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Jogando os Dados com o Amor: Série Jogando os Dados - Livro #2
Jogando os Dados com o Amor: Série Jogando os Dados - Livro #2
Jogando os Dados com o Amor: Série Jogando os Dados - Livro #2
E-book495 páginas5 horas

Jogando os Dados com o Amor: Série Jogando os Dados - Livro #2

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Sobre este e-book

Desde que deixamos Talles e Mila, após o verão, eles trilharam um longo caminho por entre descobertas de prazer e sensações - porém, ainda tem muito pela frente para desenvolver seu frágil relacionamento criado em cima de atração sexual em um amor de companheirismo. Mila deve ceder ao seu medo de entrega e confiança, Talles deve dar o braço a torcer com seus próprios problemas de envolvimento. Os dois extremos se chocaram, faíscas foram espalhadas por todo o campo, agora é necessário que a chama seja controlada antes que se alastre em uma acidente fatal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de abr. de 2022
ISBN9781526004376
Jogando os Dados com o Amor: Série Jogando os Dados - Livro #2
Autor

Letícia Black

Letícia Black é natural do Rio de Janeiro, nascida no comecinho da década de 90. Seu primeiro livro foi publicado em 2012 e ela não pretende parar. Autora orgulhosa dos livros Contos de Uma Fada, Garota de Domingo, Safira, Toque de Recolher, Monstro, Deserto e da série Jogando os Dados.

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    Jogando os Dados com o Amor - Letícia Black

    cover.jpg

    Este livro encontra-se em sua primeira revisão. Pequenos erros podem ser encontrados e serão corrigidos nas próximas edições, assim como novas cenas serão acrescentadas ao final do livro na segunda edição. Boa leitura e fique atento aos avisos de revisão.

    Revisão: Julia Bianca

    Diagramação: Letícia Black

    ©‎ 2016 by Letícia Black

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da autora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

    Para Maya,

    Que é tão parecida com Mila que me assusta.

    Talles

    Eu levantei da mesa, derrubando a cadeira com tudo, chamando a atenção de todos ao redor. Ninguém entendeu nada, nem mesmo Marcos que já acompanhava meu comportamento esquisito há um pouco mais de tempo.

    Eu não estava nem aí.

    Meus olhos estavam cravados no ponto em que um imbecil parecia comer minha garota, a quem ele tinha ofendido e agredido há um mês atrás e eu ainda não conseguia entender como ela não tinha feito porra nenhuma para afastá-lo.

    Que merda era aquela?

    Não fiz pergunta nenhuma, nem quis saber. Arranquei o babaca de perto dela e lhe dei o soco no nariz que ele estava merecendo há muito tempo, fazendo-o cair no chão à minha frente, já sangrando.

    - O que você está fazendo? - Mila surgiu na minha frente, a voz arrastada e a pergunta me deixando muito confuso.

    O que eu estava fazendo? O que ela estava fazendo?

    Encarei-a de cima a baixo, percebendo todas as pequenas alterações comportamentais discretas, mas ainda assim claras. Aproximei-me e meu nariz identificou o cheiro inconfundível de álcool entrando no meu sistema. Balancei a cabeça negativamente.

    - Você está bêbada? - soou como uma pergunta, mas eu não precisaria perguntar. Eu tinha certeza absoluta.

    Ela encarou-me com uma expressão zangada e enojada, enquanto seu amiguinho, no chão, jogava a cabeça para trás e tentava conter o sangramento, com a ajuda de uma mina que acabara de chegar até ele.

    Agarrei-a pelo braço e estava já puxando-a para levá-la para casa, antes que fizesse qualquer merda pior e se arrependesse pelo resto da vida, já que se sua pequena arte sempre podia chegar em alguém que pudesse colocá-la na mídia ou até seu pai.

    - Seu merda! - berrou, tentando puxar seu braço de volta para ela - Me solta, seu babaca, me solta!

    Estava à beira do choro e eu não sabia que merda estava acontecendo, mas não a soltei. Nunca que eu ia deixar uma Mila bêbada, perdida por aí, sendo alvo fácil para lábios alheios.

    - Você tá doida, Mila? - perguntei. - Vou te levar pra casa agora.

    Ela puxou o braço novamente e eu não estava esperando tanta força, então acabou com ela escapando do meu aperto. Levou as mãos ao meu peito e me deu um empurrão que me obrigou a dar uns dois passos para trás, devidamente chocado com toda a sua revolta sem motivo.

    - Você não manda em mim! - berrou. - Eu não sou sua propriedade!

    Da última e única vez que ela ficara bêbada em minha presença, tinha sido muito mais divertido, mas eram ossos do ofício e eu apenas girei meus olhos no ar, buscando a pouca paciência que tinha, já esgotada por tê-la pego beijando outro cara.

    Mas iria discutir isso com ela quando estivesse sã e sóbria. Quando estivesse tão horrorizada por beijar Léo quando eu estava por tê-la visto nessa situação.

    - Mila, por favor, só vamos, ok? - pedi, com o máximo da calma que eu conseguia no momento.

    Estiquei minha mão para ela, mas ela estapeou-a, apontando o indicador para mim, prestes a me dar uma bronca. Até bêbada conseguia disposição para brigar comigo por qualquer coisa.

    - Eu não vou a lugar algum com você nunca mais! - berrou. - Você não tá vendo? Eu segui em frente! Não vou ficar esperando você enquanto você transa com qualquer uma que bem entender, tá ouvindo? Você nunca mais vai me tocar!

    Puta merda.

    Eu finalmente entendi sobre o que aquilo tudo era. Mila estava me dando o troco por algo que eu não sabia que tinha feito e tinha se atracado com Léo porque sabia que era a coisa que mais me incomodaria que ela fizesse.

    A raiva finalmente me acometeu. Quem era ela para resolver me amarrar e depois pisar em mim daquela forma?

    - Sua piranha de quinta! - as palavras saíram sem controle. - Sua vadia sem noção de nada da vida, só sabe reclamar, resmungar! Puta! Puta! Puta!

    Da mesma forma que Mila encontrara a coisa que mais me magoaria com facilidade, também encontrei o que mais lhe magoaria sem nem pensar. E da mesma forma que suas ações tiveram reações rápidas, as minhas também.

    Eu senti o estouro em minha bochecha antes de sequer reparar que ela tinha se aproximado e se movido para me dar um tapa. Um de verdade, dolorido, diferente dos seus tapinhas de brincadeira que espalhara pelo meu corpo por todo o verão.

    Voltei meu rosto para ela, a mão sobre o ardido de onde a sua estivera e encontrei seus olhos marejados. Soube, então, que tinha cruzado a linha.

    Não precisava que dissesse as palavras para saber que eu tinha ido longe demais.

    - Nunca mais, Talles - murmurou, parecendo muito mais sóbria que segundos antes. - Nunca mais. - frisou.

    E saiu batendo os pés, passando por um Léo ensanguentado que ainda chamou-a, mas a quem ignorou, deixando ainda mais claro que minha teoria estava mais que correta: ela não se importava, sequer queria sair com ele; só precisava que acontecesse o que aconteceu. Só queria me chatear.

    E soube o que eu tinha feito de errado, afinal.

    Perdi a oportunidade de dizer a ela como me sentia. Não tinha dito eu também, tinha permanecido com aquela coisa entalada na minha garganta e ela me respondeu que estava tudo bem.

    Obviamente, não estava nada bem.

    Esfreguei meu rosto e respirei fundo, encontrando Marcos bem atrás de mim, acompanhando tudo. Em uma olhada zangada dele, todo mundo voltou aos seus afazeres, como se nada tivesse acontecido.

    - Que merda tá acontecendo, cara? - questionou, preocupado, a mão nas minhas costas, guiando-me de volta para a mesa.

    Meu sanduiche estava quase intacto no prato em cima da mesa e eu não comera nada além de uns biscoitinhos amanteigados a manhã inteira, mas simplesmente não sentia fome alguma. Pelo contrário, ao sentar-me à mesa, com Marcos em minha frente e o seu olhar aflito, o cheiro da comida me deixou enjoado e embrulhou o meu estomago.

    - Eu caguei tudo, cara - confessei. Minha voz saiu estranha e falhada e eu fiquei com uma súbita vontade de correr para o banheiro e... Chorar. - Tem merda até o teto. Eu caguei tudo.

    Ele me deu um tapinha desajeitado no ombro. Marcos nunca precisou me consolar porque nunca fiquei na merda. Era compreensível.

    - Cê vai dar um jeito, cara - garantiu. - Você sempre dá.

    Dessa vez, não tinha tanta certeza assim. Eu tinha demorado dois anos para conseguir convencer Mila a sequer me beijar; agora, nas minhas mãos, eu a tinha deixado escapar por medo de admitir que ela me fazia sentir o que sentia e, pior: ela tinha dividido comigo seus medos e receios e eu os usara para atingi-la.

    Eu era um merda. Ela provavelmente ficaria melhor sem mim.

    Não pude evitar continuar procurando-a o resto do dia. Talvez, se tivesse qualquer oportunidade, poderia lhe pedir desculpas, poderia chamá-la para conversar.

    Pensei em lhe mandar mensagens, mas ela tinha me ignorado anteriormente e eu sabia que mandar uma agora era quase falta de respeito. O que tínhamos para resolver, era para ser feito cara a cara.

    Eu não podia escrever Me desculpe, eu amo você, me perdoa podia?

    Pouco mais de uma hora depois do final do horário de almoço, estava indo para minha aula, um pouco perdido, e encontrei Mila saindo do banheiro com a cara toda brilhando de maquiagem. Parecia mais desperta, menos bêbada e não muito bem. Congelei no meio do corredor, completamente sem reação e no momento em que defini que era melhor caminhar até ela e tentar convencê-la a conversar, Ludmila percebeu minha presença, jogou o cabelo de lado e sorriu para o primeiro cara que passou pelo corredor, jogando charme.

    O cara foi esperto o suficiente para parar e lhe cumprimentar com um olá, ao que ela respondeu com um sorriso.

    Eu sabia que estava com raiva, sabia que tinha feito merda e sabia que, por estar zangada, tinha feito isso porque me viu. Imaginei que se saísse de perto, não iria jogar charme para ninguém.

    Da vez seguinte que esbarrei com ela no corredor, tomei cuidado para tentar não deixá-la me ver. Desta, pude ver seus trejeitos cansados, seu humor tão comparado ao meu que quis correr até ela e abraçá-la, jurar que tudo iria ficar bem e que nós só precisávamos nos sentar e conversar por algumas horas.

    Então, fiquei completamente irritado.

    Porra, ela tinha beijado a bosta do amigo dela! Estava bebendo cedo, ignorara todas as minhas mensagens e ligações e ainda estava me pintando como vilão da história.

    Que se fodesse!

    Minha raiva durou até o próximo momento que a vi passando por mim no corredor e reparou em mim, parado ali, como se seus olhos fossem treinados para me encontrar tal como os meus eram para encontrá-la. Fingi mexer no celular, mas já era tarde demais; lá estava ela jogando charme para mais um cara, mesmo que esse tenha apenas tropeçado nos próprios pés e a fizera rolar os olhos.

    Não dava. Ver Mila com outro cara era simplesmente demais para mim. Estava indo segui-la quando ela entrou em uma sala de aula qualquer e, dali, podia ver que estava cheia.

    Isso teria que funcionar.

    Bati na porta da sala, chamando a atenção da professora. Eu tivera aula com essa, também e ela era particularmente fã das minhas gracinhas.

    - Posso ajudar? - perguntou.

    Ludmila estava mordiscando um lápis, nervosa, sentada na primeira fileira da aula e seu olhar curioso virou-se para o objeto da atenção da professora: eu. Sua boca escancarou-se e eu me estufei, orgulhoso por tê-la pego desprevenida.

    - Eu gostaria de dar uma palavrinha com a Ludmila, tudo bem, professora? - questionei.

    O olhar dela foi até Mila e o seu choque, que se esforçou em parecer menos desajeitada, se aconfortando na cadeira e cruzando as pernas.

    Apertei os lábios com força porque assim que ela cruzou as pernas e cerrou as sobrancelhas, eu soube que iria negar o pedido.

    - Claro, querido - Dona Carmen disse. - Pode ir, Ludmila.

    - Não tenho nada para falar com ele, professora, pode continuar.

    Dona Carmen ficou um pouco perdida por um momento, olhou em minha direção como quem avalia a situação e eu dei de ombros, sem saber o que fazer, também. Mas Mila estava decidida em seu lugar e restou a mim dar a volta e procurar onde descontar minhas frustrações.

    A resposta veio rápida como vento.

    Ou melhor: exatamente como vento.

    Marcos pulou nas minhas costas como um sapo, exageradamente amigável em sua preocupação desajeitada.

    - Vamos malhar? - perguntou-me.

    Era uma indagação que soava como uma afirmação impositiva, na verdade; não me importei muito. Imaginei que algumas horas forçando os meus músculos e socando o saco de areia fossem melhorar o meu sistema nervoso, que acumulava uma bolota de energia na minha barriga, embrulhando meu estomago.

    Depois que desperdiçasse essa raiva toda, talvez conseguisse pensar melhor no que fazer para resolver o impasse com Ludmila.

    Então, fui pra academia. Estava com saudades de perder horas e mais horas nos aparelhos e na sala de boxe. Eu tinha uma hora reservada naquela tarde e foi infinitamente prazerosa. Quando acabei, nem parecia ter brigado com Mila, estava leve e com a mente limpa e resolvi que a melhor opção era tentar ir na casa dela e falar o que quer que fosse pelo interfone ou gritando na sua porta.

    É. Talvez dissesse mesmo.

    Eu tinha que deixar de ser tão babaca assim. Era Mila, só isso. Se eu dissesse que gostava dela, tudo ficaria bem e daria certo.

    Esse era o meu plano.

    Que desabou no instante que eu saí da sala de boxe, jogando uma toalha pelo meu pescoço e desejando um banho bem fresco antes de pegar o carro - provavelmente tendo uma briga com Marcos pela carona não dada - e ir para casa de Mila, quando Mila passou por mim, vestida para malhar daquela forma que me deixava duro em dois segundos, pendurada em uma conversa com André, meu adversário na corrida de sexta-feira.

    Fechei os olhos e tomei um longo suspiro, enquanto ele me apontava os dois dedos, em forma de arma, cumprimentando esportivamente e entrava na sala, com Ludmila em seu encalço, um sorriso arteiro no rosto que informava que ela tinha percebido que tinha conseguido me atingir.

    Todo aquele segundo se passou em câmera lenta, enquanto ela se sentava em uma pilha de steps abandonada no canto, de frente para o saco de areia e o espelho, cruzando as pernas sob o meu olhar intenso. Ela deixou o olhar cair em mim por um momento e seu sorriso se desmanchou em uma expressão de nojo clássica.

    Por céus, eu só queria beijá-la.

    Ela era maravilhosamente teimosa e irritante e tudo o que eu conseguia pensar era no quanto aquilo, mesmo em desespero, era adorável.

    - Querendo roubar meus movimentos? - André me perguntou.

    Ah, eram os movimentos dele. Quase ri, debochado, mas me segurei. Toda aquela febre de treinar boxe tinha começado quando eu, já com o costume, cheguei na cidade e comecei a ganhar corrida atrás de corrida. Alguém me perguntou e eu disse que o boxe me ajudava a ter reflexos mais rápidos e aí todo mundo correu para fazer boxe também.

    Então, se ele tinha algum movimento, era por minha causa.

    Ele começou a treinar e tudo o que eu fiz foi balançar a cabeça em sua direção com um sorriso amarelo e voltar o meu olhar para Mila, que parecia tentar fingir que o assistia lutar, mas eu sabia que estava me olhando por rabo de olho.

    - Posso falar com você agora? - perguntei a ela.

    Ela ergueu o nariz ao ar, virando o rosto em minha direção, sua expressão austera me informando o quão fodido eu ainda devia estar.

    - Não - disse, simplesmente.

    - Certo.

    Joguei minha bolsa de treino no chão e sentei-me ao lado dela, as pernas afrente do corpo, com os joelhos meio dobrados e as mãos por cima deles, encarando-a. Ela levantou uma sobrancelha, mas logo virou o rosto para André, que tinha parado de treinar e nos encarava, tentando compreender.

    - Quero só bater um papinho com ela - informei-o, balançando a cabeça em sua direção. - Estou esperando ela ter um tempo pra mim.

    Ela revirou os olhos e cruzou os braços em uma expressão de pura birra infantil que me fez sorrir de lado. André nos olhou, de um para o outro, sem conseguir entender porra nenhuma do que estava acontecendo.

    Bem, nem eu entendia muito.

    - Olha, eu só tenho uma hora para treinar, então... - murmurou. - Vocês dois podiam deixar eu ficar em paz?

    Mila levantou-se em um pulo e arriscou um sorriso totalmente falso para André, que obviamente caiu na dela.

    - Me liga - ela lhe disse, fazendo um biquinho. Passou por mim, ainda sentado no chão - Você, não.

    E saiu da sala de treino. Levantei-me correndo e fui atrás dela.

    Talles

    Ela estava me ignorando com aquele maldito fone de ouvido de novo e embora eu estivesse quase berrando - e tinha certeza que conseguia me ouvir, não estava nem aí para a minha cara.

    Avancei contra ela, mas apenas saiu correndo à frente, sem se importar com todo o meu esforço em simplesmente somente me ouvir.

    - Mila, eu...

    Eu quase disse assim mesmo, o clima estando horrível, ela com fones, três pessoas encarando nossa discussão muda como se fossemos uma espécie de reality show ridículo ao que elas estavam acostumadas a assistir na TV.

    Mas não pude. Tinha gente demais ali e a ideia de admitir para Mila já me era complicada, dizer que estava apaixonado na frente de todas aquelas pessoas... Bom, isso parou as palavras antes que elas pudessem ser ditas.

    - Mila, por favor, será que a gente pode só conversar um pouquinho? - perguntei, ainda seguindo-a.

    Eu tinha certeza que ela podia me ouvir, mesmo estando com os fones e dois passos na minha frente, sempre. Sabia porque se sobressaltava quando ouvia minha voz, seus pelos se arrepiavam ligeiramente e parecia ainda mais disposta a me manter longe a todo e qualquer custo.

    Era até um pouco difícil me concentrar em como resolver assim; aquela mulher me deixava completamente maluco, não só sexualmente falando, mas com todas as suas nuances comportamentais, surpresas e trejeitos. E conseguia me frustrar de todas as formas: não me deixava falar, não me deixava entender o que estava acontecendo, beijava e dava em cima de outros caras - principalmente aqueles que tinha certeza que iria me afetar - e por último e mais importante, ficava rebolando aquela bundinha maravilhosamente gostosa em uma calça de academia apenas alguns passos à minha frente sem me dar qualquer direito a proclamar aquele território como meu, mesmo eu sendo o primeiro a fincar minha bandeira nele - e eu finquei-a bem fundo e deixei o território bastante marcado.

    Era impossível ter sanidade com ela. Impossível.

    - Mila... É só uma conversa - pedi. Peguei-a pelo pulso e ela parou, me encarando com sua expressão chocada. - Vamos só jantar e... - não sabia o que dizer. Vamos só jantar e aí eu te explico que você não precisa se preocupar em eu te trocar porque eu só consigo pensar em você? Não, não ia rolar. - Por favor - murmurei, suplicante, ao invés da minha frase completamente constrangedora.

    Ela me encarou por um longo momento, me avaliando por inteiro, seus olhos rolando da minha cabeça aos meus pés e de volta, direto nos meus olhos. Acabei suspirando, tentando me acalmar com a sua austeridade controlada - como eu conseguiria competir com aquilo?

    Tirou o fone de ouvido e continuou me encarando como se avaliasse. Senti meu pulso cardíaco quase parar e, então, se acelerar com a perspectiva dela estar quase cedendo diante de mim.

    Suspirei, já quase aliviado.

    - Não - disse, simplesmente, me pegando totalmente desprevenido e puxando sua mão para longe de mim.

    Apertei ainda mais seu pulso, sem deixá-la escapar e ela cerrou seus olhos em minha direção, dando um puxão mais forte que só fez com que eu desse mais um passo em sua direção.

    - Será que você pode ser menos zangada só por um segundo? - ela cerrou ainda mais os olhos à minha pergunta e começou a sacudir o braço com violência, o que eu soltei seu pulso, levantando meus braços no ar. - Ótimo! Eu estou tentando ser legal aqui, mas você é simplesmente teimosa demais pra... urg!

    Não encontrei palavras para a minha frustração inteira, terminando por sacudir meus pulsos fechados, as mãos ainda enfaixadas do treino, de cima para baixo. Eu não sabia como resolver toda aquela situação com Mila e tinha a impressão que quanto mais eu deixasse a situação correr, mais enlouquecedora ela seria.

    Mila não estava deixando as coisas fáceis pra mim, o que não era realmente uma novidade. Não achava que estivesse pedindo por algo completamente absurdo: era uma conversa, afinal de contas. Levá-la para jantar, como eu já havia feito antes e conversar sobre o que poderíamos fazer sobre o nosso relacionamento daqui para frente. Porque eu não fazia ideia do que fazer. Não fazia mesmo.

    Queria pegá-la pelos ombros e sacudi-la para que compreendesse o que eu estava tentando dizer, mas tudo o que eu fiz foi passar as mãos pelo meu rosto e esfregá-lo ao limite, tentando manter a calma.

    - Teimosa? - perguntou, irônica. - Teimosa, Talles? Você... - fechou os olhos e respirou fundo, também levantando as mãos ao ar, como eu havia feito apenas alguns segundos atrás.

    - Eu o quê, Mila? - perguntei. - Estou te ligando desde que te deixei em casa e tentando entender que merda tá acontecendo e aí você simplesmente resolve sair por aí tentando pegar qualquer cara que aparece na sua frente.

    Ela queria dizer alguma coisa, mas pausou-se, chocada, a boca entreaberta e os olhos mostraram-se magoados. Não entendi nada e aguardei por qualquer outra reação que pudesse me ajudar a desvendar o que estava acontecendo.

    - Que bom, não é? - disse. - Estou lhe poupando o trabalho e constrangimento de ter que lidar com uma puta, como eu.

    Ah, bosta.

    É claro que eu tinha que estragar tudo de alguma forma.

    - Mila, eu sinto muito... - tentei.

    Ela não estava mais me ouvindo, tinha virado as costas e saído em disparada à frente. Corri atrás dela, na esperança de ainda consegui-la fazer me ouvir, ao menos o meu pedido de desculpas, agora e tentar balanceá-la para ficar amigável o suficiente para me dar tempo de respirar e lhe dizer como eu me sentia sobre ela e sobre o nós.

    Por que eu não podia simplesmente pegá-la pelo braço e gritar Ei, sua doida, eu tô completamente apaixonado por você, então dá pra você parar de se fazer de difícil e aceitar meu jantar pra gente conversar sobre isso e depois transarmos como loucos?.

    Não soava muito romântico, de qualquer forma.

    - Mila! - chamei-a mais uma vez, mas ela continuou caminhando rapidamente para longe de mim.

    Apertei o passo e a segurei pelo braço mais uma vez e ela se virou em minha direção, já sacolejando o braço e lançando um olhar irado e marejado em minha direção. Engoli a seco, nervoso em tê-la magoado.

    Eu sabia. Devia ter dito antes. Agora, simplesmente, nada saía e eu estava dependendo disso para alcançar seus lábios viciantes mais uma vez.

    E não conseguia dizer! Que merda!

    Ela virou as costas para mim, acabei soltando seu pulso com o choque de vê-la quase chorando e ela caminhou mais alguns passos até o ponto de ônibus, onde já tinham pessoas encarando nós dois como se fossemos da novela das nove.

    - Eu não quis... - estava de volta com os fones de ouvido e isso acabou com a minha paciência. Arranquei-os de sua orelha, largando-os no chão, admirando sua expressão de choque forçada que chegou ao limite da minha ira quando ela levou uma mão ao seu peito, quase rindo da minha cara.

    - Que merda que você queria que eu fizesse? - perguntei-lhe. - Pisquei por um segundo e aí te pego beijando outro cara e dizendo que passou na minha frente? - despejei tudo daquela maneira - Estou aqui tentando conversar com você e acertar essa bosta que você fez com a gente e tudo o que você sabe fazer e colocar essa merda de fone de ouvido e sair andando por aí, me ignorando e jogando cabelo pra outros caras só pra me irritar!

    Ela apertou os olhos e os pulsos, tentando controlar a raiva sem muito sucesso, enquanto eu respirava apressadamente pelo desmanche de palavras sinceras.

    - A bosta que eu fiz? - questionou. - Estou seguindo em frente.

    Ela apenas virou as costas pra mim e esticou o braço, balançando-o para a rua, onde um ônibus virou-se para estacionar na frente dela abrindo as portas e mostrando um motorista levantando a sobrancelha pra ela.

    Ambos, eu e Mila, reviramos os olhos para tal feito.

    - Eu não disse que era para você seguir em frente! - isse a ela.

    Não estava mais ouvindo. Subiu os degraus do ônibus, abriu a bolsa externa da mochila e entregou alguns trocados para o cobrador. Bufei em frustração e a segui, mexendo nos bolsos atrás da minha carteira que, por sorte - para pagar a mensalidade da academia - eu não tinha deixado no carro. Quando finalmente passei pela catraca, Mila já havia se esgueirado pelos passageiros e estava em um cantinho particularmente mais lotado, no final do ônibus, quase na porta traseira.

    Quando cheguei na metade do caminho até ela, o veículo parou novamente e mais pessoas começaram a passar pela catraca, deixando tudo ainda mais impossível e apertado. Alcancei-a, segurando-a pelo antebraço, mas ela fingiu que não estava percebendo que era eu, encarando a janela na sua frente.

    - Mila, eu só quero acertar as...

    Não terminei de falar, o motorista deu uma arrancada louca que empurrou e massacrou todas as pessoas juntas, compactadas, e eu fui jogado contra Ludmila por três pessoas diferentes e... Bom, basicamente, comecei a parar de ficar irritado e quase instantaneamente duro.

    Eu estava endurecendo contra a bunda de Mila, como já havia acontecido antes, mas nunca no meio de uma briga, nunca com aquele nível de tensão e eu estava facilmente fisgado pelo momento.

    Ela reparou rapidamente e eu pude ver seus olhos ligeiramente arregalados pelo reflexo do vidro da janela e sorri amarelo, tentando empurrar um pouco as pessoas para me desencostar dela o suficiente para conseguir organizar as coisas que eu precisava dizer em minha mente.

    - Mila, a gente...

    O que eu tinha para dizer, sumiu magicamente. Tinha conseguido um centímetro de distância entre meu pau e a bunda dela, mas ela, inesperada e inexplicavelmente, empurrou a bunda em minha direção e eu arfei, puxando o ar e encerrando a frase drasticamente.

    Foda-se. Eu podia dizer depois.

    Fingi me ajeitar atrás dela, levantando o braço para segurar na barra de cima e me manter firme. Acabei me esfregando atrás dela e o desajeito com a tensão me fez chutar sua mochila para a escada da porta de trás do ônibus, o que lhe provocou uma risadinha e a fez se abaixar para puxar a mochila de volta escada acima, com a bunda fincada em mim. Fechei os olhos e respirei fundo, meu coração desesperado em meu peito, sentindo-a voltar a ficar em pé, dando uma discreta reboladinha em meu pau.

    Ela estava tomando conta de tudo, estava decidindo tudo, estava dominando tudo. E ela mesma havia dito que não era assim que funcionávamos.

    Tomei uma lufada de ar e tentei não parecer tão embasbacado com a mudança brusca do nosso humor. Com uma mão, afastei seu rabo de cavalo baixo para o lado e finquei meus dentes em sua nuca, sentindo-a se arrepiar com o contato. Com a outra mão, prendi meus dedos em sua barriga, deixando a palma se encaixar no meio da curva de sua cintura, puxando-a firmemente para o meu corpo.

    Sim. Era exatamente assim que a gente funcionava.

    - Você é... - não encontrei palavras e todo o meu sangue estava sendo direcionado ao meio das minhas pernas, não ajudando muito meu cérebro a funcionar corretamente.

    O que ela era, afinal? Gostosa, inteligente, provocativa? Eu já tinha lhe dito tudo isso, mas nada parecia à altura do que ela realmente era. Subi meus dentes pela sua nuca e encostei apenas a ponta da língua em sua orelha e senti-a empurrar o corpo para trás, apoiando-se em mim.

    - Desafiadora - eu decidi. - Desafiadora.

    Parecia ser a palavra certa para descrevê-la porque ela me desafiava a cada segundo, me fazendo desejar coisas que eu nunca tinha sequer cogitado querer antes. Eu queria tudo com aquela mulher, desde um singelo passeio brega de mãos dadas à uma transa épica em um avião. Pela primeira vez na minha vida, na noite anterior, desejei ter uma família de verdade, ser pai, casar...

    E eu só conseguia ver isso acontecendo com ela.

    - Você me deixa maluco, Mila - murmurei.

    Meu pau estava latejando enquanto ela balançava a bunda de um lado para o outro e eu soltava lufadas de ar, impacientes, em seu pescoço, fazendo-a se arrepiar e rebolar ainda mais em meu pau, em um circulo vicioso e completamente delicioso.

    Empurrei-me contra ela, mantendo uma mão na barra acima de nossas cabeças e a outra em sua cintura, puxando-a firme contra mim e afundando meu pau em sua bunda, empurrei-me para frente e para trás algumas vezes, me aproveitando do balanço da movimentação do ônibus para me apertar contra ela.

    Seu reflexo na janela era estarrecedor. Estava encarando-a por ele, ela de lábios apertados em uma linha contida e os olhos semiabertos, as narinas infladas, puxando o ar cada vez com mais vontade para seus pulmões. Soltei um grunhido baixo, em sua orelha e sua mão posicionou-se sobre a minha, em sua cintura, apertando-a com vontade como se dissesse por favor, não pare.

    Apertei sua mão de volta e tudo o que eu queria que aquele aperto dissesse era eu te amo, porra, dá pra entender isso logo?

    - Ah, Mila... - sussurrei em sua orelha e senti-a respirar profundamente e a espelhei.

    Meu pau estava quase explodindo em minhas calças, sentido o meio de sua bunda naquela calça de malhar apertada se esfregando nele como em uma punheta esquisita e muito mais deliciosa.

    Seria melhor sem roupa, pensei. E com esse pensamento, soltei minha mão da barra de ferro e levei-a exatamente abaixo do seu seio, acariciando-o com o polegar, discretamente. Mila cansou de apertar os lábios e abriu a boca em um o delicioso e surpreso. A mão que estava em sua cintura desceu um pouco mais e deixei a ponta de meus dedos escorregarem para dentro da sua calça, procurando tatear sua calcinha, porque meu imaginário estava me pregando peças sobre o que ela vestia.

    E sabe o que eu encontrei? Nada.

    Só consegui ficar ainda mais duro.

    - Você não faz ideia do quanto eu quero meter em você agora, bem fundo dentro de você, deixar você toda molhadinha de porra... - sussurrei.

    Ela respirou fundo e mordendo o lábio inferior, virando o rosto para mim

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