A aprendizagem dos calouros da licenciatura em matemática

De Iara Leticia Leite de Oliveira

O programa de Mentoria para o curso de Licenciatura em Matemática busca aumentar a interação entre os estudantes, explorar e consolidar os conceitos matemáticos estudados nas disciplinas iniciais, além de desenvolver o espírito crítico e a independência desses estudantes. Os autores desta obra apresentam os pressupostos teóricos que ajudam a entender como se desenvolve o processo de aprendizagem e adaptação dos ingressantes na universidade, e, ainda, como as interações ocorridas no trabalho de mentoria podem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem desses estudantes. A leitura traz a discussão das tensões na transição escola-universidade, dando enfoque aos aspectos didático-pedagógicos e socioculturais em movimento e às contribuições desse sistema de mentoria na aprendizagem dos ingressantes.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 1 de jan. de 2016
• ISBN: 9788547317881

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIEDADE

Àqueles que primeiro deram seu sim e são a razão de todas as nossas lutas: aos nossos pais.

Agradecemos à Universidade Federal de Lavras

por nos possibilitar a realização desta pesquisa

por meio do Programa de Apoio ao Primeiro Projeto para Professores; e, em especial, aos estudantes que participaram desse processo.

Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente...

João Guimarães Rosa

PREFÁCIO

Ressaltamos o quanto nos sentimos lisonjeados com o convite para prefaciar o livro A aprendizagem dos calouros da Licenciatura em Matemática: a experiência de um programa de mentoria, fruto da dedicação dos queridos companheiros de profissão, José Antônio, Iara e Simone. Trata-se de um trabalho original, que muito tem a contribuir com a área de formação de professores.

Num momento histórico-social em que a formação de professores carece de ações inovadoras, os autores deram conta de concretizar uma prática de formação que não somente atende às questões técnicas, mas fundamentalmente atende a partir de uma vertente holística, considerando a preocupação com a aprendizagem profissional, com a singularidade de cada licenciando e com o seu bem-estar.

Neste trabalho, Iara, Simone e José Antônio nos fazem um convite à reflexão. Sem deixar de relacionar a teoria com a prática, evidenciam as tensões na transição escola-universidade, destacando a fase de adaptação ao novo local, a uma nova sistemática de estudo e outras experiências que a universidade proporciona ao estudante ingresso, no caso apresentado o estudante do curso de Licenciatura em Matemática. Não apresentam uma receita, mas dividem com o leitor suas experiências. De forma explícita, apresentam o trabalho de mentoria, identificando o seu significado tanto na perspectiva do mentor quanto do mentorado. Orientam sobre a construção de um espaço que se abre à construção do conhecimento de saberes e às relações de comunicação. Discutem sobre o uso de objetos de aprendizagem que favorecem a interação de significados cognitivos e afetivos por meio da linguagem.

Reconhecendo as instituições de ensino como local que busca mediar significados, sentimentos e comportamentos sociais e o desenvolvimento do sujeito, revelam com riqueza as dificuldades e as conquistas no desenvolvimento do Programa de Apoio ao Calouro (PAC). Num trabalho fundamentado na interação entre estudantes, no desenvolvimento dos conceitos matemáticos, do espírito crítico e da autonomia do estudante, sem assistencialismo, enfatizam a necessidade do apoio com a intenção de dar condições para que o estudante continue sua caminhada após a separação do mentor.

Acompanhamos o desenrolar desta obra desde a sua gênese até a sua conclusão. Inicialmente, nas conversas informais nos espaços comuns que compartilhamos com as autoras e com o autor, na Universidade Federal de Lavras. Depois, quando o projeto foi assumido como trabalho de conclusão de curso da Simone e da Iara, participamos das bancas de qualificação e defesa da pesquisa, nas quais pudemos contribuir com algumas sugestões e muito aprender com a pesquisa.

Como apontado no texto, o trabalho não identifica um ponto de chegada, e a feliz escolha de apresentar a voz dos estudantes participantes do programa abre espaço para questões bastante relevantes. As falas revelam a forte relação que o estudante faz entre aprendizagem e bom resultado na prova, identificadas como único instrumento de avaliação, e a razão para o estudo e apropriação de conhecimentos. Na sala de aula, mencionam o elevado número de estudantes como razão para impedir o uso de diferentes abordagens metodológicas, comprometendo o estabelecimento de diálogo e argumentação. Os estudantes evitam se manifestar nas aulas por acreditarem que essa atitude poderá atravancar o desenvolvimento do conteúdo e o planejamento do professor. Nesse contexto, é comum que a ocorrência de um insucesso na disciplina transforme-se em culpa, ao ponto de sentirem-se incapazes.

Nós, professores e gestores das instituições de Ensino Superior, devemos refletir e pensar em ações de caráter emergencial nas universidades brasileiras. Por meio dos exames vestibulares ou pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), abrimos as portas para novos estudantes, mas não estamos recebendo-os, apenas deixando-os entrar. Como professores formadores das licenciaturas de Matemática e Física, acompanhamos os momentos de satisfação e de felicidade dos ingressantes nos respectivos cursos, porém, para um número expressivo de licenciandos, as dificuldades iniciais de adaptação ao novo ambiente social e de formação provocam dilemas, conflitos e angústias que nem todos conseguem transpor. O trauma está presente na vida do estudante ingresso e parece existir uma crença de que, com isso, se contribui para seu amadurecimento. Ou seria endurecimento? A leitura/estudo do trabalho oferece possibilidades de ações, reflexões e reações ante a realidade vivenciada por cada um de nós. Mas temos certeza que o acolhimento/acompanhamento apresenta-se como ação essencial, principalmente se é realizado pelos professores da universidade e pelos colegas de curso de períodos mais avançados.

Silvia Maria Medeiros Caporale

Professora do setor de Educação Matemática do Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras (UFLA); Doutora em Educação pela Universidade São Francisco (USF).

Antônio Marcelo Martins Maciel

Professor do setor de Ensino de Física do Departamento de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras (UFLA); Doutor em Física pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

sumário

INTRODUÇÃO 

1

MOVIMENTOS DA CULTURA ESCOLAR 

2

SISTEMA DE MENTORIA 

3

CAMINHOS DA APRENDIZAGEM 

3.1 Aprendizagem do adulto 

3.1.1 Subjetividade, formação identitária, metacognição e memória 

3.2 O uso de objetos de aprendizagem para fazer Matemática 

4

O CONTEXTO E A TRAJETÓRIA DA PESQUISA 

4.1 Das fases do projeto e suas turmas 

4.2 O contexto de interação dos sujeitos 

4.3 Um breve fim para novos recomeços... 

5

TENSÕES NA TRANSIÇÃO ESCOLA-UNIVERSIDADE: ASPECTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS E SOCIOCULTURAIS EM MOVIMENTO 

6

CONTRIBUIÇÕES DE UM SISTEMA DE MENTORIA NA