Democracia Participativa e as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação:: Desafios e Perspectivas
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Democracia Participativa e as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: - Maurício Gentil Monteiro
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO DIREITO E DEMOCRACIA
Ao meu pai, Alceu Monteiro, minha mais eterna saudade.
AGRADECIMENTOS
A conclusão de uma obra lastreada em pesquisas científicas, realizadas no âmbito de um curso de doutorado, consolidada com análises da repercussão de fatos novos e intensos que a sucederam e que guardam íntima conexão temática, é uma empreitada que confere ao seu autor enorme gratificação pessoal pelo objetivo alcançado e o compromisso de contribuir com o desenvolvimento científico e o bem-estar social.
O momento é de agradecer a todos os professores e a todas as professoras do corpo docente do PPGD da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Tiradentes, em especial às dedicadas coordenadoras Prof.ª Dr.ª Liziane Paixão Silva Oliveira e Prof.ª Dr.ª Solange Teles da Silva, pelo apoio, incentivo e amparo em todos os momentos dessa trajetória. Essencial, também, o agradecimento aos professores que passaram pela orientação deste trabalho, desde o Prof. Dr. Vicente Bagnoli, o primeiro orientador designado e que chegou a examinar o projeto inicial e apresentar sugestões metodológicas importantes, passando pelo Prof. Dr. Alessandro Serafin Octaviani Luis, o segundo orientador designado, que também deu suas contribuições, em especial no apontamento de caminhos e referências teóricas, até, e principalmente, o Prof. Dr. Fábio Ramazzini Bechara, que abraçou o trabalho, clareou o caminho a ser trilhado, apresentou referências teóricas fundamentais para a conclusão e, sobretudo, foi um verdadeiro e efetivo parceiro em todo esse percurso.
Um agradecimento especial deve ser destinado ao(às) alunos(as) de ontem, de hoje e de sempre, fonte de incentivo contínuo e renovado à dedicação ao magistério e ao livre pensar criativo e comprometido com a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Finalmente, agradecer à família, base da inteligência emocional para dedicação a uma pesquisa científica de monta como são as efetuadas em obras com esse nível de profundidade e envergadura; daí o imprescindível agradecimento à minha mãe, Sônia Monteiro, base de segurança interior e amor sem fim, aos meus irmãos, Marcos e Marcelo, companheiros em todas as jornadas, e à minha amada esposa, Luana Cordeiro, efetiva parceira de vida em todos os momentos.
APRESENTAÇÃO
Este livro é resultado de pesquisas desenvolvidas no âmbito do doutorado em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – cuja tese, intitulada O Papel das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na Superação dos Obstáculos à Concretização da Democracia Participativa no Brasil
, foi apresentada em 08/08/2018 – consolidado com análises da repercussão de supervenientes fatos novos que guardam íntima conexão temática.
Por envolver assuntos tão dinâmicos e em constante transformação, em especial no que se refere às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), as pesquisas realizadas são baseadas em dados e informações que servem muito mais para conclusões de apontamentos de caminhos e análises críticas de limites e possibilidades.
Quando as pesquisas começaram, em 2015, não tinham ocorrido ainda o golpe institucional travestido de roupagem jurídica de impeachment, a surpreendente eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos e o Brexit, todos em 2016, entre outros tantos eventos no mundo inteiro a revelar a grave crise da democracia liberal representativa.
Mais ainda: após a apresentação do texto definitivo da tese, diversos fatos com repercussão nas temáticas abordadas também se sucederam e continuam a acontecer em uma velocidade impressionante, a exemplo da surpreendente eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República do Brasil, em 2018, em campanha eleitoral marcada por uso intenso das NTIC e discurso radical de extrema direita política, com seis meses de governo que revelam clara opção antissistema
.
O livro Democracia Participativa e Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: Desafios e Perspectivas é, portanto, um esforço possível de atualização da pesquisa apresentada ante fatos novos e importantes que a sucederam.
Trata-se de uma tentativa de submeter ao leitorado uma obra que formula hipótese ao final respondida de modo parcialmente afirmativo – a de que as NTIC têm sim potencialidade para contribuir na superação dos obstáculos à concretização da democracia participativa no Brasil – com desenvolvimento de caminhos, percursos e prognósticos para tanto, tendo sempre por horizonte o primado da soberania popular, pois somente quando o povo for o verdadeiro e efetivo titular do poder, bem como do seu exercício, é que será possível que se destine ao atendimento dos seus anseios, no sentido da igualdade de direitos de todos ao pleno desenvolvimento de suas habilidades e capacidades, bem como a emancipação do ser humano. Tudo isso sem descurar dos enormes obstáculos decorrentes da crise da democracia em que o uso das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação é capítulo especial e destacado.
PREFÁCIO
Conheci Maurício Gentil em pleno campo de batalha por um mundo socialmente justo, faticamente igual e orgulhosamente solidário. Na trincheira da advocacia – como seu colega –, afirmo que ele sempre esteve ao lado dos que não se cansam de lutar para que a Justiça rejeite a alcunha de brinquedo de papel
, presente inalcançável aos que dela efetivamente necessitam. No palco do magistério – segundo testemunhado por incontáveis alunos e alunas –, faz do saber um instrumento de liberdade e que rompe as amarras conservadoras de um direito positivado no patrimonialismo gerador de desigualdade. Na cena da OAB – seguidor de suas manifestações –, asseguro seu papel histórico, contundente e firme na defesa do Estado Democrático de Direito. Agora – na condição de leitor privilegiado do seu livro – confesso que nele enxerguei as asas dos avanços tecnológicos pousando na praça do povo, lembrando-me do vaticínio poetizado por Castro Alves: "Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar".
Em seu livro – como era de se esperar –, Maurício Gentil elege o povo como parceiro do seu sonhar democrático. Antenado com a realidade, compreende que o mundo virtual se integrou – imperceptível ou não – ao cotidiano das pessoas, podendo fornecer um potencial elemento para a superação dos obstáculos à concretização da democracia participativa no Brasil, dando efetividade ao ousado espírito libertário da Constituição de 1988. A receita do livro é o mais fiel retrato do coração constitucionalista do autor, pois, ao unir o destino do povo ao cumprimento da Constituição Federal, Maurício Gentil incorporpora o inesquecível Ulysses Guimarães, quando, no memorável 05 de outubro de 1988, ensinou: A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia
.
Daí a razão de enxergar, nos avanços tecnológicos, uma oportunidade de fortalecimento dos instrumentos de democracia participativa, utilizando-se das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) para recolocar o povo no centro decisório do poder. Neste admirável mundo novo
– utilizando-se a nomenclatura em que Aldous Huxley narra a distopia futurística que imaginou – Maurício Gentil ousa não abandonar a utopia da democracia. Não desconhecendo os riscos e impactos negativos dos avanços tecnológicos no mundo do trabalho, o reflexo excludente da grande massa sobre os celebrados benefícios da informatização e o fortalecimento econômico dos proprietários da tecnologia
, Maurício Gentil persevera na compreensão de que a Constituição Federal é também futuro e solução atualizada para extrair do passado a democracia do amanhã, submetendo a máquina à vontade da pessoa humana. É como se válida a profecia musical cantada por Belchior, quando, diante da polêmica entre o velho e novo, vaticinou: Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem
.
Sagaz e humanista por natureza, o autor procura superar o terrível efeito colateral dos avanços tecnológicos sobre a velha massa de pessoas
excluídas dos benefícios propagandeados pela Era Digital, transformando os próprios excluídos em escritores do seu próprio destino. As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) – como explica – poderiam ser a senha que faltava para se debruçar mais detidamente sobre as potencialidades democrático-participativas dessas novas ferramentas tecnológicas
(p. 170). Não posso deixar de registrar que a fórmula proposta é, paradoxalmente, uma solução inteligente, socialmente aceitável e politicamente digna, até porque retira do debate a acusação de que excluídos são os verdadeiros culpados da própria exclusão; pois, ao não se prepararam adequadamente para o tempo tecnológico nascente, não merecem um lugar ao sol.
Não sem razão, a esperança apontada pelo autor, no decorrer do seu imperdível ajuntamento de ideias consolidadas em livro, especialmente constata que hoje, de fato, já existe
a possibilidade de que qualquer pessoa passe a poder expressar-se livremente e em rápida conectividade com o mundo – sem precisar do filtro do governo ou dos meios tradicionais de comunicação social (televisão e rádio) – através dos mecanismos proporcionados pelo advento da internet transformou significativamente as relações pessoais, profissionais, as relações de poder e a forma de interconexão pessoal e social-comunitária com o mundo
(p. 169).
Maurício Gentil, ao apontar o uso da tecnologia como instrumento de fortalecimento da democracia participativa e antídoto ao elitismo eleitoral arraigado na política brasileira, não o faz por mero achismo intelectual
. A pesquisa em que se aprofunda lhe permite concluir que
foi identificada a novidade em termos de instrumentos tecnológicos a interagir no ambiente democrático em todo o mundo e também no Brasil, a partir do vertiginoso crescimento e da rápida expansão da internet e, por conseguinte, o desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação que, em seu conjunto, compõem o que se passou a denominar de ciberspaço e sua prática efetiva de ciberdemocracia
(p. 169).
Como apontado, os avanços tecnógicos, ocupação do ciberspaço, militância das redes sociais e ativismo digital estavam presente e foram decisivos como instrumentos de convocação, chamamento e aglutinação de movimentos como a Primavera Árabe
, a Grécia de 2011/2012, a Espanha de 2011, o Occupy Wall Street e, as denominadas Jornadas de Junho
no Brasil.
E tem razão em apostar no povo! Em 1962, o povo foi chamado a manifestar-se a respeito do sistema de governo quando, um ano antes, forçado pela renúncia de Jânio Quadros, havia imposto ao país um arremedo de parlamentarismo para negar ao vice-presidente João Goulart, eleito no sistema presidencialista, o direito de governar. Compreendendo que era uma manobra golpista, em plebiscito o povo disse não ao golpe. Em 1992, por imposição da Constituição de 1988, o povo foi novamente chamado a optar entre o regime (monárquico ou republicano) e o sistema (presidencialista ou parlamentarista) de governo. Optou pela república e pelo presidencialismo. Concorde-se ou não, votou consciente e deu seu recado. Recados que o autor pretende ampliar com o uso permanente das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC).
Efetivamente, o povo tem no voto uma privilegiada forma de soberania, podendo até se afirmar que o sufrágio é a própria voz republicana do povo. Tem razão o autor, portanto, quando propõe esmiuçar, compreender e aplicar o desenvolvimento cada vez mais intenso e crescente das novas ferramentas tecnológicas
(p. 169), abrindo espaço para uma hiperconexão, em patamares nunca antes alcançados na humanidade, e cujo crescimento ainda maior é previsto e almejado
(p. 170). As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) – caso utilizadas para o fortalecimento da democracia participativa – certamente modificarão o direito eleitoral e a forma como o sufrágio é exercido, contribuindo para a modernização da política e, continuamente, ajudar a revogar o velho patrimonialismo brasileiro.
Da mesma forma com que expõe o autor, acredito que a questão mais adequada para analisar o tema da democracia não guarda relação direta com a importância inexorável de qualquer avanço tecnológico na consolidação do processo histórico. Como ele corretamente aponta:
Somente quando o povo for o verdadeiro e efetivo titular do poder, bem como do seu exercício, é que será possível que o poder se destine ao atendimento dos seus anseios, no sentido mesmo do viés liberal de defesa da igualdade de direitos de todos ao pleno desenvolvimento de suas habilidades e capacidades, bem como a rejeição a ideia de que a sociedade de mercado seja apta a ensejar essa emancipação do ser humano
(p. 170).
A tecnologia foi, é e sempre será fundamental, imprescindível até. Mas somente a visão humanista do avanço tecnológico é que poderá alterar o seu uso excludente pelo poder econômico, político e social. Esse desafio é mais importante do que o duelo entre o velho e o novo. Até porque, como também esclareceu Belchior no refrão seguinte da genial canção já mencionada, a humanidade não pode concluir, outra vez, que minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos
.
Afinal – como aponta à exaustão – as novas tecnologias podem dar concretude e vida à democracia direta posta no art. 14, do Estatuto Republicano, trazendo para o palco da política os saberes da rua. É escrever em outras palavras, o povo, utilizando um instrumento que aprimora a democracia, poderá, rápida e decisivamente, fazer-se senhor do seu próprio destino, como bem ensinou Dom Luciano Mendes de Almeida: "Quando o cidadão deixar de ser expectador para ser também executor nós teremos uma nova fase na caminhada da democracia nacional".
Cezar Britto
Advogado e escritor, autor de livros jurídicos, romances e crônicas. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e da União dos Advogados da Língua Portuguesa. É membro vitalício do Conselho Federal da OAB, da Academia Sergipana de Letras Jurídicas e da Associação Brasileira de Jurista pela Democracia.
Sumário
1
INTRODUÇÃO 19
2
AS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (NTIC)
E SEUS IMPACTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E POLÍTICOS 25
2.1 A Sociedade da Informação 26
2.2 As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) 27
2.3 Difusão econômica e governamental dos avanços
tecnológicos comunicativos 30
2.3.1 A expansão econômica da internet 30
2.3.2 Internet e governos 32
2.4 As NTIC e as mobilizações sociais/políticas 33
2.4.1 Características 35
2.4.2 Movimentos sociais e políticos on-line/off-line 41
2.5 Potencialidades exploradas e inexploradas das NTIC como
instrumentos de participação da cidadania no debate público
e nas deliberações políticas 43
2.5.1 Iniciativas governamentais 43
2.5.2 Iniciativas sociais 46
2.6 A crise aguda dos sistemas de representação 48
2.7 Democracia Participativa e as Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação: novidade ou mais do mesmo? 51
2.8 A Ciberdemocracia
55
3
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E OS BLOQUEIOS À SUA
CONCRETIZAÇÃO NO BRASIL 59
3.1 Premissas teóricas sobre democracia e ação política 59
3.1.1 A democracia como componente estrutural do capitalismo na leitura
marxiana e a guerra de posição
de Gramsci 59
3.1.2 A democracia liberal no pensamento de Macpherson e a democracia
participativa 70
3.1.2.1 Os precursores da democracia liberal 70
3.1.2.2 Modelo 1: a democracia protetora 71
3.1.2.3 Modelo 2: democracia desenvolvimentista 72
3.1.2.4 Modelo 3: democracia de equilíbrio 76
3.1.2.5 Modelo 4: democracia participativa 78
3.1.3 A democracia participativa liberal na ciência política de natureza
institucionalista 86
3.1.4 Esclarecimentos conceituais sobre democracia participativa 89
3.2 Os obstáculos à efetivação da democracia participativa
no Brasil 92
3.2.1 Bloqueio do sistema representativo à utilização de plebiscitos e referendos,
bem como à introdução de novos mecanismos de democracia direta 93
3.2.2 O oligopólio dos meios de comunicação social e o controle do debate
público pelo poder econômico 102
3.2.3 Educação que não prepara efetivamente para o exercício da cidadania 114
3.3 A democracia participativa a que se pretende chegar 124
4
AS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
(NTIC) E A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA: A CRIATIVIDADE
INSTITUCIONAL 127
4.1 As NTIC e os obstáculos à democracia participativa 128
4.1.1 As NTIC e os mecanismos de democracia direta 128
4.1.2 As NTIC e a democratização da comunicação social 139
4.1.3 As NTIC e a educação para a democracia participativa 142
4.2 A crise da democracia liberal e seus problemas
contemporâneos 146
4.2.1 Cibercultura, Ciberdemocracia e os riscos da polarização e fragmentação 149
4.2.2 A tentativa de domesticação das potencialidades transformadoras das NTIC 152
4.3 Os novos desafios da democracia participativa 159
4.4 Instrumentos jurídicos do uso das NTIC na democracia
participativa no Brasil 161
4.4.1 Disposições constitucionais em ciência, tecnologia, inovação e comunicação 161
4.4.2 O marco civil da internet: Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 163
4.4.3 Políticas Públicas de utilização das NTIC na democracia participativa 166
5
CONCLUSÃO 169
REFERÊNCIAS 173
ÍNDICE REMISSIVO 181
1
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como objetivo central investigar as potencialidades das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) na superação dos obstáculos à concretização da democracia participativa no Brasil, que é uma promessa da Constituição de 1988.
Com efeito, tendo em vista as mudanças qualitativas e paradigmáticas que as novas plataformas de comunicação e de interação social e política proporcionam, é possível vislumbrar sua incorporação ao funcionamento da democracia de modo eficaz, para potencializar a deliberação participativa da cidadania ao máximo de efetividade.
Essa investigação científica é motivada pelos recentes fatos ocorridos na história mundial e brasileira - ampla mobilização popular em diversos aglomerados urbanos nos mais diversos países, que supõem novos apontamentos teóricos e novas conformações normativas sobre a democracia e sobre os seus instrumentos de efetivação.
No Brasil, essas amplas mobilizações populares ficaram conhecidas como "Jornadas de