Homicídio: e outros contos
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Homicídio - Caio Mazzilli
A FLAUTA
- Uuuuuuuu! - aquele uivo aterrador que assombrava a pequena comunidade de Vila Próspera recomeçava com força total.
Já há alguns anos, o vilarejo não conseguia dormir tranquilo, mesmo porque, com aquela escuridão persistente, os moradores haviam perdido a noção do que era dia e do que era noite, embora os relógios indicassem a hora certa.
Muitos boatos circulavam entre a população, tentando explicar qual seria a origem daquele som sinistro. Alguns afirmavam que era o gemido das almas desassossegadas do velho casarão dos aristocratas; outros diziam que lá, no topo do morro, viviam demônios ancestrais; e ainda havia os que acreditavam na existência de uma alcateia de lobos ferozes. O único consenso era que, desde que os uivos começaram nunca mais deixou de ser noite.
Mas ninguém tivera coragem de ir até o local para investigar. O conselho de moradores se reunia diariamente (ou noturnamente) e passava horas debatendo sobre o problema, sem chegar à conclusão alguma, apesar de propostas surgirem de tempos em tempos, como a de se formar um destacamento de cidadãos armados para ir até o local. Contudo, elas eram rejeitadas rapidamente a partir de diversos argumentos, que, no fundo, disfarçavam a covardia de todos.
O fato é que Vila Próspera, cujo nome remetia ao passado glorioso da comunidade, fundada por uma família de pioneiros que enriquecera e se tornara lendária, comandando com mãos férreas o desenvolvimento daquele núcleo urbano até seu apogeu, no qual os moradores conheceram uma época de grande crescimento econômico, entrava em franca decadência.
A escuridão permanente alterara toda a dinâmica do povoado, acarretando graves consequências para o comércio e a indústria locais.
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Turíbio era um homem simples, neto de migrantes que foram levados à Vila Próspera para trabalhar nos campos no tempo da grande riqueza, mas que nunca desfrutaram da fartura de outrora. Quando a vila começou a decair, seus antepassados, assim como muitos outros na mesma condição, foram vítimas do desemprego, e desde então seus descendentes se tornaram marginais; mendigam para poder sobreviver. Inclusive ele, que sobrevivia precariamente, tocando sua flauta nas esquinas em troca de alguns trocados.
Apesar da reputação de excelente flautista, isso não lhe garantia o respeito da maioria dos moradores, que olhavam para aquela figura rota e suja com desprezo. Os únicos que lhe respeitavam eram seus iguais,que, junto dele, habitavam um aglomerado de barracos na periferia do povoado.
Sua inteligência e generosidade lhe garantiram um papel de liderança entre os marginalizados, que perambulavam em sua companhia pelas ruas, seguindo-o como a um líder messiânico e dividindo entre si as minguadas esmolas que recebiam. Esse séquito de miseráveis, que incluía homens, mulheres, crianças e idosos, incomodava grande parte dos moradores de Vila Próspera, pois, na visão desses, representavam a própria encarnação do declínio da comunidade.