.

    Essa perda de histórias se torna ainda mais profunda durante momentos de grandes mudanças na história, como foram os últimos séculos no Brasil, país que assistiu à chegada de europeus, à perda de grande parte da população indígena e, também, à vinda de grandes contingentes de negros escravizados da África — isso pensando somente em chegadas e partidas. Pode colocar nessa conta também toda a possível papelada que nos contaria mais sobre nós mesmos sobrevivendo ao calor e à umidade dentro de gavetas, e à transição de Colônia para Monarquia, de Monarquia para Império, de Império para República, e, como República, sofrer um golpe de Estado, um golpe militar e, por fim, uma redemocratização. Em um turbilhão de mudanças, guerras de conquista e grandes deslocamentos, é de se esperar que documentos históricos pereçam ou sejam descartados.

    Figura 1.1: Meu bisavô, Joaquim. Minha bisavó, Etelvina.

    Imagem ilustrativa.

    Mas, por mais que papéis possam apodrecer e sumir, há uma forma de documentação que não se perde e dura milhões de anos. Ou, melhor, que não se perde tão facilmente, por passar de geração em geração, guardada em nossas células: o DNA. É exatamente por causa desse documento escrito com somente quatro letras — A, T, C e G — que eu sei, por exemplo, que em um galho da minha árvore genealógica há sangue indígena.

    Antes de nos aprofundarmos no DNA do brasileiro, você precisa entender um pouco sobre alguns conceitos de biologia e genética. É o momento de abrir a gaveta da memória, resgatar as aulas de Biologia do ensino médio e aproveitar a gaveta aberta para guardar algumas coisas novas.

    O DNA

    Transformando esses conceitos científicos para algo simplificado e amigável, o DNA pode ser resumido como uma molécula supercomprida — a visualização mais básica para lembrar do DNA é uma escada. Imagine uma daquelas escadas de barco ou de tirolesa, em que há duas cordas ligadas entre si por diversos degraus de madeira ou de outro material, por onde as pessoas irão subir. Agora, pegue essa corda mental e torça os dois extremos dela. Pronto, você tem a imagem da nossa fita de dupla hélice de DNA retorcida por onde a evolução — nós mesmos, nossos antepassados e descendentes se moveram e continuam a se mover (veja a Figura 1.2).

    Figura 1.2: Estrutura do DNA.

    Imagem ilustrativa.

    Fonte:

    Estrutura do

    DNA

    . In: Manual

    MSD

    — Versão para Profissionais de Saúde. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/figure/estrutura-do-dna#:~:text=A%20mol%C3%A9cula%20de%20

    DNA

    %20%C3%A9,pareada%20com%20citosina%20(C).

    É com essa escada que chegamos à construção, reconstrução e funcionamento diário do nosso corpo. E, talvez, o mais interessante seja a pequena quantidade de elementos que compõem esse caminho. A escada é feita de somente quatro estruturas: A (adenina), T (timina), C (citosina) e G (guanina) — as chamadas bases nitrogenadas. Elas ficam umas ao lado das outras, com o auxílio de uma espécie de espinha dorsal de fosfato e açúcar (essa estrutura seria a corda da escada) e se ligam entre si, com ligações de hidrogênio em companhias preferenciais. O A se encaixa no T, e o C se liga em G. É a sequência única de aproximadamente 3 bilhões de pares dessas quatro letrinhas que nos faz ser o que somos.

    Se alguma espécie alienígena superinteligente saída do Arquivo X ou do Além da imaginação viesse à Terra e quisesse entender como funcionam os seres humanos, o modo mais rápido de ela conseguir isso seria lendo o nosso manual de instruções, a sequência completa do nosso DNA: nosso genoma. Inclusive, algumas dicas seriam bem-vindas, porque a própria humanidade, neste momento, está longe de conseguir compreender plenamente esse manual que, se estivesse impresso, encheria uma pequena biblioteca para cada um de nós.

    Junto com as instruções, porém, não vêm as ferramentas para construir um corpo, como chaves de fenda e parafusos. Mas estão ali os comandos para pegar as ferramentas e montar nossa pele, nossos olhos, nossa cabeça, nosso joelho e todos os nossos órgãos. Com o manual, a construção prática fica por conta das proteínas, a base de toda a nossa existência, com participação em basicamente tudo que acontece em nosso corpo.

    A relação DNA-proteínas lembra muito o jogo Lego ou o Minecraft (dependendo da sua idade e de seu gosto para jogos eletrônicos). Diferentes sequências de DNA contêm a informação para construção de proteínas (sinônimos possíveis e que você verá por aqui são os polipeptídeos ou cadeia de aminoácidos), que podem se somar e dar origem à proteínas mais complexas, como peças que vão se encaixando — daí a comparação com o brinquedo Lego. De modo resumido, isso acontece graças ao RNA mensageiro — sim, o mesmo fragmento de informação genética do qual você deve ter ouvido falar exaustivamente durante a pandemia de Covid-19, por ser a plataforma utilizada em algumas das vacinas mais recentes.

    Entre o DNA e o RNA mensageiro (vamos chamá-lo RNA) ocorre uma passagem de informação, chamada de transcrição. Isso porque o alfabeto do RNA é um pouquinho diferente da língua do DNA. Por exemplo, em vez de ATCG, no RNA temos AUCG, com a uracila (U) no lugar da timina (T). A partícula de RNA é, portanto, uma espécie de outra face da moeda do DNA (veja a Figura 1.3).

    Figura 1.3: Transcrição vs. Tradução

    Imagem ilustrativa.

    Fonte:

    Overview of Transcription. Khan Academy. Disponível em: https://www.khanacademy.org/science/biology/gene-expression-central-dogma/transcription-of-dna-into-rna/a/overview-of-transcription.

    Após o RNA tirar uma cópia da informação, é necessário traduzir o que estava escrito no DNA para formar uma proteína, processo que é chamado de tradução. Em geral, nosso DNA fica guardado e bem protegido dentro do núcleo das nossas células. De lá, os RNAs saem e se deslocam para o citoplasma, onde se ligarão a uma estrutura chamada ribossomo. É nessa maquininha, da qual você já ouviu falar nas suas aulas de biologia, que serão produzidas as proteínas, a partir da sequência de trincas de letras do RNA. Mas ela ainda precisa de uma ajudinha: o RNA ou RNA transportador. Imagine um fone bluetooth que recebe informações do seu celular e as transforma em música. Os RNAs, cada um carregando um aminoácido, vão se ligar ao RNA no ribossomo. Um transportador pareia com o mensageiro, resultando em um aminoácido. Esse processo todo de transferência e transformação de informação, desde o DNA até a produção proteica, é tão importante que é chamado de dogma central da biologia molecular.

    Juntas, as trincas de letrinhas que citei se chamam códon, que são o que determina a produção de um aminoácido. E aqui vai uma curiosidade: os códons não guardam somente informações para produzir, mas também para iniciar ou parar a leitura. Todas as traduções começam na sequência AUG, e são três os códons que mandam o processo ser finalizado: UAA, UGA e UAG.

    Mas nem todo o nosso DNA traz informações para produção de proteínas. Na verdade, há uma grande parcela do nosso genoma que parecia não ter serventia alguma e que, por isso, era até pouco tempo atrás chamado de DNA-Lixo. A nomeação um tanto agressiva perdeu espaço recentemente, considerando o quanto ainda não sabemos e estamos descobrindo sobre esse resto. Guarde bem todas essas informações sobre o DNA inútil, transcrição e tradução, porque elas serão importantes mais para a frente. Agora a coisa começa a ficar melhor.

    Eva (mitocondrial) e Adão (cromossomial Y)

    A maior parte (mais precisamente cerca de 99,9%) do DNA é praticamente idêntico entre as pessoas, afinal, somos da mesma espécie. Aproximadamente metade dele vem da nossa mãe e a outra metade do nosso pai. Lembra do núcleo da célula em que é guardado o DNA? Na verdade, nesse DNA, toda a informação que é essencial para a vida se agrupa em um conjunto de 23 pares de cromossomos (ou seja, 46 no total). Os cromossomos são geralmente representados como pequenas tesouras abertas (ou um H com um nó apertando o centro da letra), que carregam pacotinhos de informação de modo supercompactado. Cada cromossomo recebe um número de acordo com seu tamanho, partindo do maior, o cromossomo 1, até o menor, o 22. Talvez, os mais famosos sejam os que compõem o vigésimo terceiro par, chamado de cromossomos sexuais, que definem o sexo biológico das pessoas: XX feminino e XY masculino, com algumas exceções mais raras, como geralmente acontece na biologia. Uma curiosidade é que, em humanos, o X é grandão e o Y, pequenininho; e alguns pesquisadores até defendem a ideia de que este último esteja desaparecendo!

    No entanto, essa não é a única informação genética que temos dentro das nossas células, uma vez que as estruturas chamadas mitocôndrias, nossas usinas celulares de energia, também contêm seu próprio DNA. Seu formato é circular, diferente dos nossos cromossomos, e bem parecido com o DNA de bactérias. Esse fato, por sinal, levou

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