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Os Melhores Contos de Lima Barreto
Os Melhores Contos de Lima Barreto
Os Melhores Contos de Lima Barreto
E-book182 páginas2 horas

Os Melhores Contos de Lima Barreto

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Sobre este e-book

Lima Barreto (1881-1922) foi um importante escritor do Pré-Modernismo -- período histórico que precedeu a Semana de Arte Moderna -- tendo por companhia autores como Machado de Assis e Euclides da Cunha. Foi um grande cronista e contista e é também conhecido como o "o romancista da primeira república.". Hoje Lima Barreto é revisitado e valorizado por, além de suas virtudes literárias, levantar questões que afloram nos debates sociais, como o racismo e o preconceito. Este ebook, assim como ocorreu nos outros volumes da "Coleção Melhores Contos", é uma amostra selecionada de seus melhores contos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de mar. de 2019
ISBN9788583862628
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    Os Melhores Contos de Lima Barreto - Lima Barreto

    cover.jpg

    Lima Barreto

    OS MELHORES CONTOS

    Coleção Melhores Contos

    1ª. Edição

    img1.jpg

    ISBN: 9788583862628

    São Paulo

    A LeBooks Editora publica obras clássicas que estejam em domínio público. Não obstante, todos os esforços são feitos para creditar devidamente eventuais detentores de direitos morais sobre tais obras. Eventuais omissões de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas, bastando que seus titulares entrem em contato conosco.

    Prefácio

    Estimado leitor

    Seja bem-vindo a mais um título da coleção Melhores Contos. Uma seleção de contos escritos em épocas distintas, por autores de nacionalidades distintas e com temáticas das mais variadas, mas que tem em comum uma enorme e talvez a mais importante qualidade literária: a de dar prazer ao leitor.

    Este ebook, assim como ocorreu nos outros volumes da Coleção Melhores Contos, é uma amostra selecionada dos melhores contos de Lima Barreto.

    Lima Barreto foi um escritor pré-modernista e teve por companhia autores como Machado de Assis e Euclides da Cunha. Ele explora em suas obras as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República e faz isso numa linguagem simples e direta, o que lhe rendeu muitas críticas em sua época. Mas seus contemporâneos não souberam lhe dimensionar os méritos. Hoje Lima Barreto é revisitado e valorizado por, entre outras virtudes, levantar questões que afloram nos debates, como o racismo e o preconceito.

    Tenha uma excelente leitura

    LeBooks Editora

    O autor em dois momentos.

    Na crônica: Negócio de Maximalismo.

    "Não quero fazer revoltas; não as aconselho e não as quero; mas não devemos dar o nosso assentimento tácito a todas as extorsões que andam por aí.

    A troça é a maior arma de que nós podemos dispor e sempre que a pudermos empregar, é bom e útil. Nada de violências, nem barbaridades. Troça é simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo.

    O ridículo mata e mata sem sangue."

    Em: Diário do Hospício.

    Seu olhar, sempre enxuto e polido, tinha alguma névoa úmida, uma angustiosa expressão de dor de quem não sabe ou não quer chorar.

    Lima Barreto

    Sumário

    APRESENTAÇÃO:

    O autor: Lima Barreto

    Obras

    O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS

    O FEITICEIRO E O DEPUTADO

    ADÉLIA

    UM MÚSICO EXTRAORDINÁRIO

    A BIBLIOTECA

    UMA VAGABUNDA

    SUA EXCELÊNCIA

    NUMA E A NINFA

    UMA CONVERSA

    A CARTOMANTE

    O CEMITÉRIO

    NA JANELA

    TRÊS GÊNIOS DA SECRETARIA

    MILAGRE DE NATAL

    O ÚNICO ASSASINATO DE CAZUZA

    O NÚMERO DA SEPULTURA

    MANEL CAPINEIRO

    QUASE ELA DEU O SIM, MAS...

    FOI BUSCAR LÃ

    O JORNALISTA

    O TAL NEGÓCIO DE PRESTAÇÕES

    O MEU CARNAVAL

    FIM DE UM SONHO

    LOURENÇO O MAGNÍFICO

    EFICIÊNCIA MILITAR

    O PECADO

    CARTA DE UM DEFUNTO RICO

    APRESENTAÇÃO:

    O autor: Lima Barreto

    img2.jpg

    Lima Barreto (1881-1922) foi um importante escritor do Pré-Modernismo - período histórico que precedeu a Semana de Arte Moderna. Foi um grande cronista e contista e é também conhecido como o o romancista da primeira república..

    Infância e Adolescência

    Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em Laranjeiras, Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881. Filho do tipógrafo Joaquim Henriques de Lima Barreto e da professora primária Amália Augusta, ambos mestiços e pobres, sofreu preconceito a vida toda. Com sete anos ficou órfão de mãe. Por ser afilhado do Visconde de Ouro Preto fez o curso secundário no Colégio Pedro II. Ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro onde iniciou o curso de Engenharia.

    Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa. Em 1904, presta concurso para escriturário do Ministério da Guerra, é aprovado e permanece na função até se aposentar.

    Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918.

    Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando se tornou alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

    Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.

    Em 1909, Lima Barreto estreou na literatura com a publicação do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha. O texto acompanha a trajetória de um jovem mulato que vindo do interior sofre sérios preconceitos raciais. A obra, em tom autobiográfico, é um brado de revolta contra o preconceito racial e uma implacável sátira ao jornalismo carioca. A crítica social paira em um plano psicológico: muitas vezes quem fala é o próprio autor e não seu personagem narrador Isaías Caminha.

    Triste Fim de Policarpo Quaresma

    Depois de ter sido publicado em folhetos, Lima Barreto publica, em 1915, o livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, sua obra-prima. Nesse romance, o autor descreve a vida política no Brasil após a Proclamação da República, vista por um funcionário público.

    A obra narra os ideais e as frustrações do funcionário público, Policarpo Quaresma, homem metódico e nacionalista fanático. Sonhador e ingênuo, Policarpo dedica a vida a estudar as riquezas do país. Dentre os seus desejos está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.

    Além da descrição política do final do século XIX, a obra traça um rico painel social e humano dos subúrbios cariocas na virada do século.

    Estilo Literário e Características da Obra de Lima Barreto

    A obra de Lima Barreto, desenvolvida na primeira década do século XX, no período da primeira república, representou a fase de transição da literatura, em que as influências europeias vão se exaurindo e surge uma verdadeira renovação da linguagem e da ideologia. Esse período que não chegou a constituir um movimento literário chamou-se Pré-Modernismo. Entre outros autores do Pré-Modernismo destacam-se Euclides da Cunha e Monteiro Lobato.

    Embora os autores do Pré-Modernismo ainda estivessem presos aos modelos do romance realista-naturalista, se observa na obra de Lima Barreto, a busca por uma linguagem mais simples e coloquial. Lima Barreto procurou escrever brasileiro, com simplicidade. Para isso, teve de ignorar muitas vezes as normas gramaticais e de estilo, provocando a ira dos meios acadêmicos e conservadores.

    Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização. Ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados tradicionais. Explora em suas obras as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República.

    Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, com seu inconformismo com a mediocridade reinante e com a doença do pai, se entrega ao álcool. É levado a diversas crises, com verdadeiras manifestações de alienação mental. Foi internado duas vezes com alucinações fantásticas que o perseguem. No momento de lucidez inicia a redação do livro Cemitério dos Vivos, onde ele dizia: O abismo abriu-se a meus pés e peço a Deus que jamais ele me trague, nem mesmo o veja diante dos meus olhos como vi por várias vezes. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco ...

    Lima Barreto viveu apenas 41 anos. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 01 de novembro de 1922.

    Curiosidades

    No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel ia assinar em praça pública a Lei Áurea. Entre as pessoas que comemoravam a abolição estava o menino mulato, Lima Barreto, que aniversariava naquele dia. Guiado pela mão do pai, via uma multidão de escravos que aguardavam a liberdade. Muitos anos mais tarde, essas recordações marcaram sua obra.

    Ao se matricular na Escola Politécnica, Lima Barreto é interpelado por um veterano: Onde já se viu um mulato com nome de rei de Portugal?

    Quando cursava a faculdade, Lima Barreto estudava pouco, preferia ler os filósofos e publicar artigos no jornal da faculdade, assinando com o pseudônimo de Momento de Inércia.

    Obras

    Recordações do Escrivão Isaías Caminha, romance, 1909

    Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912

    Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915

    Numa e Ninfa, romance, 1915

    Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919

    Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923

    Clara dos Anjos, romance, 1948

    Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956

    Feiras e Mafuás, crônica, 1956

    Bagatelas, crônica, 1956

    Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956

    Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956

    Além de inúmeros contos.

    OS MELHORES CONTOS DE LIMA BARRETO

    O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS

    Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro, contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades para poder viver.

    Houve mesmo, uma dada ocasião, quando estive em Manaus, em que fui obrigado a esconder a minha qualidade de bacharel, para mais confiança obter dos clientes, que afluíam ao meu escritório de feiticeiro e adivinho. Contava eu isso.

    O meu amigo ouvia-me calado, embevecido, gostando daquele meu Gil Blas vivido, até que, em uma pausa da conversa, ao esgotarmos os copos, observou a esmo:

    –– Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!

    –– Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho aguentado lá, no consulado!

    –– Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.

    –– Qual! Aqui mesmo, meu caro Castro, se podem arranjar belas páginas de vida. Imagina tu que eu já fui professor de javanês! –– Quando? Aqui, depois que voltaste do consulado?

    –– Não; antes. E, por sinal, fui nomeado cônsul por isso.

    –– Conta lá como foi. Bebes mais cerveja?

    –– Bebo.

    Mandamos buscar mais outra garrafa, enchemos os copos e continuei:

    –– Eu tinha chegado havia pouco ao Rio e estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro, quando li no Jornal do Commercio o anúncio seguinte:

    "Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas, etc.

    Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro, andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os cadáveres. Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei, entreguei o chapéu ao porteiro, recebi a senha e

    subi. Na escada, acudiu-me pedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Java e à língua javanesa. Dito e feito. Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua aglutinante do grupo malaio-polinésio, possuía uma literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu.

    A Encyclopédie dava-me indicação de trabalhos sobre a tal língua malaia e não tive dúvidas em consultar um deles. Copiei o alfabeto, a sua pronunciação figurada e saí. Andei pelas ruas, perambulando e mastigando letras.

    Na minha cabeça dançavam hieróglifos; de quando em quando consultava as minhas notas; entrava nos jardins e escrevia estes calungas na areia para guardá-los bem na memória e habituar a mão a escrevê-los. À noite, quando pude entrar em casa sem ser visto, para evitar indiscretas perguntas do encarregado, ainda continuei no quarto a engolir o meu a-b-c malaio, e, com

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