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A fase turva da lua
A fase turva da lua
A fase turva da lua
E-book116 páginas26 minutos

A fase turva da lua

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Sobre este e-book

A fase turva da lua é o segundo livro de poemas de Vanderley Sampaio. A obra é dividida em quatro capítulos: Pesadelos, Tormentas, Desesperanças e Despedidas. Cada um deles propõe uma imersão nos recônditos mais inóspitos da alma, revelando um lado oculto e temido pelo eu lírico – e por muitos indivíduos –, embora seja o que realmente é verdadeiro e fiel dentro de si, como um grande cão da cor da noite. E este companheiro perene nas horas escuras quase sempre tece uma atmosfera soturna, onde são travados os maiores embates da mente humana com as suas dores e mazelas. Para o coração insólito, todas as fases da lua são turvas e escondem um mistério, uma tristeza; mesmo quando brilha cheia, tudo é somente reflexo da luz alheia.
  
SOBRE O AUTOR
Vanderley Sampaio nasceu em Garça/SP, no ano de 1972. Começou a escrever poesia na adolescência, quando também se encantou pelo teatro, atuando como ator amador. Cursou Jornalismo na Unesp, em Bauru/SP. Exerceu a profissão de jornalista durante nove anos. Em 2005, tornou-se servidor público. Dois anos depois, mudou-se para São Paulo/SP, onde se manteve na área pública e se formou em Direito pela USP. A poesia sempre esteve presente em sua vida. Ao longo dos anos, publicou poemas em jornais, sites e redes sociais, até que, em 2017, lançou Bolerus, seu primeiro livro de poesia. A obra foi também uma espécie de embrião para a criação da Absurtos Editora pela sua companheira Rose Almeida, com a colaboração deste autor.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de dez. de 2020
ISBN9786586410099
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    A fase turva da lua - Vanderley Sampaio

    Para a editora Rose Almeida,

    minha amada companheira de

    surtos, sonhos e livros e de tudo

    aquilo a que chamamos de vida.

    A lua que chega traz outros convites:

    inclina em meus olhos o celeste mapa,

    desmorona os punhos crispados do dia,

    desenha caminhos, transparente e abstrata.

    Cecília Meireles

    Lua Crescente

    Pesadelos

    "essa noite sonhei que minhas

    dúvidas me perseguiam.

    eram tenebrosas: meio

    monstros, meio mulheres

    tinham as bocas escancaradas,

    dentes afiadíssimos."

    (Kamilly Barros)

    O ruído

    E aquilo ia se espalhando

    se espalhando

    feito uma praga ou uma sombra

    e ninguém mais falava

    e ninguém mais ouvia

    e todos ficaram com os olhos turvos

    quase cegos, quase vivos

    cravados como estacas tortas

    enquanto tudo ruía

    e inexplicavelmente desabava

    sem esmagar miolos

    e sem ferir quem quer que seja

    mas que poderia ter sido

    se não fosse o ruído

    que de sopro se fez estrondo

    e engoliu ferozmente o silêncio

    que a todos desesperava

    ou encantava ou iludia

    maior do que a imensidão líquida

    do meu olhar lacustre

    que carregava todas as lágrimas

    que por uma vida eu quis chorar

    mas nunca chorei

    porque não fui capaz de prever

    o fim de uma história

    que jamais teria um ponto final

    Tênue lembrança

    E nem parecia que já partira

    quando pensávamos

    que ainda nem chegara.

    E foi tudo tão rápido,

    tão irremediavelmente caótico,

    que nem parecia que já tivera sido.

    As luzes se apagaram

    num piscar de dentes rangendo

    e os olhos sequer se lamberam

    ao tocar o frio breu

    que arrancou-lhes todas as cores.

    E todos urraram de pavor

    quando o silvo fino e denso

    invadiu nossos ouvidos,

    derretendo toda a certeza

    de que tudo não passava

    de um mero equívoco do tempo.

    O cheiro de jasmim calou-nos

    por intermináveis pulsações,

    desmantelando-nos o juízo.

    Foi quando o primeiro caiu

    e desfez o sepulcro do silêncio.

    Não tardou para que, um a um,

    fossemos todos engolidos

    pela inevitável letargia.

    E, de repente, tudo dissipou

    e ninguém abriu os ouvidos

    antes dos outros.

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