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Educação sexual: uma metodologia inspirada nos patamares de adesão
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E-book312 páginas4 horas

Educação sexual: uma metodologia inspirada nos patamares de adesão

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Sobre este e-book

A sexualidade humana desperta interesse, curiosidade e fascínio. Ao mesmo tempo, ainda é um dos temas de difícil trato entre os educadores, e cada vez mais a escola tem recebido a responsabilidade de abordar assuntos pertinentes. Em Educação Sexual: Uma metodologia inspirada nos Patamares de Adesão você encontra relatos de alunos, professores, diretores e pedagogas de uma escola estadual no Norte do Paraná sobre o tema da Educação Sexual (ES), seus receios, dúvidas e opiniões, revelando o quanto esse assunto ainda é um tabu. Ainda são poucos os trabalhos que avaliam a abordagem da ES, por isso a autora chama a atenção para a problemática nas escolas e pensa uma metodologia possível para ajudar os profissionais interessados a lidar com o tema.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547301897
Educação sexual: uma metodologia inspirada nos patamares de adesão

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    Pré-visualização do livro

    Educação sexual - Priscila Caroza Frasson Costa

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: DIVERSIDADE DE GÊNERO, SEXUAL, ÉTNICO-RACIAL E INCLUSÃO SOCIAL

    Ao meu filho, Pedro,

    e ao meu marido, Fabiano.

    Apresentação

    Meu interesse pela área da Educação surgiu desde pequena, porque me lembro que uma das brincadeiras de que mais gostava era escolinha e porque, ao brincar com as crianças da rua e com minha irmã do meio (a outra irmã só veio tempos depois), eu sempre queria ser a professora para escrever no quadro de giz, passar atividades e tarefas aos meus alunos.

    Acredito que a admiração que tinha pela profissão também se devia ao fato de ser a profissão dos meus pais, professores de Ensino Fundamental e Médio, hoje já aposentados. Desde cedo vivi a rotina de ver minha mãe, sempre muito dedicada, preparar aulas, corrigir provas, participar dos eventos promovidos pela escola em que trabalhava, além de ouvir os comentários em casa entre meus pais sobre os outros professores, os alunos, a escola em si. Aquilo me fascinava e eu sentia que um dia também seria professora, embora minha mãe me aconselhasse a não ser professora de Ensino Básico porque sofria muito. Se quisesse ser professora universitária, isso poderia.

    Sempre fui muito determinada em minhas escolhas. Acredito que a determinação também veio em partes, pela cobrança que havia de meus pais, por ser a primeira filha, por ter que dar exemplos, por ter que ser responsável e não decepcionar. Até os meus 13 anos éramos somente eu e minha irmã do meio, três anos mais nova, e então veio outra irmã, novidade que abalou um pouco as estruturas de casa em termos financeiros e porque não havia essa expectativa; afinal, meus pais já estavam com mais de 40 anos. Para mim foi um fato inusitado que causou muita emoção e espanto porque, ingenuamente, eu não acreditava que meus pais faziam sexo!

    Com relação às conversas sobre sexo e sobre a orientação para a sexualidade que tive em casa, lembro-me que com oito ou nove anos minha mãe apresentou um livro que contava muito didaticamente como era o corpo dos homens, das mulheres, como os bebês eram feitos, como nasciam etc. Depois que fiz a leitura, vieram as explicações sobre menstruação, sobre as modificações que meninos e meninas passam ao longo da vida, como forma de me preparar para uma vida saudável. Contudo, não posso deixar de ressaltar que havia uma formação católica que orientava minha família, e mesmo com as noções sobre vida saudável que minha mãe passou, ficava explícito que os relacionamentos sexuais deveriam acontecer depois do casamento. Na medida em que ficamos maiores e que começamos a sair, havia as recomendações sobre os bons comportamentos, como o fato de que moças direitas não deveriam ficar expostas com rapazes.

    Assim, minha adolescência começou com a responsabilidade de auxiliar no cuidado das minhas irmãs. Meu pai sempre insistiu muito que eu deveria ser o exemplo para as minhas irmãs, que não deveria fazer nada de errado, que deveria ser estudiosa e até dar conselhos a respeito de alguma situação sobre a qual ele próprio gostaria de alertar, mas não conseguia. Isso acontece até hoje.

    Minha formação básica foi feita em escolas particulares e durante todo o período do Ensino Fundamental tive ensino religioso, porque estudei numa escola de freiras, assim como os dois primeiros anos do Ensino Médio em colégio de irmãos, que consolidavam as orientações católicas. Aos 16 anos mudei-me para Londrina-PR, que fica a 500 km de distância de minha cidade natal (Toledo-PR), pois era a cidade que teria mais recursos a me oferecer tendo em vista meu sonho de entrar na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

    Na 3ª série do Ensino Médio decidi fazer Biologia. Pensava sobre isso desde o 1º ano do Ensino Médio, porque adorava meu professor de Biologia e gostava do conteúdo de Genética, então pensava que pudesse ser geneticista. Meus pais me apoiaram com a perspectiva de que eu me tornasse uma pesquisadora e não professora. Mas a vontade de ser professora falou mais alto e foi o que determinou minha escolha final.

    No início de 1996, comecei a cursar Ciências Biológicas em período integral na UEL, onde fiz estágio na área de Genética no começo da graduação, seguindo meu desejo inicial; porém, a inclinação para a licenciatura se manifestou com maior intensidade no terceiro ano do curso, embora ainda oscilasse na crença de que deveria me tornar uma pesquisadora. Foi assim que, no ano de 1998, participei de um projeto de extensão em que trabalhamos numa escola de periferia em Londrina, levando orientações sobre higiene pessoal para crianças de 1ª a 4ª série. Esse projeto foi um dos mais significativos para mim, embora gostasse de outras áreas da Biologia. Para experimentar o que seria um instituto tecnológico de pesquisa aplicada, fiz a monografia de bacharelado na área da Microbiologia, desenvolvendo a parte prática no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), já pensando em fazer um mestrado relacionado.

    No ano de 2002, voltei para a casa dos meus pais e me inscrevi no Núcleo Regional de Ensino de Toledo, onde então fui contratada como professora temporária para lecionar Ciências no Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio, assumindo algumas turmas em escolas públicas.

    Essas aulas representaram meu primeiro contato como profissional com os alunos nas escolas, e ao lembrar das orientações estudadas na graduação sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os eixos transversais, comecei a perceber que a temática da sexualidade despertava o interesse dos alunos. Também me chamou a atenção o comportamento da moçada, sempre voltado para alguma questão da sexualidade: paqueras, piadinhas, comentários, namoros, meninas grávidas, além do fato de que eu tinha 22 anos e era solteira.

    A partir desse momento, entendi definitivamente que queria ser professora e a idealização era trabalhar no Ensino Superior. No meio do ano de 2002, passei em um teste seletivo para lecionar a disciplina de Bioquímica na Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel. Na universidade lecionei para alunos de diversos cursos que tinham minha idade ou eram até mais velhos. As paqueras aconteciam naturalmente, mas para mim mantinham a separação entre professor e aluno, até porque eu não gostaria da ideia de comentários incômodos caso viesse a me relacionar afetivamente com um aluno.

    Decidi estudar aspectos mais científicos da sexualidade em 2002-2003, quando optei por fazer a monografia final de um curso de especialização Lato Sensu em Ciências Físicas, Químicas e Biológicas, na Universidade Paranaense (Unipar), com a temática da Educação Sexual (ES). Foi o primeiro contato com a literatura científica e já me instigava à compreensão dos fenômenos da sexualidade no ambiente escolar.

    No ano de 2003, fui aprovada no teste da então Fundação Faculdades Luiz Meneghel – que desde 2006 pertence à Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) –, localizada em Bandeirantes, Norte do Paraná. Nessa universidade, que é multicampi, trabalho desde o ingresso até o presente, com os alunos da graduação em licenciatura do curso de Ciências Biológicas, na disciplina de Metodologia e Prática de Ensino de Biologia – estágio supervisionado no Ensino Médio.

    No ano de 2004, iniciei a pós-graduação Stricto Sensu em nível de mestrado no Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência e o Ensino de Matemática da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Já na apresentação do projeto, no momento da seleção, manifestei meu interesse em continuar com a temática da sexualidade. Em minha pesquisa, realizada sob a orientação da Profa Dra Luzia Marta Bellini, foi utilizada a teoria da argumentação de Breton para fazer análises de livros didáticos de Biologia do Ensino Médio em relação às figuras de linguagem que apareciam nos textos sobre aids/HIV.

    Verificou-se um movimento do discurso científico ao pedagógico nos livros didáticos, que faz com que a linguagem didática dos textos analisados, em parte, permaneça com argumentos não científicos, comprometendo a informação e a negociação dos sentidos com os alunos. A comunicação fica comprometida pelo excesso de hipérboles que aparecem nos textos dos livros, exprimindo uma morte fatal por um simples ser, e pelo excesso de sinédoques que tratam os vírus como uma única categoria de organismo e apontam um deles, o HIV, como voraz. Tive uma identificação com o tema HIV porque, como percebi em uma rápida entrevista com alunos de escolas públicas do Ensino Médio, esse vírus ainda causava medo nas pessoas – medo também expresso implicitamente por meio das figuras de linguagem nos livros didáticos.

    O tema da aids estava muito presente para mim, pois no final da década de 80 um amigo da família faleceu, supostamente por conta da síndrome. A história foi abafada, pois tudo indicava que o rapaz era homossexual, fato nunca revelado, já que o preconceito era acentuadíssimo e eu era muito criança para entender qualquer coisa. Contribuiu também para que esse episódio não fosse revelado pela família (que tinha forte e atuante participação católica) o fato de a cidade ser pequena, de modo que a confirmação das suspeitas poderia trazer exposições e comentários maldosos.

    Assim, eu também tinha uma visão preconceituosa da homossexualidade, porque reproduzia os padrões aceitos do que seria um relacionamento afetivo saudável e normal. Naquela época, eu não tinha a compreensão sobre atitudes diferentes, pois não era permitido conversar sobre esse assunto.

    No ano de 2006, comecei a lecionar em uma escola particular de Ensino Médio que utiliza um dos prédios da UENP – campus Luiz Meneghel (CLM). Com esses alunos tive muita proximidade, pois tinham praticamente a mesma idade de minha irmã mais nova e eu podia compreendê-los em suas preocupações, anseios e manifestações da sexualidade dentro da sala de aula e nos corredores. Já com esses alunos fiz algumas orientações sobre ES, porém foram poucas, uma vez que permaneci pouco tempo na escola.

    No ano de 2008, fui aprovada no doutorado Stricto Sensu no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Do projeto inicial para a tese de doutorado houve modificações promovidas pelas leituras e discussões com meu orientador, Prof. Dr. Alberto Villani, e pelas exposições ao grupo de pesquisa.

    Ao ingressar no doutorado, já pretendia trabalhar com os estagiários da Prática de Ensino nas escolas públicas do município em que resido, porém não estava muito definido qual seria o enfoque. Contudo, era de meu interesse perceber como a temática da sexualidade seria abordada nos ambientes institucionais, pois eu tinha mudado minhas concepções fechadas e proibitivas, que caracterizaram minha formação, e tinha percebido a flexibilização dos comportamentos entre os mais jovens; assim, acreditava que a escola não poderia exercer sua função social sustentando padrões estabelecidos e rígidos no campo da sexualidade, cerceando a liberdade de escolha de cada um.

    Minha mudança envolveu a percepção de que para a vivência saudável da sexualidade deveria haver a responsabilidade, quando obtive a compreensão do que significou a perda dos jovens que morreram de aids na década de 80 e das amigas da escola que engravidaram aos 16 anos. Entendi que deveria compreender os sentimentos e aflições dos homossexuais, vendo-os como seres humanos como os heterossexuais, quando amigos próximos assumiram suas orientações e promoveram a aceitação. Essa compreensão aconteceu depois da maior aproximação com a literatura sobre sexualidade, gênero e diversidade sexual, e então meus direcionamentos pessoais e profissionais se encaminharam no sentido de auxiliar os jovens a tomarem medidas de prevenção para serem satisfeitos em suas escolhas.

    Como docente tenho procurado incitar reflexões com meus alunos da graduação, em sala de aula e na orientação/supervisão de estágio, insistindo para que, sempre que tenham oportunidade em suas aulas, tratem dos temas transversais nas turmas de estágio, favorecendo a abordagem da Educação Sexual (ES), da Educação Ambiental (EA), da Ética e de Temas de Saúde. Paralelamente, tenho desenvolvido projetos de extensão na área da sexualidade com meus alunos da graduação, pois as escolas de Ensino Fundamental I e II sempre procuram apoio para a realização de palestras ou para a intervenção mais pontual.

    O ano de 2010 foi especialmente dedicado para minhas reflexões sobre a importância da temática da sexualidade na formação inicial. Minha motivação e meu desejo de poder fazer algo que intervisse na rotina das escolas para auxiliá-las diante de suas dificuldades em lidar com o tema fizeram com que alguns de meus alunos licenciandos também fossem motivados.

    A forma que encontrei para dar destaque a este tema com meus alunos foi em forma de projeto de extensão, associado a encontros regulares com discussões, que, por vezes, foram gravados em áudio ou vídeo para perceber as opiniões deles, investigando suas origens, seus comportamentos e atitudes, além de levar conhecimentos em forma de artigos como complemento. O projeto de extensão proposto consistia em executar dez sessões de oficinas sobre sexualidade nas sete escolas escolhidas, de modo que os licenciandos fossem designados aleatoriamente em pares para atuar nas escolas alvo. Desde o início do projeto fiz exposições orais aos alunos para apontar os objetivos das oficinas e rever conhecimentos biológicos e científicos relevantes para a área específica da sexualidade e para o ensino de Ciências.

    Antes de visitar as escolas realizei uma prévia de cada oficina na universidade para orientar os licenciandos monitores e sanar dúvidas. Procurei acompanhá-los nas oficinas que aconteciam de segunda a quinta-feira, nos períodos matutino e vespertino, sempre no contraturno das aulas regulares.

    Para enaltecer e aproximar da realidade a temática em pauta, foram utilizados um kit didático com modelos e álbuns seriados, quadros imantados e bonecos (adquiridos por um Programa de Capacitação docente da Fundação Araucária,), bem como os materiais produzidos pelos próprios alunos, sobretudo as apresentações em slides. Esses recursos auxiliaram nos temas biológicos aplicados: aparelhos reprodutivos, o corpo feminino e masculino e seu funcionamento fisiológico e reprodutivo, menstruação/gravidez/parto, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis (DST) – principalmente HIV/aids. Os alunos em formação gostaram de manusear os materiais, assim como os alunos das escolas, que apreciaram as novidades didáticas.

    Como pesquisadora, nessas escolas em que inseri os licenciandos, já havia feito um levantamento prévio das concepções dos professores e percebido que o cenário era mais para o conservador. Dessa forma, busquei avaliar qual seria o nível de adesão das instituições à ES, levantando os aspectos que acenavam para o maior ou menor comprometimento das escolas com o tema na expectativa do compromisso pessoal e profissional como cidadã.

    Muitos frutos de minha caminhada científica na área do ensino de Ciências surgiram no decorrer da elaboração da tese até o presente, como bolsa de iniciação científica (Pibic¹), publicações em eventos científicos, orientação de Trabalhos de Conclusão de Curso de graduação e pós-graduação Lato Sensu na universidade.

    É motivo de satisfação realizar a orientação de professoras da rede pública de ensino do Estado do Paraná que participam do denominado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)², pois aproximo a área de pesquisa em Educação e Sexualidade aos professores da Educação Básica para que possam aplicar os conhecimentos científicos nas escolas em que atuam e promover mudanças. Também na formação continuada, ofereço orientação com a temática em um curso de especialização do Centro de Ciências Biológicas –ao qual pertenço.

    Assim, a maior motivação para minha tese de doutorado, que se concretiza agora sob o formato de livro, partiu do que é considerado desejável ao desenvolvimento da ES para a Educação Básica, do que é considerado papel da escola e seu comprometimento ante a temática, bem como da preocupação em relacionar a sexualidade com a cidadania, privilegiando-a no contexto escolar. Dessa forma, todo esse processo tem exigido novas atitudes dos educadores, que, até onde sondamos, ainda têm dificuldades e amarras para lidar com o tema. Entendo que é na formação inicial que pode ser dado o primeiro passo para levar o conhecimento científico e a troca de ideias que podem minimizar as lacunas existentes nas instituições escolares e na sociedade em geral.

    Por isso, este livro apresentará uma metodologia de avaliação das escolas estaduais que foram pesquisadas no que diz respeito à adesão delas à temática da ES. O leitor perceberá a importância da inserção dos licenciandos na pesquisa, pois não bastaria apenas caracterizar o contexto das escolas se não fosse possível propor melhorias na formação dos futuros professores. Para mim, os estudantes são essenciais nas tentativas de mudar a realidade no interior da escola. Até eles concordam com essa afirmação!

    Recomendo especial atenção na leitura do capítulo 4, que explica a construção dos Patamares de Adesão à ES e, na sequência, dos capítulos 5 e 6, em que exemplifico a aplicação da metodologia, utilizando uma das escolas como modelo.

    Fechamos o livro com algumas reflexões, motivando o leitor a aplicar a construção dos Patamares de Adesão à ES em sua realidade, seja na escola em que atua, seja em alguma pesquisa que esteja desenvolvendo ou como instrumento diagnóstico. Desejo sucesso e muitas contribuições para cada vez mais desatar os nós da sexualidade no contexto escolar.

    A autora

    Prefácio

    Ao ser convidado para escrever o prefácio do livro da doutora Priscila C. Frasson Costa fiquei muito honrado; espero que minhas observações contribuam para a compreensão da obra. Escolhi escrever sobre dois pontos: quem é a autora e como foi a experiência de pesquisar sobre a Educação Sexual (ES).

    Priscila é a filha mais velha de um casal de professores que a educaram para, desde criança, seguir os princípios da moral católica. Querendo ser professora como os pais, conseguiu entrar em uma universidade pública, formando-se em Biologia no ano 2000. Desde os primeiros contatos com a sala de aula percebeu nos alunos um interesse grande em discutir problemas referentes à sexualidade; por isso, ao realizar sua especialização em Ciências Físicas, Químicas e Biológicas, escolheu como tema da monografia final a Educação Sexual (ES). Ao realizar este trabalho, não somente descobriu que a ES era um campo educacional com grandes potencialidades como também iniciou um processo de revisão e crítica de sua própria educação na área.

    A partir de 2003, ao atuar como docente no Ensino Médio e na formação de professores no Ensino Superior, tinha contato contínuo com alunos e alunas. Várias das alunas procuravam seus conselhos diante de suas dificuldades para lidar com a sexualidade. Para avançar tanto no conhecimento teórico quanto na revisão de sua visão de ES, iniciou seu mestrado e escolheu como tema da dissertação as representações da aids/HIV nos livros didáticos, um tema ainda fonte de fortes medos nas escolas. Nesse trabalho a pesquisadora revelou as ambiguidades e mal-entendidos presentes nesses livros, que pouco contribuíam para o esclarecimento dos alunos e a atuação dos professores.

    O passo seguinte na linha de aprofundar a familiaridade com o tema foi em 2008, ao entrar no doutorado escolhendo novamente a ES como objeto de pesquisa. O contato com as disciplinas específicas na Faculdade de Educação e no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo ampliou seus conhecimentos teóricos e contribuiu decisivamente para reconstruir sua visão sobre o tema, que orientaria a elaboração de seu projeto de pesquisa. Escolheu como meta da tese avaliar a situação das escolas públicas da sua cidade em

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