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A Memória e seu Funcionamento na Avaliação Escolar
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A Memória e seu Funcionamento na Avaliação Escolar
E-book178 páginas2 horas

A Memória e seu Funcionamento na Avaliação Escolar

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Sobre este e-book

O campo da Análise de Discurso oferece um instrumental teórico que permite ao pesquisador refletir sobre os diversos aspectos relacionados à linguagem e à sociedade. Tendo esse aporte teórico, o livro A memória e seu funcionamento na avaliação escolar, voltado a professores em geral e, especificamente, aos professores de línguas materna e estrangeira, toma como objeto de reflexão a prática avaliativa escolar (a prova), instrumento amplamente utilizado nas escolas para aprovação e reprovação de alunos, e que os educadores, por vezes, consideram um instrumento neutro. O eixo condutor da análise é a memória discursiva e os sentidos que irrompemS na avaliação como acontecimento a ler. Sentidos que não são os esperados, mas válidos, e que, no entanto, são silenciados pelos professores. Em uma abordagem original, o autor lança um novo olhar sobre a prova escolar considerando outros aspectos relacionados a ela, como língua, texto, leitura e equívoco, todos conceitos muito caros à Análise de Discurso. Um livro para os educadores e os interessados em língua(gem).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mar. de 2018
ISBN9788547320621
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    A Memória e seu Funcionamento na Avaliação Escolar - Wagner Franco

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

    Para Inaiara e Nicole, por todo amor e carinho.

    Para fixar corretamente, nas ordenadas do tempo, algumas de minhas lembranças de infância, sou obrigado a passar por cometas e eclipses, como fazem os historiadores quando se dedicam aos fragmentos de uma saga. Mas, em outros casos, não há carência de elementos. Vejo-me, por exemplo, escalando escuros e úmidos rochedos sobre o mar, enquanto a senhorita Norcott, uma lânguida e melancólica governanta, que pensa que a estou seguindo, passeia, pela praia curva, com Sergey, meu irmão mais novo. Estou usando um bracelete de brinquedo. À medida que me arrasto sobre aquelas rochas, vou repetindo, numa espécie de gôzo e de encantamento copioso e profundamente grato, a palavra inglesa childhood, que soa nova e misteriosa, que se torna estranha, e mais estranha, à medida que vai se confundindo em minha mente pequena, sobrecarregada e febril, com Robin Hood e Little Red Riding Hood, e os quadrilheiros morenos de fadas corcundas.

    (NABOKOV, 1966, p. 21)

    PREFÁCIO

    Em seu livro intitulado A Memória e seu Funcionamento na Avaliação Escolar, Wagner Franco apresenta o percurso teórico-analítico que empreendeu por ocasião de sua pesquisa de mestrado, desenvolvida junto ao programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí, sob minha orientação. Tomando como objeto de estudo e de análise uma avaliação escrita de Língua Inglesa e filiando-se teórico-metodologicamente à Análise de Discurso de linha francesa, o autor se lança à compreensão dos sentidos que são produzidos nas/pelas práticas avaliativas, sem perder de vista as representações imaginárias de Língua Inglesa, texto, avaliação e interpretação que incidem nessas práticas, produzindo efeitos no processo de ensino-aprendizagem e na subjetividade de avaliadores e avaliados.

    Apesar dos inúmeros estudos, abordagens de ensino-aprendizagem que se dizem inovadoras, dos textos oficiais que versam sobre as práticas avaliativas, buscando torná-las mais significativas e consequentes, a avaliação, de modo geral, ainda continua a evocar velhas práticas punitivas e de controle, funcionando como uma prova da capacidade ou incapacidade do aprendiz, como já destacou Cavallari (2011, p. 121-136). Incomodado com o fato de a avaliação formal ser utilizada como instrumento de controle da (in)disciplina e até mesmo de tortura psicológica, o autor propõe um olhar discursivo e singular à avaliação formal e seus efeitos. Para tanto, o pesquisador se distancia da noção de língua como algo neutro e passível de ser instrumentalizável para se aproximar da noção de equívoco que, segundo a perspectiva discursiva, é sempre e inevitavelmente constitutivo dos sujeitos e dos sentidos que emanam de toda e qualquer prática enunciativo-discursiva.

    Distanciando-se do ideal de avaliação como algo neutro, objetivo e imparcial, o autor se atém às contingências, aos equívocos e aos efeitos de evidência e/ou de contradição dos sentidos que podem advir de práticas avaliativas que são sempre complexas e heterogêneas. A hipótese de pesquisa que ancorou o percurso analítico realizado pelo pesquisador é a de que professores e alunos possuem noções de língua distintas, bem como uma relação singular com a linguagem, o que afeta a relação ensino-aprendizagem e as práticas avaliativas, produzindo equívocos nas respostas e interpretações elaboradas pelos alunos na avaliação formal. A hipótese formulada permitiu ao autor ir além de uma análise do conteúdo que compõe a avaliação formal – e que só reforçaria sentidos sócio-historicamente legitimados e neutralizados –, para descortinar e problematizar os processos discursivos que constituem os sentidos na/da prática avaliativa, sem deixar de considerar o sujeito-leitor, seus gestos de interpretação e sua ilusão de estar na origem dos sentidos.

    Além de sua relevância para o ensino e, sobretudo, para desconstrução da prática avaliativa escolar, o presente estudo ganha relevância teórica ao abordar a avaliação pela perspectiva discursiva, com base em noções como a de interpretação atrelada ao efeito de evidência discursiva ou ideológica dos sentidos e à memória discursiva, aos pré-construídos que fazem com que um texto surja como acontecimento a ler, como algo legível e passível de ser interpretado (PÊCHEUX, 1999, p. 49-58). Nesse prisma, a leitura, entendida não como um resgate dos sentidos intencionados pelo autor, mas como um gesto de interpretação atravessado pelo equívoco, produz, a cada contato do leitor com o texto, um novo acontecimento a ler, no qual os sentidos estão em constante movimento e transformação. A importância da leitura e da interpretação para a resolução da avaliação formal, independentemente da disciplina avaliada, é destacada ao longo deste estudo, desde a elaboração ou concepção da avaliação formal, realizada pelo sujeito-professor, até as respostas fornecidas pelos alunos, após a leitura do texto que compõe a avaliação formal e suas respectivas questões.

    A avaliação que se tornou objeto de análise desta obra tinha como objetivo primeiro testar a compreensão escrita de alunos do Ensino Médio, a partir da leitura de um texto escrito em Língua Inglesa. Seguindo uma prática bastante recorrente e, até mesmo, preconizada pela abordagem comunicativa para o ensino de língua estrangeira, o sujeito-professor buscou elaborar suas perguntas interpretativas com base em um texto autêntico, isto é, em um texto que, a princípio, não tinha fins pedagógicos, e que foi veiculado em uma revista de esportes, a Sports World. O texto em questão, apresentado na forma de entrevista, trazia a experiência e opinião de atletas que praticam esportes radicais, um tema que, imaginariamente, deveria ser de interesse de alunos dessa faixa etária. Em seu percurso analítico, no entanto, o autor deste estudo se deu conta de que o texto perde toda a sua autenticidade quando é retirado de seu suporte original (uma revista de esportes) para ser utilizado para fins didáticos e, em especial, avaliativos. Em outras palavras, os efeitos de sentido que o mesmo texto produz em uma situação ou em outra não são os mesmos, dadas as suas condições de produção. Daí a importância de não perdermos de vista, na prática avaliativa de modo geral, noções como a de leitura, interpretação e equívoco, aqui revisitadas pelo autor em face da avaliação, e que incidem, diretamente, no resultado obtido pelo aluno, bem como na correção que o professor realiza das respostas formuladas pelo aluno.

    O autor também salienta, ao longo de suas análises, a concepção de texto como unidade do sentido a ser resgatado pelo aluno-leitor que ainda orienta grande parte das avaliações que se voltam para a compreensão escrita do aluno, apesar das inúmeras propostas e diretrizes educacionais que se pretendem inovadoras e mais significativas. O autor também destaca o fato, bastante comum nas aulas e avaliações de línguas, de o texto continuar a ser usado como pretexto para o ensino da gramática normativa e descontextualizada, embora o professor acredite estar adotando uma abordagem comunicativa ao escolher um texto autêntico para compor sua avaliação escrita. É bastante relevante para o ensino, de modo geral, e para o ensino de línguas, em particular, o modo como o autor analisa a avaliação, sua concepção e seus resultados, a partir da noção de ideologia e de memória discursiva como condição para a produção de determinados sentidos que soam como evidentes ou neutros, tanto para o professor como para o aluno.

    O mau resultado obtido por grande parte dos alunos que realizou a avaliação analisada levou o pesquisador a questionar sua prática avaliativa e, sobretudo, a concepção de erro que geralmente é associada a uma memória cognitiva racional e enciclopédica do sujeito-aluno e não à memória discursiva que, de acordo com a Análise de Discurso, torna possível todo dizer, ao produzir sentidos reconhecidos e mantidos em nossa sociedade. Trata-se de uma memória que é feita de esquecimentos, já que funciona à revelia do enunciador, mas que é essencial para que algo faça sentido. O autor sugere que, se olharmos para o erro para além de sua categorização gramatical – prática bastante comum no ensino de línguas –, podemos obter pistas de como o aprendiz compreende e concebe a relação que se dá entre língua, história, escola e avaliação. De modo bastante original e bem fundamentado, o autor lança, enfim, um olhar discursivo ao erro e à avaliação, desconstruindo velhas concepções que em nada tem contribuído para uma profunda e significativa reformulação de práticas escolares e avaliativas. A leitura deste livro é imprescindível para todos aqueles interessados em desconstruir práticas escolares que já se naturalizaram em nossa sociedade e que clamam por (trans)formações. O estudo aqui proposto nos permite vislumbrar novas possibilidades para a prática avaliativa e para o processo de ensino-aprendizagem, por meio de uma análise cuidadosa dos processos discursivos que se materializam na/pela linguagem e que seguem produzindo efeitos no espaço escolar e em nossa sociedade.

    Pouso Alegre (MG), julho de 2016.

    Professora doutora Juliana Santana Cavallari

    Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás)

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    CAPÍTULO 1

    O QUADRO TEÓRICO: conceitos-chave da Análise de Discurso

    1.1 A língua(gem) nos estudos linguísticos

    1.2 A língua nos estudos do discurso

    1.3 Do sujeito da linguagem e sua constituição ideológica

    1.4 A memória discursiva

    CAPÍTULO 2

    REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA À LUZ DA TEORIA DO DISCURSO

    2.1 O processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira a partir da teoria do discurso: importância para a sociedade e para a constituição do sujeito

    2.2 O ensino de língua estrangeira nos textos oficiais

    2.3 O discurso pedagógico: algumas considerações

    2.4. As práticas avaliativas formais no processo de ensino-aprendizagem de línguas e no espaço escolar

    CAPÍTULO 3

    AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DOS SENTIDOS SOBRE A AVALIAÇÃO

    3.1 As características da escola

    3.2 Características dos aprendizes e do professor

    3.3 O regimento escolar que regulamenta a avaliação, promoção, classificação, reclassificação e estudos de recuperação da escola estudada

    3.4 A elaboração e a aplicação da prova

    CAPÍTULO 4

    EFEITOS DE SENTIDO DA PRÁTICA AVALIATIVA

    4.1 Texto, avaliação e dispersão

    4.2 O equívoco nas respostas dos alunos e o funcionamento da memória discursiva

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    INTRODUÇÃO

    Na epígrafe que abre este

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