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Abordagens metodológicas não convencionais em pesquisa
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E-book220 páginas2 horas

Abordagens metodológicas não convencionais em pesquisa

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Sobre este e-book

As populações vivem, convivem e sobrevivem em um mundo imerso em evoluções contínuas que abraçam e abarcam pluralidades dimensionais, quer sejam nos desafios inerentes aos modos de pensar, investigar, intervir, analisar, reorientar e socializar saberes e práticas. Estabelecendo conexão investigativa com Global Health Data Exchange e ferramentas digitais os autores desta coletânea comprovam a importância de trilhar percursos com abordagens metodológicas não convencionais. Construída em cenários diversos e fecundos, os capítulos percorrem com leveza e interatividade temas complexos e confrontadores - a carga global de doenças e o uso de tecnologias educacionais - no sentido de aprofundar o diálogo com o leitor e a sociedade. O delineamento dos conteúdos apresentados, decorrentes de estudos investigativos ou reflexões teórico-práticas ajuízam a trajetória acadêmica e/ou profissional dos autores.

Estes autores transitam como pesquisadores no Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Violência, Promoção da Saúde e Populações Vulneráveis – com maior representatividade da linha de pesquisa Epidemiologia, Promoção da Saúde e Prevenção da Violência, que integra o Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, do Departamento de Saúde Comunitária, da Universidade Federal do Ceará – ou como autores convidados que produzem suas práticas na pesquisa/ensino ou nas redes de serviços de atenção.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de out. de 2019
ISBN9788557150324
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    Abordagens metodológicas não convencionais em pesquisa - Tamires Feitosa de Lima

    https://www.undp.org/content/dam/brazil/Agenda2030-completo-site%20(1).pdf

    Parte 1 - Estudo da Carga Global de Doenças

    CARGA GLOBAL DAS VIOLÊNCIAS INTERPESSOAIS EM INDIVÍDUOS JOVENS:

    mortalidade, anos vividos com incapacidade e anos perdidos por mortes prematuras em 27 anos nas Américas.

    Chiara Lubich Medeiros de Figueiredo

    Cristiane Nobre Silva

    Tamires Feitosa de Lima

    Clarisse Alves Néo

    Verônica Maria da Silva Mitros

    Rosa Maria Salani Mota

    Raimunda Hermelinda Maia Macena

    INTRODUÇÃO

    A violência vem sendo considerada um problema de saúde pública em vários locais do mundo, sendo um dos principais motivos de morbimortalidade e responsável por adoecimento, perdas humanas e financeiras (1, 4). Dividida didaticamente em quatro categorias, a violência pode ser coletiva, auto infligida, interpessoal (3) e estrutural (5), nesse artigo abordaremos apenas a violência interpessoal (VIP).

    A VIP é definida como aquela que os indivíduos possuem dificuldades para solucionar conflitos e usam do poder ou força física, podendo ter como subcategorização a violência comunitária ou violência familiar (3, 6). Na maioria dos países da América Latina, a magnitude é mais elevada que em países desenvolvidos (3, 4). A América Latina corresponde a uma região que abrange mais de 700 milhões de habitantes e engloba ao todo, 12 países da América do Sul, 07 América Central e 14 do Caribe, sendo que alguns deles vivenciam situações de conflitos internos (7, 11). Dentre as vítimas da VIP, os jovens do sexo masculino, possuem mortalidade mais elevada, principalmente na faixa etária de 15 a 34 anos (1, 7, 8, 12, 13).

    Vários e interligados fatores tem sido apontados para variações da ocorrência de VIP na América Latina (10, 14). Dentre muitos fatores, podem ser citados as desigualdades de renda e amplitude da pobreza, má qualidade da educação, narcotráfico, corrupção, recentes conflitos e guerras civis (7, 10, 15, 16). As informações epidemiológicas representam forte relevância, pois permite traçar adequada (re) organização dos serviços e planejamento dos profissionais de saúde para atendimento, prevenção e resolução de demandas de saúde não apenas individuais, mas também coletivas (17, 18).

    Partindo desse pressuposto, o uso de indicadores em saúde firma-se no sentido de colaborar no delineamento, acompanhamento e/ou monitoramento de metas e propósitos planejados para as questões de VIP. Em termos práticos, oferecem subsídios para a formulação de estratégias políticas para melhoria das ações de saúde em uma população, além de serem capazes de mensurar o impacto das ações sobre a saúde da sociedade (6). A quantificação da violência e a criminalidade tem sido um desafio, não só pela sua amplitude e dinâmica, mas porque os dados, mesmo oficiais, apresentam fragilidade (9, 14). Desde os anos 90, estudiosos apontam a necessidade de redução das desigualdades socioeconômicas, proposição e implementação de políticas públicas estruturantes, políticas e ações de pacificação além do apoio ao desenvolvimento da educação de qualidade como medidas essenciais para o controle deste agravo (3, 4, 6, 7, 19, 20).

    Assim, estudos que avaliam o impacto global de indicadores de saúde como a Carga Global de Doença (GBD), representam ferramentas valiosas por permitir estimar valores substanciais relativos às reais demandas populacionais além de mensurarem o impacto do agravo sobre a qualidade de vida da população afetada (21). Entretanto, os impactos e indicadores de VIP ainda são poucos discutidos nas Américas, em especial na América Latina (2, 12, 22, 23). Assim este estudo objetiva analisar a mortalidade, os anos de vida vividos com incapacidade (YLD) e os anos perdidos por mortes prematuras (YLL) devido a VIP, em indivíduos de ambos os sexos e faixa etária de 15-49 anos, comparando 27 anos em cinco regiões das Américas (Brasil, Caribe e nas Américas Central, Andina e do Sul), utilizando estimativas produzidas pelo estudo da Carga Global de Doença.

    MÉTODOS E MATERIAIS

    Estudo de dados secundários, ecológico, baseado no Global Health Data Exchange (GBD 2018), utilizando a metodologia sugerida pelo Instituto Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), disponível no link: http://ghdx.healthdata.org/. ¹ O GBD, com sua versão atualizada em 2018, destina-se à disponibilização de vários dados (censos, estudos e dados estatísticos) assim como de recursos de pesquisa sobre indicadores de saúde distintos, apresentando ainda causas, riscos, etiologias, deficiências, divisão por sexo, ano, faixa etária e local no contexto de saúde (21, 24).

    A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro de 2019 por pesquisadores cegos. Os dados foram agrupados por causa específica da violência interpessoal. Para captar os dados foram utilizados os filtros: delimitação de localização espacial, ano, faixa etária, causa, valor de mensuração (razão) e indicadores de medidas (taxas de mortalidade, YLDS e YLL) (24). A amostra analisada compreendeu os dados de cinco regiões da América Latina divididos por sua proximidade em cenário político-econômico, geografia e violência (7, 9, 14):

    América Latina do Sul (Argentina, Chile e Uruguai);

    América Latina Central (Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e Honduras);

    América Latina Andina. A América Andina é a região cortada pela Cordilheira dos Andes e se constitui por Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile (25), porém, nesse estudo só irá ser retratada a Bolívia, Equador e Peru, pois são os países que estão disponíveis no GBD;

    Caribe (Antígua e Barbuda, Domínica, Porto Rico, Bahamas, República Dominicana, Barbados, Granada, São Vicente e Granadinas, Belize, Guayana, Bermuda, Haiti, Trinidade e Tobago, Cuba, Jamaica e Ilhas Virgem - Britânica);

    Brasil.

    Para avaliação do impacto do efeito foram analisados os números oficiais das mortes por VIP de cada região, calculados YLD ou anos de vida vividos com incapacidade e YLL ou anos perdidos por morte prematura. A VIP foi considerada como os casos de óbito decorrente de assalto por arma de fogo, por objeto perfurocortante ou outros meios, violência sexual, conflitos comunitários, terrorismo e intervenção jurídica (24).

    Os anos de vida vividos com qualquer perda de saúde a curto ou longo prazo são representados pela sigla YLD, esse dado é obtido multiplicando a prevalência da condição pelo peso da incapacidade para essa condição. Os pesos das deficiências mostram a seriedade das diferentes condições e foram criados a partir de pesquisas do público em geral. Os YLL são os anos de vida perdidos por morte prematura e são computados diminuindo a idade do óbito da maior expectativa de vida possível para uma pessoa nessa idade. As análises descritivas foram obtidas através das ferramentas GBD Compare|Viz Hub contida no IHME² através Excel® for Windows 2010.

    Neste estudo consideraram-se os preceitos da resolução n° 466/2012 sobre pesquisa com humanos. Para tal, foram utilizadas apenas informações de acesso público e oriunda de banco de dados com informações agregadas, sem possibilidade de identificação individual, dessa forma não foi necessária à submissão para apreciação ética.

    RESULTADOS

    A taxa de mortalidade por VIP no Brasil (44,03 para 47,34/100.000 hab. de 1990 para 2017) é 4 vezes maior que em outras regiões da América Latina e 2 vezes superior que a taxa de mortalidade global (9,52 para 7,79/100.000 hab. de 1990 para 2017). A América Latina Central apresenta taxas superiores a todas as outras regiões estudadas (53,8 para 54,71/100.000 hab. de 1990 para 2017), cerca de 5,5 x maior que a taxa mundial. Contudo entre 2003-2009 e no ano de 2016 o Brasil ultrapassou as taxas de mortalidade por VIP da América Latina Central e do mundo (GRÁFICO 01).

    Gráfico 01 – Taxa de mortalidade por violência interpessoal, entre indivíduos de 15 e 49 anos, considerando cinco regiões da América Latina e o mundo, 1990-2017.

    Fonte: Global Health Data Exchange (GBD 2019).

    Exceto na América Latina Andina (-1,94/100.00 hab.), tem sido observado crescimento da mortalidade por VIP para ambos os sexos. Para a mortalidade por VIP, o público masculino, mantém variações semelhantes ao grupo geral nas mesmas regiões estudas. As maiores variações de crescimento ocorreram no Brasil (3,31 para 6,8 entre 1990 e 2000). A região brasileira apresenta mortalidade media por VIP de 12,89/100.000 hab. entre os anos de 1990 e 2000, mas com queda (-6,36/100.0000 hab.) nos anos de 2000-2017. O Caribe surge em 2º. lugar (12,53/100.000 hab.) sendo que apresenta taxas elevadas nos anos de 1990-2017, contudo as maiores taxas se mostraram a partir do ano 2000 (10,78/100.000 hab.). Para a população feminina, a América Central apresenta variação das taxas de mortalidade de 2,31/100.000 hab. nos anos de 1990 a 2017. Entretanto, nota-se queda entre 1990 a 2000 com taxa de 1,65/100.000 hab. e nos anos de 2000-2017 (0,66/100.000 hab.). No que se refere ao YLD, a América Central, para ambos os sexos, mostra-se com os resultados mais preocupantes das regiões estudadas (63.09/100.000 hab. em 1990 para 53.69/100.000 em 2017). Os melhores indicadores estão no Caribe (50,87/100.000 hab. em 1990 para 56,46/100.000 hab. em 2017) e América Latina do Sul (66,78/100.000 hab. em 1990 para 72,8/100.000 hab. em 2017) (QUADRO 01).

    A projeção da mortalidade para o ano de 2040, nos melhores cenários revela queda significativa nas taxas de mortalidade, sendo que para a América Central estimam-se as maiores reduções (48,93/100 mil/hab. em 1990 para 27,55/100 mil/hab. no ano de 2040) (GRAFICO 02). Ao se analisar a projeção do YLL observa-se tendência ao decréscimo em todas as regiões estudadas, sendo que o Brasil (2.553,84/100 mil hab. em 1990 para 1.636,73/100 mil hab. em 2040) e a América Latina Central (2.813,93/100 mil hab. em 1990 para 1.540,39/100 mil hab. em 2040) ainda manterão patamares elevados (GRAFICO 03).

    Gráfico 02 – Projeção da mortalidade para o ano de 2040, por violência interpessoal, por sexo entre indivíduos de 15 a 49 anos em cinco regiões da América Latina.

    Fonte: Global Health Data Exchange (GBD 2019).

    Quadro 01- Número de mortes por 100 mil habitantes, em ambos os sexos, de 15 a 49 anos, em cinco regiões da América Latina, 1990-2017, vitimados pela violência interpessoal.

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