Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Claro enigma
Claro enigma
Claro enigma
E-book150 páginas1 hora

Claro enigma

Nota: 5 de 5 estrelas

5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Marco da maturidade filosófica e poética de Drummond, Claro enigma retorna em novo projeto, com posfácio de Mia Couto.
 
"E como ficou chato ser moderno. / Agora serei eterno", escreveu Drummond em um poema do livro Fazendeiro do ar, de 1954. Mas esse distanciamento da atitude poética modernista – com tudo que ela continha de euforia, rebeldia e otimismo – vinha de antes. Mais precisamente, deste Claro enigma, publicado em 1951, quando o autor se aproximava dos 50 anos de idade.
Os recursos da poesia moderna passam a conviver com formas fixas, entre elas os sonetos, e com esquemas de rimas e metros clássicos na língua portuguesa, como a redondilha, o decassílabo e o alexandrino. O tom jocoso, muitas vezes presente nos livros anteriores, se torna aqui predominantemente grave e elevado.
Como a contradição dos termos no título do livro já sugere, Drummond não buscava um simples retorno à ordem. Um sentido de incompletude, de insolvência, presente em vários poemas, corrói qualquer ilusão de estabilidade. Claro enigma demonstra, acima de tudo, que a maturidade, longe de representar um ponto de vista fixo e seguro, recoloca em outro patamar as inquietações e angústias da juventude.
As novas edições da obra de Carlos Drummond de Andrade têm seus textos fixados por especialistas, com acesso inédito ao acervo de exemplares anotados e manuscritos que ele deixou. Em Claro enigma, o leitor encontrará um posfácio do vencedor do prêmio Camões Mia Couto, e também bibliografias selecionadas de e sobre Drummond; e a seção intitulada "Na época do lançamento", uma cronologia dos três anos imediatamente anteriores e posteriores à primeira publicação do livro.
Bibliografias completas, uma cronologia de vida e obra do poeta e as variantes no processo de fixação dos textos encontram-se disponíveis por meio do código QR localizado na quarta capa deste volume.
IdiomaPortuguês
EditoraRecord
Data de lançamento4 de abr. de 2022
ISBN9786555875003
Claro enigma

Leia mais títulos de Carlos Drummond De Andrade

Relacionado a Claro enigma

Ebooks relacionados

Poesia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Claro enigma

Nota: 5 de 5 estrelas
5/5

1 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade

    Carlos Drummond de Andrade. Claro enigma. Record.Claro enigma. Carlos Drummond de Andrade.

    POSFÁCIO DE

    MIA COUTO

    nova edição

    Editora Record. Rio de Janeiro, São Paulo.

    2022

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    A566c

    Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987

    Claro enigma [recurso eletrônico] / Carlos Drummond de Andrade; posfácio Mia Couto. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Record, 2022.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 978-65-5587-500-3 (recurso eletrônico)

    1. Poesia brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Couto, Mia. II. Título.

    22-76495

    CDD: 869.1

    CDU: 82-1(81)

    Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439

    Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

    www.carlosdrummond.com.br

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    Direitos exclusivos desta edição reservados pela

    EDITORA RECORD LTDA.

    Rua Argentina, 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000.

    Produzido no Brasil

    Cópia não autorizada é crime. Respeite o direito autora. ABDR Associação brasileira de direitos reprográficos. Editora filiada.

    ISBN 978-65-5587-500-3

    Seja um leitor preferencial Record.

    Cadastre-se em www.record.com.br e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções.

    Atendimento e venda direta ao leitor:

    sac@record.com.br

    SUMÁRIO

    i. entre lobo e cão

    Dissolução

    Remissão

    A ingaia ciência

    Legado

    Confissão

    Perguntas em forma de cavalo-marinho

    Os animais do presépio

    Sonetilho do falso Fernando Pessoa

    Um boi vê os homens

    Memória

    A tela contemplada

    Ser

    Contemplação no banco

    Sonho de um sonho

    Cantiga de enganar

    Oficina irritada

    Opaco

    Aspiração

    ii. notícias amorosas

    Amar

    Entre o ser e as coisas

    Tarde de maio

    Fraga e sombra

    Canção para álbum de moça

    Rapto

    Campo de flores

    iii. o menino e os homens

    A um varão, que acaba de nascer

    O chamado

    Quintana’s Bar

    Aniversário

    iv. selo de Minas

    Evocação mariana

    Estampas de Vila Rica

    Morte das casas de Ouro Preto

    Canto negro

    Os bens e o sangue

    v. os lábios cerrados

    Convívio

    Permanência

    Perguntas

    Carta

    Encontro

    A mesa

    iv. a máquina do mundo

    A máquina do mundo

    Relógio do Rosário

    Posfácio, por Mia Couto

    Cronologia: Na época do lançamento (1948-1954)

    Bibliografia de Carlos Drummond de Andrade

    Bibliografia sobre Carlos Drummond de Andrade (seleta)

    Índice de primeiros versos

    A Américo Facó

    Les événements m’ennuient.

    P. Valéry

    I. ENTRE LOBO E CÃO

    DISSOLUÇÃO

    Escurece, e não me seduz

    tatear sequer uma lâmpada.

    Pois que aprouve ao dia findar,

    aceito a noite.

    E com ela aceito que brote

    uma ordem outra de seres

    e coisas não figuradas.

    Braços cruzados.

    Vazio de quanto amávamos,

    mais vasto é o céu. Povoações

    surgem do vácuo.

    Habito alguma?

    E nem destaco minha pele

    da confluente escuridão.

    Um fim unânime concentra-se

    e pousa no ar. Hesitando.

    E aquele agressivo espírito

    que o dia carreia consigo,

    já não oprime. Assim a paz,

    destroçada.

    Vai durar mil anos, ou

    extinguir-se na cor do galo?

    Esta rosa é definitiva,

    ainda que pobre.

    Imaginação, falsa demente,

    já te desprezo. E tu, palavra.

    No mundo, perene trânsito,

    calamo-nos.

    E sem alma, corpo, és suave.

    REMISSÃO

    Tua memória, pasto de poesia,

    tua poesia, pasto dos vulgares,

    vão se engastando numa coisa fria

    a que tu chamas: vida, e seus pesares.

    Mas, pesares de quê? perguntaria,

    se esse travo de angústia nos cantares,

    se o que dorme na base da elegia

    vai correndo e secando pelos ares,

    e nada resta, mesmo, do que escreves

    e te forçou ao exílio das palavras,

    senão contentamento de escrever,

    enquanto o tempo, e suas formas breves

    ou longas, que sutil interpretavas,

    se evapora no fundo de teu ser?

    A INGAIA CIÊNCIA

    A madureza, essa terrível prenda

    que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,

    todo sabor gratuito de oferenda

    sob a glacialidade de uma estela,

    a madureza vê, posto que a venda

    interrompa a surpresa da janela,

    o círculo vazio, onde se estenda,

    e que o mundo converte numa cela.

    A madureza sabe o preço exato

    dos amores, dos ócios, dos quebrantos,

    e nada pode contra sua ciência

    e nem contra si mesma. O agudo olfato,

    o agudo olhar, a mão, livre de encantos,

    se destroem no sonho da existência.

    LEGADO

    Que lembrança darei ao país que me deu

    tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?

    Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu

    minha incerta medalha, e a meu nome se ri.

    E mereço esperar mais do que os outros, eu?

    Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.

    Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,

    a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

    Não deixarei de mim nenhum canto radioso,

    uma

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1