Campanha Da Galícia, 1914
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Campanha Da Galícia, 1914 - André Geraque Kiffer
ANDRÉ GERAQUE KIFFER
Campanha da Galícia,
1914.
Uma Simulação Histórica
Russa.
Edição do Autor Rio de Janeiro
2011
--- Kiffer, André Geraque.
Campanha da Galícia, 1914. Uma Simulação Histórica Russa. André Geraque Kiffer.
Edição do Autor, Rio de Janeiro, 2011. Bibliografia: 191 f. 23 il. 21 cm..
1. História Militar. 2. Arte da Guerra. 3. Ciência da Guerra. 4. Jogos de Guerra. I. Autor. II. Título.
ISBN 978-85-9136-877-8
2
3 AGRADECIMENTOS
À Deus pela saúde.
A minha querida esposa Leila, pelo apoio e
compreensão.
4
O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com suas ações.
(Confúcio)
5 RESUMO
Iniciei a construção desta obra no ano de 1995, quando inspirado pela leitura da obra-prima de Arnold Toynbee, Um Estudo da História
, e pelo livro " Future Wars" , de Trevor N. Dupuy, desenvolvi a monografia Uma Visão Prospectiva para o início do século XXI, baseada na História Militar do período 1939-1991, da evolução da arte da guerra no emprego de blindados
, que apresentada em 1999 encontra-se arquivada na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Na seqüência desenvolvi o trabalho profissional Um Estudo da História Militar da Guerra da Coréia
, aprovado e arquivado no Estado-Maior do Exército em 2004, na qual iniciei a esquematização do estudo da história militar apoiado pela ferramenta
jogo de guerra. Em 2005, com a leitura do livro " Wargame Design" editado pela Strategy & Tactics Magazine , consolidei uma Matriz para Um Estudo da História Militar
e iniciei a análise das guerras,
campanhas e batalhas de uma determinada época
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e/ou de uma civilização descritas no Atlas of Military History
, edição 2006, do Instituto Smithsoniano. Em cada livro uma guerra, campanha ou batalha selecionada é estudada, em algum (ns) dos níveis de decisão aplicáveis, ou seja, o Político, o Estratégico, o Estratégico Operacional, o Tático e o Técnico. Com base em um resumo do fato histórico procura-se destacar o (s) fato (s) decisivo (s) causador (es) do resultado negativo antes de jogar a simulação, por meio de um " wargame . Quando o autor entender necessário ao entendimento da simulação, serão feitas referências às regras e ferramentas do jogo de guerra. Como o autor estará jogando e simulando pelos dois lados, para aumentar a credibilidade científica da simulação,
o outro lado da colina" terá suas ações criadas em um jogo de guerra eletrônico, editado de foma semelhante ao cenário do tabuleiro, permitindo, por meio dessa inteligência artificial, aplicar-se a vontade independente do inimigo. Na simulação se
completam todas as possibilidades do propósito do
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estudo, quando o passado da história é analisado com base na teoria do presente e projetado no futuro ou revivido como caso esquemático do e se…
, permitindo extrair conclusões e princípios aplicáveis a outras situações no tempo e no espaço, sem a ilusão de esgotar todas as variantes imagináveis, ou seja, um jogo sem fim, idealizando sempre que quando jogarmos
o lado que historicamente perdeu seguiremos a máxima ANTES A VITÓRIA QUE A DERROTA
e quando jogarmos
o lado do vencedor histórico, A VITÓRIA SEMPRE, MAS COM O MENOR CUSTO POSSÍVEL
. Palavras chave: História Militar. Arte da Guerra.
Ciência da Guerra. Jogos de Guerra.
8 SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CAMPANHA DA GALÍCIA,1914......9 CAPÍTULO 2 – ANÁLISE ESTRATÉGICA OPERACIONAL RUSSA........................................44 CAPÍTULO 3 – SIMULAÇÃO ESTRATÉGICA OPERACIONAL.....................................................60
REFERÊNCIAS...................................................187
9 CAPÍTULO 1
CAMPANHA DA GALÍCIA, 1914
Na Frente Oriental , a Polônia russa constituía como que uma vasta língua de terra
que se projetava da própria Rússia e que era flanqueada, em três lados, por territórios alemães e austríacos. Em seu flanco norte ficava a Prússia Oriental e, mais adiante, o mar Báltico; ao sul, encontrava-se a província austríaca da Galícia, com as montanhas Carpáticas guardando, mais à frente, os acessos às planícies húngaras; a oeste, ficava a Silésia.
As províncias germânicas fronteiriças dispunham de uma rede de ferrovias estratégicas, enquanto que a Polônia e a própria Rússia possuíam apenas um sistema esparso de
transportes. A aliança germânica tinha, assim, todas
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as vantagens, no que se refere à concentração, para enfrentar um ataque russo; entretanto, se seus exércitos assumissem a ofensiva, à medida que progredissem para o interior daqueles dois países, perderiam aquelas vantagens. Fig 1: A concentração estratégica no Teatro de
Operações Europeu Oriental.
Em vista disso, a experiência histórica sugeria que a estratégia mais proveitosa seria a de atrair os russos, fazendo-os avançar até uma posição favorável ao desencadeamento de um contragolpe e não a de tomar a iniciativa de uma ofensiva. O
único inconveniente dessa estratégia púnica
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(seguida pelo cônsul romano Fábio, contra os cartagineses de Aníbal, na península Itálica) residia no fato de proporcionar aos russos tempo suficiente para efetuar a concentração de suas tropas e para pôr em movimento sua pesada e enferrujada máquina de guerra.
Daí surgiu a primeira divergência entre alemães e austríacos. Ambos estavam de acordo em que o problema consistia em manter os russos imobilizados durante as seis semanas que os alemães julgavam necessárias para esmagar a França e, depois, poder transferir suas forças para leste, a fim de, juntamente com os austríacos, desferir um golpe decisivo contra os russos. A divergência estava no método de ação (o como) a adotar. Os alemães, dentro da idéia de obter uma decisão contra a França, desejavam deixar a leste o mínimo de força possível. Somente considerações políticas desfavoráveis à exposição do território nacional a uma invasão impediram-nos de evacuar a Prússia Oriental e de estabelecer-se
na linha do Vístula.
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Os austro-húngaros, porém, sob a influência do general Conrad von Hotzendorf, Chefe de seu Estado-Maior, estavam ansiosos para desmantelar a máquina russa com uma ofensiva imediata. Moltke (o Chefe do Estado-Maior alemão), considerando que uma tal linha de ação prometia manter os russos inteiramente ocupados enquanto se decidia a campanha na França, resolveu adotar aquela estratégia. O plano de Conrad consistia em invadir a Polônia com dois exércitos, numa ação ofensiva na direção nordeste, cobertos por dois outros mais a leste. Historicamente, portanto, seguros na frente leste, os alemães podiam se dedicar ao planejamento estratégico militar para a frente oeste.
Também do lado inimigo, os desejos de um dos aliados afetaram, de forma vital, a estratégia do outro. O Comando russo, tanto por motivos militares como sócio-econômicos, desejava inicialmente concentrar suas forças numa ação contra a Áustria, enquanto esta se encontrava
sozinha, deixando a Alemanha para mais tarde,
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quando a mobilização de suas forças estivesse terminada.
Os franceses, entretanto, ansiosos por aliviar a pressão alemã, insistiam com os russos no sentido de ser desencadeado um ataque simultâneo contra a Alemanha. O resultado foi que os russos concordaram em realizar aquela outra ofensiva, para a qual não dispunham de efetivos suficientes nem estavam organizados. Ficou decidido que quatro exércitos convergiriam, na frente sudoeste, contra as forças austro-húngaras na Galícia e, na frente noroeste, dois exércitos atacariam as forças alemãs na Prússia Oriental.
A Rússia, cuja proverbial lentidão e organização primitiva impunham a adoção de uma estratégia cautelosa, achava-se na iminência de, contrariando a tradição, lançar-se numa dupla e apressada ação direta.
Será iniciado o estudo pela caracterização dos principais aspectos do teatro de operações
envolvido na campanha.
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Analisando o Teatro de Operações Europeu Oriental sob o prisma da geografia militar destacam-se os grandes espaços a serem percorridos pelas forças em campanha. Alguém disse que no Oeste os exércitos eram grandes demais para os territórios, mas no Leste estes eram grandes demais para os exércitos. Ao final de 1915 os exércitos oponentes desdobravam-se numa linha contínua desde Riga, no mar Báltico, até Czernowitz, na fronteira austro-romena, por uma extensão de cerca de 1.000 km. Um fator geográfico importante a ser levado em conta nos planos de campanha para a Europa Oriental era o saliente da Polônia.
A Campanha da Galícia que será estudada neste livro desenvolveu-se num setor desse teatro europeu oriental, nomeado pelos russos como Teatro de Operações (Frente) Sudoeste , representando uma frente de cerca de 500 km de comprimento, desde os pântanos do Pripet até a
fronteira romena.
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Para uma melhor compreensão do estudo, neste nível estratégico operacional, esse Teatro de Operações será dividido em direções estratégicas, de oeste para leste, correspondentes a espaços, em largura, compatíveis com o movimento de exércitos. Em cada uma destas direções estratégicas serão descritas