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Alegorias: relatos encontrados no quarto de um louco
Alegorias: relatos encontrados no quarto de um louco
Alegorias: relatos encontrados no quarto de um louco
E-book80 páginas49 minutos

Alegorias: relatos encontrados no quarto de um louco

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Sobre este e-book

Trata-se de um livro de contos cujo estilo consagrado por Gabriel Garcia Marquez enriquece cada narrativa. Tramas que vão desde a realidade cruel dos personagens ao realismo fantástico universal. Um livro para o deleite do eleitor. Vale a pena adquirir esse livro de um dos escritores mais premiados de Alagoas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de mai. de 2020
ISBN9781526021854
Alegorias: relatos encontrados no quarto de um louco

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    Alegorias - Fabio dos Santos

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    ALEGORIAS

    (relatos encontrados no quarto de um louco)

    ALEGORIAS

    (relatos encontrados no quarto de um louco)

    FABIO DOS SANTOS

    (CONTOS)

    Copyright by Fábio dos Santos, 2020

    Título original:

    Alegorias (relatos encontrados no quarto de um louco)

    Capa: Fabio dos Santos

    Caracteres: Notebook

    CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte

    Santos, Fábio dos

    Alegorias (relatos encontrados no quarto de um louco)

    /Fabio dos Santos

    Maceió: Bibliomundi, 2020

    64p.

    (contos brasileiros)

    1. Contos. 2. Título. I. Literatura brasileira.

    ALEGORIA DA ALMA

    "Esses relatos são para espíritos fortes

    Armados de coragem

    Que buscam no desconhecido

    Alguma verdade".

    I

    Eu vi a loucura em pessoa.

    Ela queria saltar do 11º andar. Que saltasse! Assim descobriria o sentido da vida nas profundezas do inferno.

    Observei bem o fato e resmunguei alguns espinhos. Lancei praga contra todas as idiotices que se formara junto à multidão. Ora, diabos! Parece que nunca viram um suicida sem razão! Depois, segui meu caminho, evitando os desvãos mecanizados capazes de aniquilar o fôlego humano num simples esbarro. Pela calçada segui meu descaminho, como tantos que perambulam por aí, sem direção.

    O sol, forte, dentro da minha cabeça, repartia-se em milhões de neurônios. Transformando os meus pensares em milhares de cacos de vidro, sujeitos às súbitas modificações.

    Então, alheio, eu seguia, sempre em segredo, durante o dia e a noite, buscando algum sentido existencial para a minha vida; numa grita silenciosa que, para mim somente, embutida na própria carcaça do meu ser, e ia-me destruindo.

    Ao redor: o centro comercial. Milhares de bocas riam. Dentes reclamavam de dor. Barrigas roncavam de fome. Mãos pediam... Tinham olhos sem pernas e sem braços; olhos que viviam plenamente alguma razão estranha que eu jamais irei compreender. Seriam seres, aquilo? Medonhamente, semelhantes a nós, como possíveis refratários de qualquer superfície vítrea. Tinham línguas compridas até dizer basta! Vendiam seu peixe, sempre à moda de ideologias. O caos do trabalho humilhante; o caos dos dias a dias. Eram seres, aquilo? Eram aquilo que viviam?

    E eu seguia a desventura do meu caminho; sem aquela convicção que oprime o coração. Mas, seguia...

    De repente, o clima ferveu: como se um imenso e terrível corpo se queimasse aos nossos olhos. Eu, atrelado às minhas idéias, sentia-me arder de raiva, a alma dormente, uma vontade esquisita devorava-me o corpo, uma vontade danada de despir-me por completo. Mas não podia ser assim; eu, como tantos outros, era como um objeto tecnológico rodeado de apetrechos comerciais e muitos afazeres pela frente. Aquilo não era vida. E sim, uma psicodelia amorfa de vida! Vontade medonha aquela! Eu queria ser Adão, em pleno século XXI!

    - Um caldeirão de água fervendo! Urgente! – gritei aos quatro cantos do mundo. – Um louco precisa se resolver!

    Bilhões de olhos mumificados espetados em mim. Que eu seja aquele louco quis saltar do edifício, em plena água quente, em pleno dia quente, sob um sol excedentemente quente capaz de desintegrar qualquer ser. E os bonitos bilhões de olhos debatiam entre si, buscando em mim alguma espécie de verdade filosófica.

    Em verdade, naquele momento de loucura aparente, foi que me sucedeu a mais fina lucidez: pura e brilhante. Finalmente, eu podia ver a natureza das coisas... inserido na anormalidade estava o horizonte benéfico, a vereda de todos os sentidos. E na divisa daquele horizonte a forma maravilhosa de Zeus, de braços abertos para o supramundo onde viviam todos. E cada alma perdida e que algum dia pertenceu a qualquer invólucro imbecil, de carne e osso, sujeito às vontades e aos sentimentos comuns.

    E vendo aquela intensa luz, que eu aproximei-a ao advento soturno do divino Zeus, pensei em ter visto a mesma luz nos olhos doídos daquele suicida, que permitira para si uma nova vida de essência vertical. E pelo simples fato de eu pensar assim, humanamente, refleti o que mais queria: viver como todos viviam, cegos para a podridão do mundo, esclarecida.

    O caminho que eu seguia desfez-se em descaminho, a ponto de realçar uma ignorância que até então não imaginava haver contido em mim por tanto tempo. Rente às muralhas construídas pelos chineses, segui – a

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