Meu amor é político
De Dalgo Silva
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Meu amor é político - Dalgo Silva
víada
víada era ispilicute na hora do banho dominical. podia ser o que quisesse. banheiro-santuário: a família expiava pecados; víada botava brasa com seu radinho de pilhas. a escova de pau era seu microfone. a cortina, seu traje à la madonna. a toalha, seu cabelo longuíssimo. a privada, o público naquele mundo privado. a telha quebrada, a câmera que registrava seu espetáculo. às vezes, víada convidava estrelas inacreditabelíssimas para dividir o palco: de houston a garland, do cabo de vassoura ao tambor d’água para os rodopios luxuriantes. o ponto alto era o abba: having the time of your life… see that girl… ser a girl… num vai sair desse banho não, minino? tá de viadage? olha os côro, hein?!
víada pegava ligeiro. ser viva assim era obsceno. ao ser apontada com desprezo, se indagava: por que eu viva só no banheiro escondida? escola era estar em evidência. estar em evidência era comer o pão que o diabo amassou. o homem-castigoso condenara do púlpito: quer ser tão amostrada com essa voz, víada? que seja pública
. o mundo para víada era interdito. não interditavam os insultos, os apelos, as más-graças ao seu corpo. o seu zé da bodega obrigava a bixinha a dizer chiclete com um zumbido no final da palavra, como se fosse pneu de bicicleta vazando infinitamentcheeeeeee… o terror disfarçado de graça. quem conseguiria viver num mundo em que víadas são violadas? a víada só quer ir ao topo da serra olhar a lua bafônica. não quer sempre ser a lua. às vezes, quer só testemunhar a dança cósmica das estrelas, que é pra ver se deixa um tanto de ser pública quanto lhe impuseram. pois que viva, víada, visível, anônima, serena, estridente, como tu queiras.
noda de caju
as tardes de mucunãs
tinham meimundo
de cajueiros, castanhas
e garotos.
eu catava,
atrepada no galho
mais exaltado.
era bom estar
a dois mil pés de casa.
não dava pra escutar
a mãe gritar:
desce desse cajueiro,
minino,
senão tu bota noda
nessa roupa.
dito e feito, mãe.
a gente até se acostuma
com a noda na roupa,
com o rasgo na cara
da queda livre
de cima dos cajueiros
mais soberbos.
mas a gente não se acostuma
de ver a noda aprendiz,
de se espatifar no chão
e de doer.
é sempre a primeira vez.
a