OS MELHORES CONTOS DE GRACILIANO RAMOS
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OS MELHORES CONTOS DE GRACILIANO RAMOS - Graciliano Ramos
Graciliano Ramos
OS MELHORES CONTOS
de
GRACILIANO RAMOS
1a edição
img1.jpgIsbn: 9786558943693
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Recordo o velório de seu corpo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro: escritores choravam pelos cantos, choravam homens rudes, operários, gente humilde do povo. Graciliano Ramos não era um líder, nem mesmo um escritor de fácil popularidade; mas sua grandeza era compreendida por todos, todos sentiam que havíamos perdido um dos nossos maiores artistas, um homem excepcional.
Jorge Amado
Sumário
APRESENTAÇÃO
Sobre o autor e obra
OS MELHORES CONTOS DE GRACILIANO RAMOS
BALEIA
O PEQUENO PEDINTE
UMA CANOA FURADA
O ESTRIBO DE PRATA
INSONIA
UM LADRÃO
LUCIANA
MINSK
UMA VISITA
UM CINTURÃO
DOIS DEDOS
APRESENTAÇÃO
Sobre o autor e obra
img2.jpgGraciliano Ramos
1892-1953
Graciliano Ramos foi um renomado escritor brasileiro, considerado um dos principais representantes do Modernismo no Brasil. Nascido em Quebrangulo, Alagoas, Ramos iniciou sua carreira como jornalista e, posteriormente, tornou-se conhecido por suas obras literárias.
Juntamente com Vidas Secas
(1938), sua obra prima, Graciliano Ramos é autor de clássicos inesquecíveis, como São Bernardo
(1934), Angústia
(1936) e Memórias do Cárcere
(1953) publicada postumamente.
Além de sua contribuição à literatura brasileira, Graciliano Ramos teve uma participação ativa na vida política, chegando a ser prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Sua escrita muitas vezes reflete suas preocupações sociais e políticas, abordando temas como a seca, a pobreza e as injustiças sociais. Graciliano Ramos faleceu em 1953, deixando um legado literário significativo que continua a ser estudado e apreciado na literatura brasileira.
Graciliano Ramos Contista
Além de grande romancista, Graciliano foi também um excepcional contista: o estilo próprio de sua narrativa, sem floreios, seco e simples, propicia uma abordagem direta e profunda das situações e personagens retratadas, o que é uma qualidade de imenso valor no gênero Conto, caracterizado por uma narrativa curta e descrição precisa.
Não por acaso, as atividades literárias de Graciliano Ramos têm início em 1904, quando aos 12 anos publica seu primeiro conto no jornal do internato, intitulado O pequeno pedinte
. O conto é curto e simples, como se esperaria de uma criança, mas de enorme valor simbólico por marcar o primeiro arroubo literário daquele que viria a se revelar um grande e talentoso escritor.
Graciliano publicou duas coletâneas de contos: Dois Dedos (1945) e Histórias Incompletas (1946), além de contos avulsos ou inseridos em outras obras. Nessa deliciosa seleção, de tirar o folego
, o leitor encontrará o que há de melhor dentre os seus inúmeros contos, entre eles o singelo: O Pequeno Pedinte
.
OS MELHORES CONTOS DE GRACILIANO RAMOS
BALEIA
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.
Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa nas base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.
Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.
Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:
— Vão bulir com a Baleia?
Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.
Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.
Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinhá vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.
Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.
Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.
Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:
— Capeta excomungado.
Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.
Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.
Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. Como isto era impossível, levantou um pedaço da cabeça.
Fabiano percorreu o alpendre, olhando as baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis: