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Sete livros Sete pecados
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E-book181 páginas2 horas

Sete livros Sete pecados

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Sobre este e-book

Andrés, o inspetor da Polícia Judiciária do corpo da UCO de Madri, foi destinado a Girona para esclarecer um crime que seria difícil de se esquecer.
Um mês antes, o assassino havia escolhido o modo tradicional para enviar seus manuscritos.
Mãos trêmulas deixaram sobre o balcão dos Correios o envelope de quatrocentas páginas impressas.
Era seu primeiro livro. E depois deste haveria seis outros, todos rejeitados por vários editores, porém seu sétimo seria sua obra prima.
Andrés, fumante assíduo e com suas próprias regras para trabalhar, conhece Marta, uma jovem hacker com um passado dramático que o ajudará a decifrar as mensagens escritas com o sangue das vítimas deixadas pelo assassino.
Andrés e Marta estão a dois passos à frente da Polícia Judiciária de Girona, e o assassino está a um passo à frente deles. Isso desata uma corrida contra o tempo em um thriller inesquecível.
“Eu não sou o primeiro, tampouco o último”, escreve sempre o assassino. Eles deverão decifrar as mensagens para encontrar o assassino e evitar uma nova morte.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento1 de mar. de 2020
ISBN9781071535639
Sete livros Sete pecados

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    Sete livros Sete pecados - Claudio Hernández

    Sete livros

    Sete pecados

    ––––––––

    Claudio Hernández

    Primeira edição do eBook: Junho de 2017.

    Título: Sete livros Sete pecados.

    ©  © 2017 Claudio Hernández.

    ©  © 2017 Arte da capa: Claudio Hernández

    ©  © Correção: Tamara López

    ©© 2020 Tradução: Leandro Allender

    ––––––––

    Todos os direitos reservados.

    ––––––––

    Nenhuma parte desta publicação, incluindo a arte da capa, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer maneira ou por nenhum meio, seja eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação, pela internet ou fotocópias, sem permissão prévia do autor ou editor. Todos os direitos reservados.

    Dedico este livro a minha esposa Mary, que aguenta todos os dias criancices como esta. E espero que nunca pare de fazê-lo.

    Prólogo

    Havia escolhido o modo tradicional para enviar seu manuscrito. Um par de mãos trêmulas deixaram sobre o balcão dos Correios o envelope de quatrocentas páginas impressas. Era seu primeiro livro. O funcionário dos Correios estampou com um golpe forte o selo no envelope, envolto em um papel marrom ruidoso e perfeitamente alisado. Um barbante, como as primeiras linhas de uma teia de aranha, envolvia o pacote, que pesava mais de um quilo. O funcionário, sem levantar a vista do envoltório, devolveu-lhe um formulário carimbado. E isso foi tudo.

    Podia haver enviado seu manuscrito por e-mail, sim, mas ele era muito meticuloso para suas coisas, e demasiado desconfiado. Tampouco queria sentar-se em frente ao editor, no caso de que aceitassem seu livro. Ele já havia decidido que o enviaria como correspondência. Muito menos utilizaria o telefone, porque sua voz trêmula o delataria.

    Um mês depois, o inspetor de polícia, Andrés, teve que ver, enquanto seu estômago se revolvia, todos aqueles pedaços de carne pregados na parede, sob uma inscrição feita com o sangue da vítima, que dizia: Eu não sou o primeiro, nem o último. Deve decifrar a mensagem para seguir minha pista e descobrir o nome da próxima vítima.

    Esta última palavra estava escrita ao lado de uma orelha. Um pouco afastado, havia uma mão cravada com um prego enorme. A cama, tingida de vermelho, servia de repouso para restos de vísceras e um manuscrito ensanguentado. Que descansava sobre o colchão, com um laço rosa e um bilhete. Eram as duas únicas pistas das que dispunham para tentar desencriptá-lo.

    ––––––––

    1

    Andrés López havia chegado de Madri ao redor das três da tarde, em um trem rápido e com cheiro de cloro. Seu relógio estava sempre atrasado dez minutos. Ele era um dos inspetores de polícia de uma unidade especializada em assassinatos não resolvidos. O novo corpo, especializado nesses casos, nutria-se da ampla experiência da Guarda Civil e da Polícia Judicial. Estes eram os mais experientes e podiam atuar em todo o território espanhol sem dar explicações à Polícia Local, fossem quais fosses as competências destes últimos.

    Embarcou na estação de Girona, sob o ruído da máquina locomotora do Talgo que soprava como uma enorme besta, respirando por traqueias invisíveis, que lançavam ao ar frio daquele inverno, os halo de vapor que se espalhavam no céu, como a fumaça de um cigarro.

    Seus olhos claros tentavam esconder inquietantes olheiras.  Tinha os cabelos grisalhos um pouco grandes. Seu nariz era proeminente, seus lábios, secos e finos. Tinha a pele escura, curtida e áspera, como castigada pelos constantes raios de sol, que na verdade ele não tomava, e sempre estava bem afeitado. Em seus lábios jamais faltava um cigarro aceso, como uma minúscula libélula. Aspirava o alcatrão e depois lançava a fumaça pelas fossas nasais, como fazia a máquina do Talgo em sua chegada.

    Não gostava de apresentar seus distintivos, nem seguir as diretrizes do corpo policial na forma de se vestir, por isso, era rebelde, e usava sempre calças jeans justas e uma camisa aberta a meio peito. Sobre a camisa, usava seu eterno sobretudo longo, escuro e gasto pelo tempo. Seu calçado favorito eram os mocassins de ponta fina. Tinha suas raridades. E não, não acreditava em Deus e, na falta de seu pai, seu ser mais amado, havia se transformado em um ser arisco e de semblante sério. Não sorria nunca. Felizmente, sua mãe ainda estava viva.

    Houvera gostado de usar um Roles, mas seu salário não dava para tanto, assim que tinha que conformar-se com o Festina que usava. No dedo mindinho de sua mão direita, usava um anel de ouro, que pertenceu a seu pai e que ele retirou quando estava dentro do caixão. Não usava aliança, porque não era casado nem comprometido. Ainda que saísse com algumas garotas, quando não lhe pediam nada em troca.

    Sem bagagem, com sua carteira de couro em um bolso e dois maços de Winston no outro, saiu caminhando pela plataforma a passos largos e o corpo ligeiramente inclinado em direção às escadas que o levariam ao interior da estação de trens.

    Lá dentro, situada sob as vias, procurou pela tradicional banca de jornais.  As pessoas iam e vinham, em um ritmo constante, dentro do enorme edifício de chão liso e recentemente encerado. Viu uma loteria, uma loja de bugigangas e a cabeça de um velho que se interpôs entre seu olhar e a banca, que estava situada ao final da fila de lojas.

    Não sorriu, nem moveu um centímetro sequer seus lábios, que sustentavam o que restava do cigarro. Começou a andar entre a multidão carregada de malas, abrindo caminho entre eles. A suas costas estavam as bilheterias. Caminhou com passos ruidosos durante vários metros pela, pelo menos em comparação a de Barcelona e Madri, mediana estação. Ainda assim, era enorme.

    Estava ao lado da banca que se escondia em um canto, à esquerda, quando segurou o cigarro e o tirou ao chão. Seus olhos se fixaram nas capas dos jornais que estavam pendurados, detrás do vidro do balcão.

    Tem o jornal local? perguntou Andrés com sua voz rasgada. Seu olhar era impassível.

    O jornaleiro, um homem jovem e obeso, ao contrário de Andrés, que era apenas pele e ossos, mostrou-lhe seu mais estúpido sorriso e lhe apontou um dos jornais.

    Avui. É o jornal local, disse sem apagar o sorriso de sua cara estúpida.

    E que diabos é isso?

    O jornal de Girona, explicou o jornaleiro, aumentando ainda mais seu sorriso.

    O que significa avui?

    Hoje. É catalão. É o jornal local por excelência.

    Andrés o olhou de soslaio, com seu semblante sério, e teve vontade de acender outro cigarro.

    Dê-me um jornal que eu entenda, mas que tenha notícias da região, disse Andrés limpando a garganta.

    O estúpido sorriso do jornaleiro desapareceu imediatamente.

    Aqui está, senhor. O jornaleiro lhe mostrou a capa de um jornal maior que os outros. É o Vanguardia. É o mais amplo de todos e abrange toda a comunidade de Catalunha. Ou prefere o Periódico?

    Necessito de um que tenha as notícias daqui, de Girona. A garganta de Andrés estava áspera e a limpou novamente. Tossiu e pensou que aquilo tudo já estava começando mal.

    Qualquer dos dois lhe mostrará as notícias regionais. O estúpido sorriso do jornaleiro regressou ao seu rosto. Sobre tudo, os acidentes de trânsito e assassinatos.

    Bem, meu jovem, agora você me deu uma alegria. Assassinatos.

    O jornaleiro deixou de sorrir e abriu espantosamente os olhos, tão brancos como uma bola de bilhar.

    Andrés pegou o Vanguardia e o Periódico das mãos do jornaleiro, que continuava atônito.

    Os acontecimentos estão na parte final, senhor, disse o jovem.

    Alguém lhe perguntou alguma coisa?

    A cara do jornaleiro agora ficou vermelha, e seus lábios se fecharam na forma de um ânus.

    Andrés foi passando as páginas de ambos jornais, apoiando-os sobre as demais revistas do balcão, sob uma abertura parecida a uma janelinha. Releu-as todas enquanto uma velha, com um guarda-chuva pendurado em seu braço raquítico, fazia gestos com sua cabeça cadavérica.

    São dois euros, senhor, disse o jornaleiro com o entusiasmo evaporado como uma nuvem de vapor.

    Andrés revirou seu sobretudo e retirou a carteira. Seus dedos se introduziram nela após abrir o zíper e apalpou uma moeda de dois euros. Retirou-a entre seus dedos indicador e polegar e a entregou ao jornaleiro. Este abriu a mão.

    Aqui está, disse Andrés e deu meia volta, abandonando ali os dois jornais abertos, mostrando ao teto as notícias do dia.

    A moeda de dois euros repousava sobre uma das páginas.

    Senhor, esqueceu os jornais!

    Andrés estava a uns três metros de distância, tentando retirar um novo cigarro do maço, enquanto dava largos passos com a barra do sobretudo ondulando pela plataforma da estação. Faltava-lhe apenas um chapéu.

    Limpe a bunda com eles.

    A velha franzina levou a mão à boca e o jornaleiro ficou sem palavras.

    Andrés levou o cigarro aos lábios secos e revirou os bolsos pensando onde havia deixado o isqueiro. Sempre mudava de lugar. Finalmente, encontrou-o quando já estava diante da porta de saída. Uma daquelas que zumbam quando se abrem e quase tão transparentes que você pensa que estão abertas e então dá com a cara no vidro, diante do olhar de todos.

    Encontrou o isqueiro.

    Deteve-se no meio da porta, que permanecia aberta, e a faísca da pedra do isqueiro acendeu uma pequena chama que aproximou a um extremo do cigarro. Aspirou lenta e profundamente, e o cigarro se acendeu como os próprios olhos do diabo. Um segundo depois, a fumaça escapou de suas fossas nasais para cima e para os lados, deixando um aroma inquietante a alcatrão queimado no ar.

    O frio lhe golpeou o rosto como uma bofetada de mão aberta. Fechou o sobretudo.

    Diante dele, após dar alguns passos, estavam os taxistas em fila indiana, esperando um novo cliente. Dirigiu-se ao começo da fila composta por cinco carros com letreiros que diziam Livre ou Disponível. Fixou-se na cor verde que as iluminava.

    À rua Albéniz, disse Andrés olhando o relógio em seu pulso. Vamos à cena do crime.

    O quê? perguntou o taxista aturdido.

    E Andrés não respondeu.

    ––––––––

    2

    Necessitava vê-los. A rua, as pessoas, a localização. Procurava coisas interessantes antes de ver a cena do crime. Era intuitivo e poucas vezes se equivocava.

    Senhor, a rua Albéniz não existe. Seria o cinema Albéniz. Este estava situado na Praça da Independência, explicou o taxista enquanto seu dedo indicador apertava o botão do taxímetro. Agora é um centro de cinemas chamado Cinemas Albéniz Centre e está na parte posterior do antigo cinema Albéniz.

    Quando terminou o falatório, Andrés se deu conta de que as coisas haviam mudado muito em Girona, lugar onde cresceu e ao que, por causa de seu trabalho, voltava trinta anos depois. Mas lhe dava a sensação de que tudo havia mudado de forma drástica. E que havia esquecido o catalão.

    Você me leva ao edifício onde estava o cinema Albéniz nos anos oitenta, disse Andrés já sem seu cigarro nos lábios. Era proibido fumar dentro do táxi.

    À Praça da Independência, então, disse o taxista, colocando a primeira marcha e acelerando suavemente.

    Andrés franziu o cenho desde a parte de trás do carro.

    Puta que pariu, sussurrou, mas o taxista o escutou.

    O quê?

    Nada. Continue dirigindo.

    Sentiu a necessidade de acender outro cigarro.

    3

    Marta estava debruçada sobre o teclado de seu laptop, tentando decifrar uma frase criptografada com o código Enigma, o mesmo que os alemães haviam usado na Segunda Guerra Mundial. Como Alan Turing decifrou a primeira versão da máquina Enigma, isso não era mais um segredo. Foi usada para escrever thrillers extensos que giravam em torno dessa máquina de criptografia de mensagens e texto. Agora era um jogo disponível para todos.

    Era boa, ela realmente conhecia tudo. Os sistemas de criptografia DES, IDEA, AES, RSA e um tipo longo e interminável de sistemas criptográficos, eram um jogo para ela.

    Mas Marta não havia esquecido seu passado e porque começou a usar mensagens criptografadas com a mais simples das ocorrências: Mova as letras três posições

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