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Livre André: compulsão, obesidade e liberdade. Volume 1
Livre André: compulsão, obesidade e liberdade. Volume 1
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E-book189 páginas2 horas

Livre André: compulsão, obesidade e liberdade. Volume 1

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Sobre este e-book

É possível se transformar criando pontes, desenvolvendo-se com obstáculos, eliminando os caminhos que nos fazem dar voltas. Faça você mesmo e elimine todas as possibilidades de darem errado suas investidas. Algo que precisa dar certo, e do qual você considera ter o controle em suas mãos com suas decisões e diretrizes. Com o nascimento e o desenrolar de aprendizados, nos é ensinado, através da persistência da mãe que muito quis ter um filho, e falo como foi minha infância e a minha relação com a obesidade. Aprendi que dependia muito mais de mim e precisei conviver com as adversidades da vida. Aprendo todo dia a conviver com o inesperado e como viver com a compulsão e a obesidade, que é uma doença sem cura. Aprendo todo dia como viver com tudo e com todos que vêm para me desestabilizar, e, com coragem e determinação, a persistir dando meu melhor. Sempre construindo de tijolinho em tijolinho e colocando uma pedra por vez nos degraus da minha escada, dia a dia aprendendo com ontem a fazer de hoje um melhor amanhã.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de jan. de 2024
ISBN9786553556942
Livre André: compulsão, obesidade e liberdade. Volume 1

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    Livre André - André Vasconcellos

    DEPOIMENTO DE NORMA VASCONCELOS – MÃE REALIZA O SONHO DE TER UM FILHO

    Tudo começou em setembro de 1968 . Eu, Norma, estava grávida, sem saber que era uma gravidez de risco, pois era uma gravidez ectópica, ou tubária. Após quatro meses, fui operada às pressas para retirada de uma trompa com uma criança já sem vida. Sofri muito, pois já era o quarto filho que perdia. Em março de 1969, ia adotar uma criança, mas a ideia não foi acatada pelos meus pais, Anália e José Celino. Comecei, então, a fazer um tratamento com doutor Hugo Maia, médico de nome em Salvador, Bahia, na época. Isso foi no início de maio. Após um mês, numa terça-feira no início de junho de 1969, um pouco desanimada, perguntei ao médico se o meu tratamento daria resultado positivo. O médico pediu então que eu tivesse calma, pois a ansiedade poderia prejudicar o tratamento. Dois dias depois que voltei ao consultório, o médico descobriu que eu estava grávida, entre 3 e 8 de junho, e que, dali a 9 meses, eu teria o meu filho, que seria André.

    Mas não foi assim, pois o André só nasceu dois meses depois do previsto, no dia 7 de maio, e não de março, como deveria ser. Nasceu muito grande, comprido, magro, despelando, com unhas bem grandes, o aspecto comum de quem já havia passado do momento de nascer. Apesar de ser muito bonito e de ter me dado muita alegria, ele não parava de chorar, impaciente. Após testes e exames feitos pelo corpo de médicos, ficou constatado que ele precisava de alimentação em quantidades maiores do que a de um bebê recém-nascido naturalmente de 9 meses, pois, como ele já nasceu com dois meses, precisava comer como uma criança de dois meses, e não como um recém-nascido. De imediato, ele passou a tomar uma mamadeira de 100 ml, e não mais aquela chuquinha de 30 ml normal de recém-nascido! Sempre uma criança bonita, muito alegre e brincalhona, levou bem seu desenvolvimento.

    Ele cresceu magro e não engordava . Nunca foi gordinho enquanto pequeno, até os 8 para 9 anos de idade. Em 1975, juntamente com seu irmão, Marcos, comeu um pão com veneno de rato, chamado Racumin, e não morreram porque o pai, químico, conhecia alguns antídotos, e, no local, apesar de longe da cidade, havia uma fazenda com os produtos necessários para o antídoto, que foi administrado com a urgência que se mostrou necessária. E, para não dar margem ao erro, após isso, foi feita uma série de lavagens estomacais e intestinais. Por favorecimento de Deus… tivemos a oportunidade de sair bem-sucedidos: tanto André quanto Marcos permaneceram vivos. Receberam hidratação com soro por 3 dias. Em início de 1976, com 5 para 6 anos, André foi intoxicado com Baygon, passou 4 dias numa clínica tomando soro e emagreceu de 6 a 7 kg. Mas, dessa vez, tomou um soro que serviria para engordar futuramente, pois sabemos que o soro, aplicado em dose única, pode ter propriedades que engordam a pessoa, a criança, mas, como sempre, era um menino alegre, brincalhão e feliz, sempre muito amigo do seu irmão, Marcos, amavam-se.

    Quando ele tinha por volta de 8 anos, mais ou menos, nos mudamos para um apartamento em um prédio onde não havia espaços para crianças, e ele, uma criança sempre feliz e alegre, que gostava de correr, se movimentar, precisou ficar confinado em um apartamento, o que o deixou muito ansioso. Nós não entendíamos o quanto estava fazendo mal para ele ficar preso em um lugar onde não poderia estar correndo e o quanto isso iria mudar a vida dele para sempre, pois, com a vida sedentária e muita ansiedade, ele começou a engordar.

    Aos 12 anos fez o seu primeiro tratamento para emagrecer, aos 15 anos fez outro tratamento e sempre continuou fazendo, inclusive aos 19 anos, quando estava muito obeso e os médicos recomendaram a ele, a mim e ao meu esposo que o colocássemos em uma clínica de obesidade, pois ele estava com pressão alta, que ia até 24 por 14, e pesando 167 kg. Em janeiro de 1990, foi pela primeira vez a um spa em Campos do Jordão, São Paulo, emagrecendo 44 kg. Após 3 meses de tratamento, voltou às atividades em seu leito familiar, com 123 kg, emagrecendo até 118 kg. Depois disso, passou por acompanhamento médico e retornos periódicos ao spa para manutenção. Depois de algum tempo, voltou a engordar, para nossa tristeza , o que o deixou indignado, mas sempre o André alegre e feliz.

    Porém, com o passar do tempo, as responsabilidades, ansiedades, os percalços e contratempos, somados à genética e ao sedentarismo, o fizeram bater triste recorde de 267 kg, o que o deixou perplexo, paralisado, em pânico. Não podia mais andar, perdendo, assim, aquela alegria e vontade de brincar e cantar que tanto me davam orgulho, fazendo com que não entrasse a tristeza no meu coração.

    Mas hoje volta a reinar alegria quando vejo meu filho recuperar sua saúde e vontade de viver, em 22 de julho de 2002.

    Norma Vasconcelos

    MINHA HISTÓRIA, DESDE ANTES DO MEU NASCIMENTO, CONTADA POR DONA NORMA VASCONCELOS

    Assim começa a minha história, gerar uma vida, ser mãe, esta é uma narrativa da história de uma mulher que, aos 24 anos, casou-se, no ano de 1965. Um relato sobre a biografia de André Vasconcelos, com uma narrativa inicial de sua mãe, Norma, onde foram germinadas as sementes estruturais para concepção e formação até o nascimento e a vida atual de André – vida relacionada a compulsão, obesidade e como se libertar, superando obstáculos, alertas e desafios.

    Norma Vasconcelos, uma mulher casada, de 24 anos, que tinha o sonho de ser mãe, casou-se pois queria experimentar a sensação de ter filhos. Ela imaginava a luta frenética que um espermatozoide tem que enfrentar até passar pelo útero e chegar ao óvulo, onde iria fecundá-lo e formar um lindo bebê – isso é uma grande vitória, demonstra quão incansáveis precisamos ser para alcançarmos o objetivo de viver. O tempo de vida de um espermatozoide é muito curto, e seu objetivo é correr, correr, incansavelmente para não ser derrotado e tornar-se mais um perdedor, pois o desejo de viver é visceral, persistirá em ser maior que o desgaste da maratona. Frágil como uma pétala de rosa, no entanto, resiliente como uma rocha, fecunda o óvulo, dando origem a uma vida tão querida e esperada pelos seus genitores, pois só o amor foi capaz de gerar um estímulo tão forte e verdadeiro que deu força necessária às células humanas para se transformar em um novo ser vivo.

    Não foi fácil o percurso do espermatozoide, mas, se não fosse estimulado, jamais conseguiria atingir seu objetivo, que era encher de vida aquele óvulo que estava esperando, transformando todo o cenário em um lindo bebê, o senso e o amor pela vida estão dentro de todo ser humano e nos tornam vencedores e os mais corajosos dos seres.

    As loucuras e os riscos por amor levaram à união de duas células pelo simples fato de poder continuar perpetuando a vida com força descomunal, o instinto de sobrevivência da pura vontade de vencer levou esse ínfimo espermatozoide a se embrenhar em uma grande corrida com milhões e milhões de corredores, pressionando, e alguns ultrapassando, numa disputa nada fácil. Mas o desejo, o olho no foco, a grande de vontade de chegar ao fim daquele que se predispôs a começar o sonho de continuar a viver o fez desejar continuar lutando pela vida.

    O desejo e o desafio de ter um filho, a vontade e o desejo de gerar uma vida e ter um filho, leva a senhora Norma à busca desesperada pela realização desse sonho, um sonho que logo se tornou pesadelo, pois engravidara alguns meses depois do seu casamento, mas havia perdido o seu bebê. Choro e lamento passaram a fazer parte do dia a dia de um jovem casal recém-casado. Mas ninguém teve culpa, pois ela tivera uma aborto espontâneo e, com ele, o naufrágio dos seus sonhos. Parecia que a vida estava brigando ou sendo injusta com ela.

    Houve a segunda tentativa, o resgate do sonho, da sua realização como mulher. O segundo bebê estava chegando e logo a felicidade ocupava o lugar da tristeza e o choro transformava-se em sorriso. Mais uma vez, a euforia irradiava por todos que visitavam esse novo casal, aparentemente sofrido pela primeira perda, mas renascido pela Esperança na segunda chance. Em meio aos preparativos e à extensa ansiedade por aguardar a chegada do seu bebê, visto que da primeira vez ficaram frustrados, soube-se que essa gravidez era de risco e ameaçava a vida da mamãe e do feto, pois uma gravidez tubária requer que a mãe faça pouco esforço e repouso absoluto. E assim aconteceu, a mãe seguiu à risca os mandamentos médicos, com muita alegria e medo. Contudo, infelizmente, todo esse esforço foi em vão devido ao agravamento do quadro clínico da gestação, acarretando a perda, mais uma vez, por um aborto espontâneo, do seu segundo bebê. Alastrava-se então uma frustração, o que abateu fortemente a família, gerando um forte medo de não poder mais ter filhos.

    Norma já havia ganho 50% a mais do peso que tinha quando se casou, além de problemas de saúde, o que fazia parecer que suas chances de tornar-se mãe haviam reduzido significativamente. Porém, uma força incrivelmente pertinente em cada um de nós a moveu a libertar-se da tristeza profunda e seguir em frente. Mesmo que obstáculos nos impeçam de seguir, ainda assim, deveremos seguir adiante para não nos tornarmos meros perdedores, derrotados, pois somente com muita força e garra se pode vencer e, assim, ganhar o que se almeja e espera.

    Gravidez de risco, por norma Vasconcelos, 1968.

    Depois de uma gravidez de risco e da perda de um feto, resolvi adotar uma criança, porém meus pais não concordaram. Iniciou-se um tratamento, em junho de 1969, desanimada e ansiosa, mas, para surpresa dela, o médico lhe deu uma grande notícia: você está grávida e seu bebê nascerá em março de 1970! Só que o bebê só veio a nascer em maio de 1970.

    Em maio ele nasceu: comprido, magro, despelando, com unhas bem grandes. Seu nascimento foi o momento mais belo e intenso que vivera. Depois de nascido, o bebê chorava muito, porque sentia muita fome, então passou a tomar uma mamadeira de 100 ml. Se tornara uma criança bonita, muito alegre e brincalhona, ele nunca foi gordo enquanto pequeno, até os 8, 9 anos. A mamãe, agora com mais um filho recém-nascido, relata que, numa viagem de família, quase perdeu os dois primeiros filhos por envenenamento, em um episódio muito triste que ocorreu na época.

    Numa fazenda, André, com aproximados 5 anos; e Marcos, com aproximados 4 anos de idade, passaram poucas e boas: ficaram internados numa cidade no interior da Bahia chamada Itaberaba, com tratamento de lavagem de estomacal, intestinal e soro, após antídotos contra o veneno Racumin, ações que os salvaram. Aos 12 anos, André fez seu primeiro regime, e depois, aos 19 anos, ele fez mais um tratamento de emagrecimento em uma clínica para emagrecimento rápido, pois sua pressão arterial já estava atingindo 24 por 14, causando agravamento em sua saúde devido ao peso de 164 kg. Foi quando o enviamos para o spa de Campos do Jordão. Ficou 3 meses e então retornou a Salvador. No início, manteve o peso, entrou na academia, perdeu um pouco mais, e por muito tempo ele se manteve assim, mas não conseguiu reduzir.

    A ansiedade trouxe a compulsão e continuou levando dificuldades para ele, problemas que sempre permearam sua vida, tirando seu foco de permanecer em movimento e alerta, capaz de se estabilizar. Infelizmente, depois de tudo isso, ele continuou a engordar, para tristeza principalmente dele. Mas continuando sempre alegre e feliz, apesar de ter chegado, em 2001, aos 267 kg.

    DEPOIMENTO DA SEMENTE (ANDRÉ)

    Eu, André Vasconcelos, vida, vivo, fui concebido para ver a luz – onde estou, o que sou, para onde vou?

    O que eu era antes de mais nada? Isto que eu venho a ser, continuarei sendo isto mesmo, ou será este? Eu sou ou estou? Eu existo…

    Existo?

    Aqui, nesta aguada, molhada, úmida, escura e quente, confortável, segura, e me alimento, não me falta nada, estou satisfeito?

    O que é tudo isso e este zum, zum, zum – sei que tem, mas não sei o que é.

    É tudo tão! Tão? E eu aqui não sei de nada. Mas eu aprendo, eu sou um, eu sinto um zum, zum, zum, às vezes o calor, às vezes um reflexo, às vezes tudo escuro. Então? Existe o diferente! Nisso posso acreditar, basta eu somar. O que é isso? Sentimento? O que é sentimento? Ah, são as diferenças do que se é observado. Sensações, zum, zum, zum, reflexo, escuridão, soma Total igual sentimento. Isso é sentimento? Sim. Sinto que sou alguém, que sou algo, alguma coisa, que estou em algum lugar, que algum ser cuida de mim, me protege, me alimenta. E aí? Espaço aqui está ficando menor ou eu estou ficando maior. O que é maior

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