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A Cultura dos Coletes Amarelos
A Cultura dos Coletes Amarelos
A Cultura dos Coletes Amarelos
E-book604 páginas3 horas

A Cultura dos Coletes Amarelos

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Sobre este e-book

"Sim, existe uma cultura dos “coletes amarelos”... Quero dizer que esse movimento nascido do inevitável e (portanto) do imprevisível criou seus cânones culturais, apesar de tudo que se possa culpá-lo: o francês esgarçado, os erros de ortografia, a “violência”, a mistura de valores, etc. Ele pode ter ido além do movimento estudantil e, em seguida, da greve geral de maio-junho e 1968.  Vou tentar mostrar isto neste livro, por meio de múltiplos desenhos, caricaturas, fotos, logotipos e slogans, etc. Adicionarei os esclarecimentos necessários sobre o contexto social em um clima recorrente de crise política... Esta pintura, que veste o retrato imperfeito e não exaustivo de uma insurreição, não almeja o enciclopedismo, mas apenas trazer justiça a um movimento que tentou quebrar as correntes da pobreza e derrubar, para além do governo autocrático macroniano, uma sociedade egoísta e cada vez mais ditatorial.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2020
ISBN9781071558973
A Cultura dos Coletes Amarelos

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    A Cultura dos Coletes Amarelos - Patrick LOISEAU

    A cultura

    dos  Coletes  Amarelos

    Patrick LOISEAU

    Traduzido por  Breno Teles Pereira

    "A cultura dos  Coletes  Amarelos"

    Escrito por Patrick LOISEAU

    Copyright © 2019 Patrick LOISEAU

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Breno Teles Pereira

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    Eu caí no chão

    Por causa do Castaner

    O nariz na sarjeta

    A culpa é do Griveaux

    Eu estou na miséria

    Por causa do Castaner

    Não tenho mais feijão

    Por causa do Pénicaud

    Terei um olho de vidro

    Por causa do Castaner

    E minha mão caiu

    É culpa do Belloubet

    Eu sinto um gosto amargo

    Por causa do Castaner

    E isso me dá nos nervos

    A culpa é do Philippe

    Mas, nesses ministérios

    Além deste Castaner

    Se existem tantos idiotas

    A culpa é do Macron

    Outras publicações de Patrick LOISEAU:

    ❖  A ruptura (autobiografia)

    ❖  Viagem ao ventre humano (conto filosófico – low fantasy)

    ❖  Diga-me, memória... Registros de viagem (diário)

    ❖  Ainda é, talvez – Registros de viagem 1986-2003 (diário)

    ❖  Personagens de Charente O jovem furioso (Escrito acadêmico) 

    ❖  A estória de Guilherme Espada Longa, filho de Rollon, fundador da Normandia (Memorando de Mestrado em Letras Modernas, opção humanidades)

    ❖  Viagens, viagens, pequeno ensaio sobre a perda da referência escolar, sobre o autodidatismo e a descoberta literária (Ensaio acadêmico)

    ❖  Uma análise do A casa a vapor de Júlio Verne (Dossiê acadêmico)

    ❖  Fábulas e fabliaux selecionados (Literatura antiga)

    ❖  Dos Vikings aos Normandos: pequena iconologia dos primeiros duques da Normandia – Continuação do Livro II do Romance do Mont Saint-Michel, de Guillaume de Saint-Pair (História/Letras antigas)

    ❖  Zoom em Berta Pés Grandes integral, comentado e completo (Literatura antiga)

    ❖  Dicionário prático e completo do francês antigo para uso ilimitado dos autodidatas, estudantes e professores (Francês lexical e etimológico de H. Van Daele)

    ❖  Senhorita Louise Michel – Memórias (biografia comentada e ilustrada por mim)

    ❖  Bardos e mitos bretões – O Barzaz Breiz – Tomos 1 e 2 (literatura antiga)

    ❖  História da Bretanha – Tomo III – Dom MORICE (História medieval, 2 volumes)

    ❖  A cultura dos Coletes Amarelos – Acompanhado por uma referência à Comuna de Paris (Ensaio – sociologia política)

    ❖  Coletes Amarelos, da esperança à desilusão – Confidências de um trotskista de tendências Rhazoui-Polony (Ensaio– sociologia política)

    ❖  BASES DO TROTSKISMO – Os cadernos de G.E.R. – (Didático-político)

    ❖  1981 – (Diário)

    ❖  Islã, o novo câncer do movimento operário – (Ensaio – sociologia política)

    - ÍNDICE -

    PARTE A - A CULTURA DOS COLETES AMARELOS................................................8

    PREFÁCIO - "NOVEMBRO DE 2018: O TROVÃO »..................................................8

    UMA TEMPESTADE DISTANTE.............................................................................8

    A RETÓRICA DA AÇÃO E O LÉXICO DA RAIVA..................................................11

    DETALHES SOBRE A CONCEPÇÃO DESTE DOCUMENTO................................15

    VISÃO GERAL.............................................................................................................18

    A VIOLÊNCIA POLICIAL......................................................................................20

    Macron, UM JÚPITER ULTRA-DESDENHOSO A SERVIÇO DOS PODEROSOS E DA UNIÃO EUROPEIA..............47

    A REPÚBLICA EM MARCHA (LREM): O DILETANTISMO ACULTURADO NO PODER..............53

    ALGUMAS PERSONAGENS ODIADAS.................................................................55

    O HIPOTÉTICO TODOS JUNTOS... OS PARCEIROS AUSENTES AO CHAMADO77

    A IDENTIDADE DOS GRUPOS – OS LOGOTIPOS................................................86

    A JUSTIÇA SOCIAL..............................................................................................94

    A VISÃO DOS CA SOBRE A DEMOCRACIA – DEMOCRACIA DIRETA E PARAÍSOS POPULARES..............101

    OS JOGOS...........................................................................................................110

    OS SLOGANS E A COMUNICAÇÃO...................................................................117

    ARTES GRÁFICAS – IMPRESSÕES E EXPRESSÕES.........................................136

    OS CANTOS:.......................................................................................................146

    O HUMOR..........................................................................................................154

    OS PONTAS DE GÔNDOLA................................................................................167

    ....................................................................................................................................197

    OS FAVORECIDOS PARADOXAIS DO MOVIMENTO DOS CA...........................203

    II. AS ÚLTIMAS SEQUÊNCIAS DO MOVIMENTO NO CORAÇÃO DA CRISE POLÍTICA (16 DE MARÇO/1º DE MAIO)..................220

    O GRANDE DEBATE (15.01/15.04)....................................................................221

    A BAIXA DAS TROPAS: UMA FALSA RENDIÇÃO..............................................225

    A REVIRAVOLTA DE 15 DE ABRIL....................................................................228

    A APROXIMAÇÃO DAS ELEIÇÕES EUROPEIAS E A EXPLORAÇÃO DO INCÊNDIO DE NOTRE-DAME..............230

    A DRAMATURGIA NOTRE-DAME: UM MÉTODO DO TIPO STALINISTA PARA CALAR O PROTESTO.................238

    O ATO XXIII E OS SUICÍDIOS DOS POLICIAIS.................................................241

    OS GRUPOS LOCAIS DE COLETES AMARELOS...............................................246

    III. EPÍLOGO................................................................................................................271

    1.O ANÚNCIO DO ATO XXIV.............................................................................271

    2.NOTÍCIAS DOS PRIMEIROS DIAS DE MAIO..................................................275

    PARTE B - (REFERÊNCIAS CULTURAIS E POLÍTICAS PRÓXIMAS) 291

    VIVA A COMUNA!....................................................................................................293

    A COMUNa de paris, revolução democrática e social esmagada no sangue..295

    PARTE C. ANEXOS (ELEMENTOS POLÍTICOS E HISTÓRICOS)........307

    ANEXO 1: A INSURREIÇÃO DOS HUMILDES E DESERDADOS........................309

    AS BAGAUDAS:..................................................................................................309

    A REVOLTA DO PAPEL TIMBRADO (1675).......................................................310

    AnEXO 2. A RESTITUIÇÃO ARRANJADA DO GRANDE DEBATE... (ENQUETE DE FRANCE INFO - 12.04.2019)...............313

    AnEXO 3: OS MINISTROS COMUNISTAS (1981-1984), CONTADO POR ELES MESMOS... (FONTE: L’HUMANITÉ 07.06.2013)...............315

    AnEXO 4: O QUE É O BONAPARTISMO? ARTIGO DO La Tribune des travailleurs dE 05.07.2017...............325

    AnEXO 5: UM PARTIDO OPERÁRIO CONTRA OS COLETES AMARELOS 329

    AnEXO 6: CHRISTOPHE PRUDHOMME, PORTA-VOZ DE UM SINDICATO DE SOCORRISTAS, ESTIMA QUE MORTES PODERÍAM SER EVITADAS NO HOSPITAL................344

    AnEXO 8: ELEIÇÕES EUROPEIAS DE 26 DE MAIO DE 2019 - A POSIÇÃO DO P.O.I.D................346

    ....................................................................................................................................346

    AnEXO 9: O PARTIDO OPERÁRIO E A UNIÃO EUROPEIA................................349

    ANEXO 10: FELIZ ANIVERSÁRIO, SR MACRON! O BALANÇO DE 2 ANOS (documentO Fly Rider infos blocage)...............353

    PARTE A - A CULTURA DOS COLETES AMARELOS

    PREFÁCIO - "NOVEMBRO DE 2018: O TROVÃO »

    (Eu mostro o meu apoio. Eu coloco o meu colete amarelo na minha foto de perfil. Mobilização geral a partir de 17 de novembro de 2018).

    UMA TEMPESTADE DISTANTE

    O movimento dos coletes amarelos, como os seus movimentos irmãos (os boinas vermelhas na Bretanha, a revolta do papel selado[1] em 1675, as bagaudas gaulesas[2], etc.) nasceu de forma brusca, é claro, mas também de um fogo que se aninhava depois de muito tempo e que, de um certo ponto de vista, era inexoravelmente previsível. Apenas os cegos e surdos politicamente, ou os eternos ignorantes daquilo que se passa historicamente nas relações sociais podiam ainda, orgulhosamente e sem ter nenhuma vergonha dessa ignorância, dizer: Não vimos isso chegando... Acho que se pode até, historicamente, situar o início da marcha até à revolta a partir de 1982-183, período histórico da esquerda ainda não batizada "plural[3] » que viu ministros socialistas, apoiados por ministros socialistas loucos[4], reverterem o seu mandato, confiado por fim e com esperança pelos trabalhadores da França, até o ponto de trair a mais pequena das reivindicações operárias...

    Os quatro ministros comunistas do governo Mitterrand-Mauroy: Jack Ralite, Charles Fiterman, Anicet Le Pors e Marcel Rigoult.

    Podemos citar algumas dentre elas:

    - o secularismo rasgado, incluindo os acordos Lang-Cloupet[5];

    - os benefícios aos patrões (exoneração de cobranças, bônus de integração...);

    - os contratos de escravidão jovens (TUC-SIVP, primeiras formações alternadas[6]) acompanhados de salários reduzidos de acordo com a idade;

    - a aplicação da regra de 3% do PIB antes mesmo que essa regra existisse (!)[7];

    - a liquidação de serviços estatais para o lucro seja de estruturas políticas ou totalmente privadas. A substituição da DDASS pela ARS no que tange à gestão dos hospitais é um exemplo gritante[8].

    - o bloqueio dos salários em 1982, a política dita rigorosa em 1983, a desregulação bancária em 1986, a liberalização dos fluxos de capital em 1988, as privatizações, a descentralização e a desregulamentação... a lista ainda é longa, não posso citar tudo.

    Mitterrand que, em 1978, queria a Europa dos trabalhadores contra a Europa comerciante, a Europa dos lucros, a Europa dos grandes negócios, faz um desvio; ele confessou a Attali: Eu estou dividido entre duas ambições: aquela da construção da Europa e aquela da justiça social... havia para ele, portanto, um campo a escolher. E foi o que ele fez.

    Penso que não se pode compreender o movimento dos coletes amarelos se não se viveu ou revisitou aquele período histórico de negação, que foi o primeiro governo socialista depois da segunda guerra mundial. Os aposentados que combateram contra o capitalismo após os anos 1970, dos quais faço parte, viram claramente como a esquerda não-revolucionária se acomodava no capitalismo e como ela até contribuiu para reforçar sua nocividade.

    Se despir: uma prática tipicamente socialista

    Todos os presidentes bonapartistas[9] que sucederam Mitterrand retomaram - sem nunca tentar o menor retorno às primeiras reformas destrutivas, acelerando-as e fortalecendo-as - todas as medidas que podiam acelerar a marcha ao liberalismo, a diminuição do custo do trabalho, a proteção dos setores financeiros, o questionamento das conquistas operárias de 1945, etc. A cereja do bolo foi evidentemente, por parte de todos os funcionários públicos no poder encabeçados pela PS e UMP, de impor ao povo francês o tratado de Maastricht (e os famosos 3% do PIB, causa da maioria dos nossos problemas) e os tratados seguintes apesar do NÃO francês no referendo de 2005. Foi a famosa ruptura democrática" da qual falava Natacha Polony, merecidamente[10].

    A RETÓRICA DA AÇÃO E O LÉXICO DA RAIVA

    O movimento dos coletes amarelos se nutriu do cupim da revolta que estava cavando o seu nicho - se posso dizer - na madeira aparentemente saudável da sociedade, que fazia todo o seu caminho tranquilamente, esquecendo as desigualdades e a desordem social criada; dificilmente houve, de 1983 à 2018, mais do que alguns terremotos, muitas vezes até rudes, que jamais conseguiram fazer os governos franceses sucessivos abandonar seus roteiros arqui-liberais, ordenados pela Troika UE-FMI-BCE[11] e sob a pressão da mundialização galopante orquestrada pelo imperialismo americano. O recuo social estava sendo trabalhado em todos os domínios (Saúde, Educação, Economia, direitos sociais, serviços públicos). Nada mais do que coletes amarelos. Apenas a classe operária (os trabalhadores, em amplo sentido), conquistando as suas organizações e sindicatos, conseguia às vezes impedir um desastre ainda muito maior e parar - temporariamente - a loucura destrutiva dos nossos queridos homens políticos. E, a poucos passos de uma possível greve geral (como durante os planos assassinos contra as aposentadorias), as direções sindicais, particularmente a CGT, recusaram-se a fazê-la agendando sistematicamente falsificações como dias de ação repetitiva, greves rotativas ou mesmo organizavam a frente da divisão sindical sob qualquer pretexto.

    (Viva a França, viva aos presidentes e viva aos franceses; os franceses perderam seu dinheiro com Miterrand; os franceses perderam seu exército com Chirac; os franceses perderam sua democracia com Sarkozy; os franceses perderam sua segurança com Hollande; e todo o resto eles perderão com Macron!!!)

    - Publicação vista no Facebook na página Réinformation dissidente (N.T.: Reforma dissidente)

    ––––––––

    Para não nocautear meus leitores, não irei longe demais nessa análise, pois a proposta desse livro não é de fazer um tratado político exaustivo sobre esse período... Voltemos aos coletes amarelos...

    Esse movimento, portanto, mesmo sendo nutrido no seio das reformas antissociais de mais de trinta anos, explodiu subitamente sem ter se estruturado nem edificado uma doutrina qualquer de transformação da sociedade.

    Ele nasceu sem teto e sem lei. Fundição bruta, mais ou menos. Disso, a sua principal característica desde os primeiros dias até hoje é de existir apenas através de ações pontuais, fortes e inchadas contra o sistema. De onde uma cultura aparente principalmente feita da ação bruta e do verbo instantâneo. A análise e o objetivo subentendido são (infelizmente) subordinados a uma estratégia de assédio. Cinco meses após o início do movimento, mesmo que numerosas reuniões e assembleias se mantenham um pouco por toda a França, não existem ainda delegados eleitos (e revogáveis), sem doutrina validada por todos, sem um lugar central, sem jornal e, certamente, sobretudo sem partido político ou sindicato. Simplesmente, dito de maneira grosseira, uma grande jacquerie (N.T.: revolta na França do séc. XIV) desorganizada.

    A cultura dos coletes amarelos parece se resumir a uma simples retórica da ação e um léxico da raiva...

    (Brigitte volta a ensinar em uma escola para adultos em dificuldade: - Bravo meu pequeno Jérôme!! Nem sequer um erro em Macron, filho da puta fodedor de velhos, iremos atrás de você!)

    Mas, mesmo assim existe uma cultura dos coletes amarelos... Quero dizer que esse movimento nascido do inevitável e (portanto) do imprevisível criou seus cânones culturais, apesar de tudo que se possa culpá-lo: o francês esgarçado, os erros de ortografia, a violência, a mistura de valores, etc.

    Pode ter ido além do movimento estudantil e, em seguida, a greve geral de maio-junho e 1968.

    Vou tentar mostra-lo neste livro, por meio de múltiplos desenhos, caricaturas, fotos, logotipos e slogans, etc. Adicionarei os esclarecimentos necessários sobre o contexto social em um clima recorrente de crise política...

    Esta pintura, que veste o retrato imperfeito e não exaustivo de uma insurreição, não almeja o enciclopedismo, mas apenas trazer justiça a um movimento que tentou quebrar as correntes da pobreza e de derrubar, para além do governo autocrático macroniano, uma sociedade egoísta e cada vez mais ditatorial.

    DETALHES SOBRE A CONCEPÇÃO DESTE DOCUMENTO

    Apesar deste livro ter tomado um aspecto ensaístico, seja ele sociológico ou politico, a minha intenção não foi de fazê-lo como tal. Escolhi deliberadamente fazer apenas um testemunho, tentando trazer um certo número de esclarecimentos, seja em termo de imagens de todas as formas, ou em termos de propostas que me parecem úteis e pertinentes, frequentemente escritas por outros e, certamente, lembrando das fontes.

    Muitas vezes quis apresentar minha visão ou minha análise pessoal, pois minha adesão ao movimento dos coletes amarelos não foi uma irrupção repentina, diferente de muitos outros, no mundo da oposição à nossa sociedade liberal... eu já fazia parte do movimento operário desde os meus 18 anos, através do meu engajamento na Quarta Internacional[12] e no sindicalismo confederado[13]. Eu tinha assim, se posso dizer, uma bússola política que - eu estava convencido - tornava compatível a minha concepção de classe de militante operário e meu engajamento nesse movimento multiforme que era a revolta dos Coletes Amarelos. Essa adesão não foi fácil, porque foi necessário que eu me opusesse de uma parte ao ponto de vista dos meus camaradas do P.O.I.D.[14] (que não reconheciam ao movimento dos Coletes Amarelos uma possível saída positive e que, até, realçavam a incompatibilidade com o movimento operário) e, por outro lado, que eu sofresse certas pressões e ameaças de alguns coletes amarelos um pouco limitados mas que, destaco, nunca me fizeram recuar. Pelo contrário. Especialmente desde que encontrei muitas pessoas que eram opostas às imagens que muitos jornalistas ou funcionários políticos do LREM queriam pintar de todos aqueles CA (N.T.: Coletes Amarelos, daqui em diante), sujando-os e vestindo-os de todas as formas de epítetos desdenhosos, tais como racistas, fascista ou violentos; vi, muito mais frequentemente, pessoas sinceras, solidárias, pacíficas e até muito interessantes. Eu que não votava mais após tanto tempo nem pela esquerda rastejante, nem pela direita reacionária, me misturei sem problemas com aqueles que idolatravam Mélenchon, bem como com os que colocavam Marine em seus corações ou até muitos outros que seguiam Asselineau ou vilipendiavam os políticos e os sindicatos. Existia muitas vezes, é claro, uma grande desordem na discussão ou nas reuniões... mas, o que poderia ser mais interessante do que tentar colocar um pouco de ordem... ou melhor, sentido e direção! Para mim, sempre faltou colocar no lugar o que poderia permitir ir além de uma jacquerie para um movimento revolucionário. Um tanto ambicioso, alguns dirão até ingênuo. Que importa! O importante é crer...

    Patrick Loiseau

    A VIOLÊNCIA POLICIAL

    Dificilmente se esquecerá que houve uma violência policial inabitual durante todo o movimento dos coletes amarelos. O medo da insurreição, o medo do governo estar na extrema necessidade de ter que recuar - algo que um déspota, seja ele de um Estado considerado democrático, não pode almejar enquanto seu ego é hipertrofiado - explicam vastamente a repressão que se acometeu sobre esse movimento...

    Uma medida provisória, estabelecida em Ricochets[15] (de 25.03.2019) mostra um pouco a amplitude da repressão e estabelece claramente o fato de que essa violência foi ordenada de cima. No resto, vários policiais o confirmaram em seguida[16].

    Nenhuma das fotos publicadas aqui foi alterada. Nenhuma também pode dar conta da verdadeira violência exercida por certos policiais - principalmente aqueles da BAC - na multidão. Diversos vídeos que eu assisti, assim como muitos outros coletes amarelos, estabelecendo fatos pouco compatíveis com a nossa democracia, foram ocultados conscientemente pela mídia, pois isso as teria obrigado a diminuir o nível da glória de seus heróis aos poucos... e mostrar que, contrariamente ao que foi dito diversas vezes, a polícia francesa pode, se ordenada, se parecer bastante com os policiais de países atrasados ou totalitários.

    (A polícia nervosa: - Largue a sua arma, seu estrume!)

    MEDIDA PROVISÓRIA (ESTABELECIDA ATÉ 8 DE DEZEMBRO...)

    Aqui estão os mortos e feridos devido à repressão violenta das forças policiais por ordem do regime. O governo havia demandado aos policiais de ir com tudo, eles obedeceram na maioria das vezes (CRS e BAC sobretudo) com zelo.

    A essa lista, é necessário também adicionar os 10 mortos nas ruas e rotatórias, e sem dúvidas também os feridos.

    ZINEB REDOUANE, 80 anos, foi morta por uma granada de gás lacrimogênio que atingiu seu rosto em Marselha, no dia 1º de dezembro de 2018.

    JEROME H. perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40 em Paris, no dia 24 de novembro de 2018.

    PATRICK, perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40 em Paris, no dia 24 de novembro de 2018.

    ANTONIO, 40 anos, residente em Pimprez, foi gravemente ferido no pé por uma granada GLI F4 em Paris, no dia 24 de novembro de 2018.

    GABRIEL, 21 anos, caldeireiro aprendiz residente em Sarthe, teve a mão arrancada por uma granada GLI F4 em Paris no dia 24 de novembro de 2018.

    SIEGFRIED, 33 anos, residente próximo de Epernay, foi gravemente ferido na mão por uma granada GLI F4 em Paris, no dia 24 de novembro de 2018.

    MAXIME W., teve a mão queimada e perdeu definitivamente a audição devido a uma granada GLI F4 em Paris, no dia 24 de novembro de 2018.

    CEDRIC P., ladrilhador aprendiz residente em Possession (Réunion), perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40 em Possession, no dia 27 de novembro de 2018.

    GUY B., 60 anos, teve o maxilar fraturado por um tiro de LBD 40 em Bordeaux no dia 1º de dezembro de 2018.

    AYHAN, 50 anos, técnico da Sanofi residente em Joué-les-Tours, teve a mão arrancada por uma granada GLI F4 em Tours no dia 1º de dezembro de 2018.

    BENOIT, 29 anos, foi gravemente ferido na têmpora por um tiro de LBD 40 em Toulouse no dia 1º de dezembro de 2018. Ele ficou em coma por 15 dias, sua vida está em risco.

    MEHDI, 21 anos, foi gravemente ferido devido a um espancamento no dia 1º de dezembro de 2018.

    MAXIME I., 40 anos, teve o maxilar duplamente fraturado por um tiro de LBD 40 em Avignon no dia 1º de dezembro de 2018.

    FREDERIC R., 35 anos, teve a mão arrancada por uma granada FLI F4 no dia 1º de dezembro de 2018 em Bordeaux.

    DORIANA, 16 anos, estudante do ensino médio residente em Grenoble, teve o queixo fraturado e dois dentes quebrados por um tiro de LBD 40 em Grenoble no dia 3 de dezembro de 2018.

    ISSAM, 17 anos, estudante do ensino médio residente em Garges-les-Gonesse, teve o maxilar fraturado por um tiro de LBD 40 em Garges-les-Gonesse, no dia 5 de dezembro de 2018.

    OUMAR, 16 anos, estudante do ensino médio residente em Saint Jean de Braye, teve a testa fraturada por um tiro de LBD 40 em Saint Jean de Braye, no dia 5 de dezembro de 2018.

    JEAN-PHILIPPE L., 16 anos, perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40, no dia 6 de dezembro de 2018 em Béziers.

    RAMY, 15 anos, residente em Vénissieux, perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40 ou uma granada de efeito moral em Lyon, no dia 6 de dezembro de 2018.

    ANTONIN, 15 anos, teve o maxilar e a mandíbula fraturados por um tiro de LBD 40 em Dijon, no dia 8 de dezembro de 2018.

    THOMAS, 20 anos, estudante residente em Nîmes, teve o seio paranasal fraturado por um tiro de LBD 40 em Paris, no dia 8 de dezembro de 2018.

    DAVID, talhador de pedra residente na região parisiense, teve o maxilar fraturado e o lábio arrancado por um tiro de LBD 40 em Paris, no dia 8 de dezembro de 2018.

    FIORINA L., 20 anos, estudante residente em Amiens, perdeu seu olho esquerdo devido a um tiro de LBD 40 em Paris, no dia 8 de dezembro de 2018.

    ANTOINE B., 26 anos, teve a mão arrancada por uma granada GLI F4 em Bordeaux, no dia 8 de dezembro de 2018.

    JEAN-MARC M., 41 anos, horticultor residente em Saint-Georges d’Oléron, perdeu seu olho direito devido a um tiro de LBD 40 em Bordeaux, no dia 8 de dezembro de 2018.

    ANTOINE C., 25 anos, designer

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