Formação continuada de professores
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Formação continuada de professores - Terezinha Santana
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDICIPLINARIDADE
AGRADECIMENTOS
O caminho melhor para alcançar uma grande perfeição é o zelo nas coisas pequenas.
(MARY WARD, fundadora da Congregação de Jesus, CJ)
A Deus, pelo dom das nossas vidas e por nos indicar caminhos.
Aos nossos familiares, Irmãs da Congregação de Jesus e educadores do Sistema de Ensino Mary Ward: Escola Santa Maria, Colégio Mary Ward e Instituto de Educação Beatíssima Virgem Maria, pelo incentivo, compreensão e apoio à publicação desta obra.
Aos professores da graduação e pós-graduação da PUC-SP, de maneira especial, pelas reflexões oportunas, os do Programa de Educação: Currículo da linha de pesquisa formação de professores.
Aos funcionários da PUC-SP, pela disposição, amizade, disponibilidade e ajuda em todos os momentos de nossos estudos.
Às professoras doutoras, por suas orientações valiosas, Maria Luiza Sprovieri Ribeiro (USP) e Vitória Helena Cunha Espósito (PUC-SP). Ao professor (P) participante da pesquisa e outros educadores que também contribuíram, gratidão e reconhecimento pelo desempenho na educação; à professora Maria Christina, revisora deste trabalho.
Aos educadores da Secretaria de Educação de Cajamar, SP; aos diretores, professores, alunos e funcionários da EMEB Jardim São Luiz
, pelo carinho, acolhida, abertura, confiabilidade e motivação durante o período de investigação. Muito obrigada por nos acolherem.
Nossa gratidão especial à Editora Appris, pelo carinho com que cuidaram da edição desta obra, aos leitores e profissionais da aprendizagem – aos quais dedicamos este livro.
Agradecemos a todos que contribuíram para que este livro sirva de referência às pessoas que acreditam que a formação qualifique a ação docente.
Com carinho,
Terezinha e Neide.
APRESENTAÇÃO
O ponto de partida: razões desta obra
A presente obra tem como finalidade oferecer uma significativa contribuição aos profissionais que assumem a aprendizagem como o seu foco de trabalho e buscam, a partir dos estudos e problematizações realizados na formação continuada de professores, perspectivas pedagógicas e subsídios para o cotidiano escolar.
Constatamos que a formação continuada é um espaço de discussão que ajuda o professor a contextualizar o saber científico, mediante as transposições feitas até chegar aos educandos, possibilitando uma aprendizagem significativa. Consideramos a relevância do tema para o nosso sistema educacional contemporâneo e, desse modo, queremos compartilhar com os leitores as constatações dos nossos estudos.
As leituras, aqui introduzidas, não são definitivas; portanto, outros estudiosos podem apresentar múltiplas interpretações dos teóricos citados nesta obra. Priorizamos o recorte específico das principais contribuições de cada autor abordado que, certamente, ajudará nas reflexões acerca da formação continuada de professores: práticas de ensino e transposição didática que ora compartilhamos. Ponderamos essa colocação em nosso trabalho, apresentando alguns modelos teóricos em que se inserem os conceitos em discussão.
Nessa trajetória, o referencial teórico sobre a transposição didática fundamentou-se em: Almeida (2007), Astolfi (1995), Brito Menezes (2007), Chevallard (1991; 2009), Lerner (2002), Machado (2010), Mello (2004), Polidoro e Stigar (2010) e outros. Chevallard (2009)¹ apresenta a transposição didática como a passagem do saber científico abordado na formação continuada, para o saber aprendido. Assim sendo, o saber científico sofrerá várias transformações, passando por um nível intermediário, saber a ensinar, até que se configure como um saber ensinado e um saber aprendido. Transformações estas que sugerem modificações, até chegar à sala de aula. O conhecimento, em todos os campos do saber, avança com rapidez; os educadores precisam qualificar-se para acompanharem o processo de transformação permanente que afeta todas as instituições.
Buscamos apoiar-nos também nos autores: Alarcão (1991; 1996; 1998), Cortella (2008), Delors (1996; 2005), Feldmann (2004; 2009), Fanfani (2005), Fusari (1988; 1992), Freire (1988; 1991; 1992; 1996; 2004; 2005), Gatti e Barreto (2009), Lerner (2002), Libâneo (2003), Mizukami (2002), Noffs (2003), Nóvoa (1995), Pimenta (1994; 1999; 2004; 2005; 2010), Sacristán (1999), Schön (1995; 2000) Silva e Espósito (2011), Tardif (2002; 2005), Zabala (1998) entre outros, que se reportam à formação continuada como uma atividade inovadora da instituição escolar e possibilita aos professores
[...] preverem atividades e intervenções que favoreçam a presença na sala de aula do objeto de conhecimento tal como foi socialmente produzido, assim como refletir sobre a sua prática e efetuar as retificações que sejam necessárias e possíveis. (LERNER, 2002, p. 35)
Por isso, diante da relevância da formação continuada e transposição didática para os educadores, trilhamos um caminho acompanhando as atividades pedagógicas desenvolvidas na Formação Continuada de Professores de Ciências do Ensino Fundamental II, na Rede Pública de Cajamar, SP, realizadas na Secretaria de Educação e na escola pesquisada. A formação proposta possibilitou ao professor participante da pesquisa implementar experiências significativas no cotidiano da escola, levando os alunos a (re)construírem os conceitos, refletirem e discutirem suas conclusões próprias no processo de aprendizagem.
Vale ressaltar que, nas atividades pedagógicas de transpor os saberes científicos para o ambiente escolar, o principal meio que contribuiu foi a formação continuada, por intermédio das Horas de Trabalho Pedagógico (HTPs), que aconteceram na escola, com a seguinte distribuição: três horas de trabalho pedagógico coletivo cumpridas na unidade escolar, para que os educadores tivessem a oportunidade de tratarem dos assuntos pedagógicos e quatro horas de trabalho pedagógico em local de livre escolha. Assim, entendemos o significado dos encontros de formação para o professor (P) participante da pesquisa, a partir da transcrição da entrevista em dezembro de 2010.
Nas HTPCs² são discutidos assuntos pontuais da escola e também direcionamentos voltados à prática em sala de aula, esses direcionamentos e discussões foram muito valiosos e pontualmente utilizados em minha prática cotidiana.
Vale informar que, nos encontros de HTPCs, o professor de Ciências recebeu subsídios dos conteúdos específicos dos formadores, teve possibilidade de trocar informações com seus pares e, assim, foi possível elaborar um planejamento com os conhecimentos e saberes a serem ensinados e os alunos tiveram acesso aos conteúdos previstos de um modo contextualizado. Apesar desse fato, constatamos simultaneamente alguns impasses, como dificuldades na compreensão de conceitos e necessidade de aprofundamento.
Segundo o professor (P), [...] os alunos sabem que desmatamento e queimadas agridem o ambiente, mas não atribuem as razões dessas agressões ao modelo de desenvolvimento adotado pelas sociedades humanas
; ou então: [...] tentamos implantar a coleta seletiva de lixo, mas sem sucesso
. Apresentaremos esses e outros dados coletados, nas aulas de Ciências da 5.ª série A (6.º Ano) do ensino fundamental II, cujo tema selecionado foi a questão ambiental, na quarta parte desta obra.
As reflexões do professor sobre a questão ambiental são pertinentes, pois sabemos que a falta de cuidado com o meio ambiente afeta todos os setores da sociedade, inclusive a educação. Acompanhamos, na Secretaria de Educação de Cajamar, propostas que estimularam os professores a repensarem continuamente as suas práticas pedagógicas e buscarem na formação continuada novos conhecimentos por meio de contínuas capacitações, a fim de estarem sintonizados com os fatos que ocorrem no mundo.
Os professores são profissionais responsáveis pela mediação dos saberes e desempenham papéis importantes na educação dos alunos. Por isso, precisam estar atualizados e aptos a enfrentarem as mudanças socioculturais e tecnológicas que aparecem no cotidiano escolar. Essas mudanças afetam diretamente a escola e precisamos ter um compromisso bem maior com a educação, pois os alunos têm informações atualizadas no mesmo instante em que são produzidas e proporcionadas pelas mídias interativas. E é para esse perfil de alunos que temos que olhar, modificando nossas práticas, nossas escolas e a formação de novos educadores.
Perante essas questões, propomos discutir o seguinte problema: há transposição didática dos conhecimentos científicos estudados pelo professor na formação continuada e em sua prática cotidiana de trabalho? Talvez nos pareça tão óbvio que o papel da formação continuada é proporcionar ao professor um espaço de formação para que ele, de posse de um determinado saber, consiga repensar-se permanentemente. A preocupação primeira é o professor e a sua cultura profissional. Se há espaço: o que significa esse espaço ao professor que dele participa? Portanto, esta questão merece ser pesquisada para se ter uma compreensão de como os professores aprendem conceitos científicos e como os movimentam na sua prática profissional com os alunos em sala de aula.
Partimos da hipótese de que a formação continuada é um espaço de reflexão e discussão, que contribui na busca do conhecimento e ajuda o professor a fazer a passagem do saber científico, para saber a ensinar e, sucessivamente, para o saber ensinado e saber aprendido. Transformações estas, que sugerem modificações, até chegarem à sala de aula (CHEVALLARD, 2009). Contudo, ressaltam (GATTI; BARRETTO, 2009) que há um impasse que atinge os educadores de nosso país, embora com conhecimentos específicos advindos de sua formação inicial, há falta de aprimoramento pedagógico dos professores.
Portanto, a