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Individualidade Biológica: as impressões digitais nos esportes e na saúde
Individualidade Biológica: as impressões digitais nos esportes e na saúde
Individualidade Biológica: as impressões digitais nos esportes e na saúde
E-book413 páginas4 horas

Individualidade Biológica: as impressões digitais nos esportes e na saúde

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Sobre este e-book

Este livro apresenta quatro partes principais: na primeira, após uma introdução e um capítulo versando sobre a individualidade biológica e exercício, serão abordadas as qualidades físicas principais (Força, Velocidade, Coordenação Motora, Agilidade, Flexibilidade, Resistência). Na segunda parte, os autores convidados se debruçam sobre as modalidades esportivas (Futebol, Futsal, Vôlei, Golfe e Atletismo). Obviamente, em função da sólida responsabilidade científica dos organizadores da obra, apenas foram incluídos os esportes e as qualidades físicas sobre as quais já houvesse publicações científicas, que lhes associassem à dermatoglifia.
Na terceira parte do livro, os capítulos versam sobre os distintos campos de utilização da dermatoglifia: a detecção dos talentos esportivos; a preparação física de atletas e a prescrição de exercício, todos também, apresentado o assunto com as devidas interfaces com a dermatoglifia.
Por fim, os últimos elementos da publicação tratam do leitor dermatoglífico e dos laudos, fechando com êxito tão importante contribuição para as ciências brasileira e mundial.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mai. de 2024
ISBN9786527008767
Individualidade Biológica: as impressões digitais nos esportes e na saúde

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    Individualidade Biológica - Rudy José Nodari Júnior

    PARTE I

    Talentos Esportivos e Capacidades Motoras

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO

    Gracielle Fin

    Rudy José Nodari Júnior

    A busca por ferramentas que visem aperfeiçoar a performance humana tem sido cada vez mais intensa no âmbito do exercício físico e do esporte. O treinamento físico-desportivo apresenta-se como um conjunto de atividades complexas que se organizam com o propósito de permitir um rendimento máximo, mesmo que por um determinado período. Este rendimento depende do aperfeiçoamento desportivo, por meio da periodização de treinamento, da melhoria da técnica e da tática, além do controle psicológico do atleta (¹).

    Por muito tempo a medicina desportiva e os fisiologistas do exercício centraram-se nos aspectos morfológicos e funcionais dos atletas, acreditando que os altos níveis de performance seriam o resultado do fenótipo em que o indivíduo estava inserido. O treinamento e o acompanhamento nutricional específicos seriam determinantes para o rendimento dos atletas de elite. Porém, com o passar do tempo, os fatores genéticos também passaram a ser percebidos como determinantes no rendimento esportivo individual dos atletas e as combinações entre genótipo e fenótipo passaram a ser estudadas como fatores determinantes para a formação de atletas de alto rendimento (²).

    Apesar dos avanços científicos nos conhecimentos referentes aos métodos e possibilidades de avaliação dos componentes da constituição corporal, as Ciências do Esporte ainda apresentam dificuldades em encontrar metodologias apropriadas para a detecção do potencial do indivíduo, neste sentido, a dermatoglifia apresenta-se como um método possível para colaborar na detecção dos talentos esportivos, preparação física de atletas e para a prescrição de exercício.

    A Dermatoglifia é um método científico que estuda as digitais como uma marca de individualidade biológica. Os desenhos papilares estabelecem-se entre a décima segunda e a vigésima quarta semana de vida fetal, no sistema nervoso do estrato blastogênico, do ectoderma, e, independentemente do tempo de vida decorrido, os padrões Dermatoglíficos são inalterados, o que demonstra a imutabilidade após o nascimento. As cristas epidérmicas esculpidas no tegumento são consideradas elementos dermatoglíficos, diferindo, no entanto, das linhas de flexão e outras dobras que não são consideradas características dermatoglíficas (3). O processo de identificação e as combinações investigadas pela dermatoglifia podem ser analisados de três formas, considerando as impressões digitais (ponta dos dedos), as impressões palmares (palmas das mãos) e as impressões plantares (plantas dos pés). As impressões digitais são, portanto, marcas incontestáveis ligadas à individualidade biológica do ser humano, pois os desenhos formados por elas na face interna da falangeta dos dedos de ambas as mãos diferenciam cada indivíduo de seu semelhante, levando-os a deduzir que não existe um centímetro quadrado sequer perfeitamente igual entre as impressões digitais de dois seres humanos (4).

    A análise pelo método dermatoglífico, considerando as impressões digitais, inclui o tipo de desenho, a quantidade de linhas nos dedos das mãos (a quantidade de cristas dentro do desenho), a complexidade sumária dos desenhos e a quantidade total de linhas (5-6).

    A dermatoglifia apresenta algumas particularidades que acabam identificando o seu valor científico (7); esse fato é possibilitado por meio das seguintes características:

    imutabilidade: os padrões dermatoglíficos não se alteram com o passar dos anos, o que possibilita uma única coleta para análise;

    variabilidade: é ilimitado o número de combinações arquitetônicas;

    classificabilidade: existem variações no desenho que podem servir como base para uma classificação;

    praticabilidade: a coleta das impressões digitais e a consequente marcação de pontos requerem apenas alguns minutos;

    individualidade: as impressões digitais são marcas incontestáveis; não há uma mesma impressão digital em dois indivíduos.

    Cabe lembrar que todos os seres humanos sem anomalias digitais apresentam apenas três tipos de desenhos. O que difere as impressões digitais de forma infinita são os arranjos matemáticos possíveis pelo gradiente de combinações nas manifestações dos desenhos, uma vez que elas representam, também, a individualidade biológica. No caso de mães alcoolistas, por exemplo, observou-se que as crianças nascem, geralmente, com uma série de anomalias, como é o caso das anomalias articulares, linhas palmares anormais, entre outras. Acredita-se, então, que os fatores ambientais, bem como os hereditários, influenciam na individualidade biológica dos seres humanos no sentido de acometer as malformações congênitas (⁸). Caso ocorra algum motivo traumático no período em que as cristas já iniciaram a sua formação, a anomalia atingirá somente as áreas que ainda estão em desenvolvimento (3).

    Uma vez que a impressão digital é resultante de uma combinação de fatores relacionados ao desenvolvimento fetal, é possível, a partir da observação dessa marca, a identificação das potencialidades de um indivíduo. As pesquisas demonstram que essa representação dérmica apresenta correlação direta com as capacidades biofísicas, além das combinações físicas entre essas valências (5,9). Essas observações são viáveis por meio da possibilidade de reconhecimento de padrões ou pela identificação de marcas raras.

    Os desenhos analisados na dermatoglifia são apresentados nas suas formas básicas, ou seja, Arco, Presilha e Verticilo. O Arco (A) é o desenho sem deltas; caracteriza-se pela ausência de trirrádios, ou deltas, e se compõe de cristas, as quais atravessam, transversalmente, a almofada digital. A Presilha (L) possui o desenho de um delta. Trata-se de um desenho meio fechado, no qual as cristas da pele começam de um extremo do dedo, curvam-se, distalmente, em relação ao outro, mas sem se aproximar daquele onde se iniciam. E o Verticilo (W) é o desenho no qual aparecem dois deltas. Trata-se de uma figura fechada, em que as linhas centrais se concentram em torno do núcleo do desenho.

    Todos os desenhos têm múltiplas variações na sua forma de apresentação, seja pela disposição de núcleos e deltas, seja pelas formas dos desenhos e pelo número de linhas e minúcias. A arquitetura da disposição das linhas nas suas infinitas combinações matemáticas é que determina a possibilidade estatística infinita de arranjos, consequentemente, permite a chance próxima de nula de igualdade entre duas amostras.

    As combinações matemáticas apresentadas pelas impressões digitais transcrevem informações diretas do desenvolvimento neuromotor intrauterino dos indivíduos. A leitura dessas características pelo método dermatoglífico, a partir da arquitetura matemática apresentada, permite a estruturação de uma ferramenta que possibilita, também, a detecção e orientação de talentos desportivos, a prescrição de exercícios na promoção da saúde e a preparação física de atletas.

    É importante observar que muitas perguntas ainda permeiam o mundo científico no que diz respeito à abrangência das correlações e à metodologia utilizada (10). Essa lacuna pode estar ligada à falta de pesquisas longitudinais, com amostras numerosas ou, ainda, pelas limitações técnicas nas aplicações da metodologia, como, por exemplo, o método tradicional, que usava tinta, papel e lupa.

    Para a observação das impressões digitais como marca de individualidade biológica, a ciência reconhece a dermatoglifia de acordo com o método proposto por Cummins e Midlo (3). Essa metodologia, de forma resumida, consiste em:

    a) Identificar as figuras presentes;

    b) Identificar núcleos e deltas;

    c) Traçar Linha de Galton;

    d) Contar número de deltas;

    e) Contar número de linhas.

    Para a utilização do método de Cummins e Midlo de forma científica, mais precisa e com resultados consistentes é que se propõe a utilização do Leitor Dermatoglífico® (11). O processo informatizado para leitura dermatoglífica constitui-se de um leitor ou scanner óptico de rolamento, que coleta e interpreta a imagem e constrói, em código binário, um desenho, que é capturado por software específico de tratamento e reconstrução de imagens reais e binarizadas em preto e branco. A partir desse estágio, a interferência do avaliador ocorre na marcação dos pontos núcleo e delta, quando, então, o software faz a identificação qualitativa da imagem e quantitativa de linhas, gerando a planilha informatizada resultante dos dados processados. Nesse caso, a coleta das impressões digitais é realizada apoiando a falange, imediatamente ao lado da unha no scanner do Leitor Dermatoglífico, e rodando-a, em seu eixo longitudinal, até o outro lado em qualquer dos sentidos.

    Esse instrumento é quatro vezes mais preciso e 10 vezes mais rápido do que o método tradicional. A nova tecnologia apresentada é uma ferramenta real de grande importância na investigação e qualificação das pesquisas científicas. Além dessa aplicação, nesse caso, os novos instrumentos colaboram na formulação dos novos conceitos nas observações e análises da marca da impressão digital (12).

    A dermatoglifia, que ora se inicia na observação informatizada, encontra no Leitor Dermatoglífico® um caminho fidedigno como ferramenta quantificadora e qualificadora da análise de padrões e de sua correlação com as capacidades biofísicas e, também, com doenças e síndromes específicas, permitindo uma evolução tecnológica de coleta, processamento, armazenagem e tratamento matemático.

    As possibilidades de tratamento estatístico dos dados observáveis nas impressões digitais geram o reconhecimento de padrões para as diferentes representações dérmicas, com a capacidade de processar cruzamentos de informações, o que qualifica ainda mais o trabalho de pesquisadores, cientistas, treinadores desportivos e profissionais da área da saúde, considerando o sistema informatizado como um instrumento para a identificação ainda mais precisa das potencialidades para o esporte, o exercício e a observação prévia de doenças.

    REFERÊNCIAS

    1. Dantas EHM. A prática da preparação física. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

    2. Manso JMG. Alto rendimiento: la adaptación y la excelencia deportiva. Madrid: Gymnos, 1999.

    3. Cummins H, Midlo CH. Finger prints, palms and soles an introduction to dermatoglyphics. New York: Dover Publications; 1961.

    4. Vucetich M, Laguens R, Bearzi V, Benzecry LI. Histochemical aspects of the human endometrium. Obstet Ginecol Lat Am. 1957;15(5): 236-239.

    5. Abramova TF, Nikitina TM, Ozolin N. De l’utilisation des dermatoglyphes digitaux dans la sélection des sportifs. Teor Prak Fiz Kult. 1995 (3):10-15.

    6. Abramova TF, Nikitina TM, Izaak SI, Kochetkova NI. Asymmetry of signs of finger dermatoglyphics, physical potential and physical qualities of a man. Morfologia. 2000; 118(5): 56-59.

    7. Croce D, Croce D. Manual de medicina legal. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

    8. Campbell ED. Fingerprints and Palmar Dermatoglyphics. E-fingerprints net. , 1998.

    9. Nikitjuk BA. Adaptatsiya, konstitutsiya i motorika. / Adaptation, constitution and motorics. Kineziologija, 1988; 20(1):1-6.

    10. Schaumann BA, Opitz JM. Clinical aspects of dermatoglyphics. Birth Defects Orig Artic Ser. 1991; 27(2):193-228.

    11. Nodari Júnior RJ. Protótipo de escaneamento informatizado: possibilidade em diagnóstico em saúde por meio das impressões digitais. (Tese de Doutorado não publicada). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

    12. Nodari Júnior RJ, Heberle A, Ferreira-Emygdio R, Irany-Knackfuss M. Impressões digitais para diagnóstico em saúde: validação de protótipo de escaneamento informatizado. Rev. salud pública. 2008; 10(5): 767-776.

    CAPÍTULO 2

    TALENTOS NO ESPORTE

    Antonio Carlos Gomes, Ph.D.

    Clovis Alberto Franciscon, Ms.

    O esporte na atualidade caracteriza-se por uma busca sem limite dos recordes mundiais, as cargas de treinamento cresceram substancialmente nos últimos anos e o calendário competitivo ocupa grande parte do ciclo anual, além de uma forte disputa entre adversários. Na maioria das modalidades são necessários 8 a 10 anos de trabalho intenso. O sistema de treinamento é acompanhado de consideráveis sobrecargas psicomotoras, ocasionando, em consequência, um nível alto de atividade intelectual. O resultado de tudo isso, além de outros fatores, dificultam a preparação do atleta até atingir o nível internacional.

    Nas últimas décadas ocorreram descobertas científicas incríveis sobre o esporte, principalmente no que se diz respeito a sua iniciação e a busca de resultados cada vez mais cedo. Uma característica particular do atual período de desenvolvimento no esporte, é a busca universal, cientificamente fundamentada, de jovens talentosos, capazes de receber grandes cargas de treinamento. Ao mesmo tempo, a prática apresenta grande número de atletas que abandonam o esporte ainda muito jovem, muitos deles com futuro promissor. Alguns deles não chegam a alcançar seu potencial. Até certo ponto, isto é decorrente de erros cometidos pelos treinadores, que não conhecem suficientemente as particularidades da faixa etária dos jovens atletas, as diferenças individuais e as leis do aperfeiçoamento no esporte.

    A preparação dos jovens, inclui grande número de questões de caráter organizacional, metodológico e científico. Tudo está relacionado ao sistema de controle da preparação dos atletas durante o processo de treinamento em muitos anos, neste caso distingue-se:

    • Prioridade na continuidade das tarefas, nos meios e nos métodos de treinamento a serem utilizados com as crianças, jovens e adultos;

    • Incremento contínuo do volume dos meios de preparação física geral, especial e específica;

    • Atenção à abordagem do volume e da intensidade das cargas de treinamento, sempre com crescimento contínuo;

    • Observação do princípio da carga crescente na aplicação das cargas de treinamento e de competição.

    Neste caso, destaca-se a preparação dos jovens atletas, os conhecimentos relacionados com o crescimento com a formação do organismo, com o aperfeiçoamento das funções motoras e vegetativas, do metabolismo energético e com a capacidade de trabalho.

    As publicações dedicadas ao estudo do controle da preparação dos jovens atletas e da seleção do talento divergem em seus conceitos. Portanto, é aconselhável compreendermos esta terminologia (⁵).

    Seleção de talento no esporte: trata-se de um sistema de medidas organizacionais e metodológicas que incluem os métodos pedagógicos, psicológicos, sociológicos e médico-biológicos de investigação, com base na detecção das capacidades das crianças, dos adolescentes e jovens, para especializarem-se em uma ou mais modalidades.

    Orientação de talento no esporte: é um sistema que permite indicar a especificidade do jovem atleta em uma determinada modalidade.

    Escolha da modalidade no esporte: é um sistema de medidas que estipulam uma seleção periódica dos melhores atletas nas diferentes etapas do aperfeiçoamento no esporte.

    A escolha da modalidade, baseia-se no conhecimento do conjunto das qualidades (características modelos), que os melhores atletas de uma determinada modalidade apresentam. As dificuldades da escolha são agravadas pelo fato de que não devemos conhecer apenas o modelo final do campeão ou recordista, mas também saber como ele desenvolveu o gosto pelo esporte e que características apresentava em cada etapa de aperfeiçoamento. O conhecimento de todo processo permite treinar os jovens atletas de forma racional e direcionada.

    Cada organismo, de acordo com as leis da hereditariedade e sob a influência do meio ambiente, desenvolve-se individualmente. Sendo assim, a seleção de talento no esporte possui um caráter, até certo ponto, convencional. É muito difícil saber qual jovem atleta será um campeão ou recordista. Nestas condições aparece o papel do treinador, que, orientando-se pelas fases sensíveis do desenvolvimento motor, pelas leis de aperfeiçoamento no esporte e pelos ritmos individuais de desenvolvimento (Quadro 1).

    Quadro 1 – Períodos e fases sensíveis do desenvolvimento motor em meninas e meninos(11 adaptado).

    Legenda: de acordo com o modelo LTAD (do inglês: Long-term Athlete Development), para cada gênero (meninas e meninos).

    Caixas em Cinza CLARO representam períodos dependentes da idade cronológicas.

    Caixas em Cinza ESCURO dependem da idade biológica.

    Portanto, para aproveitar de forma coerente os jovens com real talento, necessita-se de um sistema cientificamente fundamentado para a seleção. Tal sistema permitirá determinar a direção correta para alcançar o ápice de cada jovem atleta com maestria.

    CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ORGANISMO DO JOVEM ATLETA

    Durante o transcorrer da vida, o organismo humano sofre uma série de transformações morfológicas, bioquímicas e funcionais (fisiológicas). Os estudos acadêmicos nos auxiliam a compreender os conceitos básicos sobre crescimento e desenvolvimento (⁸).

    Crescimento entende-se como aquisição quantitativa de massa corporal, como resultado do predomínio do processo de regeneração sobre a de desintegração.

    Desenvolvimento é o processo de mudanças qualitativas, que é auxiliado pelas transformações quantitativas.

    A seguir, os estudos demonstram dados que devem ser entendidos para melhor compreensão deste fenômeno:

    1) O crescimento e o desenvolvimento estão programados geneticamente, mas a influência da herança determina somente o plano geral de desenvolvimento. A realização definitiva do programa genético depende substancialmente das influências do meio externo (ambiente).

    2) O crescimento e o desenvolvimento convergem em uma direção, e consistem em estágios sucessivos e irreversíveis que ocorrem nas diferentes fases (períodos) da vida. As transformações decorrentes das faixas etárias, caracterizam-se pela irregularidade. Os períodos de desenvolvimento acelerado alternam-se com os períodos de desaceleração e de estabilização relativa.

    3) O desenvolvimento individual do organismo ocorre com diferenças temporais de forma heterocrônica, ou seja, diferentes órgãos e sistemas formam-se em momentos diferentes. Em algumas fases da vida, por exemplo na puberdade, a heterocronia acentua-se(7).

    4) A influência dos fatores hereditários e ambientais varia com a idade. Nos primeiros anos de vida, assim como na puberdade, eleva-se a sensibilidade do organismo à influência dos fatores do meio externo.

    5) O efeito da influência dos fatores do meio externo depende da força que ocorrer os estímulos. Os estímulos fracos não exercem uma influência considerável no organismo; já os fortes em demasia podem retardar e até mesmo estacionar o desenvolvimento. O melhor efeito é exercido pelos estímulos de nível médio.

    6) A ação do meio externo depende também de como reage o organismo. A forma de reação é determinada pela idade, sexo, particularidades individuais, grau de treinabilidade e outros fatores.

    7) Nas distintas etapas do desenvolvimento varia a correlação entre os aspectos do metabolismo de substâncias e da reposição energética: os processos de assimilação (formação e assimilação de substâncias, acúmulo de energia), e de dissimilação (desintegração e oxidação de substâncias, consumo de energia). Na infância, no período de crescimento e formação do organismo, predominam os processos de assimilação, onde realiza-se mais intensivamente a reposição de substâncias e energia, formando-se compostos complexos orgânicos.

    8) Com a idade modifica-se o caráter das funções nervosa e humoral. Por exemplo, as transformações no sistema cardiovascular refletem-se nos sistemas simpático e vagal. Nas etapas iniciais de desenvolvimento prevalecem as influências simpáticas. Elas manifestam-se, particularmente, com a alta frequência de batimentos cardíacos em crianças no estado de repouso. À medida em que o organismo se desenvolve, acentua-se a influência do sistema vagal, diminuindo o ritmo dos batimentos cardíacos.

    9) Na formação da personalidade humana, fundamental papel é desempenhado pelo meio social e pela educação. Com uma boa relação entre essas variáveis (social e educativa), pode-se influir na formação da personalidade.

    As particularidades evolutivas na estrutura do organismo e no desenvolvimento das funções, que são inerentes às várias etapas da vida, permitem determinar as faixas etárias do desenvolvimento humano. Inseridos no contexto escolar, temos a divisão dos seguintes períodos no quadro 1.

    Quadro 2 – Faixas etárias do desenvolvimento humano.

    Entre uma faixa etária e outra temos as etapas de desenvolvimento individual. Nestes períodos observam-se as transformações, não só quantitativas, mas também qualitativas. Em cada etapa ocorre a maturação hereditariamente condicionada das estruturas que devem assegurar as novas particularidades das transformações fisiológicas e das reações comportamentais, nas quais registra-se o período correspondente à idade (²).

    IDADE CRONOLÓGICA E BIOLÓGICA

    O desenvolvimento do organismo ocorre de forma contínua, sendo que foram convencionados internacionalmente os limites das faixas etárias. Portanto, é difícil determinar com exatidão o término e o início das fases de desenvolvimento. Além disso, cada organismo desenvolve-se no seu tempo e possui suas próprias características de desenvolvimento. Paralelamente à idade cronológica, recomenda-se considerar a idade biológica (fisiológica). A idade biológica caracteriza-se pelo nível de desenvolvimento físico, das possibilidades motoras das crianças, do grau de puberdade, da idade óssea dos distintos ossos do esqueleto e pelo desenvolvimento da arcada dentária. A idade cronológica nem sempre coincide com a biológica.

    Assim, a idade biológica nos adolescentes com baixos índices de desenvolvimento físico pode ser inferior em 1 ou até 2 anos, e nos adolescentes com elevado desenvolvimento físico, ocorre o inverso, podendo a idade biológica superar a cronológica em 1 ou 2 anos (Quadro 3).

    Quadro 3 – Considerações sobre aspectos de identificação da idade cronológica e idade biológica(10 adaptado).

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