Tudo no Amor: Beijos, #0
De Lia Castro
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Sobre este e-book
Este livro serve de prólogo à Série Beijos e é um convite para mergulhar no coração pulsante da amizade feminina e nas histórias envolventes da Série que já é um sucesso. 'Tudo no Amor' é o elo perdido que revela como tudo começou.
Inês, a indomável; Carla, a racional; Helena, a apaixonada; e Solène, a sonhadora.
Quatro mulheres, quatro forças da natureza! Elas não são meras personagens; são reflexos de alma, são personalidades fortes que seguem os seus caminhos, moldando sonhos, desvendando paixões e desafiando destinos. Nesta prequela temos páginas que transbordam de riso, lágrimas e ternura. É o amor em todas as suas formas, um sentimento que dança através da vida destas mulheres e redefine o significado de irmandade. Tal como alguém disse um dia: ''Amigas são fragmentos da nossa existência em forma de pessoa ".
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Tudo no Amor - Lia Castro
TUDO
NO
AMOR
SINOPSE
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Este livro serve de prólogo à Série Beijos e é um convite para mergulhar no coração pulsante da amizade feminina e nas histórias envolventes da Série que já é um sucesso. 'Tudo no Amor' é o elo perdido que revela como tudo começou.
Inês, a indomável; Carla, a racional; Helena, a apaixonada; e Solène, a sonhadora.
Quatro mulheres, quatro forças da natureza! Elas não são meras personagens; são reflexos de alma, são personalidades fortes que seguem os seus caminhos, moldando sonhos, desvendando paixões e desafiando destinos. Nesta prequela temos páginas que transbordam de riso, lágrimas e ternura. É o amor em todas as suas formas, um sentimento que dança através da vida destas mulheres e redefine o significado de irmandade. Tal como alguém disse um dia: ''Amigas são fragmentos da nossa existência em forma de pessoa ".
SOLÈNE
Ela era morena, muito, rosto largo, olhos pretos, emoldurados por cílios longos e um formato de olho um pouco rasgado. Em Paris e no bairro onde morava isso não era diferenciador, mas ali, no Porto, era.
O seu cabelo era preto e caía num misto de ondas até meio das suas costas. Era alta e voluptuosa e tinha-se habituado desde muito nova aos piropos gritados de uma janela, uma mesa de esplanada, uma varanda ou um andaime de obras.
Usava uns óculos de massa sobre o nariz aquilino o que lhe permitia disfarçar os contornos exóticos do rosto e faziam com que a mirassem com curiosidade para entender qual a sua origem. Era frequente ouvir algo como tens origem árabe?
e ter de responder com um não, sou portuguesa
. Pela experiência que tinha, ambas as origens eram pouco apreciadas no sítio onde nascera. Mas era portuguesa e agora estava em Portugal. Ali apenas referiam como era bonita e a vida seguia, era libertador.
Quando tomou a decisão de se inscrever numa faculdade portuguesa sentiu-se como estando a regressar às suas origens e apesar de trazer consigo um sotaque pronunciado e uma forma diferente de olhar para certas coisas. Ali adaptou-se bem e encontrou o seu ninho.
A mãe decidira ficar em Paris mais um tempo. Não estava preparada para voltar a Portugal. Na verdade, não sabia bem o que iria fazer um dia que voltasse. Gostava muito da vida que adotara em Paris. Era uma de muitas porteiras portuguesas que levou uma vida a servir os outros e se adaptou a todos os hábitos daquele país.
Durante muito tempo, Amélia, nem sequer pisou solo português e muito menos visitou o pouco de família que tinha em França. Refugiou-se naquele emprego que lhe proporcionava uma casa para viver e lhe permitira ter a filha sozinha e sem dar satisfações sobre a sua decisão. De relações próximas apenas mantinha uma prima que via mais como uma amiga do que um familiar.
O autocarro alcançou a paragem que ficava perto da faculdade e Solène saiu. Caminhou um pouco e sentiu a bolsa que levava a tiracolo tremer. Tinha recebido uma mensagem. Ok, Helena estava atrasada. Revirou os olhos e suspirou... Nada de surpreendente. Era normal. Sorriu.
Estava no terceiro ano do curso de Sociologia. Sempre se intrigara pelos padrões das relações sociais, as interações, as culturas e por cada ano que concluía com sucesso, garantia no seu íntimo a excelente escolha que fizera.
Mais uma mensagem. Solène olhou o telemóvel e viu o nome que surgia na pasta de mensagens. Paulo. O seu sorriso estendeu-se de orelha a orelha.
Queria combinar mais um encontro. Mas claro que sim! Ela sentiu-se entusiasmada. Tinha conhecido Paulo numa festa, uma das poucas que frequentava sempre que tinha oportunidade. Ele era lindo e simpático e sempre que ela o via, era impossível não ficar animada. Não conseguia evitar sorrir e esperar... sim... esperar... esperar pelas borboletas... as tais que toda a gente dizia que moravam no estômago e se agitavam na presença de alguém que nos emocionasse, entusiasmasse, animasse... Ela esperava quando via ou falava com o Paulo..., mas se essas tais borboletas fossem mesmo reais... as dela deveria ter algum problema, porque... nunca as sentia... melhor...nunca as tinha sentido!
Quando entrou no bar da Faculdade avistou Carla numa das mesas do fundo. O barulho agitado de estudantes excitados pelo fim de semana e a perspetiva de mais uma semana de trabalhos e aulas era muito característico e muito familiar. O calor instalava-se de novo, a primavera deixava antever um verão quente. O ano lectivo chegava ao fim. Aproximava-se o grande momento da Queima das Fitas do Porto, a grande festa antes da época de todos os esforços: os exames.
-Finalmente alguém. - Carla levantou um pouco as mãos. Estava entediada.
-Desculpa, perdi o primeiro autocarro. - Solène sorriu.
-A Helena?
-Atrasada. - Solène pousava a sua mala e a pasta preta, decorada com uma fita de um azul intenso, numa das cadeiras ao seu lado.
O bar da Faculdade de Letras tinha um aspeto que ficava entre o moderno e o decadente, sendo ao mesmo tempo desprezado e adorado por quem o frequentava. As mesas e cadeiras, típicas de uma esplanada exterior já demonstravam sinais de uso extremo. O chão era carimbado por beatas de cigarros esmagadas levemente, cinza espalhada displicentemente entre conversas.
-Se quiseres comer alguma coisa, vai agora - disse Carla apontando para o grande balcão que se estendia numa das paredes do espaço. - Há pouca gente na fila.
Solène sorriu e foi. Quando retornava percebeu que João, um dos finalistas do seu curso falava com Carla. Perguntava por Inês, certamente. Encolheu os ombros. Era um chato.
Quando se sentou ouviu João a despedir-se.
-Inês, certo? - Solène perguntou enquanto dispunha à sua frente a xícara do café e o prato com o croissant.
-Ela não lhe atende as chamadas. - Carla encolheu os ombros, fazendo as mechas do seu cabelo loiro encontrarem os ombros. - Eu não posso fazer mais nada.
-Ela ainda está em Budapeste?
-Da última vez que falei com ela, sim. - Carla assentiu.
-Eu acho que ela se arrisca demais. O Luís pode não entender muito bem essa amizade deles. - Solène fez um gesto de desdém com as mãos.
Nunca gostara muito de João. Achava a atitude dele, para com Inês, demasiado desesperante. Solène não gostava de ver