No lugar do seu irmão
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Sobre este e-book
Durante três anos, Angie Montoya ocultou o filho da família do seu falecido noivo... até que o irmão dele, Jordan Cooper, os descobriu e exigiu que se mudassem para o rancho da família em Santa Fé.
Acossado por um sentimento por de culpa desde a morte do irmão gémeo, Jordan procurava redimir-se criando o seu sobrinho, mas Angie fazia nascer nele um desejo que só ela poderia satisfazer.
Jordan sabia que existia apenas uma condição para que ela fosse sua: que nunca descobrisse a verdade sobre ele.
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No lugar do seu irmão - Elizabeth Lane
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2013 Elizabeth Lane. Todos os direitos reservados.
NO LUGAR DO SEU IRMÃO, N.º 1156 - Outubro 2013
Título original: In His Brother’s Place
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-3728-7
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
Capítulo Um
Santa Fé, Novo México
– Tem a certeza sobre o rapaz... e a mãe dele? – Jordan segurou o telefone com força.
– É você quem tem que ter a certeza, senhor Cooper – a voz do detetive privado era totalmente inexpressiva. – A pasta vai a caminho do seu rancho, por correio urgente, com a certidão de nascimento, o historial médico, a morada da mãe e várias fotografias tiradas discretamente. Depois de ver tudo com calma, poderá tirar as suas próprias conclusões. Se precisar de mais alguma coisa...
– Não, não preciso de mais nada. Vou fazer-lhe a transferência do pagamento assim que tiver os documentos.
Jordan terminou a chamada bruscamente. A pasta chegaria de Albuquerque, dentro de uma hora, e a sua intuição dizia-lhe que aquele material iria transformar o seu organizado mundo num caos.
Aproximou-se da janela do escritório, da qual podia contemplar a paisagem da herdade que se estendia até ao horizonte. Ao longe, as montanhas Sangue de Cristo, com as suas belas cores de outono, brilhavam debaixo do sol de novembro.
Aquela era a terra dos Cooper, fora-o durante mais de cem anos.
Quando a mãe dele morresse, ele herdaria tudo como único sobrevivente da família. Era o último herdeiro Cooper... ou era o que pensava até há uma semana atrás. Mas se o relatório do detetive confirmasse as suas suspeitas...
Jordan voltou-se, deixando o pensamento a meio. Ainda podia voltar atrás, lembrou a si mesmo. Quando a pasta chegasse, poderia queimá-la sem sequer a abrir. Mas estaria apenas a destruir alguns papéis. Nada disso iria apagar Angelina Montoya da sua memória ou mudar o que a família dele lhe fizera.
Jordan olhou para um conjunto de fotos da família. Na maior, dois jovens sorridentes mostravam as trutas que tinham acabado de pescar. As feições deles eram tão idênticas que quase ninguém conseguia distinguir Jordan do irmão gémeo, Justin.
Quando tiraram aquela fotografia, a relação entre ambos era fantástica. Três anos mais tarde, Justin apaixonara-se por Angie Montoya, empregada de mesa de um dos melhores restaurantes do hotel Plaza, e a decisão de casar com ela dividira a família.
Convencidos de que Angelina era uma oportunista, Jordan e os pais fizeram todos os possíveis para os separar, mas o resultado foi uma rutura entre Justin e ele que nunca chegou a ser resolvida. Quando voltava a casa, depois de um fim de semana a esquiar, para celebrar o aniversário de Angie, a avioneta de Justin despenhou-se nas montanhas de Utah.
A dor levara o pai à morte e transformara a mãe numa mulher amargurada.
Quanto a Angie Montoya... desapareceu durante quatro anos até que, por acaso, Jordan viu uma fotografia na Internet que o levou a telefonar ao melhor detetive privado do Novo México. E tinha a certeza de que o relatório do detetive confirmaria o que ele suspeitava: que Angelina Montoya não só lhes roubara Justin, como também lhes tinha roubado o filho do irmão.
Albuquerque
– Estás há muito tempo de volta desse desenho, Lucas – Angie levantou-se da cadeira, em frente ao computador, para se aproximar do filho. – O que é que estás a fazer?
O menino mostrou-lhe o desenho: três figuras esguias.
– É a nossa família. O baixinho sou eu e esta, de cabelo comprido, és tu.
– E quem é o mais alto? – antecipando a resposta, Angie engoliu em seco.
– É o pai, que está no céu a tomar conta de nós, como tu disseste.
– Ah, muito bem. Queres que o ponha na porta do frigorífico para nos lembrarmos dele?
– Sim... – com a sua obra prima nas mãos, a criança correu até à cozinha e Angie teve de fazer um esforço para controlar a emoção.
Não era fácil viver com a recordação diária de Justin, mas não quisera que Lucas se sentisse órfão e, por isso, tinha uma fotografia emoldurada na mesa de cabeceira e um álbum de fotografias na estante do quarto. Os pequenos dedos de Lucas já tinham dobrado os cantos de todas as páginas...
A maioria das fotos era de Justin e Angie juntos ou de Justin sozinho. Não havia fotografias da família Cooper. Depois da maneira como a tinham tratado, não queria saber nada deles, principalmente de Jordan.
Fora Jordan que, no dia do seu aniversário, lhe contara da morte de Justin. Não se alongara muito na conversa, mas a atitude dele deixara bem claro o que pensava. Algumas semanas antes, a família Cooper oferecera-lhe cinquenta mil dólares para se afastar de Justin e, se tivesse aceitado, ele continuaria vivo.
Angie jamais esqueceria a amargura naquele olhar de desprezo.
Como podiam dois irmãos gémeos ser tão diferentes? Justin fora um homem carinhoso, encantador, alegre e generoso. Mas quando pensava em Jordan, só lhe ocorriam adjetivos como frio, mercenário e arrogante.
E manipulador.
Ela sentira isso na própria pele.
A campainha interrompeu-lhe os pensamentos.
– Eu vou! – gritou Lucas.
– Um momento, rapaz! Tu sabes que não deves abrir a porta – Angie pegou-lhe ao colo para o levar para o quarto.
Pagava uma renda não muito baixa para um apartamento de dois quartos, mas o bairro não era o melhor da cidade e sempre que tocavam à campainha Angie mandava Lucas para o quarto, até confirmar que não havia perigo.
Se os seus projetos em linha continuassem a render, talvez no ano seguinte tivesse dinheiro suficiente para alugar uma casinha com jardim, mas até lá...
A campainha tocou de novo.
Colocou Lucas no chão e fechou a porta do quarto. Não tinha muitas visitas e não estava à espera de ninguém, por isso aproximou-se da porta em silêncio.
Jordan ficou tenso ao ouvir passos. O reencontro não seria agradável, para nenhum dos dois. Talvez devesse ter mandado alguém no seu lugar, pensou, alguém que lhe confirmasse a informação sem deixar Angie em alerta.
Mas não, o que quer que o esperasse do outro lado da porta, tinha de ser tratado pessoalmente. Devia fazê-lo pela família, pela memória do irmão... até mesmo por Angie, caso o tempo a tivesse chamado à razão.
Jordan ouviu-a a abrir o trinco e conteve a respiração enquanto a porta se abria... até onde a corrente de segurança permitia.
Uns olhos cor de café olharam-no fixamente, uns olhos com longas pestanas. Jordan quase esquecera como eram bonitos...
– O que é que queres, Jordan? – perguntou-lhe ela, com aquela voz rouca e sensual que ele recordava tão bem.
– Para começar, gostava de entrar.
– Para quê?
Aparentemente, continuava tão obstinada como dantes.
– Para não ter que falar contigo à porta.
– Não me parece que tenhamos nada que falar.
Jordan deixou escapar um longo suspiro.
– Deixa-me entrar para que possamos falar como duas pessoas civilizadas. Também posso começar a gritar. Não me vou embora enquanto não tiveres ouvido o que tenho para te dizer – Jordan fez uma pausa, lembrando-se que com ameaças não conseguiria nada. – Quem sabe? Pode ser que te interesse o que tenho para dizer.
Esperou que ela fizesse algum comentário irónico ou mordaz mas, em vez disso, Angie fechou a porta e ele esperou, em silêncio. Segundos depois, ouviu-a tirar a corrente antes de abrir a porta por completo.
Jordan entrou e olhou à sua volta. A sala era alegre e limpa, com as paredes acabadas de pintar, mas não era maior do que uma das baias do seu estábulo. O edifício era velho, sem alarmes ou porteiro, e as paredes estavam cheias de grafitos. Se Angie só conseguia pagar uma renda num edifício como aquele, então é porque devia ter sérias dificuldades financeiras.
Não havia sinal do filho, mas um livro de contos sobre a mesa denunciava a presença de uma criança no apartamento. Devia tê-lo escondido nalguma divisão. Talvez por isso tivesse demorado tanto tempo a abrir a porta.
Angie vestia uma t-shirt preta simples e umas calças de ganga gastas, que se lhe colavam ao corpo sem serem provocadoramente justas. Estava descalça e tinha as unhas pintadas de cor-de-rosa.
Continuava tão sedutoramente bela como há quatro anos atrás. Teve de fazer um esforço para não recordar aquele momento no carro, o sabor das suas lágrimas, o calor dos seus lábios, as suas sinuosas curvas cingidas contra ele...
Fora um erro, um erro que nunca mais voltara a repetir-se. E fizera o impossível para apagá-lo da memória, mas esquecer uma mulher como Angie não era fácil.
Jordan aclarou a garganta.
– Posso sentar-me?
Ela indicou-lhe o sofá, visivelmente incomodada.
Não confiava nele e era compreensível. Mas tinha de fazer com que ouvisse o que ele tinha para dizer. Tinha de resolver aquele assunto.
Se ajudasse o filho de Justin e a mulher que ele amara, então talvez o irmão o perdoasse... e talvez um dia Jordan conseguisse perdoar-se a si mesmo.
Jordan Cooper não mudara nada.
Angie observou-lhe os frios olhos cinzentos, o maxilar bem definido, o cabelo castanho despenteado, com um remoinho no topo da cabeça. Se sorrisse, ficava parecido com Justin, mas nunca vira Jordan sorrir.
Ao vê-lo, a sua pulsação