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Os Limites do Bosque
Os Limites do Bosque
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E-book217 páginas2 horas

Os Limites do Bosque

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Sobre este e-book

Dicotomoa de ficção cientifica - Num mundo arrasado, os sobreviventes vivem numa cidade subterrânea nas cavernas chamada Civis. Têm de fazer um sacrifício por semana para sobreviver e manter a paz com os outros povos...

PREMIADO COM 5 ESTRELAS EM READER´S FAVORITE!

VEJA A DESCRIÇÃO ORIGINAL EM: https://www.youtube.com/watch?v=Eywu6ugV3pE

Depois dos Anos Negros, os habitantes de Civis, habitantes das cavernas, refugiaram-se debaixo de terra e fizeram um Pacto com os habitantes dos Invernadouros, na cidade de Silva. Começou, dessa forma, a segunda era da civilização e, ainda hoje, 454 anos depois, o Pacto continua em vigor.

Vogel é um dos 52 aprendizes que este ano inicia a sua instrução na civilização de Civis, só que o bosque interpõe-se no seu caminho.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento23 de jul. de 2015
ISBN9781507115954
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    Pré-visualização do livro

    Os Limites do Bosque - Ines Galiano

    OS

    LIMITES

    DO

    BOSQUE

    ––––––––

    INÉS GALIANO

    Copyright © 2013 Inés Galiano

    All rights reserved.

    Todos os direitos reservados

    ISBN: 1491278137

    ISBN-13: 978-1491278130

    3ª Edição 2015 (Português)

    Imagem de capa: Inés Galiano

    Imagem do bosque: © Ester Torres

    Imagem da personagem: © Rubén Muñoz

    Imagem da personagem: Cristina I. Fernández Nicolás

    Traduzido por Ana Dias

    ÍNDICE

    ––––––––

    OS

    LIMITES

    DO

    BOSQUE

    CIVIS

    1 CIVIS

    ––––––––

    —Na era pré-histórica, os homens e as mulheres viviam como animais. Faziam guerras, matavam-se e roubavam-se uns aos outros. Arrasavam os campos, esbanjavam matérias-primas e maltratavam o planeta. As temperaturas aumentavam, o nível das águas subia e, apesar disso, não tiveram a capacidade de compreender os sinais daquilo que estava para acontecer. Prosseguiram da mesma forma e continuaram a contaminar e a libertar gases nocivos para a atmosfera e para aqueles que habitavam o planeta. Nunca pensaram nos filhos dos filhos. Nunca pensaram em nós.

    »Depois, sucederam-se os Anos Negros: os gases tinham ultrapassado os níveis toleráveis e tornou-se impossível respirar. Milhões de pessoas adoeceram e aquelas que viviam mais perto dos núcleos de emissão morreram numa questão de semanas.

    »Os sobreviventes que se conseguiram refugiar por baixo da terra matavam-se uns aos outros pelas escassas reservas que o planeta ainda possuía. Sucederam-se as guerras e, por fim, o povo dividiu-se em dois: aqueles que queriam respeitar a civilização e aqueles que tinham sucumbido aos instintos animais.

    »Estes últimos, habitantes de Silva, desesperados na luta pela sobrevivência caíram no canibalismo e começaram a caçar os primeiros até ao Dia do Pacto, no primeiro ano que conhecemos como História. Depois de ter provado o sangue dos humanos, Silva ficou viciada e percebeu que os outros alimentos já não a saciavam.

    »Assim, no Dia do Pacto, recordou-se do seguinte: os habitantes da civilização de Civis, que viviam nas cavernas, deveriam fazer uma oferenda humana todas as semanas em troca de paz; enquanto os habitantes da civilização de Silva, que viviam nos invernadouros, deveriam oferecer aos habitantes da civilização de Civis os bens e alimentos que eram cultivados nos seus terrenos, bem como, parte da energia do Monte do Destino.

    »Começou a segunda era da civilização na civilização de Civis e, ainda hoje, no ano 454, o Pacto continua vigente. No entanto, há já muito tempo que a oferenda deixou de ser encarada como um sacrifício, tendo-se tornado uma prova de coragem e aceitação.

    » Todas as semanas, os anciãos dão a vida para dar lugar às novas gerações num ato de fé e orgulho, ajudando dessa forma o frágil ecossistema que ainda perdura no nosso planeta ferido.

    A estas palavras, seguiu-se um aplauso ensurdecedor, acompanhado de assobios e frases de incentivo, que conseguiam afogar o ruído do helicóptero que tinha acabado de entrar pelo Olho. No entanto, nenhum dos presentes precisava de ouvir a proveniência do som para observá-lo. Começaram todos a olhar para a enorme abertura que tinha acabado de surgir no teto da Caverna, por onde estava a descer um helicóptero a velocidade reduzida, até aterrar no meio do átrio.

    Junto a ele estava uma mulher de cabelo grisalho no cimo da cabeça, vestida com um elegante vestido verde brilhante com um sorriso no rosto. Do outro lado, um homem vestido com um neopreno de cerimónias e cabelo azul-escuro penteado ao estilo das cavernas, aplaudia enquanto segurava na mão esquerda um pequeno dispositivo prateado que tinha usado para projetar a voz.

    Dois robôs de segurança C aproximaram-se da mulher para ajudá-la a subir para o helicóptero, quando ele finalmente parou. A porta abriu-se devagar, movida por um impulso no seu interior, mas ninguém saiu. Antes de entrar, a mulher virou-se para a plateia e fez uma vénia que foi aplaudida com entusiasmo, enquanto os soldados robôs a levantavam em braços e a colocavam no aparelho. A porta fechou-se depois dela com um suave ruído metalizado e o helicóptero iniciou novamente a marcha. Os aplausos pararam por um instante enquanto contemplavam o aparelho a afastar-se e a atravessar novamente a barreira do Olho. Naquele momento, o homem do neopreno aproveitou para se aproximar do meio do átrio e ordenar aos outros dois robôs que trouxessem uma espécie de cestas sem prestar qualquer atenção àquilo que estava naquele momento a descer pelo teto.

    Nem mesmo o resto das pessoas que estava ali concentrado prestava grande atenção ao objeto, à exceção de um ou outro olhar furtivo. Em vez disso, tinham começado a fazer fila em frente ao homem vestido de neopreno com o olhar divagante.

    No momento em que o globo caiu por completo, o homem inclinou-se para o enorme pacote que estava atado e separou uma pequena parte do seu conteúdo.

    Demorando o tempo necessário, começou a distribuir um por um à medida que a fila ia avançando. Cada uma das pessoas pegava no pequeno pacote e estendia o braço com a pulseira magnética para que um dos robôs a lesse. Depois de terminada a entrega, o homem do neopreno entregou o resto do conteúdo do pacote a outro dos robôs que se encarregou de guardá-lo e reparti-lo à refeição durante a semana. Com algumas palavras de despedida, deu por concluído o ato e dirigiu-se ao quarto, levando um pacote idêntico àqueles que tinha entregado.

    Decidiu evitar o engarrafamento nos elevadores magnéticos que tinham sido construídos ao fundo da caverna e subiu pela escada de cordas lateral.

    Já no oitavo e último andar, dirigiu-se a uma das últimas portas e bateu. Uma tela em tecido iluminou-se e informou-o de que aquela porta dava para uma zona restrita, pelo que deveria mostrar a pulseira para ser lida. Quando o fez, a porta abriu-se e deu-lhe as boas-vindas.

    Do outro lado da porta, havia uma enorme sala iluminada com paredes lisas. Uma das poucas salas iluminadas das cavernas, já que, só as do oitavo andar tinham janelas para o exterior. Mesmo assim, a paisagem não era propriamente acolhedora: vislumbravam-se extensos campos de cinza desde a janela com apenas um ponto verde a quilómetros junto ao cume de uma grande montanha.

    Mas o homem vestido de neopreno não dirigiu o olhar para o exterior, já que a paisagem não constituía qualquer novidade, olhou simplesmente para o centro da sala, onde estava uma mesa redonda com nove cadeiras.

    Oito delas já estavam ocupadas por membros do Conselho e ele ocupou a nona ao mesmo tempo que abria distraído o pacote que tinha trazido do átrio. Era uma pequena tablete de chocolate.

    «Não é mau», pensou.

    2 Vogel

    ––––––––

    Estava ali há duas semanas e ainda não se tinha conseguido habituar ao sacrifício. Era estranho ver como diferentes pessoas se ofereciam e davam a vida pelo grupo. Por algum motivo, havia qualquer coisa que não encaixava. Bem como o facto de os outros o utilizarem como alimento. Só de pensar naquilo, a ideia era repugnante. Não conseguia compreender porque é que continuava em vigor aquele acordo absurdo.

    Tinham chegado há duas semanas, dando início àquilo que seria a partir daquele momento o período de adaptação. Passariam três anos numa fase de aprendizagem, com os diferentes grémios existentes em Civis, até que, ao atingir a maioria de idade, atingiriam a fase adulta e produtiva para a sociedade. A lei assim o definia.

    No entanto, não se conseguia sentir bem naquela que iria passar a ser a sua civilização. Havia qualquer coisa que o fazia sentir-se deslocado e não conseguia perceber porquê.

    Tal poderia dever-se ao facto de os restantes aprendizes parecerem muito mais novos do que ele. Ou então ele é que parecia mais velho do que os outros. Mas não, não era esse o problema, afinal de contas, não era, nem seria, a primeira vez que um aprendiz da Universidade falhava uma ração dupla de hormonas.

    Não, o principal problema estava na sua cabeça. Não conseguia recordar todas as coisas que os restantes aprendizes recordavam e, na maioria das vezes, chegava a sentir-se confuso. Mas o pior de tudo eram os sonhos, aqueles sonhos que se repetiam vezes sem conta até acordar cansado e atordoado. Aqueles sonhos sem sentido nos quais aparecia um mundo verde, cheio de bosques e campos, rios e caminhos que ziguezagueavam pelas montanhas. Mundos que já não existiam.

    Tinha ouvido alguns casos em que a injeção de adaptação tinha sido mal feita e o indivíduo tinha perdido a memória ou a sensibilidade do corpo.

    No entanto, para nenhum desses casos, tinha sido apresentada qualquer solução: não se podia repetir uma injeção de adaptação, porque tal implicava um risco incalculável, mas nem mesmo a civilização de Civis podia prestar assistência a qualquer indivíduo que ficasse inválido.

    As pessoas às quais era diagnosticado um C eram oferecidas para sacrifício e, apesar de a lei impedir que os menores de idade fossem sacrificados, nestes casos, a idade era ignorada. Na civilização de Civis não havia lugar para mentes divergentes.

    Por isso, Vogel não tinha falado com ninguém acerca do seu problema de memória, de confusão e, menos ainda, dos seus sonhos. Os habitantes de Civis não podiam ter sonhos.

    Tentando conter aquele olhar desiludido, Vogel continuava de pé no átrio, junto aos restantes aprendizes na posição que lhe tinha sido designada para assistir ao sacrifício.

    Mal tinha terminado o discurso do Presidente do Conselho e todos aqueles que estavam concentrados à volta do helicóptero, aplaudiram com entusiasmo. Não conseguia entender porque é que o Presidente tinha de ler o discurso que estava escrito numa folha se dizia sempre a mesma coisa todas as semanas e Vogel já tinha começado a ficar com ele na memória. No entanto, aplaudiu como toda a gente e não se mexeu quando os robôs empurraram a senhora que se tinha oferecido para ser sacrificada para dentro do helicóptero.

    Quando o aparelho atravessou finalmente a enorme abertura, caiu o habitual globo com os mantimentos semanais e, pela primeira vez, Vogel olhou com curiosidade. O que é que seria desta vez? Todas as semanas, o globo vinha munido de um pacote extra como presente para os habitantes de Civis, além das habituais reservas de alimentos. Na semana anterior, tinha sido uma peça de fruta que os tinha deixado emocionados. Não era habitual haver em Civis fruta ou legumes, porque não não havia espaço para cultivá-los, por isso, dependiam da generosidade de Silva. Porque a fruta era um bem precioso que não estava incluído no Pacto: não era considerado um bem de primeira necessidade.

    No entanto, desta feita, os pequenos pacotes que o Presidente tinha começado a distribuir àqueles que tinham chegado em primeiro lugar ao pé dele não pareciam ter o tamanho habitual. Não, desta vez, eram mais pequenos.

    Sem dizer uma única palavra, Vogel decidiu sair do grupo de aprendizes e aproximar-se da fila para receber o seu pacote. Nela encontrou Lerdre com um ar resplandecente que, ao vê-lo, disse:

    —Belo discurso desta vez, não foi?

    Vogel limitou-se a assentir com a cabeça e colocou-se por detrás dela na fila. Lerdre era sua instrutora e uma das maiores adeptas do dia do sacrifício. Apesar de, na realidade, os habitantes de Civis o encararem como um dia alegre e festivo. Ele era o único que provavelmente não tinha recebido bem a injeção de adaptação...

    Ao tentar afastar aquelas ideias da cabeça, avançou com a fila até chegar a sua vez de receber o pacote. Estava em frente ao Presidente de fato de cerimónias de neopreno e aos robôs que o escoltavam. Enquanto o Presidente esboçava um amável sorriso, Vogel estendeu o braço no qual tinha a pulseira em direção ao robô que tinha o leitor na mão. Com um rápido movimento, leu o código de identificação e registou a sua presença no átrio, bem como, o facto de ter recebido o pacote.

    Tudo em Civis era contabilizado, já que, os bens e as tarefas estavam racionalizados e não era permitida qualquer tipo de desordem. As pulseiras também registavam a hora exata a que os habitantes da civilização se deitavam ou levantavam, as horas de trabalho realizadas, sempre que recolhiam a porção diária de comida, de água, ou, até mesmo, de sabão. Estava tudo controlado com a intenção de preservar o funcionamento do frágil ecossistema das cavernas.

    De pacote na mão, Vogel aproximou-se da instrutora, Lerdre, que estava à sua espera ao pé dos elevadores. Ela já tinha aberto a pequena embalagem e com um alegre gesto mostrou-lhe aquilo que continha. Chocolate, pensou Vogel, não é mau.

    Entraram para o enorme elevador juntamente com as outras pessoas que estavam à espera dele e subiram até ao terceiro andar, onde ficavam os respetivos camarotes. Seguiram juntos pelo corredor enquanto Lerdre dizia com orgulho que tinha conhecido a voluntária do sacrifício da manhã anterior.

    Quando chegou à porta do quarto, Vogel despediu-se dela e aproximou a pulseira do sensor da porta para que ela se abrisse.

    —Venho buscar-te daqui a meia hora para descermos para o refeitório? —perguntou Lerdre.

    —Não, estou sem fome. Acho que vou já dormir —respondeu ele.

    Lerdre lançou-lhe um olhar desconfiado, mas não tentou convencê-lo, por isso, Vogel entrou na sua caverna, fechando a porta depois dele.

    Estava sem fome, era verdade, mas não percebia porquê. Havia algumas horas que tinha comido no refeitório e até tinha ficado maldisposto. Colocou o pacote com a tablete de chocolate em cima da secretária e mudou de roupa perante o olhar atento da câmara de segurança.

    Havia câmaras colocadas em pontos estratégicos por toda a cidade, bem como, nos quartos, com o objetivo de proteger a civilização de Civis e os seus cidadãos de qualquer desordem ou epidemia. Se as câmaras registassem alguma coisa fora do comum em alguma caverna, as portas eram bloqueadas até à chegada dos robôs de salvação. Tudo por uma questão de segurança.

    Vogel deitou-se e apagou a luz, apesar de faltarem ainda duas horas para o toque de recolhimento, permaneceu na cama sem se mexer, tentando não pensar nos sonhos que certamente viria a ter.

    3 LERDRE

    ––––––––

    Outra vez o mesmo sonho, não era normal. Nunca tinha tinha tido sonhos como aquele na vida. Bem, melhor dizendo, nunca tinha chegado a ter qualquer tipo de sonho na vida. Os sonhos não eram bem vistos pelos habitantes de Civis, denotavam imaginação excessiva. Nenhum cidadão respeitável tinha sonhos fosse de que tipo fosse porque isso afetava a produtividade e a convivência. E, menos ainda, sonhos daquele género: sonhava com um bosque. Um bosque!

    Se os médicos soubessem... Os bosques tinham desaparecido há várias gerações e não existia nos arquivos qualquer tipo de imagem ou descrição que correspondesse a eles. Por isso, um sonho daqueles

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