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O Reino Dourado: em nome de Fanom
O Reino Dourado: em nome de Fanom
O Reino Dourado: em nome de Fanom
E-book479 páginas6 horas

O Reino Dourado: em nome de Fanom

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Sobre este e-book

Romance de fantasiaNuma época dominada pela nobreza e cavalaria feudal, um reino vive um período de prosperidade graças às riquezas encontradas nas regiões montanhosas. Na mais rica dessas cidades, Novas Lavras do Sul, a disputa pelas cavernas resultou em guerra entre os humanos e os kobolds, ambos adoradores de Fanom, deus da terra e das rochas.Na medida em que o ouro chega aos cofres da cidade, o ambiente fora das minas também se torna pouco amistoso, arrastando as pessoas para um mundo de falsidade, intriga e opressão dentro e fora do poder.As conspirações para derrubar o governo da cidade e as disputas dentro das minas ainda escondem um grande mistério que agora, no auge do poder da cidade, pode pôr um fim à prosperidade deste reino dourado.
IdiomaPortuguês
EditoraEstronho
Data de lançamento16 de mar. de 2022
ISBN9788594580573
O Reino Dourado: em nome de Fanom
Autor

Roman Schossig

Roman Schossig nasceu em Rio Negro, Paraná, no dia 27 de Março de 1981. Em 2000 iniciou o curso de História na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vindo a se formar em 2003. Em 2014 formou-se em Letras-Português, bacharelado, na Universidade Federal do Paraná. Suas atividades literárias se iniciaram por volta de 1999 com seus primeiros contos no estilo fantasy. Em 2002 foi vencedor do I Concurso de Romances Juvenis promovido pela Editora Peregrina e pela Academia Paranaense de Letras com seu romance O Olho do Céu, que seria publicado em 2004. Em 2005 o mesmo livro recebeu a láurea Prosa do Prêmio Apollo Taborda França de Literatura, promovido pelo Rotary Club “Alto da Glória” de Curitiba.

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    O Reino Dourado - Roman Schossig

    PRÓLOGO

    A

    s batidas de picaretas sobre a terra e as rochas ecoavam pelo túnel. A elas misturavam-se os passos dos mineradores, seus pigarros e murmúrios. Misturava-se ainda o barulho das pedras caindo sobre o chão e também das ferramentas de um trabalhador fazendo algum reparo nos rudimentares trilhos. Ao fim, juntava-se a estes sons o do conteúdo encontrado sendo despejado no carrinho de mina. Tantos eram os sons, enfim, que para as mentes e ouvidos mais apurados lembrariam uma orquestra de percussão.

    Para os que lá trabalhavam, dia após dia, naquele mesmo ritmo, o barulho era cotidiano e já estava tão interiorizado que se alguém se pronunciasse fazendo tal comparação, certamente seria recebido com olhares curiosos, espantados e até debochados.

    O que importava a eles o som? Àqueles trinta mineradores interessava o tal conteúdo que despejavam sobre o carrinho. O conteúdo que brilhava. O ouro. Este sim parecia cantar uma doce canção aos ouvidos, e quanto mais achavam, mais alto aquela música soava na alma e tanto mais eles batiam com suas picaretas na terra. Assim, a peculiar orquestra se acelerava.

    Foi então que ocorreu. E o tal ocorrido fez acelerar o coração até do mais fleumático minerador. Um certo Deriano, jovem minerador de não mais do que 16 anos, bateu com sua picareta numa rocha até ceder e provocar um pequeno desmoronamento. Por trás daquelas pedras, revelou-se outro túnel... Ou melhor, uma caverna. A passagem era ainda pequena, mas ele, em seu porte esguio, passou tranquilamente.

    – Acho que encontrei outra mina – gritou já na passagem. – Vejo algo brilhar.

    Todos os demais, que já haviam estranhado o som do pequeno desmoronamento, imediatamente olharam para aquela direção e bradaram um sonoro não!, ou volte aqui!. Tomando a iniciativa, o capataz correu esbaforido até ele e o puxou pelas vestimentas de volta ao túnel.

    – Em nome de Fanom! – exclamou ele, ainda esbaforido. – Fechem esse buraco rápido! Nunca mais faça isso, rapaz!

    Os mineradores, despertos do susto, foram até o túnel e o taparam com a rapidez que puderam.

    – Você está bem, garoto? – indagaram.

    – Estou, mas por quê...?

    – Primeiro nos responda – falou o capataz –, o que você viu lá?

    – Eu não vi nada, estava escuro. Tinha apenas duas luzes fracas.

    – Como eram as luzes? – perguntou outro minerador. – Que cor tinham?

    – Eram luzes brancas, bem pequenas – respondeu Deriano.

    – Droga, Larzo! – bradou o capataz. – Por que não nos avisou disso?

    – Não consta essa caverna no meu mapa – respondeu o tal Larzo, homem alto e de pele marrom, abrindo o rudimentar mapa antes mesmo que o capataz chamasse a sua atenção. – Essa galeria não deveria estar aqui. Precisarei avisar ao barão.

    – Faremos isso. E vocês todos, vamos cavar para o outro lado.

    – Mas do que se trata? – indagou Deriano. – O que há naquela galeria?

    – Você veio de outras terras e talvez não os conheça – explicou o capataz –, aquilo que você viu eram as piores bestas que se pode encontrar nessas cavernas. Nem as cobras, nem ratos e tampouco morcegos. Aqueles eram os kobolds.

    – Kobolds?

    – Estou ouvindo alguma coisa – comentou um minerador que acabava de ajudar a tapar a fenda.

    – Que praga! Eles viram Deriano – tornou a falar o capataz. – Vamos! Todos vocês, juntem tudo. Vamos embora daqui!

    Tão rápido quanto possível, os mineradores recolheram os utensílios que cabiam em suas mãos, depositaram no carrinho e o empurraram para longe dali. Deriano, desconhecendo o perigo que os espreitava, estava menos preocupado em colocar-se em segurança do que com o lampião que acabou derrubando em meio à algazarra.

    – Venha, Deriano! – ordenou o capataz, um dos últimos a deixar o túnel.

    Como o jovem não parecesse inclinado a compartilhar daquele estado alerta de espírito, o capataz o puxou com força pela gola da camisa.

    – Mas e o lampião... – falou Deriano.

    – Que se dane o lampião – retrucou o capataz. E, enquanto se afastavam, puderam olhar uma última vez para o túnel. Das frestas da passagem aberta por Deriano passou uma névoa densa que, em poucos segundo, apagou o lampião.

    Outras passagens seriam cavadas. Outras vezes Deriano minerou, chegou até a encontrar ouro, mas nunca se esqueceu daquele dia, da passagem que abriu e da excitação que causou a escuridão total e aqueles ameaçadores, porém fantásticos, olhos brilhantes. Nunca se esqueceu daquele nome que o fez prometer um dia explorar as cavernas e vê-los de perto: os kobolds.

    Passaram-se dias, meses e anos. A picareta foi trocada pela espada, e a promessa foi cumprida. Tendo resultados e consequências que ele jamais imaginaria.

    ooo

    Pouco distante das minas, anos depois, outro grupo se reunia. O cenário era uma simples taberna nos porões de uma casa. Entusiasmados, eles costumavam comer, beber e entoar canções, mas aquela última noite não tinha sido rumorosa nem alegre. Metade dos homens havia comparecido, dialogando mais por meio de olhares e suspiros.

    Fora uma noite longa. Alguns, meneando a cabeça negativamente e murmurando algo sobre fugir enquanto havia tempo, deixaram o recinto pouco depois da meia-noite. Apenas três permaneceram ali até a alvorada: Nender, Karlo e Julius, todos  proprietários das minas de exploração.

    Nender, um sujeito de pele bronzeada, cabelos negros e cacheados, típico habitante das pequenas vilas de Rorise, nada tinha em sua terra, mas recebeu do rei, naquela nova cidade, um bom pedaço de chão, num projeto de encorajamento das regiões remotas do reino.

    Karlo, de rosto oval e cabelo castanho escorrido, era burguês emergente. Em outros tempos fora um carroceiro. Mudou-se para a cidade, atraído pela notícia do achado de ouro nas redondezas. Num gesto suicida, vendeu tudo para comprar um único pedaço de chão, onde não encontrou nada. Como já não tinha qualquer coisa a perder, tentou novamente a sorte, comprando de um nobre outro pedaço de terra, prometendo pagar-lhe com o lucro que a terra daria. Desta vez, encontrou uma boa mina que possibilitou pelo menos quitar todas as dívidas.

    Julius, da mesma maneira, foi atraído por esses boatos. Sua ascendência era nobre, porém o nome da família estava manchado por rixas com famílias mais poderosas, e pelos cofres vazios. Humilhado por se ver e ser tratado como escória da sociedade, vendeu as terras, por menos da metade do valor, e mudou-se para a nova, onde também encontrou uma pequena mina. Era, além disso, um homem bastante sábio. Na cidade inteira, era referência em erudição, além de ser para todos os que ali se reuniam, o mais sensato.

    – Logo amanhecerá – observou Karlo, finalmente, após horas de silêncio.

    – Até agora nenhuma notícia dos demais – falou Julius, com metade do corpo jogado sobre a mesa.

    – Droga! – praguejou Karlo – Será que eles foram todos capturados?

    – Se foram, nossos planos estarão destruídos – vaticinou Julius.

    – Karlo, você acha que ainda podemos manter nossas minas? – indagou Nender bocejando, como se acabasse de acordar.

    – Minas? Teremos sorte se nos deixarem com vida – respondeu Karlo. Então, num acesso de raiva, bateu na mesa com o punho cerrado. – Maldição! Será que tudo terminará assim, de maneira tão miserável?

    – Miserável... – falou uma quarta voz, pertencente ao dono da casa e taberneiro. – Você é exagerado demais. Do jeito que estão agindo, parece que estão já condenados. Acalmem-se.

    – Quiner tem razão, Karlo – ponderou Julius. – Estamos há horas aqui, nos remoendo de preocupação. Ditando mentalmente os nossos testamentos, como se, a qualquer momento, os guardas da cidade arrombassem a porta e nos arrastassem até a prisão.

    – É isso que eu quero dizer – reforçou Quiner. – Eu não sou membro dessa conspiração, nem simpatia pela causa tinha quando vocês começaram a usar meu recinto para reunirem-se. Posso ser condenado à morte por isso. Eu, que nada tenho com essa história, serei o mais punido por ser dono do recinto e por ser de posição social inferior a qualquer um de vocês. Tenho ainda esposa e o meu pequeno Quino para sustentar. Mesmo assim, estou mais calmo do que vocês.

    – Não diga que nada tem com isso, porque não é para aumentar nossas posses que estamos lutando, mas por todos dessa cidade. É para dar justiça a gente como você que estamos nos arriscando – resmungou Karlo, embora a maioria dos conspiradores não pensasse exatamente assim.

    – Seja o que for – falou Quiner –, o dia está quase amanhecendo. Dentro de algumas horas chegarão os soldados que o administrador mandou para as minas. Se eles encontraram seus esconderijos e os outros conspiradores, isso é algo que só saberemos quando chegarem. Agora se sentem que eu vou preparar algo para comermos.

    – Se é minha última refeição aqui, que seja aquele prato que gosto – falou Julius.

    Quiner foi à cozinha e logo o som dos talheres se juntou aos ruídos que vinham da escada. Os três conspiradores ficaram imóveis.

    – Merins – suspirou Karlo, aliviado quando o companheiro entrou – descobriu alguma coisa?

    Merins tinha uma estatura mediana, corpo volumoso e rosto bem avermelhado. Era um sacerdote de média hierarquia. Através dele, os conspiradores sabiam o que ocorria no mundo sacerdotal.

    – A guarda citadina entrou em confronto com um grupo armado, perto da Estrada Real – disse ele.

    – É o nosso reforço, os mercenários contratados por Uto – falou Karlo apreensivo. – Ele falou que os manteria lá para distrair os soldados de Maro. Se isso acontecer, a guarda citadina será atraída para um falso esconderijo, onde serão encurralados.

    – Louvado seja Fanom – exclamou Nender. – Então ainda temos uma chance.

    Os quatro sentiram certo alívio e se dispuseram a comer e a trocar ideias sobre os próximos passos do plano. Foi então que sons de trombetas se fizeram ouvir, vindos de cima da montanha. Rapidamente subiram as escadas, a fim de ver se eram ou não os soldados de Maro. E de fato, eram. Os estandartes da vitória estavam de pé e reluziam com o sol nascente. Ouvia-se o som triunfante das trombetas e a divisão voltava, quase tão numerosa quanto partira. Eles ainda conseguiram ver que, sobre uma carroça, várias pessoas estavam amarradas como prisioneiras. Dentre elas alguns dos mercenários de Uto, e... o próprio.

    Tudo parecia perdido...         

    PARTE I

    A PÉROLA DA

    SERRA DOURADA

    "Em seu zelo outro espírito não obra

    Mais que o amor do seu Rei: isso lhes sobra.

    Abertas as montanhas, rota a serra,

    Vê converter-se em ouro a pátria terra"

    (Claudio M. da Costa, Vila Rica)

    I

    N

    aquela manhã, na medida em que a tropa avançava, Andrus apoiava seus braços sobre a cadeira perante uma janela do edifício administrativo. Dali via-se o sol nascente que dourava a cúpula da nova construção daquela cidade, a pérola da Serra Dourada. Por um momento ele ali se manteve meditabundo, talvez reparando a glória e esplendor que a cidade apresentava, ou então relembrando algum fato remoto que guardava dentro de sua cabeça há muito calva, sobre um rosto que o tempo enrugou.

    – As tropas estão voltando e a construção está quase pronta – murmurou ele enfim. – Graças aos deuses tudo terminou bem.

    – Para a maior glória da cidade – acrescentou outra voz, a de um homem mais jovem, de estatura alta e rosto imberbe, trajado como um soldado de alta patente.

    – Custou-nos muito a obra – tornou a falar Andrus. – Por um momento cheguei a pensar que ela não seria concluída antes que a deusa Néftis me arrebatasse deste mundo.

    – Graças aos deuses, também aquela conspiração caiu tão rápido quanto se ascendeu – tornou a falar aquele homem.

    – Tu fizeste um ótimo trabalho – falou Andrus ainda na mesma posição, sem virar o rosto para seu interlocutor. – Não fosses um bom comandante militar, esta cidade estaria hoje nas mãos deles. Sabe o que isso significaria, Maro?

    – Não, excelência – respondeu –, mas imagino.

    – Destruição, Maro – falou Andrus num tom dramático. – Destruição de tudo que construímos. A vida minha e de meus antecessores, então empregada no intenso trabalho de administração dessa cidade, teria sido em vão.

    – Os conspiradores não tinham forças – contrapôs Maro meneando a cabeça negativamente. – Nem ao menos união eles tinham. A carta anônima que recebemos, denunciando o esquema, demonstra ter vindo de alguém muito próximo a eles.

    – Provavelmente, eles já tinham a ideia do que poderia vir a acontecer – replicou Andrus finalmente voltando seu rosto para Maro.

    – De qualquer forma – continuou Maro após encolher os ombros – nada de mal ocorreu. Vê lá longe? Lá brilha as mil espadas que garantem a ordem na cidade. Os estandartes estão erguidos, o som das trompas é agradável e triunfante. A missão foi cumprida.

    – Excelente. E por falar em esconderijos, como está o problema da caverna?

    – Os kobolds?

    – Não, o outro.

    – Ah... Fugiu para as profundezas. Certamente não incomodará mais.

    – Então poderei descansar em paz – finalizou Andrus, voltando seu olhar para a cidade

    A nova construção da qual falavam era um grande templo em honra ao deus Fanom, soberano da terra e das pedras. Situado no novo centro da cidade de Novas Lavras do Sul, o templo possuía um peculiar formato quase piramidal. O intuito era fazer com que se parecesse com uma montanha. Então, as formações rochosas da base eram representadas por grandes blocos de pedra-branca, comum naquela região. Nessas pedras estava entalhado, e folheado a ouro, o formato de todas as centenas de minérios que eram extraídas daquela região. As árvores, por sua vez, eram representadas por torres, cujas cúpulas eram de ouro.

    Assim era o novo templo, então batizado de Rocha Matriz. Um entre tantos outros cuja cúpula, de ouro, prata ou sinda, também resplandeciam com o nascer do sol. Mais um erguido em nome de Fanom. 

    Em nome de Fanom... Difícil dizer quantas vezes e todas as diferentes ocasiões em que essa expressão foi usada na cidade de Novas Lavras do Sul, durante seu século dourado. A cidade situava-se na região oeste do reino de Rorise, entre uma cadeia de montanhas, chamada de Serra Dourada.

    A história de sua fundação era uma tanto obscura. Conta a tradição oral, que o rei de Rorise, Orenz II, havia mandado àquela região parte do povo rorisiano que perdeu suas casas na guerra contra Shorwack, um reino na fronteira norte e nordeste. O povo foi escoltado pelos soldados do rei, e lá fundaram a cidade que, inicialmente, chamaram de Nova Esperança – todos os povoados, nascidos nesse pós-guerra, levavam semelhantes nomes – mas foi prontamente mudada para Novas Lavras do Sul, em razão do descobrimento de ouro, diamante e outros tantos minérios de grande valor.

    Desta forma, ergueu-se Novas Lavras do Sul, juntamente com outros povoados, como Eretrina, Rio Verde, Laorg e Turmalinas. Todas elas ricas em minérios.

    O distrito serrano crescia em população e importância econômica. Uma certa estrada, que já ligava a capital Candites à algumas localidades do interior, foi ampliada, alcançando essas cidades e chegando até Monte Forte, fortaleza que guardava a fronteira oeste do reino. Desta forma, as tantas riquezas encontradas no tal distrito podiam ser fácil e rapidamente escoadas para a capital, ou então para Tanyria, onde estava o principal porto marítimo do reino. Estas riquezas que se tornaram tão importantes para a população lavrense. Estas riquezas que fizeram do distrito serrano uma região importante, e de Novas Lavras do Sul a mais rica cidade do reino. Estas riquezas que criaram uma sociedade e uma cultura bastante originais. Estas riquezas que levaram o povo da região serrana a adotar Fanom, soberano da terra e das rochas, como seu grande patrono, e em seu nome guiarem suas vidas.

    Em nome de Fanom, novas lavras eram exploradas, em nome de Fanom, as riquezas encontradas eram encaminhadas – ou desviadas – para lá e para cá. Em nome de Fanom, construções gigantescas eram erguidas. Em nome de Fanom, patrocinava-se a arte. Em nome de Fanom, a sociedade era organizada e domesticada a aceitar tal expressão, como argumento supremo. Em nome de Fanom, a liberdade e a dignidade eram asseguradas e defendidas aos bons homens que aceitassem esse argumento, e em nome de Fanom, prendia-se, escorraçava-se, torturava-se e matava-se quem ousasse contestá-lo.

    A riqueza da serra também se fazia refletir em muitos nomes. Enquanto a maioria parecia dar aos filhos nomes tradicionais do reino, como Nender, Davo, Letini, Vani, Lieni ou Orgor, outros mostravam como a riqueza fazia parte de suas vidas, dando nomes derivados de suas boas sortes ou esperanças. Assim, nomes como Ourini, Pratônio, Esmeraldino ou Safírio não eram raros. Havia ainda os aristocratas, cuja riqueza há mais de uma geração garantiu a eles o conhecimento do mundo e da História. Numa tentativa de trazer àquela cidade os ares das gloriosas e perdidas civilizações antigas, eles davam a seus filhos nomes como Andrus, Julius, Asdrúbal ou Cipião. Tal era Novas Lavras do Sul em sua cultura.

    Em sua estrutura, era espalhada por aquela cadeia de montanhas, o centro era repleto de casas de arquitetura pesada e grandiosos monumentos. Carroças que resplandeciam com seus adornos de ouro e diamante não eram raras. E menos raro ainda era a marcha dos soldados da guarda lavrense que, naquele momento retornavam de alguma missão nas imediações da cidade. Todos marchavam com orgulho. Sob o sol da vitória exibiam suas espadas largas, seus peitorais de ferro e seus uniformes – então algo novo naquele mundo. O capitão e outros soldados de maior hierarquia possuíam espadas forjadas por excelentes armeiros, enquanto as bainhas ficavam por conta de artesãos que as banhavam em prata.

    O único fardo para a guarda era o relevo que fez de Novas Lavras do Sul uma cidade repleta de ladeiras, algumas íngremes. Mas era sempre compensado pela bela visão da cidade e da serra, e também pela certeza de que tudo estava na mais perfeita ordem: comerciantes e carroceiros chegando, sacerdotes executando ou preparando cultos, ourives e comerciantes de joias planejando e montando novas coleções sob encomenda. Pelas sacadas das casas, senhoras sentavam-se, enquanto os filhos corriam para ver os soldados mais de perto. Adiante, um escultor terminava o trabalho na fachada principal do teatro que logo seria inaugurado. Das janelas, o som dos instrumentos musicais e das vozes dos atores ensaiando atraia a curiosidade dos vizinhos. Sim, tudo estava certo em Novas Lavras do Sul, naquela manhã em que o sol, mais alto, dourava a cidade resplandecente, em que as tropas voltavam vitoriosas de uma manobra, destinada a manter a ordem.

    As tropas seguiam o caminho. Primeiro desceram a ladeira do caracol, assim chamada porque descia nesse formato do alto da montanha, onde havia algumas minas ou sítios, até a cidade. Então passaram pelo centro, indo em direção ao Palácio Administrativo.

    Quando chegaram, uma guarnição de soldados trajados com peitorais de ferro e alabardas os recebia juntamente com a fanfarra municipal, numa demonstração de reconhecimento e respeito pela missão cumprida. Havia também muitas pessoas que, em sua maioria levadas pela curiosidade, se aproximavam para ver o que significava aquela movimentação de soldados.

    O comandante da pequena divisão que aguardava os soldados ergueu o braço ordenando o cessar dos tambores e trombetas. Então, pela porta principal, saíram Maro e Andrus e foram até o púlpito, de onde acenaram para os soldados e para o povo que ali se amontoava.

    – Como nos foi ordenada, excelência, a conspiração foi detida. Os integrantes foram mortos ou capturados – falou um dos soldados em voz alta e orgulhosa. – Trazemos aqui preso o principal membro da tal conspiração além de ouro roubado e utensílios que ele esperava usar como armadilha para nossas tropas se não tivéssemos chegado a tempo.

    – Excelente trabalho – falou Andrus numa voz mais baixa, mas igualmente firme. – Excelente manobra. Está assegurada agora a paz em Novas Lavras do Sul, bem como o término do novo templo de Fanom. Não quero imaginar quantas desgraças cairiam sobre nós caso a manobra falhasse.

    Guardas, levem estes prisioneiros de guerra para o calabouço. Eles serão devidamente julgados e punidos. E ao povo, digo que voltem em paz para seus lares e trabalhos e esqueçam o que viram e ouviram aqui. Estes que estão amarrados e amordaçados sobre a carroça são exemplos da escória da sociedade que inunda e atrasa o reino de Rorise. Não se ocupem pensando neles, este trabalho cabe ao estado.

    A maioria das pessoas logo se dispersou, voltando aos seus afazeres. Andrus mandou que Vornel, o capitão que liderou a expedição, fosse falar com ele e Maro em seu gabinete.

    Vornel, ao entrar no palacete, foi saudado com respeito pelos diversos nobres e funcionários. Muitos queriam saber os detalhes de seus planos e manobras que permitiram tal fulminante sucesso, mas como deveria acompanhar o administrador até seu gabinete, ele apenas respondia acenando com a cabeça. Não queria irritar ou desobedecer Andrus, principalmente agora que, tendo voltado como herói, uma condecoração era certa.

    Entrou no gabinete quase respondendo os elogios que imaginava receber com gestos de agradecimento e palavras de modéstia. Mas o que ouviu, o decepcionou profundamente.

    – Tolo, Vornel! – falou Andrus ainda de pé.

    – Como excelência...? – indagou surpreendido.

    – Tolo! Isso eu falei e repito. Tu és um tolo!

    – Eu...  Eu não entendo – respondeu Vornel, visivelmente confuso, olhando para Maro na esperança de encontrar de seu comandante a resposta. – Eu fiz exatamente o que vossa excelência ordenou.

    – Sim... Venceste com força e astúcia um antro de conspiradores – falou Andrus sentando-se. – Isso teus mensageiros me informaram e eu reconheço... Exatamente como ordenei. Mas também cometeste algo que pode pôr tua manobra ao chão.

    Tu falaste, Vornel, perante toda aquela multidão sobre a conspiração. Que dirão eles quando chegarem às suas casas ou ao trabalho? Que tem um administrador incompetente que não cuida da cidade o suficiente?

    – Excelência – interveio Maro enquanto Vornel ruborizava –, eu tenho certeza de que Vornel não tinha intenção de sujar nosso nome. Pelo contrário, quis mostrar à cidade como temos força para impedir qualquer inimigo de agir aqui dentro.

    – Vou falar uma vez – disse Andrus –, não faleis sobre conspiração perante o público. Nem se vós triunfastes. Até posso entender tuas boas intenções, Vornel, pois tu és jovem. Mas algo tu precisas aprender, e tu também, Maro. Ladrões existem em todas as cidades. Gente ruim e pau mandado nós encontramos em todo lugar, e em todo lugar a administração local faz o que pode para agir contra eles. Quando são capturados, em geral são executados em praça pública, dependendo de seus crimes.

    – Como fazemos aqui – murmurou Vornel.

    – Sim, como fazemos aqui – concordou Andrus. – Mas isso nós fazemos com ladrões, vigaristas e salteadores. Outra coisa são conspiradores. Esses são da pior laia porque se misturam com o povo e nunca podemos saber quem realmente são. Suas intenções, do mesmo modo, não se resumem a roubar. Eles ameaçam o poder do estado e, como é o caso desta sagrada cidade, o poder de Fanom.

    "Se a notícia da existência de conspiradores se espalha, o povo perde a confiança em nosso poder, e os clientes comerciais a confiança em nossa administração e até integridade. Pergunto-vos: quem negociaria com um ducado onde o soberano esteja cercado de conspiradores? Ninguém! E por quê? Certamente ou porque ele é um fraco que deixou o povo chegar a este ponto, ou um velhaco que trouxe tamanho descontentamento.

    Pensa agora, Vornel, no que poderá resultar essa tua precipitação. Um conspirador só pensa em agir quando sabe da existência de outros que pensam como ele. A cidade está em paz, mas agora a notícia se espalhou e, inspiradas por esta, outras conspirações podem estar se formando.

    – Mas os conspiradores foram vencidos e humilhados – objetou timidamente Vornel.

    – Certo, de fato foram e bem mereceram – concordou Andrus –, mas essa intimidação funciona contra salteadores ou ladrõezinhos. Os conspiradores são gente mais letrada e esperta, saberão descobrir as manobras militares com as quais venceste ontem. Então Vornel, como lutarias contra um inimigo que teus olhos não veem, mas sabe exatamente onde tu estás?

    Não, Vornel. Há coisas que não devem ser citadas em público. Sobre conspiração, o ideal é simplesmente não falar. Agora teremos que esclarecer tudo isso ao povo. Teremos que levantar falsas acusações contra os prisioneiros e executá-los publicamente como meros desordeiros. Do contrário de nada adiantará tua brilhante manobra militar.

    Desmoralizado e profundamente aborrecido, Vornel abandonou a sala. Novamente, entre o gabinete administrativo e a saída do palacete, as pessoas o cercaram com perguntas e novamente ele não deu atenção, desta vez era a tristeza e decepção que ensurdecia seus ouvidos e o impelia para fora.

    Saído do palácio, ele se apoiou na mureta revestida de mármore e permaneceu com os olhos voltados para a cidade e a serra. A mente, porém, manteve-se concentrada nas façanhas que realizou, nas esperanças de receber grande condecoração e no balde de água fria que acabou de levar. Então começou a descer as escadas e seguir, com passos arrastados e olhar baixo, o caminho para alguma taberna onde esperava afogar a mágoa de sua decepção. Subitamente, no entanto, parou e falou para si mesmo:

    – Mas ele disse brilhante manobra militar.

    Então, pouco mais animado, continuou o percurso da taberna em que pretendia comemorar a vitória e o reconhecimento.

    – Ele falou brilhante manobra militar – repetiu, reassumindo sua costumeira postura altiva, de peito estufado, olhar alto, passos firmes e viris.

    II

    E

    m consequência dessa brilhante manobra militar, durante toda a manhã e parte da tarde, Novas Lavras do Sul seria palco de uma caça às bruxas. Enquanto Uto, agora prisioneiro, se recusava a delatar os demais conspiradores, Andrus e Maro deram ordem para que os soldados trouxessem cada suspeito. O status social de cada um definiria se seria intimado, conduzido por soldados ou simplesmente arrastado. Entre eles estavam Nender, Karlo e Merins. Julius ficou fora da lista, pois era um homem erudito de ascendência nobre. Jamais passaria pela cabeça de Andrus que um bem-nascido se misturaria com aqueles conspiradores.

    De qualquer forma, enquanto Nender e Karlo se viram obrigados a comparecer no palácio administrativo à tarde para não levantar suspeitas, Julius teve tempo de planejar sua fuga, com o consentimento e mesmo a pedido de seus companheiros.

    Tomando o caminho da direita do palacete, Vornel seguiu as calçadas que levemente desciam até outro templo imponente. Sua nave principal, por fora, ostentava a imagem de cada minério recolhido naquela região em formato humanoide, como se ouro, prata, diamante e platina fossem avatares de Fanom, ou seus filhos ou seres abençoados. Cada imagem, finamente esculpida e revestida com o minério referente, segurava em uma mão uma arma e na outra um punhado do mesmo minério. O templo ficava sobre um grande pátio suspenso e jardinado. As escadarias que davam acesso ao pátio eram protegidas por um portão de estacas de ferro muito bem trabalhadas.

    Ali, porém, notava-se que outros templos semelhantes se erguiam. Nenhum era tão grande, tão rico ou belo quanto aquele, mas todos ostentavam opulência e poder. Este era conhecido, até poucos anos antes, como a Matriz, até que a cidade começou a construção do mais novo e maior, chamado Templo da Rocha Matriz que estava praticamente acabado.

    Após passar pelo terceiro templo, logo depois da curva, a calçada fazia uma bifurcação para direita, para frente – em ambas as direções o caminho seguia praticamente reto – e para a esquerda, onde havia uma ladeira que descia até o antigo centro da cidade. Por toda a ladeira abaixo, havia casas de considerável porte. Todas com eira e beira finamente entalhadas. A maioria destas casas estava grudada uma a outra, havendo apenas duas ruelas transversais que as separavam. Numa destas ruas, a primeira de cima para baixo, descia uma escada que terminava na porta da Taberna do Ouro Preto, onde soldados de alta hierarquia, como Vornel, costumavam gastar seu dinheiro junto com a pequena burguesia.

    O recinto era bastante aconchegante, apenas pouco luminoso. As mesas e bancos eram feitos de hivia, um tipo de árvore alta, não muito nobre, mas abundante naquela região. Nas paredes estavam dispostos os barris de bebida, e nestas mesmas paredes, estavam desenhados cenários típicos da região. Eram montanhas com pequenas casas, minas ou carruagens. Havia também um grande mapa da chamada Estrada Real, apontando cada cidade e tabernas de estrada, de modo a facilitar a viagem de mercadores, mensageiros e até andarilhos.

    Num grande fogão à lenha, com panelas destampadas de onde um delicioso aroma de comida bem temperada despertava a fome dos fregueses. Como a cidade vivia da mineração e do comércio dos carroceiros que viajavam a grandes distâncias, a alimentação era pesada, constituída de muito arroz com linguiça, feijão com toicinho e ovos fritos.

    Nessas refeições também era comum a carne de um certo animal silvestre de aparência semelhante à raposa, mas de porte maior, que eles chamavam de turon, ou então de um curioso suíno maior e mais robusto do que o javali, e que sempre andava em bando, chamado de porco da serra. Eram animais cuja caçada exigia cautela e rapidez do caçador, mas suas carnes eram bastante apreciadas e couro e pele eram usados para muitos utensílios.

    Era enfim uma das tabernas que melhor representava aquela cidade. Era escolhida por viajantes, por pessoas da cidade que buscavam o sabor e aconchego de sua terra e principalmente por aqueles que, tendo passado anos longe, retornavam desejosos de se sentir de volta em casa.

    Era o caso de Davo, rapaz de vinte anos, filho de Eisur, o barão de Orenon, um dos mais ricos homens daquela cidade. Ele foi enviado para estudar em Candites e lá recebeu formação, digna de um nobre. Esteve cinco anos na cidade real, e agora retornava ao torrão natal, ostentando elevado nível cultural que dava um ar distinto à bela cabeça, recoberta por negros cabelos cacheados. Com essa distinção, porém, vieram certas ideias e intentos que entravam em conflito com os princípios de sua educação familiar.

    Junto a Davo, estava Ernico, velho conhecido, filho de um mineiro de poucas posses, sem muitas perspectivas de futuro, o que se observava no olhar baixo e submisso, especialmente quando em companhia do filho do barão de Orenon.

    – E foi dessa forma que expulsamos os kobolds – Ernico terminava de contar como ele havia ajudado seu pai e outros trabalhadores a se livrarem de um bando de kobolds que invadiram algumas minas meses atrás.

    – Foi uma empreitada perigosa a de vocês – falou Davo. – Um verdadeiro ato de heroísmo.

    – Ah, nem tanto, senhor Davo.       

    – Mas vocês se arriscaram tentando enfrentá-los na caverna e ainda desmoronando parte da mina para soterrá-los... Deve saber que isso poderia ser pouco útil contra eles e fatal contra vocês. Não se arrisquem tanto.

    – A gente não tem muita opção, senhor Davo – falou Ernico. – Não desprezamos a vida. Mas, o senhor deve entender, trabalhando onde a gente trabalha, uma fatalidade pode ocorrer a qualquer hora. Os kobolds não parecem respeitar paz ou trégua.

    – Bem sei... E espero poder fazer alguma coisa por todos vocês no futuro – lamentou-se Davo. – Mas antes é preciso que façam algo por mim. Não me chamem mais de senhor.

    – Desculpe... Se... Davo – respondeu Ernico. – Acho que ainda não me acostumei com a situação... A relação entre nós antes de você ir para Candites era claramente de filho do empregado e filho do patrão agora...

    – E agora eu o surpreendo convidando-o para almoçarmos nessa taberna por minha conta? – ele riu alto. – Eu acho que deveria ter feito isso muito antes. Candites serviu para abrir minha cabeça... Muito, aliás.

    As últimas palavras de Davo foram pronunciadas mais baixas e num tom diferente, quase malicioso. Ernico não percebeu porque seus olhos se voltaram para a marcial figura que entrava no recinto, o capitão Vornel.

    – Veja, Davo... – murmurou Ernico.

    – É Vornel, o capitão...

    – Foi ele que voltou hoje de manhã, após sufocar aquela rebelião... – então se aproximando mais de Davo, falou: – Aquela rebelião em que meu pai se viu envolvido.

    – Ele foi preso já?

    – Ainda não. Ele não estava nas minas ontem e, pelo o que noto, ainda não foi delatado – respondeu Ernico com crescente ansiedade. – Vamos logo, ou ele vai me ver aqui... E você também arrisca de sujar seu nome.

    – Nem o meu nem o seu nome será sujo, isso eu asseguro – falou Davo. – Seu pai trabalha para o meu. Você foi corajoso em contar isso para mim, por essa razão, eu farei todo o possível para proteger a sua família.

    – Ele está olhando para cá...

    – Não, ele está chamando pelo taberneiro. Está muito cheio de si pela vitória que teve para perceber que o filho de um dos integrantes está aqui. De qualquer maneira, ele não fará nada com você enquanto eu estiver aqui junto.

    – Quem sabe... Mas a presença dele não me agrada.

    – Eu entendo... Bem, já conversamos o bastante – falou Davo levantando-se. – Vamos. Meu pai precisava conversar com a família hoje, e não posso me atrasar.

    Davo pagou pela refeição e os dois saíram da taberna. Vornel apenas lançou um olhar interrogativo para Ernico, cuja reação há pouco pareceu suspeita. Mesmo assim, não deu maior importância. Naquele momento, amigos e curiosos já o cercavam para ouvir seu relato.

    – Eu fico agradecido pelo convite, Davo – Ernico agradeceu humildemente.

    – Eu é que devo agradecimento – respondeu Davo. – Você tinha todas as razões para recusar e desconfiar do convite do filho do patrão de seu pai, ou seja, daquele que sugou toda a energia de sua família. Mas eu afirmo, isso tudo vai mudar.

    – É muito corajoso de sua parte também, Davo, querer sujar seu nome por essa causa, na qual você sairá perdendo.

    – Perdendo? Eu não vejo assim...

    Os dois trocaram cumprimentos e seguiram para casa. Davo continuou pela ruela subindo até chegar à outra ladeira, onde encontrou e seguiu por uma escadaria que tanto subiu e

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