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Minha Família não Existe, Por Quê?: Discussões sobre o Estatuto da Família no Congresso Nacional pelo Olhar da Mídia
Minha Família não Existe, Por Quê?: Discussões sobre o Estatuto da Família no Congresso Nacional pelo Olhar da Mídia
Minha Família não Existe, Por Quê?: Discussões sobre o Estatuto da Família no Congresso Nacional pelo Olhar da Mídia
E-book162 páginas1 hora

Minha Família não Existe, Por Quê?: Discussões sobre o Estatuto da Família no Congresso Nacional pelo Olhar da Mídia

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Sobre este e-book

Devido às intensas trocas de conhecimentos e de informações que vivenciamos causadas pela globalização, pelos avanços das tecnologias, estamos num processo de readaptação de práticas sociais. O tradicional sofre profundas mudanças. Giddens (1991) chama esse fenômeno de Modernidade Tardia. Instituições como a família sofrem reestruturação. Este livro surge diante desse contexto sociopolítico e social em que a maior parte das informações que os cidadãos têm acesso vem da mídia que elabora versões de eventos sociais de acordo com seus posicionamentos socio- políticos. A partir dessa situação aparece uma questão que embasa todo o livro: sabendo que as instituições midiáticas não são neutras quanto à qualidade da infor- mação a ser veiculada, como elas elaboram discursos ideologicamente marcados? Como articulam suas crenças e interesses de forma persuasiva, e até manipulativa, no sentido de abuso de poder? Pretende-se, aqui, provocar reflexões sobre as orien- tações ideológicas que norteiam algumas revistas e portais acerca da questão da aprovação do novo conceito de família no Congresso Nacional. O nosso pressuposto é que, a depender da qualidade do acesso à informação, as pessoas posicionam-se de forma distinta. Optou-se por discutir sobre os embates discursivos a respeito desse assunto, por ser um evento polêmico e atual que se instala no Congresso e na sociedade. Considero um tema polêmico porque na própria Constituição nacional, o termo "família" refere-se ao grupo formado por homem, mulher e filhos; no entanto, hoje, novas formações familiares existem e muitos parlamentares ensejam ampliar esse conceito. Além disso, como pesquisadora, mas ao mesmo tempo pertencente a uma família não padrão, entusiasmo-me em investigar e discutir sobre as novas formações familiares que eclodem na sociedade, e que precisam ser reconhecidas por ela, inclusive perante a lei. Trago no livro análises que objetivam identificar e com- preender estratégias linguísticas e discursivas em função de questões políticas e ideológicas de instituições jornalísticas. Para fundamentar o trabalho, lançamos mão da Análise Crítica do Discurso como referencial teórico e metodológico de pesquisa para examinar as construções discursivas relativas ao abuso de poder.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de jan. de 2021
ISBN9786555236248
Minha Família não Existe, Por Quê?: Discussões sobre o Estatuto da Família no Congresso Nacional pelo Olhar da Mídia

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    Pré-visualização do livro

    Minha Família não Existe, Por Quê? - Fernanda Pinheiro de Souza e Silva

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por me abençoar nesta empreitada.

    Ao meu professor e orientador, Karl Heinz Efken, que apostou em mim e apoiou-me em todos os momentos.

    Aos professores da Universidade Católica de Pernambuco, especialmente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, Nadia Azevedo, Roberta Caiado, Moab Acioli, Isabela do Rêgo Barros, Benedito Bezerra, doutores e mestres valiosos que me mostraram em suas aulas e caminhadas o valor do conhecimento.

    À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão da minha bolsa de estudo integral para realização do mestrado da Unicap em um momento tão especial da minha vida, que estava me tornando mãe.

    À minha mãe, Wilma Leonardo Pinheiro De Souza e Silva, que é luz na minha vida.

    Ao meu filho Gabriel, que me dá coragem sempre.

    Ao meu pai, Fernando Gomes de Souza e Silva, in memoriam, que foi o orgulho da minha vida.

    Aos funcionários da pós-graduação da Unicap, especialmente Daniele, Nélia e Sérgio, que me fizeram ter acesso à academia, e à Eliene, que literalmente não me deixou desistir.

    Apresentação

    O livro tem como ponto de partida a investigação da esfera¹ midiática, esfera em que o poder manifesta-se de forma persuasiva. O poder hegemônico das instituições da mídia reverbera de forma direta nos textos que produzem, cabendo ao leitor saber reconhecer essas ideologias veladas nas entrelinhas. Como essas instituições constroem linguística, discursiva e ideologicamente suas versões dos fatos? Refletir sobre as ideologias que permeiam as instituições midiáticas é possível a partir de uma investigação linguístico-discursiva, cujas marcas constroem discursos diferenciados e demonstram a opacidade da língua, ou, em outras palavras, o potencial ideológico dela para a produção, reprodução e mudança dos discursos. Entendendo-se por ideologia o conjunto de representações de aspectos do mundo que contribui para o estabelecimento, manutenção e mudança de relações sociais de poder, dominação e exploração (FAIRCLOUGH, 2001).

    Buscarei, dessa forma, desvelar algumas orientações ideológicas que norteiam revistas e portais acerca da questão da aprovação do novo conceito de família no Congresso Nacional. O Estatuto foi elaborado pelo deputado evangélico pernambucano Anderson Ferreira² com o propósito de manter a definição antiga do conceito de família, defendendo que essa instituição é e deverá ser caracterizada pela união entre homem e mulher por meio de casamento ou união estável, ou o núcleo formado por um dos pais mais os filhos, excluindo outras famílias, como as estendidas formadas pelo acréscimo de algum parente à família tradicional ou nuclear. Contrapondo a essa definição tradicional, há um grupo de parlamentares que defende uma concepção plural de família, as famílias ampliadas, recompostas (frutos de vários casamentos), monoparentais, adotivas e homoparentais.

    Além disso, o tema também foi escolhido pela possibilidade de poder conectá-lo à Análise Crítica do Discurso (ACD), que é uma abordagem teórico-metodológica para o estudo da linguagem nas sociedades contemporâneas e que possui bases científicas para questionamentos críticos da vida social, em termos de justiça social e poder (FAIRCLOUGH, 2003 apud RESENDE; RAMALHO, 2006). A minha hipótese é que, a depender da qualidade do acesso à informação, as pessoas posicionam-se de forma distinta. As análises objetivam também identificar e compreender as estratégias linguísticas e discursivas em função de questões políticas e ideológicas das instituições jornalísticas.

    Os textos a serem analisados foram divididos em um corpus restrito e outro ampliado. O ampliado fornece uma visão amplamente ideológica dos textos, por exemplo, a Revista GospelMais sempre coloca-se a favor da concepção de família tradicional. Já o restrito, é quando a análise dessa investigação incide, no qual utilizarei a lente da ACD, pelas categorias escolhidas, para desvelar o modo como são construídos os posicionamentos. São 21 textos completos de nove instituições midiáticas, inclusive com imagens, os quais são apresentados sob a forma de artigos de opinião, reportagens, notícias e entrevistas. A escolha dessa pluralidade de gêneros ocorreu devido à possibilidade de me aproximar do discurso jornalístico de forma mais ampla na medida em que, em gêneros diferentes, o posicionamento da instituição midiática pode ser mais claramente apreendido. Essa multiplicidade de instituições acontece devido à oportunidade de poder mais facilmente comparar os posicionamentos entre os veículos de comunicação. O assunto é único – e versa sobre a implementação do estatuto da família. Importante dizer que essas revistas e portais foram selecionados por apresentarem entre si posicionamentos partidários matizados. Relevante dizer que todos os textos dessas fontes foram retirados de suas versões digitais. A época da veiculação desse material foi durante o ano de 2015, quando o assunto sobre a implementação do Estatuto estava em evidência. E até agora, 2020, ainda não foi aprovado esse Estatuto.

    LISTA DE ABREVIATURAS

    Sumário

    Capítulo 1

    O DISCURSO RELIGIOSO VERSUS O DISCURSO DE GÊNERO NO CONGRESSO NACIONAL PELO OLHAR MIDIÁTICO 13

    1.1 Bancada evangélica 15

    1.2 Bancada de gênero LGBTQ+ 19

    CAPÍTULO 2

    DISCURSO MIDIÁTICO E IDENTIDADE NA

    MODERNIDADE TARDIA 21

    2.1 A Modernidade Tardia ou Reflexiva de Anthony Giddens 24

    CAPÍTULO 3

    UMA CHAVE PARA DESVELAR DISCURSOS: A ANÁLISE CRÍTICA

    DO DISCURSO 27

    3.1 Modelo Tridimensional do discurso 29

    3.2 Significados do discurso e categorias de análise 30

    3.3 Prática Social 36

    3.4 Alguns conceitos aplicados na pesquisa 38

    3.4.1 Concepção de Discurso e Poder: Gramsci 38

    3.4.2 Concepção de Poder Midiático 40

    3.4.3 Concepção de Ideologia 43

    CAPÍTULO 4

    UMA ABORDAGEM MULTIMODAL DA ANÁLISE CRÍTICA

    DO DISCURSO 45

    CAPÍTULO 5

    CAMINHOS DA PESQUISA 51

    CAPÍTULO 6

    ANÁLISE DOS GÊNEROS JORNALÍSTICOS SOBRE O

    ESTATUTO DA FAMÍLIA 55

    6.1.Discurso da Câmara e do Senado 55

    6.2 Discurso Evangélico 58

    6.3 Discurso da Ideologia de Gêneros 62

    6.4 Discurso da Editora Abril 69

    6.5 Discurso da Editora Três 75

    6.6 Discurso da Editora Globo 82

    6.7 Discurso da Editora Confiança 92

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 97

    REFERÊNCIAS 101

    ÍNDICE REMISSIVO 107

    Capítulo 1

    O DISCURSO RELIGIOSO VERSUS O DISCURSO DE GÊNERO NO CONGRESSO NACIONAL PELO OLHAR MIDIÁTICO

    O Estatuto da Família é um Projeto de Lei (PL 6.583-13) de autoria do então deputado federal Anderson Ferreira, do PR-PE, Partido da República, que tramita, por enquanto, na Câmara dos Deputados e tenta definir o conceito de família no Brasil. O Estatuto estabelece regras jurídicas para esclarecer que tipo de grupo pode ser chamado de família. Seria relevante um projeto como esse, porque, a priori, deveria ser inclusivo. Quando se remete à família na atualidade, sabe-se, claramente, que a família tradicional não é hoje mais unanimidade, e há, sim, circulando pela sociedade, novos padrões familiares que precisam de amparo, tal qual a família tradicional de certa maneira tem. Esse PL, inicialmente, veio corroborar com a Constituição de 1988, artigo 226, que define a família como formada pela união

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